terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Palavra de Vida de Dezembro 2017

Palavra de Vida de Dezembro 2017
29 Novembro 2017
Fonte: www.focolare.org


“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38)

Na Palestina, em uma periferia desconhecida do poderoso Império Romano, uma jovem mulher recebe em casa uma visita inesperada e desconcertante: um mensageiro de Deus lhe traz um convite e espera dela uma resposta.
“Alegra-te!”, lhe diz o Anjo, com a sua saudação; depois lhe revela o amor gratuito de Deus para com ela e lhe pede que colabore na realização do Seu desígnio para a humanidade.
Surpresa, Maria acolhe com alegria o dom desse encontro pessoal com o Senhor e, por sua vez, se doa inteiramente a esse projeto ainda desconhecido, pois Ela confia plenamente no amor de Deus.
Com o seu “Eis-me aqui!” generoso e total, Maria se coloca decididamente a serviço Dele e dos outros. Com seu exemplo Ela mostra um modo luminoso de aderir à vontade de Deus.
“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Meditando essa frase do Evangelho, Chiara Lubich escreveu: Para realizar seus planos, Deus precisa unicamente de pessoas que se entreguem a Ele com toda a humildade e a disponibilidade de uma serva. Maria – autêntica representante da humanidade, cujo destino é por ela assumido – com sua atitude abre completamente o caminho para a atividade criadora de Deus. Mas o termo “servo do Senhor” não era só uma expressão que indicava humildade; era também o título de nobreza atribuído aos que prestavam grandes serviços à história da salvação, como Abraão, Moisés, Davi e os profetas. Assim, utilizando essa mesma expressão, Maria afirma também toda a própria grandeza.
“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Também nós podemos descobrir a presença de Deus em nossa vida e escutar aquela “palavra” que Ele dirige a nós, para convidar-nos a realizar na história, aqui e agora, a nossa pequena parte do seu grande desígnio de amor. É verdade que a nossa fragilidade, somada a uma impressão de não sermos adequados, pode nos paralisar. Então, lembremos da palavra do Anjo: “Para Deus nada é impossível” e confiemos no Seu poder, mais do que nas nossas forças.
É uma experiência que nos liberta dos condicionamentos, mas também da presunção de sermos autossuficientes; ela faz despontar as nossas melhores energias e muitos recursos que nem imaginávamos possuir, e nos torna finalmente capazes de amar.
Um casal nos conta: “Desde o início do nosso casamento, acolhemos em nossa casa os familiares de crianças internadas nos hospitais da nossa cidade. Mais de cem famílias passaram pela nossa casa, e procuramos sempre ter, com cada uma, um verdadeiro clima de família. Muitas vezes a Providência nos ajudou a manter essa acolhida inclusive do ponto de vista econômico, mas primeiro tínhamos de demonstrar a nossa disponibilidade. Recentemente recebemos uma certa quantia em dinheiro, e pensamos em reservá-la, na certeza de que alguém precisaria dela. De fato: pouco depois chegou outra solicitação. É tudo um jogo de amor com Deus. Nós devemos somente ser dóceis e aceitar o desafio.
“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Para vivermos essa frase do Evangelho, pode nos ajudar uma sugestão de Chiara sobre como acolher a Palavra de Deus assim como Maria fez: … com toda a disponibilidade, sabendo que não é de origem humana. Sendo Palavra de Deus, contém em si uma presença de Cristo. Receba, então, Cristo em você, na Palavra Dele. E com ativíssima prontidão coloque-a em prática, momento por momento. Se você agir dessa forma, o mundo verá novamente Cristo passar pelas ruas de nossas cidades modernas, Cristo em você, sem nenhum distintivo, trabalhando nos escritórios, nas escolas, nos mais variados ambientes, junto a todos.
Neste período de preparação para o Natal, procuremos também nós, imitando Maria, um pouco de tempo para nos determos “a quatro olhos” com o Senhor, lendo, quem sabe, uma página do Evangelho.
Procuremos reconhecer a sua voz na nossa consciência, que assim será iluminada pela Palavra e ficará sensível diante das necessidades dos irmãos que encontrarmos.
Perguntemo-nos: de que modo posso ser uma presença de Jesus hoje, para contribuir, lá onde estou, a fazer da convivência humana uma família?
Diante da nossa resposta “Eis-me aqui!”, Deus poderá semear paz ao nosso redor e fazer aumentar a alegria no nosso coração.
Letizia Magri
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Evangelho vivido: repetir Eis-me aqui!
6 Dezembro 2017
A Palavra de vida de dezembro (Lc 1,38) nos convida a nos colocarmos com generosidade a serviço de quem está em necessidade, aderindo também nós com a prontidão de Maria de Nazaré.
Não rival, mas filha
Por longo tempo, vivi momentos muito difíceis no relacionamento com o meu marido Martin, por causa da minha sogra. Ela não conseguia se desapegar do filho e me considerava como aquela que lhe tinha roubado o seu afeto. Eu estava quase para deixar o meu marido, a casa e os filhos, quando recebi a Palavra de Vida do mês. Aquele comentário me era enviado pontualmente por amigos, mas eu nunca o lia, apesar de me considerar cristã. Mas eu era tão terra a terra que Deus me parecia longe. Ao invés, naquela vez eu a li e, desde a primeira frase, a senti como dirigida a mim. Entre lágrimas, implorei a ajuda de Deus. Dias depois, Martin e eu participamos, como última tentativa, de um encontro de famílias. No clima de abertura que se estabelecera, encontramos a força para pronunciar o nosso novo «Sim». Foi a reviravolta da minha vida. Sempre com o apoio dos outros casais, consegui conquistar o afeto da minha sogra. Com o passar do tempo, começou a não me considerar mais como rival, mas como filha. Quando ficou doente, a assisti com amor e dedicação, preparando-a para o encontro com o Pai. (Lucero – Colômbia)
Providência
Na manhã do dia 24 de dezembro, tinha ido ao mercado para comprar os alimentos para a ceia de Natal. Porém ainda não havia providenciado as bebidas. Voltando para casa, encontrei uma carta, era de alguns conhecidos que me pediam um empréstimo. Correspondia à quantia para as bebidas. Consultei Giselle e respondemos: «Enviamos isto a vocês como um presente, não se preocupem em restituí-lo!». Até mesmo com água fresca, passamos uma maravilhosa noite entre cantos e música. Dias depois, chegou-nos inesperadamente uma quantia superior àquela de que nos tínhamos privado. (G.P. – Quênia)
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Mudar as regras do sistema econômico não só para sanar a pobreza, mas para construir um sistema onde os pobres sejam cada vez menos. Apresentado em Bruxelas o desafio da Economia de Comunhão.

