quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Palavra de Vida de 2017

Palavra de Vida de Novembro de 2017
Fonte: www.focolare.org
29 Outubro 2017
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.” (Mt 23,11)

Dirigindo-se à multidão que o seguia, Jesus anunciava a novidade do estilo de vida daqueles que querem ser seus discípulos, um estilo “contracorrente” diante da mentalidade mais difundida .
Naquele tempo, como também hoje, era fácil fazer discursos moralistas e depois não viver coerentemente, procurando para si, em vez disso, posições de prestígio no contexto social, maneiras de ficar em relevo e de servir-se dos outros para obter vantagens pessoais.
Mas aos seus discípulos Jesus pede uma lógica totalmente diferente nas relações com os outros, aquela que Ele mesmo viveu:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Em um encontro com pessoas desejosas de descobrir como se vive o Evangelho, Chiara Lubich partilhou deste modo a sua experiência espiritual:
“Deve-se sempre fixar o olhar no único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhas de um único Pai. (…) Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma: a sermos filhos de um só Pai e a sermos irmãos uns dos outros. (…) Portanto, Deus nos chamava à fraternidade universal”.
É essa a novidade: amar a todos, como fez Jesus, porque todos – como eu, como você, como qualquer pessoa na terra – são filhos de Deus, amados e esperados desde sempre por Ele.
Desse modo descobrimos que o irmão a ser amado concretamente, “também com os músculos”, é cada uma daquelas pessoas que encontramos diariamente. É o papai, a sogra, o filho pequeno, o filho revoltado. É o detento, o mendigo e o deficiente. É o chefe da repartição e é a faxineira. É o companheiro de partido e é aquele que tem ideias políticas diferentes das nossas. É quem tem a nossa mesma fé e cultura, mas também o estrangeiro.
A atitude tipicamente cristã para amar o irmão é colocar-se a seu serviço:
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Diz ainda Chiara: “Aspirar constantemente ao primado evangélico, colocando-se o mais possível a serviço do próximo. (…) E qual é o modo melhor de servir? Fazer-se “um” com cada pessoa que encontramos, sentindo em nós os seus sentimentos: assumi-los como coisa nossa, que se tornou nossa pelo amor. (…) Ou seja: não mais viver fechados em nós mesmos; procurar carregar os seus pesos, compartilhar as suas alegrias”.
Toda e qualquer capacidade e qualidade positiva que tenhamos, tudo aquilo que nos possa fazer sentir “grandes” é uma ocasião imperdível de serviço: a experiência profissional, a sensibilidade artística, a cultura, como também a capacidade de sorrir e de fazer sorrir; o tempo que podemos oferecer para escutar a quem tem dúvidas ou está sofrendo; as energias da juventude, como também a força da oração, quando a força física se desvanece.
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
E esse amor evangélico, desinteressado, mais cedo ou mais tarde acende no coração do irmão o mesmo desejo de partilha, renovando os relacionamentos na família, na paróquia, nos lugares de trabalho ou de lazer e colocando as bases para uma nova sociedade.
Hermez, um adolescente do Oriente Médio, conta: “Era domingo. Assim que acordei pedi a Jesus que me iluminasse o dia todo no meu modo de amar. Percebi que meus pais tinham ido à Missa e me veio a ideia de limpar e arrumar a casa. Procurei caprichar em todos os detalhes, até mesmo com flores em cima da mesa! Depois preparei o café da manhã, arrumando tudo. Quando voltaram, meus pais ficaram surpresos e muito felizes com o que encontraram. Naquele domingo tomamos café mais felizes do que nunca, conversando sobre muitas coisas, e consegui contar para eles as muitas experiências que tinha vivido durante a semana. Aquele pequeno ato de amor tinha dado o toque para um dia maravilhoso!”
Letizia Magri

