domingo, 31 de janeiro de 2016

Ig-Miri 2 - Engenhos, genealogias e Outros Aspectos

Igarapé-Miri 2 - Engenhos, Genealogias e Outros Aspectos
                                  Bandeiras e brasões dos municípios do
Baixo Tocantins
Esta postagem se encontra em fase de acréscimos de novas informações e nomes
A colonização do Pará se iniciou através das sesmarias concedidas aos colonizadores portugueses e estes, ao se fixarem às margens dos rios do Grão-Pará, iam determinando o surgimento das povoações, que posteriormente dariam origem às freguesias e estas às vilas e cidades.
As regiões do Baixo Tocantins, Marajó (estas situadas em pleno Delta do Amazonas) e as terras do atual Nordeste Paraense, não fugiram a essa regra, onde os colonizadores iam instalando os  povoamentos às margens dos rios do Baixo Tocantins, do Marajó e nos rios Guamá, Acará, Moju, Capim, Igarapé-Miri e tantos outros que serão citados nestas postagens. Esses colonizadores, após as instalações desses povoados e de suas atividades econômicas, não se fixavam apenas em uma localidade, devido seus interesses econômicos que se espalhavam pelas margens dessas vias aquáticas acima citadas e que também constituíam o modo de comunicação e de comercialização dos produtos de suas atividades econômicas, vias que se tornaram importantes no escoamento e comercialização do açúcar, do período colonial e da cachaça dos períodos provincial e republicano do Pará.
As atuais cidades do Baixo Tocantins, devido a presença do Delta Tocantino (região em que a aguá doce se mistura com a água salgada do Oceano Atlântico), sofreram e sofrem as influências dos corpos d’água desse estuário e em vários aspectos de sua vida, especialmente no tocante as atividades econômicas e formação das populações. Abaetetuba, Igarapé-Miri, Cametá e as atuais cidades do Baixo Tocantins estão cercadas de água por todos os lados e os limites são feitos a partir de muitos rios dessa região. No tocante ás populações das cidades, especialmente de Abaetetuba e Igarapé-Miri, foram praticamente às mesmas famílias dos antigos colonizadores portugueses que iniciaram a formaçãos dessas povoações, levados por interesses econômicos, militares, políticos ou religiosos. Se analisarmos bem a origem das famílias de Abaetetuba e Igarapé-miri, iremos encontrar uma ancestralidade comum na formação de suas populações, devido interesses citados. É claro que o colonizador português miscigenou com as populações nativas locais e com a grande população escrava que existia na região, devido às exigências da forma de atividade econômica com que iniciaram a colonização, que foi a agricultura e, em especial, a cultura da cana doce e da indústria canavieira que exigiam muitos braços para esses pesados serviços.

                                                   Os grandes garrafões de cachaça chamados
frasqueiras
Genealogia Miriense
Alguns Aspectos das Atividades das Famílias Mirienses e Abaetetubenses:
A Cana Doce, as Vias e Terras da Indústria Canavieira do Baixo Tocantins
Como as terras de Abaetetuba e Igarapé-Miri são banhadas pelos mesmos corpos d’água, conforme citado acima, seria natural que as terras dos mesmos municípios se prestassem ao plantio da cana doce, que fornecia a matéria-prima para os antigos engenhos e sua indústria canavieira, na produção de açúcar e cachaça. As cabeceiras dos rios Paramajó, Arumanduba, Ilha Sirituba, Guajarázinho, Sarapuquara, Maracapucu, Costa Maratauíra, Furo Grande, Tucumanduba, Piquiarana, Itacuruçá, Piquiarana-Açu, Piquiarana-Miri, Panacuéra e Campompema, Mahuba, quase todos influenciados pelas águas das marés que se formavam a partir do Rio Meruú-Açu e alguns desses cursos d’água banhando os dois municípios. Então, foi natural que os grandes donos de engenhos de cana doce do Baixo Tocantins, tivessem empreendimentos canavieiros nos dois municípios. 
Muitos engenhos e grandes canaviais existiam nas margens dos rios de Igarapé-Miri e Abaetetuba, e esses rios foram importantes no escoamento dos produtos da indústria canavieira e do intenso comércio de regatão. Alguns importantes rios da época dos engenhos de Igarapé-Miri e Abaetetuba:
Rio Meruú-Açu, lendário rio de Igarapé-Miri, que abrigou dezenas de engenhos e canaviais e que avança para o município de Abaetetuba, recebendo ali o nome de Rio Maratauíra.

