quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Os Índios no Pará 1 - Desde a colonozação

Os Índios no Pará 1 - Desde a Colonização


domingo, 19 de setembro de 2010

OS ÍNDIOS NO PARÁ 1













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OS ÍNDIOS NO PARÁ E NO BAIXO TOCANTINS
” A trajetória dos povos livres e nas cidades são exemplos de resistência e de disposição na construção de Outros 500. Mais do que uma prova viva do fracasso do projeto colonizador, eles mostram que é possível e é imprescindível lutar para a evolução de uma sociedade que respeite, celebre e compartilhe as diferenças.” Cimi
Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia). Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural. A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses. O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas. Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio). Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha. As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum. Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo. A organização social dos índios Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores. Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios. A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta. Os contatos entre indígenas e portugueses Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho. O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje. A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura européia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.
De: Pedacinhos da Amazônia    
AUSÊNCIA DE PROVAS MATERIAIS DA EXISTÊNCIA DE GRUPOS INDÍGENAS NO BAIXO TOCANTINS
Sempre quisemos falar positivamente dos primitivos povos que habitaram o Pará antes da chegada dos invasores brancos, especialmente os portugueses e franceses, porém nos faltavam provas materiais da existência desses povos em nossas costas e matas do Baixo Tocantins. Falar dos indígenas do antigo Grão-Pará era uma inquietação que nos movia a resgatar um pouco da história desses povos dos quais somos descendentes e que nos legaram grande parte de nossa cultura e mostrar também que o gentio paraense tinha o seu lado guerreiro, altivez e orgulho de suas tradições e das terras onde habitavam.
Sabemos que grande parte da cultura do Pará veio da influência indígena nos costumes e tradições, que até os dias atuais permeia o dia a dia dos paraenses, como a influência na culinária, no linguajar do povo, na música, danças, folclore, lendas e mitos e nas denominações dos rios, furos, igarapés, baías e denominações da flora e da fauna da região, onde o tupi antigo ainda se faz fortemente presente nesses aspectos culturais. E os livros históricos que falam da região estão repletos de dados que comprovam que a região era habitada por muitos povos indígenas, porém não procuram enfatizar a rica cultura indígena, exceto o Museu Paraense Emídio Goeldi em suas pesquisas históricas e arqueológicas desses primitivos povos da Amazônia.
Outra prova de que grande parte da população genuinamente paraense descende dos primitivos povos que habitaram as costas e matas do antigo Grão-Pará é o aspecto físico, com traços fortemente influenciados pela descendência indígena, miscigenada com a descendência negra e branca, que também povoaram o antigo Grão-Pará de nossa história.

Arqueólogos comprovam a existência de Tribos Indígenas em Abaetetuba e Região:
Sabia-se também que em terras de Abaetetuba e municípios vizinhos existiram muitas tribos indígenas, porém não existiam PROVAS MATERIAIS da existência dessas culturas nas costas e matas dos municípios da micro-região e também não existem museus locais que comprovem a existência dessas culturas primitivas nos municípios de Moju, Abaeté, Igarapé-Miri, Barcarena e Cametá, diferentemente do que acontece com os primitivos habitantes da Ilha do Marajó e da Região do Tapajós, com provas materiais fartas, preservadas em museus de Belém e na própria Ilha do Marajó, especialmente a antiga cerâmica marajoara e tapajônica.
E falar dos povos indígenas do Pará implica em falar dos conquistadores portugueses, dos padres missionários e dos escravos negros que também fizeram parte da história de colonização do Grão-Pará.

O MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI ENCONTRA SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA MICRORREGIÃO DO BAIXO TOCANTINS:

Agora foram encontrados, mesmo que timidamente, provas materiais da presença de povos primitivos em SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS em Moju, Barcarena e Abaetetuba. Vide figuras acima, clique e aumente as imagens.
Essas descobertas foram frutos de parceria entre o Museu Paraense Emílio Goeldi e a empresa Vale, em estudos de impactos ambientais para a exploração das riquezas minerais na região. Os sítios arqueológicos, já bastante deteriorados pela longa presença humana e exploração agrícola centenária, foram encontrados em 2003, nas comunidades São Bernardino, em Moju, Colônia Nova, em Abaetetuba e na própria fábrica da Alunorte, em Barcarena. Foram feitas análises sobre a origem de muitos fragmentos de peças em cerâmica, louças, rochas e outros vestígios arqueológicos e foi cientificamente comprovado que essas peças vieram da presença de povos primitivos na região.
Agora, livres das dúvidas da existência de provas materiais da presença dos antigos povos indígenas na região, podemos fazer uma postagem que fale da história desses nossos primitivos, gloriosos e altivos guerreiros, nossos ascendentes, cujo sangue corre em nossas veias misturado ao sangue dos igualmente valorosos povos negros vindos da África e dos valentes e cruéis conquistadores brancos, lusitanos, colonizadores do Grão-Pará. Muitos dados destas pesquisas foram extraídos de autores paraenses e não paraenses que tratam do assunto, especialmente Ernesto Cruz, Manoel Barata e Artur Viana.