Na metade do caminho entre dois dias internacionais, o dia 17 de outubro passado, dedicado pela ONU à erradicação da pobreza, e o dia 19 de novembro próximo, instituído pelo Papa Francisco para aproximar os pobres do mundo inteiro, a pergunta retorna insistentemente: será possível reduzir, até eliminar, as desigualdades?
Economistas, ONGs, associações, instituições nacionais e internacionais discutem e buscam caminhos para reduzir os bolsões de pobreza e as suas consequências. Um debate organizado em Bruxelas, no mês de outubro, pelo Intergrupo europeu para a luta contra a pobreza e em defesa dos direitos humanos e da ATD Quarto Mundo hospedou a contribuição de diversas organizações que experimentam métodos alternativos para ajudar as pessoas em dificuldade a sair da sua condição. O seu método consiste não em fazer descer subsídios do alto, mas em ativar percursos de rede.
Entre as contribuições, a da argentina Florencia Locascio, porta-voz nesta circunstância do projeto de Economia de Comunhão.
«A Economia de Comunhão – explica Locascio – é um movimento de pessoas, empresários, trabalhadores, consumidores, estudiosos e cidadãos empenhados em dar uma resposta de fraternidade ao problema da pobreza, em promover uma cultura econômica e civil que ponha no centro a pessoa e o valor das relações. A EdC concebe o lucro como um meio para um crescimento sustentável, inclusivo e solidário do homem e da sociedade».
Após 26 anos de história (era o ano de 1991 quando Chiara Lubich teve a intuição do novo modelo econômico, durante uma visita a São Paulo, no Brasil), a EdC propõe às empresas que aderem a este espírito, que trabalhem com três objetivos: reduzir a pobreza e a exclusão, formar novos empresários a uma cultura de comunhão e desenvolver as empresas, criando novos postos de trabalho.
Alguns exemplos, entre os muitos. No Banko Kabayan – banco de desenvolvimento nas Filipinas –, 85 % dos seus clientes são microempresários, em grande parte mulheres, aos quais são oferecidos empréstimos, poupança, micros seguros, além de cursos de empreendedorismo para promover as suas atividades.
startup “Project Lia”, nos Estados Unidos, que tem o objetivo de reinserir no mundo do trabalho mulheres ex presidiárias através da reutilização de velhos móveis.
Dimaco é uma empresa argentina que distribui materiais de construção. Junto com outros empresários locais e em coordenação com instituições públicas, o grupo conseguiu tornar sustentável o trabalho de mais de mil pequenos produtores da região.
«Estamos convencidos, inclusive pela experiência feita – continua Locascio – de que não se possa sanar nenhuma forma de pobreza não escolhida sem incluir as pessoas desfavorecidas dentro de comunidades vivas e fraternas e, onde é possível, também nos locais de trabalho. Não basta distribuir a riqueza de modo diferente. É preciso envolver os pobres na criação de riqueza».
Para monitorar e difundir os efeitos da Economia de Comunhão no combate à pobreza e às desigualdades, em 2017 nasceu OPLA – Observatório sobre a Pobreza, um centro de pesquisa internacional intitulado a Leo Andringa, economista holandês entre os pioneiros da Economia de Comunhão. As pesquisas de OPLA querem investigar especialmente a produção de “bens relacionais” conectada às ações EDC.
«Mas dado que queremos nos ocupar da redução da pobreza não só de hoje, mas também de amanhã – conclui a jovem argentina –, o último projeto da Economia de Comunhão é a rede EoC-IIN (Economy of Communion International Incubating Network), para contribuir para o nascimento de novas empresas de impacto social positivo. São só alguns exemplos inspiradores que trazem em si uma semente de uma proposta econômica inclusiva. Estamos conscientes de que para debelar a pobreza é preciso mudar as regras de um sistema que gera cada vez mais desigualdade. É um desafio que queremos e devemos assumir junto a todos os outros atores da sociedade, começando da política». 
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Festa e Círio 2017 de Nossa S. da Conceição


Festa e Círio 2017 de Nossa Senhora da Conceição
Devotos da Imaculada Conceição
Caríssimos Devotos de Nossa Senhora, preparemos o nosso coração para a grande festa dedicada a nossa Mãe e Padroeira. Lançamos o cartaz e o tema para a festa de 2017 que se realizará no período de 26/11 a 08/12.” Maria, Mãe e Mestra da Igreja”. Maria é mãe e mestra porque nos ensina a amar seu filho Jesus, então nós devemos levar para nossas famílias e comunidades, o ensinamento que Maria transmite para nós, no seu silêncio, na contemplação mas que ao mesmo tempo é uma contemplação que tem atitude de conduzir a todos para Jesus Cristo. Caríssimos não nos esqueçamos a devoção à Virgem Maria é um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para a união com Nosso Senhor.

Devotos da Imaculada Conceição
Vamos nos preparar para esse grande dia. O dia de Nossa Padroeira.

Fonte: Maria Carvalho
Bom Dia e um ótimo Círio a todos 

Devotos da Imaculada Conceição
Amanhã é o grande dia em que Maria caminhará com seus filhos, jorrando bênçãos e graças por sua poderosa intercessão.

Devotos da Imaculada Conceição
Pelo Rio Maratauíra a Imagem Peregrina segue em uma das mais belas Romarias.


Renê Costa
A Virgem NS da Conceição recebe homenagens de seus filhos Abaetetubenses.
A Catedral de Nossa da Conceição recebeu uma nova
reforma para a Festa e Círio 2017 de Nossa. S. da Conceição

Berlinda devidamente ornamentada

Círio Fluvial
Críticas Construtivas ao descaso com o tradicional 'Arco de Nossa S. da Conceição',
na frente do prédio do Banco do Brasil, que além de ser um dos símbolos da Festividade
da Padroeira de Abaetetuba, embelezava a Avenida D. Pedro II e era uma das atrações
do perído dessa festa.
Duas críticas:
Diana Ferreira
Falo aqui como filha desta terra, não como eleitora e muito menos defendendo partido A ou B. Mas venho externar a minha tristeza diante de toda essa situação, r...eferente a festividade de Nossa Senhora da Conceição.
Cheguei em Abaeté ontem, com a expectativa de encontrar minha cidade naquele clima maravilhoso de círio. Pois bem, peguei minha motinha e fui andar na avenida esperando me deparar com as coisas arrumadas como todos os outros anos...
Nada disso, o que eu encontrei foi: uma arquibancada mal feita, ok, (era apenas para apresentação do auto do círio), até aí tudo bem! Mesmo não concordando com a má estrutura daquilo,entendi...
Procurei afoita pelo arco, que fica ali pela frente do Banco do Brasil... Nadaaaa de novo, apenas uns funcionários tentando fazer alguma coisa. Imaginei que sairia algo legal dali, pensei: “eles vão trabalhar à noite toda amanhã já estará pronto”. Ato falho, não arrumaram!
Hoje pela manhã olhando as conversas no WhatsApp vi uma foto do arco, eu juro, que ri pra não chorar. Que feio, que falta de responsabilidade, que falta de respeito
conosco e principalmente com a Concita!
Me sinto ferida como cidadã abaetetubense, não apenas pela falta de respeito com a festividade, mas por tudo que está acontecendo nessa cidade. Não temos voz, não temos segurança, não temos nada!
Não estou aqui para discutir e sim para colocar pra fora a minha indignação!
Edit1: Talvez depois dessa burrada, mandem fzr algo para maquiar a besteira que foi feita ali!

Neusa Rodrigues Círio NS da Conceição 2017
O Caos da Míngua
Neusa Rodrigues

Óh! Minha Nossa Senhora
Comiserada eu lhe peço,perdão!...
Por pendurarem Sua Sagrada Imagem
Em tão miserável condição
Nessa “escada de ferro vergada”
Em dois pilares apoiada
Na mais completa escuridão!

No topo desses dois pilares
Os arranjos em flores tão escassas
Mais parecem ninhos de garças...
Que voaram para a imensidão
Com vergonha dos turistas
Que basta lançarem suas vistas...
Gargalham dessa extrema privação

Óh! Minha Mãe, Perdão!
Perdoa tamanha “Pobreza”
Desculpa por tanta avareza
Esse arco já foi uma grande atração!

O simplório Arco da Conceição, que após as duas críticas
construtivas acima, veio a sofrer um melhoramento de parte
dos responsáveis por esse símbolo da Festa de Conceição.

Antonia Costa
Assim deveria ficar o Arco de Nossa Senhora da Conceição
na Av. D. Pedro II


Devotos da Imaculada Conceição
Logo mais acontecerá a 10° Romaria da Juventude. Saindo às 17h00 da Igreja Santuário do Perpétuo Socorro. Percurso: Frei José Maria de Manaus, Trav. Rui Barbosa, Rua Mendes Contente, Av.Dom Pedro II, Rua Barão do Rio Branco, Catedral Diocesana da Imaculada Conceição. Na chegada Missa Presidida pelo Pe. Antônio Carlos.


Devotos da Imaculada Conceição


Devotos da Imaculada Conceição


Devotos da Imaculada Conceição


Devotos da Imaculada Conceição
Círio 2017. Maria, Mãe e Mestra da Igreja.



Foto acima de Vitor Hebert, em 15/10/2017

INTRODUÇÃO
Conforme texto da Festa e Círio de 2013
Nossa Senhora da Conceição, em comparação com todas as suas demais denominações e em comparação aos demais santos da religiosidade popular dos períodos históricos do Pará Colonial e Pará Provincial, era a mais venerada na maioria das localidades desses períodos, tanto que no dia 8 de dezembro serão inúmeros municípios do Pará atual que festejarão a Padroeira Nossa Senhora da Conceição. Em relação à Abaetetuba, não esqueçamos que o primeiro nome que Abaetetuba recebeu foi o de "Povoado de Nossa Senhora da Conceição de Abaeté" e não esqueçamos que a data que o fundador do município chegou ao local foi o ano de 1724, mostrando que essa veneração vai completar os seus 289 anos de devoção à Virgem da Conceição em terras de Abaetetuba. A devoção popular à Maria é muito importante, porém, entre o que o novo Bispo da Diocese de Abaetetuba, Dom José Maria Chaves dos Reis, em sua "Mensagem do Bispo" nos pede, é que tenhamos Maria como modelo em tudo em nossa vida. A esse respeito o Blog do ADEMIR ROCHA, em homenagem à Virgem da Conceição, em sua Festa e Círio 2013 de Nossa Senhora da Conceição, inicia a cobertura dessa festa com as imagens acima e a mensagem espiritual (adaptada da Festa e Círio 2013 de Nossa Senhora de Nazaré) abaixo, sobre a importância de nossa Mãe Maria sobre a nossa vida.