Alguns Engenhos no Rio Meruú-Açu
·         Engenho São Benedito, de Antonio José da Costa Cardoso.
·         Novo Horizonte, de João Nicolau Fortes
·         Engenho Cariá, de Amadeu Cristino Pinheiro
·   Engenho Indiano, da firma Nonato & Filho, de Guilherme Nonato e filhos Plácido Febrônio, Raimundo e Antonio Nonato.
·      Engenho Menino Deus I, da firma Lobato & Silva, com os sócios, Eládio Correa Lobato e Eduardo Carlos Silva.
·         Engenho Santa Helena, de João Tourão de Miranda
·         Engenho Santa Rosa, de Francisco Ferreira da Costa
·         Engenho São João, de José Timóteo da Costa
·         Engenho São Jorge, de Raimundo Martins de Lima e filho Agenor da Silva Lima
·         Engenho São Paulo, de José Roberto de Araujo
·       Engenho São Vicente, da firma Souza & Irmão, que tinha como sócios os irmãos: Manoel Joaquim de Souza e Praxedes Vicente de Souza.
      Engenho Veneza, do Major João Nicolau fortes e Aladim Lapa Sampaio.
Rio Santo Antonio, que abrigou os seguintes engenhos:
·         Engenho Brasil, de Julião Simplício de Oliveira
·         Engenho Santo Antonio de Botelho, de João Tourão Correa de Miranda
·         Engenho Pará, dos irmãos Caetano e Acácio Correa Leão
·         Engenho Recreio, de Meneléu Correa de Leão
Rio Murutipucu, importante rio que abrigou os engenhos:
·         Engenho Liderança, de Jerônimo Marques Rodrigues e filhos
·         Engenho São Judas Tadeu, de Arcelino Correa
·         Engenho Aliança, dos Irmãos Correa
·         Engenho São Raimundo do Rio Murutipucu, de Didi Machado

Rio Itanimbuca
Importante rio de Igarapé-Miri, em cujas margens abrigou os engenhos:
·         Engenho Ariramba, de Joaquim Vieira Bastos
·         Engenho Livramento, do capitão Arcelino de Miranda Lobato e filho Eládio Correa Lobato.

Rio Maiauatá
Lendário rio de Igarapé-Miri que abrigou importantes portos, fábricas e engenhos, e que serviu de importante entreposto da antiga navegação fluvial à vapor da Província do Pará pela localização estratégica na navegação e no escoamento e comercialização dos  produtos da indústria canavieira e no transporte de passageiros e ligação com outras importantes vias fluviais da região.

Alguns Engenhos, Casas Comerciais e Portos Situados às Margens do Rio Maiauatá
·       Engenho Casa Vale, da firma Alves Vale & Cia, proprietária da histórica usina de Açúcar Santa Cruz, que vem desde 1712 e que abrigava também um importante entreposto comercial que servia na navegação fluvial e ao comércio de regatão do Baixo Tocantins.

·         Engenho Nazaré, de Meneléu Correa Leão
·        Engenho Santa Maria, citado em 1890, que pertenceu ao senador estadual Coronel José Garcia da   Silva.
·       Engenho Fortaleza, de propriedade da firma Produtos Alimentícios Fortaleza Ltda, constituída pelos sócios, Manoel Lourenço Correa Lobato, Eládio Correa Lobato e Raimundo Mito Ribeiro.

·         Engenho Independência, de Júlio Correa Lobato
·         Engenho Santo Antonio de Botelho, de João Tourão de Miranda
·         Engenho Santo Antonio, de Altino Pinheiro Sampaio
·         Engenho São Benedito de Maiauatá, de João Quintino

·        Bar Alegria, situado na Vila Maiauatá, no rio de mesmo nome, de Anilo Martins Cardoso, célebre      pelas festas que promovia no local.

·        Engenho Vivi, dos irmãos João, Waldemar, Altino, Raimundo e Aladim Lapa Sampaio, e onde existia o histórico e lendário Trapiche Hipólito, que era uma espécie de entreposto comercial no século 19, que pertencia ao Coronel Hipólito Moreira Sampaio.

Rio Juarimbu
Que abrigou os seguintes engenhos:
·         Engenho Juarimbu, importante e histórico que pertenceu Coronel Maximiano de Almeida Cardoso.
·         Engenho São Sebastião, de Meneléu Correa de Leão.

Igarapé Santana
·        Que abrigou o Engenho São Raimundo, de Raimundo Lopes Sampaio, este filho do lendário Coronel Hipólito Rabello Moreira Sampaio que era o dono do mesmo engenho, porém situado no Rio Maiauatá, quando funcionava como entreposto comercial no século 19.

Furo e Ilha do Uruá
·        Com plantações de canaviais e o Engenho Santa Rosa, de Luiz Quintino. 

Igarapé Calha
·        Onde existiam engenhos e canaviais.

Rio Anapu, que abrigou importantes engenhos a partir da Era Colonial do Pará:

·         Engenho Anapu, antigo engenho do alferes Felippe Correa de Sá, que vem da era colonial do Pará.

·      Engenho do Carmo, histórico, lendário e antigo Engenho do Carmo, do Barão de Cairary/Antonio Correa de Miranda e outros engenhos da mesma família.

·        Engenho Livramento, que em épocas recuadas pertencera ao Coronel José Garcia da Silva

Rio Caji:
·        Utilizado na plantação da cana doce.
Rio Panacuéra
·       Que divide suas águas e terras entre Abaetetuba e Igarapé-Miri e que abrigava o Engenho São Raimundo do Panacuéra, de Benjamim de Castro Nahum/Poca.

Rio Japuretê, afluente do Rio Meruú-Açu
·       Que abrigava o Engenho São Sebastião, de Anilo Martins Cardoso e seu pai, Antonio da Costa Cardoso.