A HISTÓRIA GLORIOSA DOS ÍNDIOS NA COLONIZAÇÃO DO PARÁ:
Foi durante o período da União Ibérica (1580-1640) que foi fundada a cidade de Belém, por Francisco Caldeira Castelo Branco.
Taba Parauassu dos Índios Tupinambás Em Belém:
Após a expulsão dos franceses do Maranhão, o comandante português Alexandre de Moura determinara que fosse realizada uma expedição militar para ocupar as terras do rio Amazonas, em expedição composta por 200 homens e chefiados por Francisco Caldeira Castelo Branco, que visava dar combate aos ingleses e holandeses fixados na região. Iniciada a viagem em 25/12/1615, Castelo Branco e seus companheiros adentraram a Baía de Guajará e em suas margens construíram um forte de madeira a quem denominaram de Forte do Presépio, construído justamente sobre uma TABA INDÍGENA, a Taba de Parauassu, dando início ao extermínio dos antigos ÍNDIOS TUPINAMBÁS habitantes das costas e matas do Rio Amazonas.
A cidade de Nossa Senhora de Belém foi fundada a 12/1/1616 e os portugueses continuaram as práticas de abusos contra os nativos locais, tentando a escravização dos mesmos. Esses fatos deram início ao estado de guerra declarado entre muitas tribos indígenas, que não aceitavam os maus tratos e a dominação dos invasores portugueses, contra Castelo Branco e outros governantes que o sucederam e isso levou a insurreições que muitos falam de ”CONJURAÇÃO DOS TUPINAMBÁS CONTRA OS PORTUGUESES”, porém com nítidas desvantagens dos guerreiros indígenas contra as poderosas armas portuguesas.
Também em 1616 se inicia a carreira gloriosa do alferes Pedro Teixeira como guerreiro e conquistador do rio Amazonas e na expulsão dos invasores holandeses e ingleses das costas do Pará e Maranhão, contando com a ajuda decisiva dos GUERREIROS TUPINAMBÁS dessas regiões.
Pedro Teixeira iniciou sua jornada levando só dois soldados e 30 guerreiros, provavelmente índios cativos, que também o guiavam nas guerras de conquistas, através dos inúmeros e perigosos rios da Amazônia. Nessa sua 1ª viagem ao Maranhão fora buscar armas e soldados para dar combate aos invasores. Trouxe somente 30 arcabuzeiros e muitos outros GUERREIROS tupinambás e uma grande partida de artigos para as trocas entre os colonos lusitanos e os índios arredios e hostis, espalhados em centenas de tribos pelas costas e matas paraenses.
Os índios eram guerreiros especialistas na arte de navegar pelos inúmeros e perigosos rios da Amazônia e eram eles que faziam os contatos com as tribos indígenas hostis a quem davam presentes em nome dos forasteiros e recebiam em troca milho, batatas, peixes e carnes de tartarugas, peixes-bois e outros alimentos. Porém esses guerreiros das expedições de Pedro Teixeira já estavam subjugados ao domínio português e que eram obrigados a prestar serviços ao Reino e sem nenhuma consideração e apreço por seus serviços de guerreiros, remeiros, guias das armadas e como exímios caçadores e pescadores e nas salgas desses mantimentos, para garantir a sobrevivência das tripulações dos barcos de guerra. Pelo contrário, eram considerados simples súditos da Coroa e eram forçados a essas viagens e nada recebiam como pagamento e ainda eram severamente castigados nas falhas e erros e praticamente eram mantidos como escravos pelas forças das armas lusitanas.
A Expedição de Pedro Teixeira com Índios Tupinambás:
A primeira missão de guerra de Pedro Teixeira foi a caça aos holandeses e sua expulsão do Grão-Pará e Maranhão. Ele primeiramente recolhe informações junto aos NATIVOS do lugar e com a ajuda destes, parte à vela e a remos e com duas grandes canoas de guerra, uma comandada por ele e outra comandada por Gaspar de Freitas Macedo, guarnecidos por 20 soldados e MUITOS índios guerreiros tupinambás, flecheiros e remeiros e em velocidade de navegação que só os BRAÇOS SELVAGENS obtinham e que fizeram Pedro Teixeira abordar a grande nau holandesa com uma chuva de balas e flechadas certeiras. Caem mortos e feridos nesse embate holandeses, portugueses e selvagens paraenses e a luta prossegue corpo a corpo, com uso de mosquetes, arcabuzes, espadas, BORDUNAS E FLECHAS, em luta encarniçada e desfavorável à Pedro Teixeira e ele bate em retirada para as canoas desatracadas da nau holandesa e lança mão das FLECHAS INCENDIÁRIAS que os tupinambás fazem cair numa chuva de fogo por todos os recantos do navio holandês, conseguindo, desse modo, ganhar aquela batalha, graças à ajuda dos GUERREIROS indígenas. Ele ainda consegue recolher grande quantidade de armas que lhes seriam muito úteis nas próximas jornadas de guerra.
O GROSSO das tropas de Pedro Teixeira eram sempre os guerreiros selvagens, que também sempre eram os primeiros a invadirem as naus estrangeiras, iniciando ali a matança, que lembrava suas ferozes lutas de tabas contra tabas, quando ainda viviam em suas terras nos sertões do Grão-Pará.
Até mesmo a cura dos ferimentos era feito pelos PAJÉS INDÍGENAS, com ervas e óleos da terra, pois as expedições geralmente não possuíam cirurgiões.
Guerreiros Tupinambás na Expedição de Pedro Teixeira:
Na sua gloriosa subida do grande rio Amazonas, que se inicia a 28/10/1637, a mando de Jacome Raimundo de Noronha, governador interino do Maranhão, partiu Pedro Teixeira do Porto de Cametá, com uma escolta de 60 soldados lusitanos e cerca de 1.200 GUERREIROS indígenas e outros indígenas em serviços diversos, alguns religiosos, cujo número total chegou a 2.500 almas, viajando em uma armada de 47 canoas e seus índios remeiros e naus portuguesas, que chegou até Quito no Peru, de onde regressou coberto de louros, tendo aportado em Belém em 12/12/1639. Novamente os GUERREIROS indígenas desempenham grande papel nessa viagem de conquistas e demarcações de terras. Porém a missão de Pedro Teixeira não foi muito pacífica entre os indígenas já inquietos pela demora da viagem e forçados a viajar e onde aconteciam deserções diárias.

A Expedição de Luis Aranha de Vasconcelos e Bento Maciel Parente com Índios Tupinambás:
Em 1623, sob o comando de Luís Aranha de Vasconcelos e Bento Maciel Parente, uma expedição militar formada por soldados vindos de Lisboa, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão e Pará, além de MIL ÍNDIOS flecheiros guiados pelo frei Cristóvão de São José, guerrearam contra as fortificações inglesas e holandesas existentes ao longo do rio Amazonas.
Bento Maciel Parente, em 1625, torna-se Capitão-mór do Pará e o temível exterminador e apresador de índios.

Índios Tupinambás na Expedição de Pedro Baião de Abreu:
Em 1632 o capitão Pedro Baião de Abreu com 20 soldados e 50 GUERREIROS índios tomou o forte inglês de Cumaú.
Desta forma, foram primeiramente os franceses e posteriormente os holandeses e ingleses expulso do vale amazônico pelos lusitanos e contando com a DECISIVA ajuda dos GUERREIROS índios.
Os Maus Tratos dos Conquistadores Portugueses contra os Indígenas do Grão-Pará:
No contato com os conquistadores portugueses os indígenas, além dos maus tratos destes, também eram presas fáceis das suas doenças que vitimaram outros milhares de nativos.
A Coroa Portuguesa não reconhecia os serviços dos GUERREIROS tupinambás do Maranhão e Grão-Pará nessas lutas de desbravamento e nem os livros de história enaltecem esses guerreiros e sim as conquistas lusitanas e seus bravos comandantes como Pedro Teixeira, Bento Maciel Parente e outros lusitanos conquistadores e exterminadores de indígenas. E as carnificinas das tribos indígenas continuavam no Grão-Pará, como política de colonização, pois os indígenas hostis eram considerados obstáculos a esse processo.
A história da fundação do Grão-Pará foi escrita com o sangue derramado de muitos GUERREIROS INDÍGENAS do Pará em lutas junto com os colonizadores portugueses ou contra estes, por parte de tribos que não se submetiam ao domínio lusitano.
Anos depois das lutas e carnificinas dos índios guerreiros do Pará, já na fase da República Brasileira, no início do século 20, é que a bravura desses povos é timidamente reconhecida e mereceu dos edis paraenses algumas justas e significativas homenagens, como mereceram também muitos de seus algozes e outros vultos e fatos da história do Pará, com nomes de várias ruas do bairro de Batista Campos das seguintes tribos indígenas:
Pariquis
Caripunas
Timbiras
Tamoios
Mundurucus
Jurunas
Apinagés
Tupinambás

GUERRA DOS TUPINAMBÁS CONTRA OS PORTUGUESES:
A arrogância de Castelo Branco se refletia na sua tropa e em seus parentes e pelas muitas atrocidades cometidas em seu governo contra os nativos do Pará e, por ordens reais, acabou por ser preso a um grilhão bem pesado, deposto de seu cargo de Capitão-mór do Grão-Pará e assim foi levado de volta a Portugal em 1618.
Até mesmo os invasores holandeses e franceses tratavam os selvagens com franca cordialidade, sabendo que estes poderiam lhes ser muito úteis em suas conquistas em terras paraenses.
Castelo Branco foi grande guerreiro e conquistador, porém foi a partir dele em 1616 que se iniciam as atrocidades e extermínios dos índios do Grão-Pará e a partir daí sempre foi visto com desconfiança pelos aborígenes. E olhe que os tupinambás foram seus GRANDES auxiliares na construção da cidade de Belém, desde a instalação do Forte do Presépio e muitas outras fortificações espalhadas pelo Grão-Pará, que constituíram as bases de defesa do domínio lusitano e que ajudaram na fixação dos marcos geográficos das conquistas de Pedro Teixeira. A PODEROSA ajuda dos nativos foi ainda decisiva no desbravamento e avanço para os arredores da cidade de Belém, construção de seus primeiros prédios governamentais e residenciais, das primeiras ruelas da Cidade Velha e da Campina e das primeiras igrejas de Santa Maria do Grão-Pará e nos trabalhos forçados nas casas dos poderosos de Belém.