ALGUNS ASPECTOS DA ESPIRITUALIDADE E TEOLOGIA MARIANA
A Festa e Círio de Nossa Senhora da Conceição que acontece anualmente em Abaetetuba, Santarém e muitas outras cidades paraenses e do Brasil, não se resume apenas ao seu aspecto de uma festa popular. Existe uma rica e densa Espiritualidade e Teologia Mariana que precisamos conhecer alguns de seus aspectos. A Espiritualidade e Teologia Mariana é bem antiga na Igreja Católica e outras Igrejas do Rito Oriental, tendo se originado nos primeiros tempos do Cristianismo e que teve seu ápice na Idade Média, quando da construção das suntuosas e ricas igrejas construídas para louvar a Virgem Maria, Mãe de Jesus e Mãe do Homem, em devoção que atravessou os séculos, com Maria recebendo mais de 120 denominações devido essa devoção milenar. A devoção popular à Maria perdura com muita ênfase nos dias atuais, basta ver a festa do Círio de Nossa S. de Nazaré em Belém, a festa de Nossa S. Aparecida, na cidade de Aparecida, em São Paulo, a festa de Nossa S. de Fátima, em Portugal, a festa de Nossa S. de Lourdes, na França, a festa de Nossa S. de Guadalupe, no México e tantas outras milhares de festas dedicadas à Maria, que se repetem no Pará, no Brasil e pelo Mundo inteiro e sempre com grande concorrência de pessoas para render louvores à Maria, como a Medianeira entre o Homem e seu Filho Jesus Cristo, com o pagamento de muitas promessas pelas graças alcançadas através de Nossa Senhora, às vezes à peso de grandes sacrifícios como as caminhadas de joelhos em direção aos santuários, carregando pesadas cruzes, segurando na Corda do Círio, como no Círio de Belém, ou outras formas de agradecimentos, louvores e pagamentos de graças alcançadas através da Virgem Maria, de suas dezenas de denominações. No caso da Festa e Círio 2013 de N. S. de Nazaré, recentemente finalizado em Belém, um verdadeiro frenesi tomou conta de grande parte da população de Belém e cidades ao seu redor, quando cerca de 2 milhões de pessoas acompanharam essa grande Romaria e as demais do Período Nazareno, que chega à impressionante marca de mais de 6 milhões de pessoas participando de todas as romarias e demais eventos dessa enorme festa religiosa, e um verdadeiro clima de festa invade todos os segmentos da sociedade, não importando que religião e governo sejam ou os aspectos envolvidos, conforme nos mostram as dezenas de homenagens, onde até os órgãos municipais e estaduais se juntam às entidades, empresas privadas e uma miríade de eventos que se sucedem no decorrer da Quadra Nazarena, e até mesmo antes, pois o Turismo, Indústria e o Comércio são também grandemente beneficiados pela grande festa em Belém. Essa é verdadeiramente uma grande manifestação religiosa popular do Brasil, que mexe com grande parcela do povo do Pará, que atinge o clímax devocional no Grande Círio de Nazaré, com todos os participantes querendo festejar e render graças à Virgem de Nazaré, a Padroeira da Amazônia, em festa que se repete em grande parcela dos municípios e localidades paraenses e até em grandes, médias e pequenas cidades do Brasil. A pergunta que fazemos é: Será somente o aspecto devocional que o cristão deve manifestar em relação à Maria, aquela que foi escolhida pelo próprio Deus para ser a Mãe de seu Filho Jesus, o Salvador e Redentor do Mundo, aquela que foi considerada pelo próprio Deus como a Cheia de Graças, a Bem-Aventurada entre as mulheres, a Virgem Imaculada, aquela que intercedia, mesmo em vida, junto à Jesus em favor dos mais simples, dos pobres, dos de Boa Vontade, aquela que foi Assunpta ao Céu, em corpo e alma, pois não precisava morrer e ressuscitar dos mortos, porque foi concebida sem o pecado original, este que afeta todos os demais homens e afeta a própria Criação de Deus, que juntos devem ressurgir em "Novas Terras e Novos Céus" e "Homens Novos", para estar diante de Deus rendendo Glórias pelo seu grande Amor pelo Homem e toda a sua Criação? Maria, a Mãe de Jesus, também foi a Díscípula perfeita de Jesus, seu amado Filho, pois seguia seus preceitos e ficou ao seu lado até à morte de Jesus. Maria também foi a Mãe Perfeita, a Mãe de Deus, e por desejo de Jesus se tornou a Mãe da Igreja e do Homem pelo que demonstra o colóquio final de Jesus com Maria e João Evangelista, seu discípula muito amado. Maria, junto com José e Jesus, constituíram a Família de Nazaré, a Família Perfeita, como exemplo da Unidade da Trindade de Deus, em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, que devem servir de exemplo para as famílias humanas, famílias religiosas, comunidades eclesiais, conforme nos aponta o Livro dos Atos dos Apóstolos, que diz que os primeiros seguidores de Jesus "Tinham Um só Coração, Uma só alma, tihnam tudo em comum, Dividiam entre si os seus bens, não havendo necessitados entre eles, pois todos repartiam entre si os seus bens" e Maria, a Mãe de Jesus, desfrutava entre os Apóstolos e Díscipulos de Jesus da mais alta consideração, não só por ser a Mãe de Jesus, mas porque Ela era aquele Modelo Perfeito de Santidade que todo cristão deve aspirar, para ser como Maria, também merecedor da Vida Eterna junto à Deus Pai, Deus Filho, os Santos Anjos do Senhor e os demais Santos do Paraíso, cujo início de snatidade é aqui mesmo nesta nossa vida terrena, com a nossa imitação de Santidade de Maria, a Cheia de Graças e Virtudes diante dos Homens e de Deus e conforme nos diz a Sagrada Escritura de "Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito". Então, como fazer para vivermos esses aspectos da Espiritualidade e Teologia Mariana? É o que tentaremos colocar aqui neste espaço através de alguns aspectos dessa Espiritualidade Mariana.
Para que nossa relação com Maria não seja apenas uma relação de veneração e devoção à Mãe de Jesus, consideremos os seguintes aspectos da vida de Maria:
Como muitos outros mistérios da História de Salvação do Homem por Deus, Maria, como Mãe de Jesus, é um mistério de nossa Fé Cristã, e que deve se tornar para nós um ato de Fé acreditar que Maria faz parte da Salvação do Homem.
Conforme a História de Salvação do Homem, a figura de Maria começa a se configurar no Antigo Testamento na "Mulher Vestida de Sol" e essa História de Salvação do Homem é fartamente esmiuçada em diversas passagens dos Evangelhos, do livro dos Atos dos Apóstolos, das Cartas de São Paulo e dos demais Apóstolos e vai culminar no Livro do Apocalipse.
Vejamos a figura de Maria e do mistério que ela representa para nós, através de alguns aspectos retirados dos livros acima mencionados.
Ser a Mãe do Salvador é a culminância do mistério de Maria. Ser Mãe de Jesus, significa ser Mãe de Deus, daí o enorme mistério que esse fato envolve e por causa dessa Maternidade Divina, e em função dela, Maria foi conhecida de antemão por Deus e, portanto, Maria foi predestinada, chamada, justificada, santificada e glorificada conforme os Livros Sagrados acima citados e enfatizada em Rm 8,28 a 30: “Ora, nós sabemos que Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam, daqueles que, segundo o seu desígnio, são eleitos” e Rm 29: “Porque os que de antemão conheceu, também os predestinou para serem à imagem de seu Filho, a fim de que Este fosse o Primogênito de muitos irmãos” Rm 30: “E aos que predestinou, a estes também os chamou; e aos que chamou, a esses justificou; e aqueles que justificou também os glorificou”.
Maria, portanto, para ser a Mãe de Jesus, a Mãe de Deus, foi pelo Pai ornada de todos os dons e carismas, conforme os Livros Sagrados citam: Cheia de Graça, Imaculada desde o primeiro instante da sua concepção (Conceição de Maria) e, portanto, Preservada do pecado original e de todo pecado, para ser a Mãe de Deus; Virgem, antes do parto, durante o parto e depois do parto; Elevada ao Céu em corpo e alma, porque Maria não estava sujeita ao pecado. E Maria, por ser a Mãe do Verbo Encarnado e do Filho de Deus feito Homem (Jesus para nós é o ápice da humanização do homem que cada um de nós deve almejar como cristão) e, portanto, Mãe de Deus, como foi proclamada no Concílio de Éfeso, em 431, que é tua Graça e tua Glória primordial nesse mistério do Amor de Deus pelo homem.
Maria deve ser proclamada como Mãe, que nos fala o Evangelho, quando no Calvário, seu Filho Crucificado te entrega João como Mãe e te entrega João como como filho e isto de Jesus agonizante que entregou seu sangue e a vida, tudo, num gesto final de seu Mandamento, quando entrega a própria Mãe, como ato de entrega a todos os seus Díscipulos e Seguidores, até o fim do mundo e da história. Portanto, Maria, se tornou também a Mãe dos homens seguidores de Cristo e, portanto, a Mãe da Igreja de Jesus.
Maria, pela sua humildade, uma simples mulher, vinda ao mundo por Adão e Eva, mas predestinada a ser, conforme os Evangelhos, a “Bendita entre as mulheres” (Lc 1,42), a “Cheia de Graça”, aquela a “quem todas as gerações chamam Bem-Aventurada”, portanto, a mais perfeita discípula de Jesus e, por isso, modelo e exemplo para todos nós, que devemos ver em ti a nossa Mãe e nós como teus filhos que te veneram, te prestam devoção, mas que, acima de tudo, deve ser vista como nosso modelo de cristão e assim ser imitada como o rosto do novo homem redimido por Jesus Cristo em sua plenitude. Quem ama deve identificar-se com Maria. Só depois é que deve vir a veneração, junto com a reverência, a admiração e o amor de todos os devotos, peregrinos de tua Festa e Círio de Nazaré.
Maria, que disse “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”, e meditava em seu coração os planos misericordiosos de Deus para com os Homens e também meditava e guardava em seu coração os misteriosos desígnios de Deus para si e para a humanidade, conforme segue abaixo e também aplicava essas lições no amor e no serviço concreto aos irmãos, conforme “As bodas de Canâ”, quando intercede pelo bom vinho dado aos irmãos e os serviços que foi prestar à sua prima Isabel, conforme Lc 1, 39 a 56, com a visita à Isabel e quando esta disse: “Bendita és tu entre as mulheres e Bendito é o fruto do teu Ventre” entre outras coisas e onde Maria cantou o seu Cântico de Amor, o Magnificat, onde, entre outras coisas diz: “A minha alma glorifica ao Senhor, e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilde condição de sua serva. De fato, desde agora Todas as Gerações me hão de chamar ditosa porque me fez grandes coisas o Onipotente. ...Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e aos ricos despediu-os com as mãos vazias. ...”Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou para casa”.
O que se poder deduzir do encontro de Maria com sua prima Isabel? Maria não foi a Isabel para cantar o Magnificat, mas foi à serviço do irmão e encontrou receptividade em Isabel que reconheceu Maria como Mãe de Jesus, portanto Mãe de Deus e, por isso, também cantou esse Canto de Amor, que significa a Visão Social de Maria e os três meses com Isabel significa que Maria meditava, glorificava à Deus e amava o irmão.