Panacuéra-Miri
·         Que no final do século 19 abrigou o Engenho Vera Cruz, de Américo Correa

Rio Mamangal
·        Que abrigou o Engenho Quaresminha, dos irmãos Quaresma

Rio Acarajó
·        Que era utilizado na plantação da cana doce

Rio São Domingos
·        Que abrigava o engenho de Plácido Justo da Silva
Citações Históricas
·     Fazenda São Domingos, localizada na localidade Itapocu, do termo judiciário de Igarapé-Miry, nas mediações da cidade de Cametá, citada em 1864 e em 1884 é atacada por um grupo de quilombolas, entre os quais: Gaspar, Raymundo, Roberto, Isidoro, Victório, Gonçalo, Manoel Pedro e Laurindo.

·       Fazenda Conceição, de D. Ângela e o quilombola Victório, citados em 1884, no conflito da Fazenda São Domingos.
Furo do Seco
Que abrigava os engenhos:
·        Engenho São João do Furo do Seco, de João de Souza Paiva/João Boi
·        Engenho São José, de Raimundo Martins de Lima.

Fazenda Jaguarary:
Observações:
·       A importante, histórica e lendária Fazenda Jaguarary e seu engenho, sito na povoação do Moju e que era um dos grandes engenhos do ciclo açucareiro do século 17, que se dedicava a grande produção de açúcar, onde a maior parte era exportada para Portugal e que foi instalado por Ambrósio Henriques da Silva Pombo/Barão de Jaguarary e que foi repassado para os padres jesuítas, que em 1669 servia de casa de recreio para esses padres e que sob a direção desses missionários continuou sua função de fazenda e engenho, empregando mais de duas centenas de escravos índios e negros nos serviços das lavouras e do engenho.
·        A citação abaixo se refere ao município de Igarapé-Miry, porque esse município era cabeça do Termo judiciário de Igarapé-Miry, que englobava os territórios da Villa de Igarapé-Miry e das Freguesias de Moju e Abaeté.
·       A citação se refere apenas a um projeto que não chegou a ser implantado, talvez devido ao fato de que as agitações políticas pela implantação do regime republicano já se faziam sentir muito forte na Capital e pelo interior da província do Pará e, por isso, não oferecia boas condições sociais para a implantação desse grande empreendimento açucareiro.
"Em 1889 era objetivo do governo a instalação de um engenho central denominado Jaguarary no município de Igarapé-Miry, ou melhor, um engenho central na Fazenda Jaguarary, tendo como contratante do engenho o bacharel Heráclio Vespasiano Fiock Romano, que obrigou-se por si ou por sua empresa, que se responsabilizou em organizar, fundar e explorar esse engenho para a fabricação de açúcar e álcool de cana, com aparelhos, maquinismos dos mais aperfeiçoados com capacidade para moer diariamente 400 mil toneladas de cana-de-açúcar em 24 horas, pelo valor de 850 contos de réis (oitocentos e cincoenta mil réis= 850:000$000 réis), com emprego para 500 famílias imigrantes, lavradores para cultivar a cana e com favores concedidos pelo governo imperial".
Outros Engenhos ou Donos de Engenhos
·         Engenho Serrão, de José Pacheco Serrão de Castro, povoação de Moju
·         Engenho Conceição, sito no Rio Piquiarana, do português Joaquim de Freitas Castro
·         Engenho de Benedito Ferreira Pantoja, no Rio Mahuba.
·       Engenho Vera Cruz, no Rio Panacuéra-Miry, de Lobato & Cia, que passou para a firma Tourão       Correa & irmão.
·        Engenho Cariá, no Rio Meruú, de Silvestre Correa de Miranda
·         Engenho Cacaual, no lugar Espera, Rio Igarapé-Miry, de Amadeu Cristino Pinheiro
·         Engenho Carmo, no rio Igarapé-miri, de Amadeu Cristino Pinheiro
·       Engenho Nazaré, no Rio Domingos, de Henrique Bitencourt, que com o falecimento do proprietário passou para Viúva Henrique Bitencourt & Cia.
·         Engenho São Miguel, no rio Maiauatá, de Sampaio Ltda.
·     Engenho Santa Cruz, no Rio Panacuéra-Açu, de Viúva Vale & Cia, que também produzia álcool e açúcar branco.
·      Engenho Livramento, no rio Itanimbuca, de Arcelino Brasiliano, que passou a pertecer ao seu filho  Eládio Correa Lobato.
·       Engenho Santa Maria, no rio Maiauatá, de Antonio Primo da Costa, que passou para a firma A. Sampaio & Cia.
·        Engenho Nossa Senhora das Mercês:
Antigo e histórico engenho da localidade Anapu de MARIA FERREIRA DE GUSMÃO, esposa de Manoel João Correa de Miranda, que  era detentora de engenhos, entre os quais o Engenho Nossa Senhora das Mercês, no Rio Anapu, na Freguesia de Sant’Anna de Igarapé-Miri, que era dona de escravos e outros patrimônios, citada em 1825, possivelmente parente de Anna Ferreira de Gusmão, esta dona de engenho/fazenda e dona de mais de 40 escravos, dona de terras na ilha onde existia o Engenho Nossa Senhora das Mercês com plantações de cacau citada em 1830.
Thomas Homum, Donos, dono de engenhos/fazendas, contemporâneos de Maria Ferreira de Gusmão e sua irmã Anna, citados em 1830.
Dona Rita Borges Machado, dono de engenhos/fazendas, contemporâneos de Maria Ferreira de Gusmão e sua irmã Anna, citados em 1830.
José Gonçalves Chaves, dono de engenhos/fazendas, contemporâneos de Maria Ferreira de Gusmão e sua irmã Anna, citados em 1830.
JOANNA MARIA FERREIRA DE GUSMÃO (possivelmente parente de Maria Ferreira de Gusmão e Anna Ferreira de Gusmão), c/c JOSÉ CARLOS CORREA DE MIRANDA (neto do 1º Manoel João Correa de Miranda e Maria Ferreira de Gusmão), donos de terras e outros bens:
  • Engenho no Igarapé Domingos Guará:
  • Uma sorte de terras principiando na boca do Igarapé denominado (....), athe o igarapé denominado Domingos Guará, (na Freguesia de Sant’Anna de Igarapé-Miry), com cazas de vivenda, cappela e engenho e hum cacoal pequeno, citado em 1838. 
  • Huma sorte de terras de Juarumbau-miri athe o igarapé da Partilha, com 2.800 pés de cacau e huma sorte de terras firmes (....) com 500 pés de café frotíferos com cazas cobertas de palha, (na freguesia de Sant’Anna de igarapé-Miry, citado em 1838), donos de 13 escravos e José Carlos ainda herda de sua mãe vários bens, inclusive casas em Belém/Pa (na antiga Travessa de Santo Antonio).
ANNA FERREIRA DE GUSMÃO, citada em 1830, 1836, dona de terras em área do Engenho Nossa Senhora das Mercês, com 4.825 pés de cacau, dona de casas e com 45 escravos e outros bens:
1) Huma sorte de terras na Ilha onde existe o Engenho de Nossa Senhora das Mercês, com duzentas braças de frente pelo mais ou menos principiando dos (....) athe o Igarapé de Thomas Homum (....).
2) 2.025 pés de cacau frutíferos.
3) Huma sorte de terras principiando das terras de Thomas Homum athe o Igarapé de Serillo, que terá 120 braças de frente com meia légua de fundos pouco mais ou menos na Ilha onde existe o Engenho de Nossa Senhora das Mercês.
4) Hum cacoal com 2.780 pés de cacau frutíferos.
5) Meio quarto de terras no rio (....) principiando dos marcos de D. Rita Borges Machado, pelo rio acima athe os marcos de Fernando Jozé Gonçalves Chaves, com uma légua de fundos.
·         Engenho de Anna Ferreira de Gusmão:
Huma fazenda com cazas de vivenda e com Engenho e Olaria e huma Ilha de terras onde existe a dita fazenda que terá pouco mais ou menos huma légua.
Bens de ANTONIO FRANCISCO CORREA CARIPUNA/Coronel Caripuna, citados em seu inventário de 1877:
  • Fazenda Boa Vista, situada no districto de Abaité, com caza de vivenda coberta de telhas e engenho separado desta, parte coberto de telha e parte de palha (....) com dois canaviais no mesmo terreno, e socas em outro terreno de jenipahuba com machinas para cana, motor, caldeira, no estado, machina de serrar miserável, uma dita de olaria também miserável, tachos e turbinas assentadas, 8 tachos para depósito de açúcar, 4 coxos pequenos para depósito d’ágoa e garapa, duas pipas para caxaça, 8 coxos de garapa, um alambique velho e furado com seus pertences velhos e um aparelho (....).
  • Fazenda denominada São Francisco, no districto de Abaité, com caza de vivenda de sobrado, coberta de telha, e mais outra pequena caza no Rio Maracapucu, tendo a mesma fazenda um cacoal velho no Igarapé (.....), no Furo do Coelho.
  • Um sítio com caza de vivenda coberta de palha na boca do Rio Piramanha, no districto de Abaité.
  • Uma sorte de terras no districto de Abaité, da boca do Rio Anequara do Rio Urucum.
  • Uma sorte de terras firmes no districto de Abaité no Rio Curupiri (....) com uma légoa pouco mais ou menos.
  •  Uma sorte de terras no Rio Urubum, districto de Abaité.
Engenho de Maria do Carmo de Castilho:
MARIA DO CARMO DE CASTILHO, dona de engenho de cana movido à água, casas e dona de 32 escravos em terras de Abaeté, citada em 1853 e 1ª esposa do Cel. Caripuna, falecida em 1851. Filhos de Maria do Carmo de Castilho c/Antonio Francico Correa Caripuna (Tenente-Coronel Caripuna): Francisco e Firnino Correa Caripuna.