Índios Tucujus, da foz do Rio Amazonas
Indios Nheengagaibas, do Marajó
Índios Aruãs, do Marajó
Índios Tupinambás, do Marajó e arredores de Belém
Índios Pacajás, dos arredores de Belém
Índios Caetés, da Região Bragantina
Mas atrocidades dos portugueses contra os povos indígenas foram tantas, que os tupinambás achavam que tinham contas a ajustar contra os patrícios de Castelo Branco, que tinha sido levado preso para Portugal. Esse clima de guerra declarada por parte de tribos hostis se espalhava por toda a Capitania, como entre os tacujús da foz do rio Amazonas, os nhengaíbas e aruãs, do arquipélago de Marajó, os tupinambás e pacajás, de Belém, os caetés, da região de Bragança e outras tribos indígenas da região.
Assim, em 7/1/1619, fizeram os tupinambás o cerco por mar e terra ao Forte do Presépio, chefiados pelo lendário e bravo tucháua Guaimiaba, chamado pelos portugueses de Cabelo de Velha. Porém a desvantagem dos selvagens era nítida, entre tiros de mosquetes, arcabuzes e peças de artilharia dos portugueses contra as frágeis e impotentes flexas de taquara dos tupinambás, fato que não diminui o furor guerreiros dos selvagens atacantes. O chefe tucháua Guaimiaba foi morto em combate e como era costume entre os indígenas, morto o chefe, dava-se por terminado o combate. E assim aconteceu. Retiraram-se os tupinambás rapidamente do assalto, levando os mortos e feridos para as suas aldeias.
A matança dos índios do Pará foi política que consolidou o domínio lusitano pelo TERROR contra os selvagens na colonização do Grão-Pará. Os padres missionários capuchos que vieram junto com os conquistadores portugueses ficaram horrorizados com essa política de hostilidades e extermínios dos gentios e eles se mudam do Forte do Presépio para lugar afastado, no igarapé do Una, onde instalam uma base de catequese para os povos indígenas dos arredores de Belém.
E o que os governantes e colonos lusitanos queriam era só o trabalho escravo que os selvagens podiam lhes oferecer, nas suas roças, construções, casas, pescas, navegações e nos combates sangrentos, como visto acima, aos estrangeiros invasores e às tribos indígenas hostis.

Índios Caetés da Região Bragantina
Índios Nheengaibas, do Marajó
Índios Aruãs, do Marajó
Índios Tembés, de Vizeu
Índios Mortinguras, de Conde
Índios de Iguapé
Muitos grupos de índios Tupinambás do Grão-Pará foram cruelmente castigados e dizimados, a partir do 1º Capitão-mór do Grão-Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, onde foram destruídas várias tabas indígenas em Belém e seus arredores, como também as aldeias dos índios Caetés, em Bragança, Nheengaíbas e Aruãs, do Marajó, Tembés, de Vizeu, Mortinguras, em Conde e na localidade de Iguapé, que sofreram iguais chacinas como as de Belém e das aldeias indígenas ao longo do rio Amazonas. E Francisco Caldeira Castelo Branco continuava a mandar tropas para atacar as aldeias indígenas dos tupinambás insurretos do Pará, para matá-los ou torná-los ESCRAVOS dos seus protegidos e gananciosos colonos portugueses.
Os combates são desiguais, pois enquanto as forças portuguesas usavam grandes barcos armados com artilharia e canoas de guerra, os tupinambás combatiam com poucas canoas tipos igarités, em heróicos, porém desiguais combates. Berredo, o cronista português, dizia que eram poucos os selvagens que conseguiam se salvar desses massacres contra as populações nativas da região que prosseguiam em 1617.
Em 1636 as tropas portuguesas avançavam rio acima, expulsando os estrangeiros invasores e escravizando índios e na caça às riquezas naturais do vale amazônico, especialmente as drogas do sertão, abundantes na região.
Há uma contradição no comportamento dos gentios, pois ora se mostram tribos indômitas, guerreiras e em outros momentos se tornam dóceis aos conquistadores, oferecendo-lhes alimentos coletados nos rios e matas. Essa variação de comportamento se explica pela ação dos padres capuchos na evangelização dos selvagens, que a partir daí passam a servir às tropas portuguesas, incorporados às expedições de guerras dos lusitanos.

A CHEGADA DOS MISSIONÁRIOS CAPUCHOS E JESUÍTAS E A COLONIZAÇÃO DO GRÃO-PARÁ:
Índios Caripunas, do Tocantins
Índios Aruãs, do Marajó
Índios Tucujus, da Foz do Rio Amazonas
Índios da Tribo Canhão
Missão dos Amaquizes
Em 22/7/1617 chegaram à Belém, vindos do Maranhão, os religiosos capuchos da Província de Santo Antonio, Frei Cristovam de São José, Frei Sebastião do Rosário, Frei Felipe de São Boaventura, sob a direção de Frei Antonio de Marciana e os mesmos prensenciaram no Forte do Presépio o clima de hostilidade contra os indígenas, clima francamente contrário aos seus objetivos de catequese.
Se os indígenas fugiam do convívio com os brancos, pelo terror que lhe infundiam as armas e as desmedidas ambições dos colonos portugueses, que estavam sob a tutela de Castelo Branco, aproximavam-se confiantes dos padres capuchos, especialmente do Frei Cristovam de São José, que foi o primeiro a lançar-se nas selvas paraenses, em 1620, em busca de almas selvagens para a civilização cristã.
Foi a catequese desse frei junto a tribo dos índios Camutás, em um sítio denominado Cametá-tapera, que lançou os fundamentos da futura Vila Viçosa de Santa Cruz de Camutá (elevada à vila em 1635), onde havia de ser ereta a Capitania de Feliciano Coelho de Carvalho. Com a ajuda dos gentios catequizados o Frei Cristovam de São José abriu caminho em direção a outras tribos das florestas do Baixo Tocantins.
O trabalho de catequese dos padres Capuchos tornou-se notável no Grão-Pará, que foi o primeiro trabalho na evangelização dos nativos da região e na entrada através do sertão, onde encontraram e doutrinaram índios das NAÇÕES Caripunas, Aruãs, Tucujús e Canhoão, aldeando-os na missão dos Amaquizes.