História
Os “últimos confins da Terra”, e nada menos.
Trento, 1944, festa de Cristo Rei.
Terminada a Missa, Chiara e as suas primeiras companheiras reúnem-se ao redor do altar, e quase sem entender o alcance do que estão fazendo, pedem a Deus que seja atuada, também através delas, uma frase que tinham escutado durante a liturgia:
«Pede-me e eu te darei as nações por herança e estenderei o teu domínio até as extremidades da terra» (Sal 2,8).
«Tu sabes como realizar a unidade – elas dizem –. Nós estamos aqui. Se queres, usa de nós».
Para um ideal vasto como é a unidade, aquela que Jesus pediu ao Pai, “que todos sejam um” (Jo 17,21), o horizonte não poderia deixar de ser o mundo e, olhando em retrospectiva, entende-se porque desde os primeiros balbucios do Movimento que nascia, os desejos do coração mirassem longe. Naquela época ninguém podia imaginar que aqueles «últimos confins da Terra» teriam sido alcançados, e com uma certa rapidez. Não uma programação feita em prancheta, mas seguir um caminho que Alguém estava traçando. «O Movimento se desenvolveu segundo um desígnio de Deus preciso, que nós sempre ignoramos, mas que se revelava no seu tempo», dirá Chiara Lubich, ao narrar a sua história no XIX Congresso Eucarístico Nacional italiano, em Pescara, no ano de 1977. Naquela ocasião ela salientou como «a caneta não sabe o que deverá escrever, o pincel não sabe o que deverá pintar, o cinzel não sabe o que deverá esculpir. Assim, quando Deus toma uma criatura entre as mãos, para fazer surgir uma obra sua na Igreja, ela não sabe o que deverá fazer. É um instrumento. Quando tudo começou, em Trento, eu não tinha um programa, não sabia nada. A ideia da Obra estava em Deus, o projeto no Céu. Foi assim no início, e foi assim durante os 34 anos de desenvolvimento do Movimento dos Focolares». E foi assim, acrescentamos nós, nos anos sucessivos, até hoje.
Evidentemente, aquele primeiro núcleo de moças estava destinado a não ficar fechado dentro da pequena capital da região trentina, onde, depois de apenas alguns meses já eram 500 as pessoas que partilhavam o ideal da unidade, de todas as idades e condições sociais. E logo ele superou as fronteiras regionais.
Quando a guerra terminou as primeiras focolarinas se transferiram para algumas cidades da Itália, por motivos de estudo e de trabalho. E não faltaram convites de pessoas que desejavam conhecer e difundir a outros a experiência delas.
A primeira etapa foi Roma, para aonde a própria Chiara se transferiu, em 1948, e depois Florença, Milão, Siracusa, etc. Em 1956 iniciou a difusão na Europa, em 1958 na América Latina, em 1961 na América do Norte. No ano de 1963 chegou a vez da África, 1966 da Ásia e 1967 da Austrália.
Hoje o Movimento dos Focolares está presente em 182 países, conta com cerca de dois milhões de aderentes e simpatizantes, predominantemente católicos, mas não só. De maneiras variadas, participam dele milhares de cristãos de 350 Igrejas e comunidades eclesiais, muitos seguidores de outras religiões, entre os quais judeus, muçulmanos, budistas, hindus, sikhs… e pessoas de convicções não religiosas.
O núcleo central do Movimento é constituído por mais de 140 mil animadores, das várias ramificações. Em breve, esta é, até hoje, a história de um povo que nasceu do Evangelho.
«Naquele dia nós pedimos com fé – escreveu Chiara em 2000 –. O Movimento chegou realmente até os últimos confins. E neste “novo povo” estão representados os povos de toda a Terra».
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