·        Engenho Santa Cruz:
     O antigo Engenho Sana Cruz teve vários donos, um dos quais foi LEANDRO MONTEIRO AMANAJÁS DE TOCANTINS em 1712, movido pela força da água, para produção de açúcar, sito no Igarapé Calha, no atual município de Igarapé-Miri/Pa, que casou com Isabel Amanajás de Tocantins e com filhos, 3ª G/Netos/N: Tomás Monteiro Cardoso Amanajás de Tocantins, coronel da Guarda Nacional, comerciante, dono do Engenho Santa Cruz no final do século 19, que tornou-se rico, adquirindo a lancha à vapor Rosinha importada da Alemanha, que casou com Rosa de Lyra e tiveram 12 filhos, 4ª G/Bisnetos/Bn , que por inexperiência nos negócios e residindo em Belém, vieram a vender os maquinários do engenho e as terras para o Capitão Porfírio Antonio Labato.
·         Engenho de Antonio José da Silva Brabo:
ANTONIO JOSÉ DA SILVA BRABO, dono de engenhos e escravos em Abaeté e Igarapé-Miry, casou e teve filhos, 3ª G/Netos/N: Victória Maria da Silva Brabo.
·         Engenho de José Fleury Correa Caripuna:
JOSÉ FLEURY CORREA CARIPUNA, citado em 1877 e que em 1888 era o 1º suplente de juiz municipal do termo de Igarapé-Miry e o 3º suplente era o tenente-coronel Antonio Manoel Correa de Miranda, e José Fleury era dono de engenhos.
Engenhos do TENENTE-CORONEL JOSÉ HONÓRIO ROBERTO MAUÉS:
  • Com casa de vivenda e com engenho para fabricar cachaça e mel no Rio Piquiarana em 1922.
  • Fábrica de cachaça, açúcar e mel, denominada “Conceição”, no Rio Piquiarana, da firma Maués & Barbosa, tendo como sócios José Honório Roberto Maués e José Barbosa Ferreira, em 1931.
·        Engenhos de Justo José Correa de Miranda:
JUSTO JOSÉ CORREA DE MIRANDA, era coletor de rendas de Abaeté, citado em 1818/1819, Oficial da Guarda Nacional de Abaeté citado em 1869, falecido quando seus filhos Rogério e Reinaldo (do 2º casamento) estavam com 12 e 3 anos, respectivamente, detentor de casas, inclusive 8 residências em Belém/Pa (uma casa de sobrado na Travessa do Passinho em Belém) e de muitas terras com plantações de cacau e engenhos movidos à vapor de lenha nos distritos de Igarapé-Miri e Abaeté, senhor de 32 escravos e dono de um grande patrimônio (147.840$040 réis), citado em 1878, e Justo José ocupou vários cargos públicos na era provincial de Abaeté, como professor vitalício da escola do 1º grau do sexo masculino citado em 1847 até1855 quando foi aposentado, coletor de rendas de Abaeté e outras funções e ele era dono dos seguintes bens, citados em 1878 em Igarapé-Miri e Abaetetuba:
  •  Engenho Santo Antonio no Furo do Coelho, Rio Tucumanduba, districto de Abaité, movido à vapor, e a machinaria deste em uso e trabalhando, com cazas de vivenda, e engenho coberto de telhas, situado em uma sorte de terras, que do igarapé Furo, que faz divisa com o Engenho São Francisco dos herdeiros do finado Coronel Caripuna (este falecido em 1877) entrando pelo Igarapé Acapu, onde faz divisa com o Engenho São Jozé do Major Jozé Honório Roberto Maués, tendo o mesmo engenho cinco coxos de madeira, três pipas, três táboas para açúcar, cinco taxos de ferro sendo que três assentes e uma quebrada, dois alambiques, sendo um em bom estado e outro inutilizado, e mais acessórios pertencentes ao fabrico de açúcar e aguardente (....) tendo um alambique de motor contínuo e duas bombas que não pertencem ao Engenho (.....) tendo ainda o mesmo engenho uma sala com porta para a parte do rio com altar, castiçaes e santo, que é a capela do mesmo engenho.
  •  Engenho Cariá, movido à vapor com caza grande de vivenda na caza do mesmo Engenho, cobertos de telha, situado em uma sorte de terras no Rio Moruhuapú, segundo districto de Igarapé-Miry, tendo o engenho todos os acessórios e pertences para o fabrico do açúcar e aguardente, inclusive um turbina, dois alambiques, sendo um do motor contínuo, tanques, coxos (.....).
·         Engenho de Julião Antonio Correa de Miranda:
JULIÃO ANTONIO CORREA DE MIRANDA, citado em 1800 como tenente da 8ª Companhia do Regimento de Milícia da cidade de Belém, dono de engenho movido à água no rio Anapu, Freguesia de Santa Anna de Igarapé-Miri, dono de terras com plantações de cacau e café, dono de 47 escravos em 1810, irmão de Manoel João Correa de Miranda, este e sua esposa Maria Ferreira de Gusmão, citados em 1925.