Igualmente notável foi o trabalho de outros religiosos, entre os quais os Jesuítas.
Índios Aruãs, do Marajó
O primeiro jesuíta a desembarcar na cidade de Belém foi o padre Luís Figueira, no ano de 1636, acompanhando o Governador Francisco Coelho de Carvalho. Esse padre subiu o rio Amazonas e começou a evangelização das TRIBOS do rio Xingu.
Para prosseguir na sua jornada junto às tribos do Pará, o Padre Figueira retorna à Europa a fim de trazer mais religiosos para a obra de catequese dos gentios. Em 1645, viajando com o Governador Pedro de Albuquerque, estava de volta ao Amazonas com mais 14 missionários, porém a fatalidade não permitiu a realização de seu sonho. Naufragou esse padre às proximidades da Baía do Sol e conseguiu chegar à Ilha do Marajó, onde foi trucidado junto com nove de seus companheiros pelos ferozes índios Aruãs daquela localidade, fato que refletia o ódio que os índios nutriam pelos conquistadores portugueses.
Somente em 1653 é que os jesuítas recomeçaram seu trabalho missionário de doutrinação do gentio e também dos filhos dos colonos do Grão-Pará e a construção de igrejas, a partir de Belém. Foi grandioso o trabalho dos jesuítas no Pará, subindo os rios e penetrando em lugares inóspitos, fundando povoados, levando a Palavra de Deus aos índios e tornando-os excelentes colaboradores dos portugueses na obra de penetração do sertão.
o Padre Antonio Vieira:
Índios Nheengaíbas, do Marajó
O grande e famoso Padre Antonio Vieira chegou à Belém em 1653, acompanhando os padres Francisco Veloso e Antonio Ribeiro e do irmão Luís, iniciou um trabalho no Pará que resultou na pacificação dos índios Nheengaíbas, do Marajó, em 1655, que estavam em conflito com os colonos portugueses. No Marajó os jesuítas também estabeleceram fazendas de gado vacum e cavalar com mais de 130.000 mil cabeças de gado.
A notável pacificação de mais de cem mil guerreiros Nheengaíbas pelo Padre Antonio Vieira, que tornaram-se submissos aos sermões do grande pregador, levaram esses guerreiros a fazer as pazes com os lusitanos. Foi a ajuda decisiva dos missionários católicos que facilitou a colonização do Grão-Pará. Porém a catequização dos gentios por esses padres, mesmo que com a melhor da boa vontade ou como inocentes úteis na história de colonização do Pará, vai merecer de nossa parte algumas análises, visto que essa catequese muito ajudou na perda da identidade cultural desses antigos povos e no seu extermínio em massa pelas tropas portuguesas.
O bom tratamento que os padres dispensavam aos índios era suficiente para garantir a segurança desses sacerdotes contra as investidas bélicas das tribos com quem estabeleciam contato e demonstrava que a altivez guerreira podia ser refreada por bons tratamentos, coisa que a arrogância de Caldeira Castelo Branco não enxergava.
Porém alguns padres missionários foram sacrificados em 1649 em assaltos dos indígenas revoltados com a crueldade das tropas e dos colonos portugueses contra os gentios. Mas esses padres não desistiram de lutar pela liberdade dos índios e como seus protetores da sanha dos brancos.

CATEQUESE, MISSÕES, NAÇÕES, ETNIAS, POVOS E ALDEIAS INDÍGENAS:
Foram muitos os núcleos de catequese, missões ou aldeias de índios fundadas pelas ordens religiosas no Pará até o ano de 1751, como:

Muitas aldeias sob a administração dos padres Capuchos, entre as quais:
Aldeias ou missões de:
Menino Jesus
São José
Anaiatuba
Bocas
Caviana
Urubuquara
Acarapy
Parú (esta fundada entre 1757-1758 e que deu origem ao município de Almeirim)
Aldeia dos Aruãs, no Marajó
Aldeia dos índios Camutás, no Baixo Tocantins, Cametá
E mais duas aldeias na Ilha de Joannes (uma das quais a Aldeia dos Aruãs, fundada entre 1757-1758, que deu origem ao município de Chaves)
Uma aldeia dos índios Camutás (vide acima, origem da cidade de Cametá), sob a direção dos padres capuchos de Santo Antonio.

Aldeias ou missões de:
Mangabeiras
Cayá
Conceição
Iaray
Tauary
Urumacu, missionadas pelos padres capuchos da Conceição da Beira e Minho;

Aldeias ou missões de:
Gurupá
Acapijó
Caviana
Maturú (fundada em 1639, que dá origem, em 16/71758 à Vila de Porto de Moz), missionadas pelos padres capuchos de São José.

Aldeias ou missões de:
Jamundá (hoje município de Faro)
Juruti
Pauxis Hoje município de Óbidos)
Outeiro (hoje município de Prainha)
Curuá
Manemá
Surubiú (hoje município de Alenquer)
Gurupatiba (origem do município de Monte Alegre), dos padres capuchos de Nossa Senhora da Piedade.

Aldeias ou missões de:
Coary
Tefé
Maneruá
Paraguary
Tucuruatuba
São Paulo
São Pedro
Jaú, Caragary
Comaru
Mariná
São Caetano
Cabuquana
Bararuá
Dary, no Rio Negro, pelos padres do Carmo;

Uma aldeia no sertão dos índios Urubu
E a aldeia de Mangabeira, em Marajó-assu, origem do povoado de Itaguary, pelos padres das Mercês.

Muitas aldeias ou missões sob a administração dos padres Jesuítas, chegados ao Pará em 1636, entre as quais:
Maracanã
Cabu
Vigia
Mortigura
Sumahuma
Araticu
Aricará
Borari
Camaú
Santo Inácio
Itacuruçá
Piramiry
São José
Abacaxis
Trocano
E uma aldeia na Capitania de Camutá
E outra na Capitania de Caeté

Essas aldeias fundadas pelas ordens religiosas seriam a origem de muitos municípios paraenses e pode-se dizer que a catequese dos padres missionários foi o maior trabalho de desbravamento feito no 1º século da fundação do Grão-Pará. Sem esse trabalho os portugueses não conseguiriam colonizar o Pará.
Nessas aldeias ou missões os padres ensinavam as várias profissões da época, como as de carpinteiros, pedreiros e marceneiros, que foram muito úteis nas obras de edificações dos padres e dos conquistadores portugueses. Outras profissões foram ensinadas pelos padres como as de sapateiros, ferreiros, alfaiates e na lavra da terra.

Caso as antigas aldeias de índios, fundadas e disciplinadas pelos padres de diversas ordens que funcionaram no Pará não tivessem sido mudada de nome pelo Governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, em 1751, muitas cidades do Pará teriam ainda os nomes indígenas dados pelos padres, como:
Urubu, que mudou para Alenquer;
Gurupatuba, que mudou para Monte Alegre;
Pauxis, que mudou para Óbidos;
Tapajós, que mudou para Santarém;
Aruãs, que mudou para Chaves;
Tupinambás, que mudou para Colares;
Aricury, que mudou para Melgaço;
Araticu, que mudou para Oeiras;
Maturu, que mudou para Porto de Moz;
Marauanás, que mudou para Soure;
Paru, que mudou para Almeirim;
Gebrié ou Curuçá, que mudou para Barcarena;
Pirauiry, que mudou para Pombal;
Cauhiana, que mudou para Vilarinho do Monte;
Sacácas, que mudou para Salvaterra;
Atamucu, que mudou para Espozende;
Cumaru, que mudou para Vila Franca;
Santana, que mudou para Mazagão;
Maracanã, que mudou para Cintra;
Sousa do Caeté, que mudou para Bragança.

Desde 1570, com D. Sebastião, existiam editos reais para proteção dos nativos do Brasil e que dizia que somente em justa guerra eles podiam ser cativos dos brancos, editos que foram francamente derrespeitados pelos governantes e magistrados da Capitania do Grão-Pará.
Em 29/5/1649 conseguiram os jesuítas a Ordem Régia para que os nativos não fossem mais obrigados a trabalhar sem salário, nem sujeitos às violências dos brancos, o que equivalia à liberdade dos nativos. Foi a partir daí que se iniciaram as intrigas dos colonos portugueses contra os padres missionários, que inclusive pesou na expulsão desses padres por várias vezes do Pará. O Rei aboliu a Ordem Régia e voltaram os índios ao cativeiro. Outra lei veio em favor dos índios protegidos pelo “Regimento dos Órfãos”, que invés de escravos, passariam para condição de criados de seus donos, porém, na prática, os índios continuavam em sua condição de escravos, face os interesses contrariados dos colonos, agentes do Reino, governadores e magistrados. Os jesuítas, por força de interesses contrariados dessas pessoas acabaram por ser expulsos definitivamente de todo o sertão do Amazonas a 10/7/1757.