O “espírito de Primiero” e a paz entre os povos
3 Setembro 2016
A atualidade de um pacto selado em 1959 no norte da Itália. O olhar planetário das primeiras comunidades do Movimento dos Focolares, da guerra fria aos cenários do novo milênio.
Ano de 1959. Em Fiera de Primiero se realizava, no lugarejo trentino, a última das primeiras Mariápolis, etimologicamente “cidade de Maria”, um dos encontros marcados típicos do Movimento dos Focolares, nos quais, durante alguns dias, adultos, jovens e crianças, pessoas das mais variadas proveniências, se reúnem com o objetivo de viver uma experiência de fraternidade, à luz dos valores universais do Evangelho. Hoje estes encontros se realizam todos os anos em numerosos países do mundo, propondo, em contextos muito diferentes, a “regra de ouro” que convida a fazer aos outros o que se gostaria que fosse feito a si.
No dia 22 de agosto daquele ano, no auge da “guerra fria” que contrapunha o bloco ocidental ao soviético, os participantes da Mariápolis, provenientes de bem 27 nações, decidiram consagrar a Maria eles mesmos e os próprios povos a que pertenciam. A fórmula de consagração foi lida em nove línguas presentes e aquele “povo” compreendeu que a vida de unidade, descoberta e experimentada em Primiero, estava destinada a se difundir no mundo inteiro.
Hoje, numa época de “choque de incivilidades”, as relações entre os estados se mostram na máxima desordem e, por isso, é evidente a importância dos propósitos daquele evento de 1959, tanto que o novo Município unificado de Primiero acolheu, nos dias 27 e 28 de agosto, o simpósio “Os Povos na Família humana”, que teve como relatores o jurista Gianni Caso, presidente honorário da Corte de Cassação, e Vincenzo Bonomo, diretor do curso de graduação em Jurisprudência da Pontifícia Universidade Lateranense.
Nesta época não se fala de povos, mas, ao máximo, de estados. Os povos são agregações naturais com direito à autodeterminação; os estados chegam até mesmo a negar a existência de povos indígenas, que também existem, para não ter que, eventualmente, reconhecer o seu direito à autodeterminação. Prefere-se falar de “sociedade civil” que tem, no máximo, uma opinião: os povos não têm uma opinião, têm um direito a se autodeterminarem e podem, e frequentemente desejariam, reivindicá-lo.
«A paz dos povos é a ordem desejada por Deus», afirmou Chiara Lubich e confiou a Maria os povos, não os estados. Ela os confiou à defesa de Maria porque os povos têm direito à defesa.
«Hoje não existe mais guerra fria – afirma Bonomo -, mas existe uma paz fria, que talvez é pior, porque é uma paz, ou presunção de paz, não baseada em valores compartilhados».
O que permanece hoje daquele “pacto” de 1959? A enunciação daqueles princípios é hoje extremamente atual para se orientar no difícil panorama geopolítico. Segundo os relatores permanece o método de leitura dos fatos; permanece o importante instrumento da visão de um mundo unido que não abole as diferenças, mas as exalta.
Hoje existe uma vontade de redescobrir os valores proféticos estabelecidos naquele distante 1959 e as pessoas presentes no encontro mostraram paixão e convicção. Um dos políticos locais, prefeito dos antigos municípios confluídos no município unificado de Primiero, afirmou que a Mariápolis de Primiero não deve ser, para o vale, um ponto de atração turístico, mas deve finalmente, com os seus valores “mudar a nossa vida”.
Existe o desejo de fazer com que cresça o patrimônio de valores deixado por Chiara Lubich e fazer de Primiero um laboratório de fraternidade entre povos. Um percurso que se revelou inclusive na recente não fácil unificação dos quatro municípios, (Fiera de Primiero, Siror, Tonadico e Transacqua), quatro pequenos “povos” que, pelo bem comum, escolheram a comunhão.
Aqueles que viveram aquela experiência de mais de 50 anos atrás falam de «sementes plantadas que é preciso continuar a regar». Na discussão se insere uma conexão ideal entre o “Espírito de Assis”, nas relações entre as religiões e o “Espírito de Primiero” nas relações entre os povos. No domingo de manhã, 28 de agosto de 2016, na lotada igreja paroquial de Fiera, se repetiu o ato de consagração com a “fórmula” recitada em 1959 naquela mesma igreja. Um sinal de festa para uma nova, profunda, responsável ideia de paz.
de Roberto Di Pietro
Fonte: Città Nuova
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Pasquale Foresi
30 Junho 2015
Cofundador, com Chiara Lubich, do Movimento do Focolares (5 de julho de 1929 -14 de junho de 2015)
Um grande número de pessoas, inclusive de outros países da Europa, chegou a Rocca di Papa (Roma), para a última saudação a Pasquale Foresi. Para não falar dos incontáveis acessos streaming, um testemunho da estima e do reconhecimento por esta figura de relevo dos Focolares.
Padre Foresi contribuiu muito para o desenvolvimento do Movimento, desde quando Chiara Lubich desejou tê-lo ao seu lado, ainda no início, definindo-o como cofundador, juntamente com Igino Giordani. Agora, todos três – Lubich – Giordani – Foresi – repousam na pequena capela do Centro Internacional, sinal visível de uma tríade que, recomposta no céu, continua a sustentar todos os que se empenham no caminho da unidade que desabrocha do carisma de Chiara.
Pasquale nasceu em Livorno, em 1929. Com apenas 14 anos, para “prestar algum serviço à Itália”, como deixa escrito, foge durante a noite para unir-se aos grupos da Resistência que lutam por uma nova Itália. É naquele período que começa a aflorar nele a ideia do sacerdócio.
Voltando para casa, entra no seminário diocesano de Pistoia (para aonde a sua família se havia transferido) e depois vai para o Colégio Capranica, em Roma, para frequentar a Universidade Gregoriana. Mas aquela vida parece não satisfazê-lo completamente.
Entretanto o seu pai, Palmiro, deputado no Parlamento italiano, conhece Igino Giordani, que, por sua vez, apresenta-o a Chiara Lubich. Profundamente tocado pelo radicalismo evangélico daquela jovem de Trento, o deputado Foresi deseja que ela conheça o seu filho, que ele sabia estar em busca de um cristianismo autêntico. É feito o convite era para ir a Pistoia a fim de encontrar a elite católica local. Não podendo ir pessoalmente, Chiara envia Graziella De Luca, uma de suas primeiras companheiras, que por um engano chega em Pistoia no dia seguinte ao que estava marcado.
Foi Pasquale que a recebeu na residência Foresi. Por nada interessado em conhecê-la, por pura cortesia oferece-se para acompanhá-la até um sacerdote que teria vindo ao encontro no dia anterior. No caminho, sempre para não ser deseducado, dirige a ela algumas perguntas acerca da sua experiência espiritual, o que o deixa profundamente tocado, a ponto de expressar o desejo de conhecer Chiara. No Natal de 1949 Pasquale passa alguns dias em Trento: é um encontro verdadeiramente fulgurante para ele, que toma a decisão de ir morar no primeiro focolare masculino de Roma. Lá encontra a confirmação de sua vocação ao focolare – são palavras suas -: «não era entrar num instituto religioso mais belo e mais santo do que os outros, mas era fazer parte de uma revolução cristã religiosa e civil, que teria renovado a Igreja e a humanidade».