O Magnificat de Maria sob o ponto de vista da Misericórdia
Por Igino Giordani
13 Dezembro 2015
Giordani lê o Magnificat do ponto de vista da misericórdia e evidencia a sua potência revolucionária: emergem “as diretrizes em que social e politicamente, além de espiritualmente, se traduz o ideal evangélico”.
” Magnificat “- Comunidade de Taizé
No centro deste potente hino que é o Magnificat, onde se reúne o ardor dos profetas com a profecia da redenção, está inserida uma menção à misericórdia divina, que pode parecer um acréscimo retórico. Ao invés, me parece que aquela alusão àmisericórdia do Pai, no centro do hino, tenha um valor capital, e contenha a explicação daquela concisa, exuberante lista de fatos divinos, que dá à improvisação poética da jovenzinha de quinze anos, que guardava e maturava Jesus no ventre, uma beleza inaudita e uma imediação constante.
Na primeira parte, Maria exalta o «Poderoso que fez coisas grandiosas» para a sua «serva», de modo que as gerações vindouras, todas, a declararão bem-aventurada. Deus fez o milagre da encarnação do Verbo através de uma menina pobre, humilde, de uma desconhecida aldeia de Israel; ato do qual virá a salvação para a humanidade de todos os tempos. Então ela observa: «o seu nome é santo – e a sua misericórdia (se estende) de geração em geração…».
Portanto, a redenção nasce de um ato de piedade do Pai divino para com os homens. Se ele realizou aquele prodígio de amor, que só um Deus podia realizar, de fazer com que nascesse o Filho na terra, de uma jovenzinha do povo e de fazer com que ele morresse num patíbulo pelo bem da humanidade, se deve a um ato de misericórdia, se deve a um milagre daquela misericórdia, que é o amor elevado ao ápice.
Ele exige que se perdoe o irmão não até sete vezes, mas até setenta vezes sete: em prática, sempre, infinitamente; que se ame o irmão até dar a vida por ele.
Deus «socorreu Israel, seu servo, – lembrando-se de sua misericórdia…».
Numa palavra, tudo, no governo divino, se reconduz à misericórdia. E se verá isso confirmado e esclarecido na conduta daquele Jesus, por cujo amor Maria fala, seja quando ele dará de comer às multidões e curará enfermos, seja quando flagelará os mercantes no templo e bramará vocábulos ásperos contra os fariseus e os soberbos.
É o hino da total revolução cristã. Mas o aspecto mais revolucionário dela está justamente no que é o seu princípio: a misericórdia. Por ela não destrói, mas cria, porque o amor por Deus e pelo homem não produz senão o bem.
O Magnificat especifica as diretrizes do processo de evolução, transformação e renascimento, em que social e politicamente, além de espiritualmente, se traduz o ideal evangélico. Uma transformação que parte do amor, e se concretiza na misericórdia.
Um semelhante ideal assume hoje um caráter de urgência e de atualidade nova. Irrompem de toda a parte ideologias e contestações, guerrilhas e revoltas: urgem aspirações grandes e belas e se introduzem programas destrutivos e de ódio. Maria ensina como orientar e construir esta revolução. É uma mulher, a mãe de Deus, que ensina com a palavra e a vida: a vida da mãe da misericórdia. O exemplo dela vale tanto mais, hoje, quanto mais se revaloriza a feminilidade.
Maria nos ensina a estrada da misericórdia.
A este ponto, já é evidente a inutilidade e o absurdo das guerras, isto é, do ódio, e a necessidade de sistemas racionais, feitos de tratativas, de diálogo e, sobretudo, de intervenções e dons, por quem pode em favor de quem não pode. Vemos isso: o envio de armas e de dinheiro em favor deste ou daquele povo serve para alimentar os conflitos, nos quais as pessoas penam, agonizam e morrem; e para depositar germes de ódio contra os próprios doadores. A perspectiva daquela jovenzinha, que entoava entre gente pobre o Magnificat, ou seja, o método da misericórdia, é uma perspectiva de inteligência divina e humana, a única capaz de resolver o problema de um mundo ameaçado por uma última definitiva catástrofe, provocada pela estupidez do ódio, droga de suicídio.
Para reaver a paz, afinal, com o bem-estar, é preciso que nós tratemos das chagas materiais e morais de quem sofre, tanto do lado de cá quanto de lá do Oceano, na Europa e na Ásia, na América e na África, usando uma piedade, fruto de compreensão; uma caridade, que não é fraqueza, mas remoção de injustiças e de egoísmos para fazer da coexistência uma convivência, das nações uma família. Assim quer Jesus, o filho de Maria, como garante também a sua Mãe.
Igino Giordani, em «Mater Ecclesiae» n. 4/1970
Nós devemos recorrer sempre a Maria devido as nossas limitações, ocasionadas pelo pecado original e demais pecados e limitações humanas, pedir sempre a intercessão de Maria por nós e nossos irmãos conforme o que diz o “rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte” da nossa Ave-Maria.
E quanto a imagem de Nossa Senhora, que muitos criticam essa devoção, não devemos ver a louça, a madeira, o vidro, o barro ou outro qualquer material inanimado da imagem de Maria, mas o que está por trás, o que simboliza, conforme acima especificado. As imagens de Maria apenas procuram viabilizar o invisível e tornar sensível o espiritual, para melhor crescermos no Amor e na Misericórdia que o Filho de Maria, Jesus Cristo nos ensinou, para também sermos outros Jesus na Terra, portanto, outros filhos de Maria. Qual o filho que não tendo mais a presença física de sua mãe, não guarda com carinho as suas lembranças: cartas, retratos, esculturas, pinturas, objetos, jóias e demais lembranças?