Bens de Julião Antonio Correa de Miranda, citados em 1810 em seu inventário: 
  • Hum Engenho de cana d’água muito arruinado com seus aguilhões de ferro, com cazas cobertas de palha, com seus quartos por acabar, com ranchos de palha, situado em terras de Manoel João Correa de Miranda, irmão do falecido, no Rio Anapu (....).
  • 5.950 pés de cacau
      Engenho de Maria da Glória Correa de Miranda:

MARIA DA GLÓRIA CORREA DE MIRANDA, dona de terras, engenho e terrenos: 
  • Huma sote de terras com meia légua, pouco mais ou menos a qual principia das divisões de JOZÉ GONÇALVES CHAVES e confina com ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA PANTOJA, fundos competentes, denominado vulgarmente Japaticú com caza de vivenda coberta de telha com 100 palmos de frente e 70 de fundos, além de um grande quintal com cazas (no município de Igarapé-Miry, citado em 1857). 
  • Hum quarto de terras nas cabeceiras do Rio (....) que principiam dos marcos de ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA PANTOJA e dahi por diante athe o (....) de braças pertencentes às ditas terras (na freguesia de Sant’Anna de Igarapé-Miry, citada em 1857). 
  • Dois terrenos na Villa de Igarapé-Miry (citados em 1857). 
  • Hum engenho de moer urucú sem serventia (citado em 1857), dona de17 escravos.
 Engenhos de Maria Rita Correa de Miranda:
  • Maria Rita Correa de Miranda, dona de terras com plantações de cacau na Vila de Igarapé-Miri, dona 16 escravos, contemporânea do seu vizinho, também dono de fazendas/engenhos: Maria Gonçalves Chaves, citados em 1857.
·         Engenhos de José Carlos Correa de Miranda:
  • José Carlos Correa de Miranda c/c Joanna Maria Ferreira de Gusmão, donos de terras com plantações de mais de 2.800 pés de cacau e cana-de-açúcar, donos de casas, engenhos e 13 escravos na igarapé Domingos Guará, Freguesia de Santa Anna de Igarapé-Miri.
      Engenho de Silvestre Correa de Miranda:
  •  Silvestre Correa de Miranda, que comprou o antigo Engenho Cariá, sito no Rio Meruú-Açu, no atual município de Igarapé-Miri, que inicialmente, no final do século 19, pertencia ao Capitão Amadeu Cristino Pinheiro (este filho da escrava Ana Cristina) e que, na primeira década do século 20, foi vendido ao Major João Pinto Longuinhos Braga, cuja viúva vendeu o Engenho ao Sr. Silvestre Correa de Miranda, que casou com Joanna Longuinhos e com filhos, 3ª G/Netos/N: Olavo (este morava em Belém), Oduval (este trabalhava com o pai), que chegaram a trabalhar mais alguns anos no engenho.
·         Engenho Menino Deus, no Rio Panacuéra, de Albino da Costa Correa.
·         Engenho Santa Maria, no Rio Maiauatá, de Antonio Primo da Costa.
·         Engenho São João, no Rio Meruú-Açu, de José Timóteo & Cia, de José Timóteo da Costa.
Obs: Os Engenhos de Abaetetuba já foram publicados em postagens anteriores a estas.
O TRABALHO NOS ENGENHOS

                                         Os barcos motorizados substituíram as Canoas
Grandes à Vela como meio de transporte, de Cargas e Mercadorias
e no Comércio de Regatão no Baixo Tocantins.
Dentro do engenho o 1º processo do trabalho é o da caldeira, a qual aquecida a uma determinada temperatura, gerava o vapor e a eletricidade que punha as outras máquinas em funcionamento:  a moenda, que era encarregada de retirar o caldo-de-cana, o qual era repassado para o paiol, onde uma bomba transportava do dito paiol o caldo-de-cana para as dornas, que são grandes tonéis que armazenam a garapa para a fermentação durante 5 dias. Terminado o processo de fermentação, a garapa era transportada por meio de canaletas para um 2º paiol, saindo daí para alambique, que ficava na parte superior do barracão e de lá passa para o último processo, a destilação durante 6 horas, ficando, desse modo, pronta a cachaça para o consumo.
Num médio engenho de cana doce, eram sempre 2 batelões (barcos usados no transporte da cana doce e com remeiros), com 2 homens trabalhando em cada batelão com capacidade para 10 frasqueiras=100 feixes de cana doce, trabalhando de 2ª-feira a sábado, em viagens geralmente de 5km  a partir das cabeceiras dos rios, enchendo, transportando e descarregando nos ombros, nos picadeiros dos engenhos, os feixes de cana doce, em várias viagens por dia, e almoçando sempre peixe assado, salgado, peixe liso preparado em latas de flandes ou carne de capivara ou carne de caças, ingeridos  juntamente com o caldo de cana (garapa), este misturado a punhados de farinha de mandioca (caldo de cana+farinha=jacuba). Nos engenhos eram 4 a 5 homens carregando nos ombros os feixes de cana para a devida moagem (distância de 50m do picadeiro para a moenda) e também o dia todo, com paradas para as refeições. Nas moendas dos engenhos existiam 2 ou 3 trabalhadores para colocar as varas de canas nas moendas e 3 a 4 homens para carregar o bagaço de cana para as caldeiras ou armazenamento do bagaço à beira dos rios. O caldo de cana (garapa) da moenda saía pelas canaletas em direção aos tanques de armazenamento (que eram 20 ou mais tanques) onde ficava por 3 dias para a devida fermentação  (com trabalhadores controlando esse processo) e, após o líquidos, seguia por outras canaletas para o alambique que ficavam na parte superior dos engenhos (era um ou dois alambiques com seus respectivos “burros” (eram equipamentos que impulsionavam, através do vapor das caldeiras, a garapa já fermentada para o alambique, sempre por canaletas), para a devida lambicagem da garapa e cada alambique tinha a capacidade de armazenamento de 1000 frasqueiras de cachaça da cana doce e mais trabalhadores controlando esses processos. Do alambique  a cachaça seguia para as dornas e desta, para o devido engarrafamento da cachaça (mais trabalhadores), para a posterior comercialização (pessoas do engenho ou os comerciantes e firmas da região que compravam a cachaça à granel para a devida comercialização na Capital, Baixo Amazonas, Manaus, Salgado, Macapá,). 
Dicionário da Indústria Canavieira
A maior parte das antigas e tradicionais famílias de Abaetetuba e Igarapé-Miri desenvolvia as atividades da indústria canavieira e esse fato nos leva a criar um dicionário de palavras e termos usados nos variados processos dessa indústria.
. Cachaça, pinga ou aguardente de cana, era o principal produto advindo da indústria canavieira do Baixo Tocantins, com fase áurea a partir das décadas finais do século 19 até a 1ª metade do século 20, que era o principal produto do comércio de regatão da região ou fora da região. A cachaça era o resultado da lambicagem da garapa azeda (surrapa) através do aparelho alambique e que correspondia ao resultado final dos vários processos dos trabalhos dos engenhos. A cachaça ou aguardente recebe variadas denominações na região e era a bebida espirituosa mais consumida por todas as camadas das antigas populações das cidades, vilas e freguesias antigas do Pará e Amazônia e que entrou em processo de decadência a partir dos anos finais da década de 1970.
. Moenda, era o maquinário dos engenhos onde a cana sofria o processo de moagem para a extração da garapa.
. Bagaço de cana, era o resíduo das varas de cana doce, já devidamente seco do seu líquido extraído pela moenda do engenho.
. Caldeira, era a parte do engenho onde madeiras ou o próprio bagaço de cana doce eram queimados para fornecer energia em forma de vapor para movimentar os diversos maquinários do engenho.
. Alambique, era o aparelho usado para realizar a destilação da garapa azeda (surrapa), através, cujo líquido final na forma de vapor seguia através das serpentinas do alambique, sofrer condensação e se transformar em líquido, a cachaça, que pingava nas dornas. Lambicagem era o processo de transformação da garapa azeda (surrapa) em cachaça através do aparelho alambique.
. Dornas, eram os grandes tonéis de madeira (madeira carvalho) importados de outras regiões do Brasil ou do exterior para receber a cachaça produzida nos engenhos. Alguns criativos carpinteiros de Abaetetuba e Igarapé-Miri descobriram a técnica e uma madeira na região denominada cotiúba, através da qual fabricavam os tonéis (dornas ou pipas) que substituíam os caros tonéis de carvalho vindos de outras regiões.
. Burro, equipamento que impulsionava, através do vapor das caldeiras, a garapa já fermentada para o alambique.
. Garapa ou caldo de cana, líquido esverdeado que resultava da moagem da cana. Servia também como alimento para os trabalhadores dos engenhos e até eram vendidas nos lanches pelos chamados garapeiros existentes nas cidades. Surrapa era a garapa já devidamente fermentada.
. Tanques, eram os grandes reservatórios que armazenavam os milhares de litros de garapa azeda (surrapa) que deveria seguir para a devida destilação, após os 3 dias de fermentação.
. Capivara, o maior roedor das matas da Amazônia, cuja carne salgada era vendida nas feiras das cidades.
. Jacuba, nome que se dava á mistura da garapa com farinha de mandioca para ser usada na alimentação dos trabalhadores dos engenhos. 
. Batelão, pequeno barco em madeira usado no transporte da cana doce e, geralmente, com 2 remos de faia/ou 2 gingos existentes nas duas farquetas da polpa do batelão e para os 2 homens em pés movimentarem esse barco.
. Frasqueira, é a medida usada para a cana doce, cana verde ou cana-cana de açúcar, onde uma frasqueira=10 feixes de cana. Usava-se também o nome frasqueira para designar os garrafãos de cachaça com as seguintes medidas: garrafão de uma frasqueira=24 litros; o de 1,5 litros= 36 litros e o de duas frasqueiras=48 litros de cachaça.
. Feixe é um conjunto de varas de cana doce devidamente amarradas através de cipós, fibras ou cordas das florestas.
. Picadeiro era o depósito elevado, situado sempre na parte frontal dos engenhos, para receber os carregamentos de cana doce dos batelões.
. Polpa é a parte traseira do batelão e proa é a parte dianteira.
. Farquetas, espaço existente na proa dos batelões de remos de faia, para o devido apoio e manipulação dos remos de faia em movimentos chamados de gingos.
Outras Pessoas Envovidas na Indústria Canavieira
. Engenheiros ou donos de engenhos, eram os donos dos engenhos, capitalistas que produziam a cachaça e comercializavam esse produto junto com outros no chamado comércio de regatão e geralmente possuíam outras atividades comerciais ou industriais atreladas às dos engenhos.
. Canavialistas e canavieiros, aqueles eram os donos de canaviais, que contratavam terceiros, os canavieiros, estes para os serviços dos roçados de canaviais em atividades de desmatamento, destocamentos, capinas, plantios e cortes da cana doce. Os canavialistas comercializavam a cana obtida dos canaviais com os donos de engenhos.
. Capataz ou feitor, era o encarregado da distribuição e fiscalização dos trabalhos nos engenhos e terras dos donos de engenhos e quem tratava das questões internas dos engenhos junto aos empregados e famílias agregadas nos trabalhos dos roçados e outras atividades.
. Gerente era o responsável pela produção e negócios dos engenhos no chamado comércio de regatão e outras atividades atreladas à indústria canavieira e comércio de regatão.
Outros Produtos da Indústria Canavieira
. Açúcar era o principal produto obtido na indústria canavieira do Baixo Tocantins e outras regiões do Pará a partir do século 17, no período colonial do Pará, indústria que sofreu forte decadência já a partir dos últimos anos do período imperial (1821 em diante) e que, posteriormente, na indústria canavieira do Baixo Tocantins, foi substituído pela produção da cachaça através dos novos engenhos que íam surgindo às dezenas a partir dos anos finais do século 19 e até a primeira metado do século 20.
. Álcool era outro produto da indústria canavieira e produzido por pouquíssimos engenhos de Igarapé-Miri/Pa.
. Vinagre produto obtido da indústria canavieira e produzido por poucos engenhos do Baixo Tocantins.
. Mel de cana ou melaço, era um produto de grande aceitação nos mercados da região, especialmente na Capital do Estado do Pará e nas cidades de Abaetetuba e Igarapé-Miri/Pa. Na cidade de Abaetetuba e Igarapé-Miri existiam muitos engenhos e engenhocas para a produção do mel de cana, engenhos que também sofreram as consequências da crise da indústria canavieira dos anos finais da década de 1970. 
. Rapadura era o produto obtido em alguns engenhos e engenhocas da indústria canavieira do Baixo Tocantins, que não conseguiu afirmação nos mercados como a cachaça e o mel de cana.

O Modelo Patriarcal da Indústria Canavieira
A quantidade de pessoas envolvida nos processos de produção de um só engenho era muito grande, como vimos acima, e os donos de engenhos mantinham os trabalhadores sob sua tutela (no ciclo da cana-de-açúcar os trabalhadores eram os escravos índios e negros, e por isso, Abaetetuba e Igarapé-Miri possuíam um número absurdo de escravos negros trabalhando na produção de açúcar e cachaça na 1ª fase da indústria canavieira do Baixo Tocantins). Os trabalhadores dos engenhos e suas respectivas famílias ficavam sob a tutela dos donos de engenhos, numa espécie de sistema patriarcal, onde os donos de engenhos eram os senhores a quem todos deviam servir, obedecer e realizar os variados serviços nos engenhos e demais atividades desenvolvidas nas casas comerciais, embarcações, comércio de regatão, nas casas e terras desses donos de engenhos, em troca de favores, como fornecimento de alimentação, vestuário, utensílios, roupas, etc. tudo seguindo o tradicional sistema de aviamento  pelos donos de engenhos que atendiam os trabalhadores suas famílias que estavam atreladas aos negócios dos donos de engenhos e onde a voz dos donos de engenhos eram as leis desse regime.
E como era muita gente sob a tutela desses senhores, era impossível manter todos devidamente regularizados em termos trabalhistas até a década de 1970, mesmo porque ainda não existiam leis que amparassem os trabalhadores de engenhos. Com o advento das leis do trabalho a partir do Governo de Getúlio Vargas, essas leis foram surgindo para a regularização das relações entre patrões e empregados e com a evolução dessas leis foram criadas as chamadas Juntas de Conciliação e Julgamento, uma das quais foi a de  Abaetetuba, no ano de 1973, quando centenas de processos de regularização trabalhista ou solicitação de indenização começaram chegar àquela junta, muitos dos quais eram solicitados de má fé por parte de advogados ou trabalhadores, argumentando ter 10, 20 ou 30 anos de trabalho nos engenhos (Vide o caso do Sr. Julião Simplício de Oliveira e muitos outros donos de engenhos em Igarapé-Miri e Abaetetuba). A Justiça do Trabalho foi implacável na aplicação das leis em favor dos empregados, fato que acelerou mais rapidamente a decadência da já combalida indústria canavieira do Baixo Tocantins, quando dezenas de engenhos de Abaetetuba e Igarapé-Miri tiveram seus maquinários, terras e outros bens como objeto das demandas trabalhistas para pagamento das indenizações aos trabalhadores.

O Declínio da Indústria Canavieira do Baixo Tocantins
Antes da instalação da Justiça do Trabalho em Abaetetuba, por diversos motivos a indústria canavieira do Baixo Tocantins já vinha passando por algumas dificuldades que determinaram o início do declínio dessa indústria e a instalação da Justiça do Trabalho, através da Junta de Conciliação e Julgamento de Abaetetuba, veio somente apressar a decadência que se tornou irreversível nos anos finais da década de 1970. Vide algumas causas da decadência da indústria canavieira em Engenhos de Abaetetuba, Engenhos de Igarapé-Miri neste mesmo Blog.
  Foram as Canoas Grandes à Vela
 importantes meios de transporte
                                          e no Comércio de Regatão do
                                                   Baixo Tocantins

Blog do Prof. Ademir Rocha, de Abaetetuba/Pa

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