Chiara percebe em Pasquale uma feição muito especial e o convida a dividir com ela a direção do Movimento.
Com a sua doação a Deus no focolare, Pasquale vê completamente saciada a sua sede de radicalismo e sente renascer o chamado ao sacerdócio. A sua missão torna-se ainda mais específica. Pelo seu profundo conhecimento da teologia, Pasquale Foresi sabe reconhecer toda a força doutrinal contida nas intuições de Chiara e é interlocutor qualificado nas relações com a Igreja, especialmente quando o nascente Movimento é estudado pelo Santo Ofício.
Mas a maior incumbência de Pe. Foresi é a da “concretização”, ou seja, ajudar Chiara a realizar, em obras, aquilo que o carisma da unidade deu a ela: a pequena cidade-testemunho de Loppiano, nos arredores de Florença (Itália), o grupo editorial Città Nuova, o Instituto Universitário Sophia, fundado em 2007, em Loppiano.
«Em um dado momento – ele mesmo conta – tive a impressão de ter errado tudo na minha vida e, especialmente, a impressão de que aquelas coisas positivas para as quais eu poderia ter contribuído, eram minhas e não de Deus». A sua é uma provação espiritual que Deus permite aos grandes no espírito, para uma profunda purificação e um desapego de tudo o que não é Ele mesmo. É precisamente durante esta provação espiritual, que parece comprometer inclusive a sua saúde, que alcançam maior desenvolvimento as inúmeras obras que Chiara vê realizar-se, tendo ao seu lado Pe. Foresi na função de copresidente.
Suas obras, Teologia da Socialidade e Conversações com o Focolarinos, possuem um grande espessor sapiencial e são fontes de inspiração inclusive para outros autores do Movimento.
Após a morte de Chiara foi determinante a serena contribuição de Pe. Foresi na Assembleia Geral que elegeria a primeira presidente que iria suceder a fundadora.
Obrigado, Pe. Foresi!
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

Hemmerle: caminhos de santidade
1 Novembro 2017
Na festividade de Todos os Santos o bispo Klaus Hemmerle (1929-1994), teólogo e filósofo, propõe uma santidade que nasce do compartilhar totalmente a si mesmos com os pequenos, os pobres, sabendo nos posicionar à altura deles.
A santidade dos grandes quase sempre nasceu de um movimento na direção de Deus e na direção dos pequenos e dos pobres, acontecido de maneira não convencional.
Eles deixaram o próprio lugar. Foram na direção dos pobres, não dando esmolas, mas compartilhando a vida deles, para acolhê-los no íntimo das suas vidas, de tal modo que, por causa disso, as suas vidas resultavam radicalmente mudadas.
A decisão radical por Deus somente é, na maior parte dos casos da história da salvação, uma decisão pelos pobres, uma decisão pelos pequenos, uma decisão pelos impotentes.
É uma decisão que não pretende somente melhorar a sua situação, que não quer somente distribuir algumas esmolas, nem viver uma ínfima parte da vida deles de quando em quando, para depois poder voltar para a própria condição: procede sempre de uma metanóia, de uma íntima reviravolta da mentalidade, da sensibilidade, do ser: eu pertenço a eles, eu sou como eles, exatamente como eles diante de Deus, eu não sou melhor do que eles.
Não, sou do mesmo nível deles e, de fato, o único Santo desceu àquele nível.
(de um sermão, 1.11.93)
Klaus Hemmerle, “La Luce dentro le cose”, Ed. Città Nuova, Roma, 1998, pág. 340.
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha

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