Via: http://padrepauloricardo.org
Por que os católicos veneram
Maria? A Bíblia responde.
O que a Bíblia realmente nos diz a respeito da piedade que os fiéis, desde os primeiros séculos, têm à Mãe de seu Salvador? Será que os católicos têm mesmo o respaldo das Escrituras para venerar Maria?
Equipe Christo Nihil Praeponere 29 de Março de 2017
Este artigo é uma adaptação, mais ou menos livre e com sensíveis modificações, de um capítulo da magistral "La Madonna secondo la Fede e la Teologia", obra do teólogo italiano e frade servita Gabriel M. Roschini (1900-1977), um dos mais importantes mariólogos do século passado (cf. Gabriel M. Roschini, "La Madre de Dios según la Fe y la Teología". Trad. esp. de Eduardo Espert. 2.ª ed, Madrid: Apostolado de la Prensa, 1958, vol. 2, pp. 296-300).
Uma das muitas objeções que os protestantes costumam levantar contra o culto católico à Virgem Maria é a sua suposta falta de fundamentação bíblica. Quando não o acusam de simplesmente "idolátrico", veem-no como algo estranho à pureza primitiva da fé cristã, como imposição externa e tardia de uma época em que o cristianismo verdadeiro, pregado pelos Apóstolos, já fora substituído pelo novo "constantinismo", cuja influência paganizante se faria cada vez mais evidente, até a definição do dogma da maternidade divina no Concílio de Éfeso, em 431 d.C. Há quem chegue a afirmar, mesmo contra o testemunho eloquente das catacumbas romanas, que o culto à Mãe de Deus não é anterior ao século V e que antes desse período as imagens de Nossa Senhora, livres de qualquer vestígio de "superstição", não a retratam senão como uma personagem histórica mais, pintada sobre um pano de fundo dogmaticamente neutro.
Se é fácil desmentir, por um lado, estes últimos erros, contra os quais existem abundantes dados arqueológicos, sem contar a voz das antigas liturgias e dos Padres da Igreja, a falta de base bíblica para o culto mariano, por outro, parece ser uma dificuldade séria, ao menos à primeira vista, para os que desejam defender a legitimidade de tributar à Virgem SS. as homenagens de que Ela sempre foi digna. O problema, no entanto, é mais aparente do que real. Embora seja verdade que em nenhum lugar as SS. Escrituras nos obriguem ou recomendem explicitamente a venerar Maria, disto não se segue que o culto a Ela prestado, pelo qual os fiéis de todos os tempos sempre tiveram um especial carinho, esteja proibido. Tal silêncio se deve, antes de tudo, a que os motivos por que temos de honrá-la são mais do que óbvios.
Isso é ainda mais claro se levarmos em conta que tampouco a adoração devida a Cristo é apresentada na Bíblia como objeto de um preceito positivo. Basta-nos saber, como nela se atesta sem sombra de dúvida, que Ele é o Filho de Deus para que o culto à sua divina Pessoa surja em nosso coração de forma espontânea. Que mais era preciso ao cego de nascença para prostrar-se em adoração aos pés de Jesus do que, restituída a vista, reconhecer que Aquele que o curou era de fato o Filho do Homem (cf. Jo 9, 35-38)? Ora, se isso vale para o Filho, por que não valeria também para a Mãe? Acaso pode Aquele que nos manda honrar nossos pais (cf. Ex 20, 12) deixar Ele mesmo de honrar quem O gerou ou sentir-se incomodado de que seus súditos, em atenção a um tão grande Rei, venerem a tão pura Rainha [1]?
Mas ainda que não as expresse de modo direto, a Escritura nos dá a entender de forma bastante clara as razões por que podemos e devemos venerar Maria SS. Em primeiro lugar, foi a própria Virgem que, numa profecia que há vários séculos se vem cumprindo à risca, predisse que todas gerações a proclamariam "bem-aventurada" (Lc 1, 48), ou seja, reconheceriam a sua excelência, o que não é outra coisa senão o núcleo de todo ato de culto [2]. Quem quer que leia este versículo e se veja tão pouco devoto de Maria deve sentir-se, naturalmente, separado de todas essas gerações que, num movimento espontâneo de amor e confiança, imitam aqueles três símbolos vivos — o Arcanjo Gabriel, Santa Isabel e uma mulher anônima do povo — nos quais vemos representado um número incontável de fiéis. Analisemos um por um.
1. O Arcanjo Gabriel. — Na cena da Anunciação, com efeito, o evangelista Lucas nos apresenta São Gabriel como emissário de Deus (cf. Lc 1, 26) encarregado de pedir a uma virgem, cujo nome era Maria (cf. Lc 1, 27), o seu consentimento ao grande mistério da Encarnação. A solene saudação do Anjo, marcada por um acento tanto de ternura quanto de assombro, constituirá tempos depois uma das mais repetidas e queridas orações católicas: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1, 28). Ouvido somente pelas quatro pequenas paredes de uma humilde casinha em Nazaré, este elogio ressoaria pelos séculos seguintes no átrio de basílicas e catedrais, no coração e nos lábios de uma multidão de almas piedosas. Ora, por que não poderíamos também nós repetir a mesma saudação com que o próprio Deus quis, por boca do Anjo, honrar a futura Mãe de seu Filho e da qual toda a corte celeste foi testemunha? Se em tudo devemos imitá-lO, por que nisto faríamos exatamente o contrário?
2. Santa Isabel. — "Naqueles dias", continua São Lucas, "Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel" (Lc 1, 39s), sua prima, já no sexto mês de gestação (cf. Lc 1, 36). Apenas escutou a voz de sua parenta, Isabel exclamou, cheia do Espírito Santo: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1, 42). Aqui é a velhice que se inclina ante a juventude; uma respeitada senhora, ante uma jovem pobre e desconhecida [3], pois a singular maternidade desta supera os direitos de idade daquela: "Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?" (Lc 1, 43). Até João Batista, ainda no seio materno, manifesta com estremecimentos sua reverencial alegria pela visita do Redentor e de sua Mãe virginal. Essa extraordinária moção divina, pela qual mãe e filho se encheram de gozo e graça celestiais, nos faz compreender que as felicitações de Isabel provinham, não de seus próprios sentimentos, mas de um impulso sobrenatural do Espírito Santo, que a iluminou para reconhecer as maravilhas que se realizaram em sua prima (cf. Lc 1, 49) [4]. Por isso, diz ela ao final: "Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas" (Lc 1, 45).
3. Uma mulher anônima. — Tudo isto, porém, aconteceu na intimidade de uma casa, na discrição de um lar a que ninguém tinha acesso (cf. Lc 1, 24). O primeiro louvor público à SS. Virgem seria privilégio de uma personagem cujo nome o Evangelho passa por alto. O contexto deste episódio é significativo e se reveste de especial valor apologético. São Lucas, o único a relatá-lo com detalhe, nos situa na Judeia, não muito longe da Cidade Santa, no último ano da vida pública de Nosso Senhor, o qual acabara de exorcizar um surdo-mudo que, como nota Mateus (cf. Mt 12, 22), era também cego. Uma multidão maravilhada O rodeava; diante de mais um sinal, começaram as turbas a perguntar-se se não seria Ele o Messias. Os escribas (cf. Mc 3, 22) e fariseus (cf. Mt 12, 24) que ali se encontravam, não podendo negar o que sucedera e receosos da exaltação do povo, atribuem o ocorrido a forças diabólicas: "Ele expele demônios por Belzebu, príncipe dos demônios" (Lc 11, 16).
Com um argumento carregado de sabedoria divina (cf. Lc 11, 17-26), Jesus desfaz essa maldosa insinuação e demonstra que Ele expulsa, sim, os demônios pelo dedo de Deus. A isto levanta a voz, repleta de entusiasmo, uma mulher do meio do povo: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!" (Lc 11, 27). É o primeiro cumprimento do Magnificat e a comprovação de um princípio tão caro à mentalidade judaica: a glória das mães são os filhos (cf., por exemplo, Gn 30, 13; Pv 23, 24s; Lc 1, 58) e a glória dos filhos redunda nos pais (cf. Pv 17, 6) [5]. A resposta de Nosso Senhor — "Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam" (Lc 11, 28) —, longe de significar desprezo por sua Mãe, como às vezes podemos ser tentados a pensar, vem justamente enaltecer, numa ordem superior, aquela que o Pai fez "sede de todas as graças divinas" [6]. Ora, que Jesus não somente não se oponha a este espontâneo elogio, senão que o aprove e amplifique, é algo evidente se levarmos em consideração algumas circunstâncias desse episódio:
a) Em primeiro lugar, o fato de Cristo estar em público pregando às multidões mostra que Ele, sem se indignar de ser interrompido por aquele súbito elogio, preferiu servir-se dele como pretexto para sublinhar um outro aspecto da dignidade de Maria vinculado tanto à universalidade do Evangelho, dirigido a todos os povos, quanto ao primado da graça sobre a natureza. Ao chamar bem-aventurado a quem ouve a Palavra de Deus e a guarda, Jesus não nega a grandeza de sua Mãe, mas declara que são mais profundos e importantes os laços sobrenaturais que estabelece a graça de Deus naqueles que O ouvem e obedecem do que os que "estabelecem naturalmente os vínculos de sangue" [7]. Contrariando, assim, a tendência "etnocêntrica" típica do judaísmo de seu tempo, Nosso Senhor acrescenta ao louvor baseado na carne e no sangue a glória que provém da alma e do espírito: Maria é digna não só por ter dado ao Salvador a carne pela qual seríamos salvos, mas sobretudo por ter ouvido a Palavra de Deus e cumprido fielmente a sua vontade (cf. Mt 12, 46-50) [8]. Embora justifiquem em níveis distintos o culto devido à Virgem SS., a maternidade divina e a plenitude de graça são, nesse sentido, dois aspectos inseparáveis da dignidade quase infinita que Deus lhe conferiu [9].
b) Além disso, é preciso notar, de um lado, o humilde anonimato no qual se esconde essa mulher, representação viva do entusiasmo e da piedade com que tantas pessoas, desde os acontecimentos narrados no Evangelho, vêm honrando a Cristo em e por sua Mãe; as palavras dessa judia cheia de espírito de fé podem muito bem ser postas na boca de todos os que, despreocupados do que dirão os inimigos de Jesus, não se envergonham de exaltar com força e santo ardor o seio que O carregou, o colo que O acolheu, os braços que O estreitaram, os olhos que O contemplaram, o Coração Imaculado que O amou acima de tudo. Também se deve considerar, de outro lado, que a finalidade desse louvor não foi outro senão o de glorificar o Filho por meio da Mãe: "Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram". Ao engrandecer a Maria, com efeito, em nada diminuímos a Cristo, de quem, por quem e para quem são todas as coisas (cf. Rm 11, 36). Não há caminho mais curto para o Coração do Filho do que recorrer àquela pela qual Ele mesmo quis entrar no mundo: Ad Iesum per Mariam, já que por Maria Ele veio a nós.
Se a devoção mariana encontra tão sólido apoio no conteúdo mesmo dos Evangelhos, não deve causar surpresa nem a veneração dos primeiros cristãos à Mãe do Salvador nem o amor sempre crescente que a Igreja foi experimentado, no correr dos séculos, por aquela que deu à luz a sua mística Cabeça. Que neste Ano Jubilar de comemoração do centenário das aparições de Fátima e da invenção da imagem de Nossa Senhora Aparecida Deus Pai se digne enraizar ainda mais nos corações católicos a devoção à nossa Mãe amantíssima e, movido de misericórdia, inspire os que se encontram apartados do único rebanho de Cristo a reconhecer que é em seu Filho — fim de toda devoção genuinamente cristã — que redundam as glórias de sua Mãe [10].

Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Via: Voz da Turquia
Oriente Médio em Foco
vozdaturquia.com
Peregrinação da Igreja na Turquia ao local da primeira Basílica dedicada a Virgem Maria
novembro 04 09:42 2017
Istambul (RV) – Realizou-se nos dias passados a primeira Peregrinação Nacional da Igreja na Turquia à Efes’teki Meryem ana Bazilikasi, sítio arqueológico no município de Selçuk que abriga vestígios da primeira Basílica dedicada a Virgem Maria, o antigo templo que em 431 sediou o Concílio de Éfeso.
No histórico evento, os Padres Conciliares – não obstante as controvérsias e intrincadas questões doutrinais, humanas e políticas – proclamaram em alta voz: “Nós confessamos que a Virgem santa é Mãe de Deus”.
Da mesma forma hoje, diante de uma realidade histórica não menos complexa e problemática, os bispos, sacerdotes e povo cristão, com a sua significativa presença no país, proclamam que a Turquia tem uma Mãe e que esta mãe é a Mãe de Deus.
O Núncio Apostólico na Turquia, Arcebispo Paul Fitzpatrick Russel, junto aos membros da Conferência Episcopal turca – presidida pelo Arcebispo de Istambul dos Armênios, Dom Lévon Boghos Zékiyan – e a numerosos sacerdotes e religiosos provenientes das diversas dioceses do país guiou a peregrinação.
A beleza da liturgia realizada no local não deixou indiferentes aqueles que trabalhavam nas escavações, estudiosos e pesquisadores, turistas europeus distraídos e islâmicos curiosos. Mesmo para quem não compreende, fica evidente que a Igreja é viva e vive do mesmo Espírito que fez de uma jovem de Nazaré a “theotòkos”,  aquela que gerou Deus.
“Em 1931, por ocasião 15° centenário do Concílio de Éfeso – recorda Dom Lorenzo Piretto, Arcebispo de Esmirna – Pio XI instituiu a Festa da Divina maternidade de Maria, fixando o 11 de outubro, dia em que o Concílio se concluiu proclamando de forma oficial e solene o dogma da theotòkos”.
“Há cerca de 40 anos – explicou – é tradição da nossa Igreja local, reunir-se anualmente, no segundo domingo de outubro, para celebrar a Eucaristia nos locais onde esta verdade de fé foi promulgada”.
“Mas este ano – frisou – a peregrinação nacional enriquece a nossa celebração com um significado novo e especial”. O abraço da Mãe que se amplia para chamar também os  filhos mais distantes e reuni-los sob o seu olhar de esperança de paz.
“A exiguidade do número de cristãos na Turquia – sublinha por sua vez o Núncio Apostólico Russel – torna esta ocasião de encontro particularmente preciosa. Rezar juntos nestes locais tão significativos para a nossa fé, é indispensável para cimentar a unidade e sentir-se Igreja. Com esta primeira peregrinação nacional inauguramos um novo caminho. Estamos certos que nos anos vindouros, muitos percorrerão esta estrada, acolhendo o convite para reunir-se junto a Maria”. (JE – L’Osservatore Romano)
Originalmente publicado em: http://br.radiovaticana.va
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Vitor Hebert, em 15/10/2017
PARTICIPE HOJE DO LANÇAMENTO DO CARTAZ DO CIRIO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 2017. MISSA AS 17h NA CATEDRAL DIOCESANA E LOGO EM SEGUIDA A CERIMÔNIA DE LANÇAMENTO.