OS INVASORES ESTRANGEIROS E OS GRUPOS INDÍGENAS DO GRÃO-PARÁ:
Índios Tupinambás, de Belém
Índios Camarapins, tupinambás das margens do Rio Tocantins
Índios Pacajás
Índios Parissós
Os franceses, invasores do Maranhão e do Grão-Pará, sabiam como negociar com os índios Tupinambás que habitavam as margens do Rio Pará e recebiam destes toda a atenção, por sua educação e maneira pacífica com que conviviam com os índios. Essa convivência amistosa com os franceses vinha desde 8/7/1613, quando o fidalgo francês Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiére chegou ao ponto onde mais tarde seriam lançados os fundamentos da cidade de Belém, primitivamente habitada por muitas tribos de índios tupinambás. Desse ponto saiu Daniel de La Touche, com forte contingente de franceses e indígenas em direção ao rio Tocantins e também fazendo guerras contra as tribos de índios hostis, como os índios Camarapins, tribo inimiga dos Tupinambás que habitavam as margens do Rio Tocantins. Os franceses e indígenas também fizeram guerra nas aldeias dos índios Pacajás e Parissós, que foram duramente combatidos e derrotados pelos invasores franceses.

Daniel de La Touche, tendo estado em terras onde seria fundada a Capitania de Cametá, ficou no Pará até 1616 quando da instalação da Capitania do Grão-Pará a 12 de janeiro desse ano.

Índios Caripunas, no Oiapoque
Índios Nheengaíbas, do Marajó
Índios Aruãs, do Marajó
Após a expulsão do Pará os franceses fugiram para o distante Oiapoque. Muitos gentios do Grão-Pará também fugiram junto com os franceses para o Oiapoque, constituindo a nação dos índios Caripunas remanescentes naquela localidade.
Igualmente os invasores holandeses sabiam como tratar com os selvagens do Grão-Pará, a quem os índios Nheengaíbas e Aruãs do Marajó dispensavam amizade e com quem comercializavam, enchendo seus navios de peixe-boi, animal abundante na Ilha Grande de Joannes, em 1616. Essa ilha era densamente povoada de gentios.

OS BRAÇOS INDÍGENAS E NEGROS ESCRAVOS NOS TRABALHOS DOS COLONOS PORTUGUESES:
Os trabalhos nas terras dos colonos do Grão-Pará exigiam muita mão-de-obra e esses colonos recorreram ao trabalho escravo para os serviços de seus engenhos, roçados ou fazendas de gado e nada se fazia nas casas dos povoados e vilas sem o auxílio dos índios cativos e, posteriormente, dos escravos negros vindos de Angola e Guiné. Pode-se dizer que a riqueza de um colono era medida pela quantidade de escravos que possuísse.
Com a implantação das fazendas/engenhos pelos colonos portugueses no período da cultura do cacau e dos engenhos da cana doce, foram os braços dos índios cativos e dos escravos negros. Até mesmo os engenhos dos padres missionários usavam a mão-de-obra escrava nos serviços dos seus engenhos.
Usar mão-de-obra dos nativos era proibida pela legislação real, porém essas leis eram francamente descumpridas pelos colonos portugueses e como os missionários jesuítas lutavam pelo cumprimento dessas leis, foram também caluniados pelos colonos, que não viam com bons olhos os trabalhos desses missionários junto às tribos indígenas locais, fornecedoras de mão-de-obra para os serviços das fazendas/engenhos e dos roçados. As calúnias levantadas pelos colonos portugueses contra os padres jesuítas, defensores da liberdade indígena, foi usada no episódio da expulsão desses missionários do Grão-Pará por duas vezes, até sua expulsão definitiva em 1757.
Aos índios não era permitido lavrar canaviais e tabaco e trabalhos nos engenhos, segundo as leis reais.
Pelas margens dos rios ficavam as aldeias dos índios submissos, isto é, índios que já tinham sido catequizados pela ação dos missionários religiosos, viviam nas chamadas aldeias e de onde as tropas iam buscar guerreiros e mantimentos, arcos flechas para as guerras e braços para os serviços dos colonos. Porém restavam inúmeras tribos de índios selvagens, que frequentemente causavam problemas aos colonos lusitanos.

Índios Aruãs, no Marajó
Índios Nheengaíbas, no Marajó
Os conquistadores opinaram para que se fizesse guerra a esses hostis índios Aruãs e Nheengaíbas do Marajó, chamadas de guerras defensivas ou guerras justas, devido os constantes ataques praticados por esses índios, conforme citados acima. As guerras defensivas eram necessárias para conter esses ataques dos selvagens segundo seus defensores e elas estavam na alçada de poder dos governantes do Grão-Pará. Porém as guerras defensivas contra os índios se tornaram meios para os governantes do Grão-Pará descumprirem as Cartas Régias que protegiam os nativos da região.
“Os índios do Marajó eram invencíveis em sua ilha e usavam canoas ligeiras e também atacavam as aldeias dos índios submissos e vinham até aos povoados e vilas das redondezas para atacar os colonos e seus engenhos. Desse modo muitos engenhos foram abandonados por seus proprietários”.

Os serviços usuais executados pelos escravos, índios ou negros:
Os escravos eram usados como coletores das chamadas drogas do sertão, abundantes nas matas do Grão-Pará;
Os índios cativos faziam a fabricação de farinha de mandioca, que era considerada o pão da terra;
Os escravos faziam os trabalhos nos roçados, especialmente na roças de cana doce e nos cacauais;
Os índios cativos faziam a caça e pesca dos peixes e animais abundantes nos rios e matas da região, assim como faziam a salga para manutenção desses mantimentos;
Escravos eram usados como carregadores dos inúmeros produtos extraídos das terras, matas e rios da região e do açúcar e aguardente produzidos nos engenhos de cana doce;
As escravas eram usadas como lavadeiras de roupas nas beiras dos rios e igarapés da região;
Os índios cativos também eram usados como remeiros das inúmeras canoas de todos os tipos e tamanhos, inclusive para se ir à missa nas capelas das casas de colonos mais abastados ou nas igrejas dos povoados e vilas;
Os escravos índios eram usados como guias, intérpretes e guerreiros das expedições militares pelos rios da região;
Os índios cativos e escravos negros, desde pequenos, eram usados como empregados domésticos nas casas dos senhores de engenho, colonos, governantes e casas dos povoados e vilas;
As escravas eram usadas como fiandeiras e costureiras de roupas de algodão e outros materiais do vestuário;
Os índios cativos e escravos negros eram usados como operários nas oficinas e serrarias dos engenhos;
Os escravos eram usados como tecelões e operários sapateiros, marceneiros, barbeiros, carpinteiros;
As escravas índias ou negras ainda eram usadas como repasto sexual de seus senhores. Porfiavam os homens na posse das negras e das índias, sem que suas famílias ou religião lhe pusessem freios nos seus instintos carnais. Era a dissolução dos costumes que escandalizavam alguns religiosos.
Como os senhores de engenhos e seus filhos varões possuíam muitos escravos para os trabalhos dos engenhos, das lavouras e das casas, sobrava-lhes tempo para esses amores libertinos com as negras e índias moças.

O bispo D. Frei Caetano Brandão, chegando ao Pará em 20/10/1780, para o governo da Diocese, ficou surpreendido com os costumes dissolutos da sociedade paraense.

Índios Hostis e Índios Submissos (Cativos):
Índios Nheengaíbas
Índios Aruãs
A presença de escravos era essencial para os trabalhos nas fazendas/engenhos e sempre faltavam escravos, índios ou negros, para os trabalhos, especialmente dos engenhos, pois muitas eram as fugas dos índios cativos e escravos negros para o interior das matas da região. Por essa razão é que os índios cativos eram marcados com ferro em brasa com as marcas de seus donos. Melhor sorte não tiveram os escravos negros que também recebiam as marcas de seus donos para facilitar a captura desses escravos fugidos.
Os escravos eram vendidos por preços muito altos e em verdadeiras disputas entre os senhores de engenhos, colonos e para os serviços das residências dos povoados e vilas e até nos serviços da Igreja Católica.
O litoral vivia sempre agitado devido os trabalhos nas propriedades, sempre cheias de escravos negros e índios cativos, que os senhores tratavam com os rigores e exigências da época, com muita crueldade e violência.
Mas nem todos os índios aceitavam a submissão do branco. Os índios hostis das tribos Aruãs e Nheengaíbas do Marajó atacavam periodicamente as aldeias dos índios submissos, numa audácia próxima de seu temperamento selvagem e hostil e vinham ainda atacar os colonos em suas próprias propriedades.
Para 50 escravos negros havia outros 50 índios submissos, com os quais se movimentavam os engenhos de açúcar e se cultivava cana, cacau, arroz e outras culturas.

Padres no Grão-Pará:
O padre João Felipe Betendorf, cronista jesuíta, fala do engenho dos frades do Carmo, com mais de 200 escravos, na margem esquerda do rio Bujaru, com o nome de Santa Teresa do Monte Alegre, em 1627.
Em 1669 os jesuítas também possuíam engenho no Moju, que viria a ser um dos mais importantes da Capitania do Grão-Pará e com muitos escravos.
Engenho Santana, na foz do rio Arary, no Marajó, dos frades mercedários, também com muito trabalho escravo.

O USO DA AGUARDENTE PELOS ÍNDIOS CATIVOS OU ESCRAVOS NEGROS:
Nos engenhos se fabricavam açúcar, aguardente, mel de cana e rapadura. Porém a fabricação de aguardente era restrita, apesar de sua produção oferecer melhores ganhos aos colonos que o açúcar.
Devido a insistência dos donos de engenho na fabricação de aguardente, o Ouvidor-Geral da Capitania do Grão-Pará, levantou devassa contra os produtores de aguardente e a partir daí só se podia fabricar aguardente se a produção de açúcar chegasse para as necessidades da Capitania e atingisse os limites para a exportação.
E a aguardente era prejudicial por que também viciava os escravos negros e índios cativos, prejudicando seus trabalhos nos engenhos e demais lavouras.
A produção de aguardente era mais intensa nos pequenos engenhos chamados molinotes, que nos grandes engenhos de fabricação de açúcar.

CRONOLOGIA DA CULTURA DA CANA DOCE NO GRÃO-PARÁ E O USO DA MÃO-DE-OBRA ESCRAVA DOS ÍNDIOS E NEGROS:
Os primeiros a possuir engenhos na Amazônia foram os holandeses, para fabricar açúcar, desde o final do século 16, com dois engenhos que produziam carga suficiente para seus navios no Cabo Norte, que ficavam sob a proteção de duas fortalezas, cada uma guarnecidas por 300 homens e com fabricação crescente. Quando eles foram expulsos do Grão-Pará ficaram os seus canaviais espalhados pelas costas paraenses.
Antes e depois da expulsão da expulsão dos holandeses, ingleses e franceses da Capitania do Grão-Pará, novos engenhos foram construídos e às margens dos rios da região e todos usando mão-de-obra escrava de índios ou negros.

Em 14/4 1655 já existiam muitos engenhos pelas costas paraenses.
O açúcar na fase colonial era o mais importante artigo do escambo marítimo internacional quando ainda era notável o predomínio do açúcar brasileiro no mercado internacional, em 1660.
Em carta para El-Rei as autoridades locais o conclamavam a instalar mais engenhos na Capitania do Grão-Pará, pois as terras eram boas e essa era a melhor maneira para colonizar a região e com mão-de-obra escrava dos nativos do lugar.

Em 1684 já havia a produção de açúcar fino pelos portugueses.
Os escravos vindos de Angola e Guiné em 1689 eram obrigados a lavrar a terra com cana doce e levá-la para fabricar açúcar nos engenhos. A falta do trabalho escravo prejudicava as exportações de açúcar e tabaco no Grão-Pará.
Ainda nos séculos 17 aconteceu a instalação de muitos outros novos engenhos e o açúcar era usado como moeda corrente na Capitania.
Os engenhos foram importantes na Capitania do Grão-Pará, por que criavam aglomerados populacionais, pela utilização das terras por extensos canaviais, pastos e culturas diversas. A maior parte desses aglomerados populacionais era de índios cativos e escravos negros.
Os canaviais lavrados pelos escravos geralmente possuíam milha e meia de comprimento por uma milha de largura e enchiam as margens dos rios.

Em 1751 o número de engenhos no Pará havia crescido e o Grão-Pará possuía 24 engenhos reais, alguns com mais de 200 escravos, entre os quais o dos padres do Carmo.
Além desses engenhos reais, havia em todo o estado 77 engenhocas para fabricar aguardente, sendo 22 de propriedade de moradores e 2 de religiosos, ambos com centenas de escravos negros ou índios cativos.
Com o declínio dos preços do açúcar e pouco tempo depois com a abolição da escravatura – os escravos eram os que trabalhavam para valer – o Pará teve a sua indústria canavieira desmantelada. Porém as freguesias de Abaeté e Igarapé-Miri continuaram a sua vocação de produtores de açúcar e aguardente desde o novo ciclo econômico da goma elástica (1850) até os anos de 1980, quando veio o declínio da produção de cachaça.
Os engenhos nos séculos 17, 18 e 19, compuseram o cenário do ciclo do açúcar no Pará, com engenhos em Belém, Guamá, Moju, Tocantins, Acará, Bujaru, Arary, Barcarena e Capim. Era a civilização do açúcar em meados do século 19, onde se queimavam matas, cortavam árvores para fazer um mar de cana.

ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DE UM ANTIGO ENGENHO REAL A PRESENÇA DE ESCRAVOS:
Um engenho dos primeiros tempos da colonização do Grão-Pará, para ser consiederado engenho real, tinha que possuir algumas características, como:
Tinha que possuir todos os componentes de um verdadeiro engenho;
Tinha possuir todas as oficinas completas e perfeitas para o funcionamento do engenho;
Era cheio de um grande número de escravos;
Tinha que possuir grandes canaviais próprios e outros ligados às suas moendas.
Era engenho que moía a cana pela força da água, diferentes de outros que moíam pela força dos cavalos e bois, estes menos providos e aparelhados;

O AÇÚCAR E OUTROS PRODUTOS USADOS COMO MOEDA DE TROCAS NO TEMPO DOS PRIMEIROS ENGENHOS DO GRÃO-PARÁ, INCLUSIVE NA COMPRA DE ESCRAVOS:
O açúcar era o principal gênero usado como moeda de troca, custando cada arroba 3 mil réis. Além do açúcar muitos outros gêneros eram usados como moeda de trocas, como:
Os novelos de algodão;
Os rolos de panos;
As drogas do sertão;
Os peixes secos salgados, especialmente a tainha;
A moeda só foi introduzida no Grão-Pará em 1749 e era de uso restrito, permanecendo o antigo modelo de trocas através de produtos por muitos anos.

OUTRAS CULTURAS TRABALHADAS PELOS ESCRAVOS DO GRÃO-PARÁ:
Muitos donos dos antigos engenhos do Grão-Pará, além da cultura da cana doce, também desenvolviam outras culturas em suas terras, daí a denominação de fazendas/engenhos para essas terras e que usavam grande quantidade de mão-obra escrava.
Porém, alguns colonos, não podendo arcar com as altas despesas de compras constantes de mão-de-obra escrava, preferiam se dedicar a poucos tipos de culturas em seus sítios e usando poucos escravos nesses trabalhos. Entre essas culturas, existiam:
Os lavradores de tabaco, que junto dos senhores de engenho era outra classe opulenta da Capitania e que também ocupavam patentes militares e cargos políticos. O tabaco desenvolveu uma forte manufatura na Província do Pará, anos de 1870.
Os lavradores de café;
Os coletadores e lavradores de baunilha;
Os lavradores de cacau, onde nas terras da Província do Grão-Pará existiram extensos cacauais nos anos de 1800.
Os lavradores de algodão, que também desenvolveu a manufatura do algodão;
Os lavradores de arroz;

ESTRUTURA DAS ANTIGAS FAZENDAS/ENGENHOS DO GRÃO-PARÁ QUE USAVAM A MÃO-DE-OBRA ESCRAVA EM TODOS OS SERVIÇOS:
Além dos engenhos propriamente ditos, em cada propriedade existiam os pontos de comercialização dos produtos dos próprios engenhos (açúcar, aguardente, mel de cana, rapadura), dos gêneros da terra (arroz, farinha, milho, tabaco, algodão, cacau, café) e de outros produtos de comercialização importados de outros lugares, tudo à base de trocas ou aviamentos, pois não existia moeda corrente.
A casa de comércio dos engenhos ficava sempre à frente do engenho, que fazia caminho por uma ponte feita de grossas peças de madeira. Da escada, por um acesso, alcançava-se a varanda, onde se recebiam e se alojavam os hóspedes e onde todos os negócios eram realizados. As refeições também eram feitas na varanda.
Nas antigas fazendas/engenhos os prédios ficavam situados a 4 ou 5 pés acima do nível das mais altas marés, repousando sobre resistentes pilares de madeira.
Completamente apartada deste prédio fica a casa onde residiam a dona, os filhos e os servos, sendo feito o seu acesso pela varanda e ao longo de um passadiço de madeira de 40 a 50 pés de comprimento.
Algumas casas de engenhos e moradias eram casas de sobrado e com varanda, com vista sempre para o rio e este com suas margens repletas de canaviais. Eram casas com grandes moendas, caldeiras e alambiques de modelo inglês. A produção de aguardente desses grandes engenhos era de 1.500 pipas por ano.
A dona da casa e suas filhas não apareciam aos hóspedes e tão ciosos se mostravam os colonos das suas esposas e filhas, que mandavam guarnecer as janelas das casas com urupemas ou panos de algodão grosso, para que o interior da casa não fosse devassado e não pudessem os estranhos avistar a mulher ou suas filhas donzelas.
As mulheres brancas, esposas ou filhas do senhor de engenho, levavam vida acomodada, sem canseiras, por que eram servidas por numerosas mucamas e índias e estas, fugindo sempre, como suas donas, da vista dos hóspedes estranhos. E todos os serviços dos engenhos, das lavouras, do comércio e dos serviços domésticos eram feitos pelos escravos.

AS ESCRAVAS, OS CURUMINS E NEGRINHOS USADOS NAS REFEIÇÕES DAS CASAS DOS SENHORES DE ENGENHOS:
Os hóspedes dos engenhos faziam as refeições preparados pelas escravas juntos com os donos de engenhos, nos seguintes horários:
Às 6,00 horas da manhã, o café;
Às 9,00 horas, o almoço, onde era servido: carne de vaca, peixes, peixes secos com farinha de mandioca e como complemento do almoço, café com bolos de farinha;
Às 3,00 horas da tarde, o jantar, onde eram servidos: ovos ou camarões ensopados, outros tipos de carnes, caças ou peixe fresco, terminando com a sobremesa de frutas, principalmente, abacaxis e laranjas cortados em fatias e servidos em caldas;
Às 8,00 horas da noite, outra pequena refeição, onde eram servidos: chás e bolos de farinha.
As mesas eram servidas por negrinhos e índios curumins.
As mesas dos senhores de engenhos eram servidos por negrinhos e índios curumins, meninos e meninas.

OS SENHORES DE ENGENHOS E AS FACILIDADES FISCAIS NA COMPRA DE ESCRAVOS:
O título de senhor de engenho era um título aspirado por muitos donos de engenhos, por que significava:
Ser servido por grande números de escravos;
Ser obedecido por todos, incluindo parentes e famílias agregadas aos trabalhos dos engenhos;
Ser respeitado por todos, inclusive pelos moradores dos povoados e vilas;
Ocupar funções de mandos, patentes militares e cargos políticos nos povoados, vilas e na Capital Belém;
Os senhores de engenho também possuíam facilidades fiscais na concessão de escravos negros e de índios cativos.


Aldeias, Aldeamentos, Povos e Nações Indígenas Com Datas:
Captura dos índios para servirem de escravos nas residências, igrejas, fazendas ou engenhos ou soldados das forças militares do período da colonização.
Quando os índios eram apresados pelas tropas militares ou “descidos” (remanejados) de suas aldeias para os aldeamentos implantados pelos padres missionários, esses índios eram preparados para uma série de atividades civis e militares do período colonial e provincial do Pará. Os índios começavam a aprender a ler e escrever, aprendiam os ofícios ensinados pelos próprios missionários e aprendiam as técnicas do plantio de outras culturas, além do milho e mandioca.
Os aldeamentos também serviam de preparo dos índios para fazer parte como soldados nas expedições de guerra das forças militares da Coroa Portuguesa.
Os índios apresados aprendiam uma profissão, eram batizados e recebiam um nome cristão:

1756:
O Governo do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado envia a seu irmão, o Marquês de Pombal/ a relação dos índios que desertaram das fileiras militares, acusando o enorme prejuízo que a fuga desses índios causou aos cofres de sua majestade, influenciados pelos padres jesuítas:
·        Carpinteiros navais do povo Marcanã: Afonso Guaramanduba, Urbano, Raimundo Coema, João Moteque, Antonio Assu, Thomé Pucu, Natário e Miguel Assu.
·        Serralheiros do povo Bourary: Antonio, Paschoal, Teodósio e Domingos.
·        Pedreiros do povo Tapajó: Manuel de Jesus, Januário e Manuel.
·        Tanoeiros do povo Aricará: Afonso, Frutuoso valério, Severino, Pedro, Alexandre Bueno, Fernando, Agostinho, Bonifácio, Martinho, João Lucas e Alexandre.
·        Entalhadores do povo Itacurussá: Antonio, Júlio, Geraldo, Romão, Alberto, Jacinto, Patrício, Bonifácio, Estácio e ainda: Gaspar, Leonardo, João Gaspar, Nicolau, Agostinho, Raimundo e Cláudio, que eram carpinteiros.
·        Escultores de imagens sacras do povo Arucará: Alexandre e Pedro, que eram primorosos escultores de imagens sacras.
·        Peritos em cordoaria do povo Aricurá: Francisco André, Thomé, Manoel, Ignácio, Valentim, Feliciano, José, André, Antonio, Pedro, José, Fernando, Ambrósio, Manoel, Pedro eMandu.
·        Ferreiros do povo Araticu: Luiz Maraunu, Jerônimo marimba, Domingos Marannu, João Francisco Carapina, Alexandre Suariuna.
1775:
No levantamento mandado proceder pelo governador do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, sobre quantos índios estavam incorporados nos regimentos militares do estado, Foi encontrado este número de índios e oficiais brancos, 2.898 soldados-índios e 122 oficiais, assim destacados:
·        Freguesia de Ponta de Pedras,  2 oficiais e 46 índios soldados
·        Freguesia de Nossa Senhora da Cruz de Portel, 6 oficiais e 515 índios-soldados.
·        Vila de Monsarás, 3 oficiais e 37 soldados-índios
·        Condeixas, 1 oficial e 26 soldados-índios
·        São Francisco de Avelar, 1 oficial e 20 soldados-índios
·        São José de Carrazedo, 1 oficial e 33 soldados-índios
·        Nossa Senhora de Penha Longa, 1 oficial e 17 soldados-índios
·        Nossa Senhora do Rosário da Vila de Colares,  4 oficiais e 51 soldados-índios.
·        Vila do Pinhal, 4 oficiais e 77 soldados-índios
·        Vila de Pombal, 5 oficiais e 155 soldados-índios
·        Veiros, 2 oficiais e 64 soldados-índios
·        Vila de Conde, 4 oficiais e 73 soldados-índios
·        São Miguel de Beja, 7 oficiais e 17 soldados-índios
·        Vila de Cintra, 8 oficiais e 104 sóldados-índios
·        Vila Nova del-Rei (Curuçá), 3 oficiais e 85 soldados
·        Santo Antonio da Vila de Chaves, 7 oficiais e 96 soldados-índios
·        São Joaquim de Rebordello, 2 oficiais e 24 soldados-índios
·        Nossa Senhora da Assumpção da Vargem grande, 9 oficiais e 208 soldados-índios.
·        Nossa Senhora da Conceição de Santarém, 8 oficiais e 139 soldados-índios.
·        São Francisco de Monte Alegre, 7 oficiais e 234 soldados-índios
·        Nossa Senhora da Conceição de Benfica, 3 oficiais e 40 soldados-índios.
·        Nossa Senhora da Conceição de Santarém Novo, 1 oficial e 55 soldados-índios.
·        Nossa Senhora da Saúde de Alter do Chão, 6 oficiais e 55 soldados-índios.
·        Freguesia do Largo Azevedo, 5 oficiais e 70 soldados-índios
·        Nossa Senhora de Oeiras, 8 oficiais e 453 soldados-índios
·        Nossa Senhora de Portelões, 5 oficiais e 27 soldados-índios
·        Nossa Senhora do Rosário de Bragança, 1 oficial e 69 soldados-índios
·        São Francisco Xavier de Barcarena, 2 oficiais e 24 índios
Observações:
·        Os indígenas citados nas localidades acima e em outras localidades não mencionadas (serão acrescentados aos poucos todas a localidades que surgiram a partir de aldeias indígenas) foram os grandes esquecidos na colonização do Pará e nas guerras de conquistas, à exceção de umas poucas menções aos povos indígenas por algumas ruas de Belém (que agora estão substituídos a bel-prazer de governantes e legisladores).
·        Além desses soldados-índios (que podiam ser índios puros ou mestiços), naturalmente que existiam os soldados-brancos.
·        Em alguns lugares havia a presença de um grande contingente de soldados-índios e naturalmente que esses lugares eram os que estavam fortificados para a defesa da colônia contra as invasões inglesas, holandesas e francesas.
·        Os soldados-indios eram índios das várias etnias existentes na época, especialmente os da nação Tupinambá (que eram os mais propensos às guerras) apresados pelas tropas portuguesas  no tempo do Pará colonial e os vindos dos aldeamentos dos padres missionários (que também podiam ser de várias etnias).
Foram muitos os núcleos de catequese, missões ou aldeias de índios fundadas pelas ordens religiosas no Pará até o ano de 1751, como:
Muitas aldeias sob a administração dos padres Capuchos, entre as quais:
·        Menino Jesus
·        São José
·        Anaiatuba
·        Bocas
·        Caviana
·        Urubuquara
·        Acarapy
·        Parú (fundada entre 1757-1758 e que deu origem ao município de Almeirim).
·        E mais duas aldeias na Ilha de Joanes (uma das quais a Aldeia dos Aruãs, fundada entre 1757-1758, que deu origem ao município de Chaves), e uma aldeia dos índios Camutás (vide acima, origem da cidade de Cametá), sob a direção dos padres capuchos de Santo Antonio.
Aldeias ou Missões dos Padres Capuchos da Conceição da Beira e Minho:
·        Mangabeiras
·        Cayá
·        Conceição
·        Iaray
·        Tauary
·        Urumacu
Aldeias ou Missões dos Padres Capuchos de São José:
·        Gurupá
·        Acapijó
·        Caviana
·        Maturú (fundada em 1639, que dá origem, em 16/71758 à Vila de Porto de Moz).
Aldeias ou missões dos Padres Capuchos de Nossa Senhora da Piedade:
·        Jamundá (hoje município de Faro)
·        Juruti
·        Pauxis (hoje município de Óbidos)
·        Outeiro (hoje município de Prainha)
·        Curuá
·        Manemá
·        Surubiú (hoje município de Alenquer)
·        Gurupatiba (origem do município de Monte Alegre)
Aldeias ou Missões dos Padres do Carmo:
·        Coary
·        Tefé
·        Maneruá
·        Paraguary
·        Tucuruatuba
·        São Paulo
·        São Pedro
·        Jaú
·        Caragary
·        Comaru
·        Mariná
·        São Caetano
·        Cabuquana
·        Bararuá
·        Dary, no Rio Negro
Aldeias ou Missões dos Padres das Mercês:
·        Uma aldeia no sertão dos índios Urubu
·        Aldeia de Mangabeira, em Marajó-assu, origem do povoado de Itaguary
Aldeias ou Missões sob a administração dos padres Jesuítas, chegados ao Pará em 1636, entre as quais:
·        Maracanã
·        Cabu
·        Vigia
·        Mortigura
·        Sumahuma
·        Araticu
·        Aricará
·        Borari
·        Camaú
·        Santo Inácio
·        Itacuruçá
·        Piramiry
·        São José
·        Abacaxis
·        Trocano
·        Uma aldeia na Capitania de Camutá
·        Uma aldeia na Capitania de Caeté
Essas aldeias fundadas pelas ordens religiosas seriam a origem de muitos municípios paraenses e pode-se dizer que a catequese dos padres missionários foi o maior trabalho de desbravamento feito no 1º século da fundação do Grão-Pará. Sem esse trabalho os portugueses não conseguiriam colonizar o Pará.
Nessas aldeias ou missões os padres ensinavam as várias profissões da época, como as de carpinteiros, pedreiros e marceneiros, que foram muito úteis nas obras de edificações dos padres e dos conquistadores portugueses. Outras profissões foram ensinadas pelos padres como as de sapateiros, ferreiros, alfaiates e na lavra da terra. Porém, o maior uso uso dos braços indígenas foram nas guerras de conquistas do colonizador portiguês e, especialmente nas guerras contra os invasores ingleses, franceses e holandese..

Mudanças dos nomes das localidades indígenas no Grão-Pará:
Caso as antigas aldeias de índios, fundadas e disciplinadas pelos padres de diversas ordens que funcionaram no Pará não tivessem sido mudada de nome pelo Governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, em 1751, muitas cidades do Pará teriam ainda os nomes indígenas dados pelos padres, como:
·        Urubu, que mudou para Alenquer
·        Gurupatuba, que mudou para Monte Alegre
·        Pauxis, que mudou para Óbidos
·        Tapajós, que mudou para Santarém
·        Aruãs, que mudou para Chaves
·        Tupinambás, que mudou para Colares
·        Aricury, que mudou para Melgaço
·        Araticu, que mudou para Oeiras
·        Maturu, que mudou para Porto de Moz
·        Marauanás, que mudou para Soure
·        Paru, que mudou para Almeirim
·        Gibirié ou Curuçá, que mudou para Barcarena
·        Pirauiry, que mudou para Pombal
·        Cauhiana, que mudou para Vilarinho do Monte
·        Sacácas, que mudou para Salvaterra
·        Atamucu, que mudou para Espozende
·        Cumaru, que mudou para Vila Franca
·        Santana, que mudou para Mazagão
·        Maracanã, que mudou para Cintra
·        Sousa do Caeté, que mudou para Bragança
Blog do ADEMIR ROCHA, de Abaetetuba/Pa, em 19/9/2010.




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