Blog do Ademir Rocha

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Palavra de Vida de 2017

Palavra de Vida de Novembro de 2017
Fonte: www.focolare.org
29 Outubro 2017
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.” (Mt 23,11)

Dirigindo-se à multidão que o seguia, Jesus anunciava a novidade do estilo de vida daqueles que querem ser seus discípulos, um estilo “contracorrente” diante da mentalidade mais difundida .
Naquele tempo, como também hoje, era fácil fazer discursos moralistas e depois não viver coerentemente, procurando para si, em vez disso, posições de prestígio no contexto social, maneiras de ficar em relevo e de servir-se dos outros para obter vantagens pessoais.
Mas aos seus discípulos Jesus pede uma lógica totalmente diferente nas relações com os outros, aquela que Ele mesmo viveu:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Em um encontro com pessoas desejosas de descobrir como se vive o Evangelho, Chiara Lubich partilhou deste modo a sua experiência espiritual:
“Deve-se sempre fixar o olhar no único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhas de um único Pai. (…) Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma: a sermos filhos de um só Pai e a sermos irmãos uns dos outros. (…) Portanto, Deus nos chamava à fraternidade universal”.
É essa a novidade: amar a todos, como fez Jesus, porque todos – como eu, como você, como qualquer pessoa na terra – são filhos de Deus, amados e esperados desde sempre por Ele.
Desse modo descobrimos que o irmão a ser amado concretamente, “também com os músculos”, é cada uma daquelas pessoas que encontramos diariamente. É o papai, a sogra, o filho pequeno, o filho revoltado. É o detento, o mendigo e o deficiente. É o chefe da repartição e é a faxineira. É o companheiro de partido e é aquele que tem ideias políticas diferentes das nossas. É quem tem a nossa mesma fé e cultura, mas também o estrangeiro.
A atitude tipicamente cristã para amar o irmão é colocar-se a seu serviço:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Diz ainda Chiara: “Aspirar constantemente ao primado evangélico, colocando-se o mais possível a serviço do próximo. (…) E qual é o modo melhor de servir? Fazer-se “um” com cada pessoa que encontramos, sentindo em nós os seus sentimentos: assumi-los como coisa nossa, que se tornou nossa pelo amor. (…) Ou seja: não mais viver fechados em nós mesmos; procurar carregar os seus pesos, compartilhar as suas alegrias”.
Toda e qualquer capacidade e qualidade positiva que tenhamos, tudo aquilo que nos possa fazer sentir “grandes” é uma ocasião imperdível de serviço: a experiência profissional, a sensibilidade artística, a cultura, como também a capacidade de sorrir e de fazer sorrir; o tempo que podemos oferecer para escutar a quem tem dúvidas ou está sofrendo; as energias da juventude, como também a força da oração, quando a força física se desvanece.
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
E esse amor evangélico, desinteressado, mais cedo ou mais tarde acende no coração do irmão o mesmo desejo de partilha, renovando os relacionamentos na família, na paróquia, nos lugares de trabalho ou de lazer e colocando as bases para uma nova sociedade.
Hermez, um adolescente do Oriente Médio, conta: “Era domingo. Assim que acordei pedi a Jesus que me iluminasse o dia todo no meu modo de amar. Percebi que meus pais tinham ido à Missa e me veio a ideia de limpar e arrumar a casa. Procurei caprichar em todos os detalhes, até mesmo com flores em cima da mesa! Depois preparei o café da manhã, arrumando tudo. Quando voltaram, meus pais ficaram surpresos e muito felizes com o que encontraram. Naquele domingo tomamos café mais felizes do que nunca, conversando sobre muitas coisas, e consegui contar para eles as muitas experiências que tinha vivido durante a semana. Aquele pequeno ato de amor tinha dado o toque para um dia maravilhoso!”
Letizia Magri

História
Os “últimos confins da Terra”, e nada menos.
Trento, 1944, festa de Cristo Rei.
Terminada a Missa, Chiara e as suas primeiras companheiras reúnem-se ao redor do altar, e quase sem entender o alcance do que estão fazendo, pedem a Deus que seja atuada, também através delas, uma frase que tinham escutado durante a liturgia:
«Pede-me e eu te darei as nações por herança e estenderei o teu domínio até as extremidades da terra» (Sal 2,8).
«Tu sabes como realizar a unidade – elas dizem –. Nós estamos aqui. Se queres, usa de nós».
Para um ideal vasto como é a unidade, aquela que Jesus pediu ao Pai, “que todos sejam um” (Jo 17,21), o horizonte não poderia deixar de ser o mundo e, olhando em retrospectiva, entende-se porque desde os primeiros balbucios do Movimento que nascia, os desejos do coração mirassem longe. Naquela época ninguém podia imaginar que aqueles «últimos confins da Terra» teriam sido alcançados, e com uma certa rapidez. Não uma programação feita em prancheta, mas seguir um caminho que Alguém estava traçando. «O Movimento se desenvolveu segundo um desígnio de Deus preciso, que nós sempre ignoramos, mas que se revelava no seu tempo», dirá Chiara Lubich, ao narrar a sua história no XIX Congresso Eucarístico Nacional italiano, em Pescara, no ano de 1977. Naquela ocasião ela salientou como «a caneta não sabe o que deverá escrever, o pincel não sabe o que deverá pintar, o cinzel não sabe o que deverá esculpir. Assim, quando Deus toma uma criatura entre as mãos, para fazer surgir uma obra sua na Igreja, ela não sabe o que deverá fazer. É um instrumento. Quando tudo começou, em Trento, eu não tinha um programa, não sabia nada. A ideia da Obra estava em Deus, o projeto no Céu. Foi assim no início, e foi assim durante os 34 anos de desenvolvimento do Movimento dos Focolares». E foi assim, acrescentamos nós, nos anos sucessivos, até hoje.
Evidentemente, aquele primeiro núcleo de moças estava destinado a não ficar fechado dentro da pequena capital da região trentina, onde, depois de apenas alguns meses já eram 500 as pessoas que partilhavam o ideal da unidade, de todas as idades e condições sociais. E logo ele superou as fronteiras regionais.
Quando a guerra terminou as primeiras focolarinas se transferiram para algumas cidades da Itália, por motivos de estudo e de trabalho. E não faltaram convites de pessoas que desejavam conhecer e difundir a outros a experiência delas.
A primeira etapa foi Roma, para aonde a própria Chiara se transferiu, em 1948, e depois Florença, Milão, Siracusa, etc. Em 1956 iniciou a difusão na Europa, em 1958 na América Latina, em 1961 na América do Norte. No ano de 1963 chegou a vez da África, 1966 da Ásia e 1967 da Austrália.
Hoje o Movimento dos Focolares está presente em 182 países, conta com cerca de dois milhões de aderentes e simpatizantes, predominantemente católicos, mas não só. De maneiras variadas, participam dele milhares de cristãos de 350 Igrejas e comunidades eclesiais, muitos seguidores de outras religiões, entre os quais judeus, muçulmanos, budistas, hindus, sikhs… e pessoas de convicções não religiosas.
O núcleo central do Movimento é constituído por mais de 140 mil animadores, das várias ramificações. Em breve, esta é, até hoje, a história de um povo que nasceu do Evangelho.
«Naquele dia nós pedimos com fé – escreveu Chiara em 2000 –. O Movimento chegou realmente até os últimos confins. E neste “novo povo” estão representados os povos de toda a Terra».
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

O “espírito de Primiero” e a paz entre os povos
3 Setembro 2016
A atualidade de um pacto selado em 1959 no norte da Itália. O olhar planetário das primeiras comunidades do Movimento dos Focolares, da guerra fria aos cenários do novo milênio.
Ano de 1959. Em Fiera de Primiero se realizava, no lugarejo trentino, a última das primeiras Mariápolis, etimologicamente “cidade de Maria”, um dos encontros marcados típicos do Movimento dos Focolares, nos quais, durante alguns dias, adultos, jovens e crianças, pessoas das mais variadas proveniências, se reúnem com o objetivo de viver uma experiência de fraternidade, à luz dos valores universais do Evangelho. Hoje estes encontros se realizam todos os anos em numerosos países do mundo, propondo, em contextos muito diferentes, a “regra de ouro” que convida a fazer aos outros o que se gostaria que fosse feito a si.
No dia 22 de agosto daquele ano, no auge da “guerra fria” que contrapunha o bloco ocidental ao soviético, os participantes da Mariápolis, provenientes de bem 27 nações, decidiram consagrar a Maria eles mesmos e os próprios povos a que pertenciam. A fórmula de consagração foi lida em nove línguas presentes e aquele “povo” compreendeu que a vida de unidade, descoberta e experimentada em Primiero, estava destinada a se difundir no mundo inteiro.
Hoje, numa época de “choque de incivilidades”, as relações entre os estados se mostram na máxima desordem e, por isso, é evidente a importância dos propósitos daquele evento de 1959, tanto que o novo Município unificado de Primiero acolheu, nos dias 27 e 28 de agosto, o simpósio “Os Povos na Família humana”, que teve como relatores o jurista Gianni Caso, presidente honorário da Corte de Cassação, e Vincenzo Bonomo, diretor do curso de graduação em Jurisprudência da Pontifícia Universidade Lateranense.
Nesta época não se fala de povos, mas, ao máximo, de estados. Os povos são agregações naturais com direito à autodeterminação; os estados chegam até mesmo a negar a existência de povos indígenas, que também existem, para não ter que, eventualmente, reconhecer o seu direito à autodeterminação. Prefere-se falar de “sociedade civil” que tem, no máximo, uma opinião: os povos não têm uma opinião, têm um direito a se autodeterminarem e podem, e frequentemente desejariam, reivindicá-lo.
«A paz dos povos é a ordem desejada por Deus», afirmou Chiara Lubich e confiou a Maria os povos, não os estados. Ela os confiou à defesa de Maria porque os povos têm direito à defesa.
«Hoje não existe mais guerra fria – afirma Bonomo -, mas existe uma paz fria, que talvez é pior, porque é uma paz, ou presunção de paz, não baseada em valores compartilhados».
O que permanece hoje daquele “pacto” de 1959? A enunciação daqueles princípios é hoje extremamente atual para se orientar no difícil panorama geopolítico. Segundo os relatores permanece o método de leitura dos fatos; permanece o importante instrumento da visão de um mundo unido que não abole as diferenças, mas as exalta.
Hoje existe uma vontade de redescobrir os valores proféticos estabelecidos naquele distante 1959 e as pessoas presentes no encontro mostraram paixão e convicção. Um dos políticos locais, prefeito dos antigos municípios confluídos no município unificado de Primiero, afirmou que a Mariápolis de Primiero não deve ser, para o vale, um ponto de atração turístico, mas deve finalmente, com os seus valores “mudar a nossa vida”.
Existe o desejo de fazer com que cresça o patrimônio de valores deixado por Chiara Lubich e fazer de Primiero um laboratório de fraternidade entre povos. Um percurso que se revelou inclusive na recente não fácil unificação dos quatro municípios, (Fiera de Primiero, Siror, Tonadico e Transacqua), quatro pequenos “povos” que, pelo bem comum, escolheram a comunhão.
Aqueles que viveram aquela experiência de mais de 50 anos atrás falam de «sementes plantadas que é preciso continuar a regar». Na discussão se insere uma conexão ideal entre o “Espírito de Assis”, nas relações entre as religiões e o “Espírito de Primiero” nas relações entre os povos. No domingo de manhã, 28 de agosto de 2016, na lotada igreja paroquial de Fiera, se repetiu o ato de consagração com a “fórmula” recitada em 1959 naquela mesma igreja. Um sinal de festa para uma nova, profunda, responsável ideia de paz.
de Roberto Di Pietro
Fonte: Città Nuova
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Pasquale Foresi
30 Junho 2015
Cofundador, com Chiara Lubich, do Movimento do Focolares (5 de julho de 1929 -14 de junho de 2015)
Um grande número de pessoas, inclusive de outros países da Europa, chegou a Rocca di Papa (Roma), para a última saudação a Pasquale Foresi. Para não falar dos incontáveis acessos streaming, um testemunho da estima e do reconhecimento por esta figura de relevo dos Focolares.
Padre Foresi contribuiu muito para o desenvolvimento do Movimento, desde quando Chiara Lubich desejou tê-lo ao seu lado, ainda no início, definindo-o como cofundador, juntamente com Igino Giordani. Agora, todos três – Lubich – Giordani – Foresi – repousam na pequena capela do Centro Internacional, sinal visível de uma tríade que, recomposta no céu, continua a sustentar todos os que se empenham no caminho da unidade que desabrocha do carisma de Chiara.
Pasquale nasceu em Livorno, em 1929. Com apenas 14 anos, para “prestar algum serviço à Itália”, como deixa escrito, foge durante a noite para unir-se aos grupos da Resistência que lutam por uma nova Itália. É naquele período que começa a aflorar nele a ideia do sacerdócio.
Voltando para casa, entra no seminário diocesano de Pistoia (para aonde a sua família se havia transferido) e depois vai para o Colégio Capranica, em Roma, para frequentar a Universidade Gregoriana. Mas aquela vida parece não satisfazê-lo completamente.
Entretanto o seu pai, Palmiro, deputado no Parlamento italiano, conhece Igino Giordani, que, por sua vez, apresenta-o a Chiara Lubich. Profundamente tocado pelo radicalismo evangélico daquela jovem de Trento, o deputado Foresi deseja que ela conheça o seu filho, que ele sabia estar em busca de um cristianismo autêntico. É feito o convite era para ir a Pistoia a fim de encontrar a elite católica local. Não podendo ir pessoalmente, Chiara envia Graziella De Luca, uma de suas primeiras companheiras, que por um engano chega em Pistoia no dia seguinte ao que estava marcado.
Foi Pasquale que a recebeu na residência Foresi. Por nada interessado em conhecê-la, por pura cortesia oferece-se para acompanhá-la até um sacerdote que teria vindo ao encontro no dia anterior. No caminho, sempre para não ser deseducado, dirige a ela algumas perguntas acerca da sua experiência espiritual, o que o deixa profundamente tocado, a ponto de expressar o desejo de conhecer Chiara. No Natal de 1949 Pasquale passa alguns dias em Trento: é um encontro verdadeiramente fulgurante para ele, que toma a decisão de ir morar no primeiro focolare masculino de Roma. Lá encontra a confirmação de sua vocação ao focolare – são palavras suas -: «não era entrar num instituto religioso mais belo e mais santo do que os outros, mas era fazer parte de uma revolução cristã religiosa e civil, que teria renovado a Igreja e a humanidade».

Chiara percebe em Pasquale uma feição muito especial e o convida a dividir com ela a direção do Movimento.
Com a sua doação a Deus no focolare, Pasquale vê completamente saciada a sua sede de radicalismo e sente renascer o chamado ao sacerdócio. A sua missão torna-se ainda mais específica. Pelo seu profundo conhecimento da teologia, Pasquale Foresi sabe reconhecer toda a força doutrinal contida nas intuições de Chiara e é interlocutor qualificado nas relações com a Igreja, especialmente quando o nascente Movimento é estudado pelo Santo Ofício.
Mas a maior incumbência de Pe. Foresi é a da “concretização”, ou seja, ajudar Chiara a realizar, em obras, aquilo que o carisma da unidade deu a ela: a pequena cidade-testemunho de Loppiano, nos arredores de Florença (Itália), o grupo editorial Città Nuova, o Instituto Universitário Sophia, fundado em 2007, em Loppiano.
«Em um dado momento – ele mesmo conta – tive a impressão de ter errado tudo na minha vida e, especialmente, a impressão de que aquelas coisas positivas para as quais eu poderia ter contribuído, eram minhas e não de Deus». A sua é uma provação espiritual que Deus permite aos grandes no espírito, para uma profunda purificação e um desapego de tudo o que não é Ele mesmo. É precisamente durante esta provação espiritual, que parece comprometer inclusive a sua saúde, que alcançam maior desenvolvimento as inúmeras obras que Chiara vê realizar-se, tendo ao seu lado Pe. Foresi na função de copresidente.
Suas obras, Teologia da Socialidade e Conversações com o Focolarinos, possuem um grande espessor sapiencial e são fontes de inspiração inclusive para outros autores do Movimento.
Após a morte de Chiara foi determinante a serena contribuição de Pe. Foresi na Assembleia Geral que elegeria a primeira presidente que iria suceder a fundadora.
Obrigado, Pe. Foresi!
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Hemmerle: caminhos de santidade
1 Novembro 2017
Na festividade de Todos os Santos o bispo Klaus Hemmerle (1929-1994), teólogo e filósofo, propõe uma santidade que nasce do compartilhar totalmente a si mesmos com os pequenos, os pobres, sabendo nos posicionar à altura deles.
A santidade dos grandes quase sempre nasceu de um movimento na direção de Deus e na direção dos pequenos e dos pobres, acontecido de maneira não convencional.
Eles deixaram o próprio lugar. Foram na direção dos pobres, não dando esmolas, mas compartilhando a vida deles, para acolhê-los no íntimo das suas vidas, de tal modo que, por causa disso, as suas vidas resultavam radicalmente mudadas.
A decisão radical por Deus somente é, na maior parte dos casos da história da salvação, uma decisão pelos pobres, uma decisão pelos pequenos, uma decisão pelos impotentes.
É uma decisão que não pretende somente melhorar a sua situação, que não quer somente distribuir algumas esmolas, nem viver uma ínfima parte da vida deles de quando em quando, para depois poder voltar para a própria condição: procede sempre de uma metanóia, de uma íntima reviravolta da mentalidade, da sensibilidade, do ser: eu pertenço a eles, eu sou como eles, exatamente como eles diante de Deus, eu não sou melhor do que eles.
Não, sou do mesmo nível deles e, de fato, o único Santo desceu àquele nível.
(de um sermão, 1.11.93)
Klaus Hemmerle, “La Luce dentro le cose”, Ed. Città Nuova, Roma, 1998, pág. 340.
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha