segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

ESPIRITUALIDADE: O QUE É O FOCOLARE ?

ASCÉTICA E MÍSTICA: O QUE É O FOCOLARE ?




Fonte: www.centrochiaralubich.org

Roma, 1977

Ascética e mística na nova forma de vida do focolare
No coração do Movimento, que a senhora fundou e que compreende várias formas de empenho, está o“focolare”. O que é o focolare? 
O focolare é uma comunidade moderna de poucas pessoas que vivem em meio ao mundo, mimetizadas com o mundo, que se vestem como todas as pessoas, que trabalham como todos. 
Porém, ao contrário das outras pessoas, elas deixaram o mundo, deixaram a própria pátria, a própria família, o próprio trabalho, para se doarem à causa da unidade no mundo.
O focolare está aberto também para os casados, desde que sintam esta aspiração totalitária. Exige-se deles o desapego espiritual de todas as coisas. 
Existe um estatuto, que nasceu da vida, que é a norma de vida do focolare e que se adapta a todas as circunstâncias. Porém, a norma das normas, o que anima todas as regras, a base de toda a vida é a contínua caridade, que nunca deve deixar de existir entre os membros do Movimento e que faz com que esteja sempre presente - segundo as possibilidades humanas - Cristo entre os membros. Este é o focolare.
Sem Jesus entre os membros, não existe mais o focolare.
Mas então qual é o resultado? O resultado é que se vive uma ascese poderosa, porque é preciso estar sempre prontos a morrer um pelo outro, a carregar os pesos um do outro, a carregar as suas preocupações, a partilhar também as suas alegrias. 
E o focolare apresenta também uma mística moderna, comunitária, porque traz a presença de Cristo que ilumina os membros a respeito do que devem fazer, sobre as ações que devem realizar, de forma que a vida de focolare é contemplação. Enfim, o focolare é uma porção de Igreja viva. O focolare, se é como deve ser, é paraíso na Terra.
De onde provém a alegria que se vê no rosto dos membros do Movimento dos focolares?
Provém do fato de terem entendido bem a vontade de Deus. Existe um único caminho para segui-lo, foi Jesus que o disse: «Quem quiser vir após mim, renegue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga». 
Renegar-se já é doloroso, pegar a cruz já é doloroso. Existe um único modo para seguir Jesus, e os membros do Movimento querem segui-lo: é amar a dor. Podem pensar que é desumano, mas não é, é sobre-humano, é sobrenatural.
De forma que, quando os membros do Movimento estão contentes, já estão na alegria; quando sofrem, eles transformam, por uma alquimia divina, o sofrimento em amor e por isso estão sempre na alegria.
(Città Nuova, n. 14, 25 de julho de 1977)
Reproduzido pelo Blog do ADEMIR ROCHA

domingo, 17 de fevereiro de 2013

ESPIRITUALIDADE: QUARESMA 2, MOMENTO DE REFLEXÃO

ESPIRITUALIDADE: QUARESMA 2, MOMENTO PRIVILEGIADO DE REFLEXÃO DA VIVÊNCIA DAS VIRTUDES CRISTÃS





Fonte: www.focolare.org

Quaresma: como progredir na virtude?

13 Fevereiro 2013

Neste breve escrito Chiara Lubich nos lembra que a melhor penitência é o amor aos irmãos. Nós o propomos para este período de preparação à Páscoa.

«Para podermos fazer de nossa vida uma “Santa viagem”, e para que tenha a conclusão desejada, A Imitação de Cristo, livro de piedade e de meditação rico de espiritualidade, diz que são necessárias algumas qualidades que requerem todo nosso esforço pessoal, […] como o desejo ardente de progredir na virtude, o amor ao sacrifício, o fervor na penitência, a renúncia de si mesmo e o saber suportar toda e qualquer adversidade…

São qualidades que todos nós devemos possuir. Porém é necessário que nos interroguemos: segundo a nossa espiritualidade, de que modo podemos adquiri-las?

A resposta é clara e segura: nós não somos chamados por Deus a realizar tudo isto através de uma vida monástica e separada do mundo.

Somos chamados a permanecer em meio ao mundo e a chegar a Deus através do irmão, portanto, mediante o amor ao próximo e o amor recíproco. Empenhando-nos em caminhar por esta estrada toda original e evangélica ao mesmo tempo, encontraremos a nossa alma enriquecida por todas estas virtudes. […]

É com o amor que o conseguiremos. Por acaso não está escrito: «Correrei pelos caminhos dos vossos mandamentos, porque sois vós que dilatastes com o amor o meu coração» (Sal 119, 32)? Se, amando o próximo, corremos no cumprimento dos mandamentos de Deus, significa que estamos progredindo.

É necessário o amor ao sacrifício? Amar os outros significa justamente sacrificar a si mesmo para dedicar-se aos irmãos. O amor cristão é sinônimo de sacrifício, mesmo se traz em si grande alegria.

É preciso o fervor da penitência? É através de uma vida de amor que encontraremos a melhor e principal penitência.

É necessária a renúncia a si mesmo? No amor para com os outros está sempre implícita uma renúncia a si mesmo.

É necessário, enfim, saber suportar todas as adversidades? E no mundo, porventura, os sofrimentos não são causados pela convivência com os outros? Devemos saber suportar a todos e amá-los por amor a Jesus Abandonado. Com isto superaremos muitos obstáculos em nossa vida.

Sem dúvida, no amor ao próximo encontraremos o modo excelente para fazer da vida uma   “Santa viagem” […]».

Chiara Lubich, Companheiro de viagem, Cidade Nova, São Paulo 1988, pág. 192-194

(De uma conferência telefônica – Rocca di Papa, 27 de novembro de 1986)

Reproduzido pelo Blog do ADEMIR ROCHA





segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

FOCOLARES: CHIARA LUBICH EM FONTEM NA ÁFRICA

MOVIMENTO DOS FOCOLARES; CHIARA LUBICH EM FONTEM NA ÁFRICA

CHIARA LUBICH: HISTÓRIA DO FOCOLARES EM FONTEM

Fonte: www.focolares.org

 A mim o fizeste. História de Fontem narrada por Chiara Lubich

10 Fevereiro 2013

Em 2013 se celebra os 50 anos do início da difusão da espiritualidade da unidade na África. O primeiro evento foi feito no dia 9 de fevereiro em Fontem, uma aldeia na República dos Camarões onde Chiara mesma, neste discurso, conta a história a um grupo de religiosos.
«Hoje merece um destaque a história de Fontem, na República dos Camarões.   O seu nome poderia ser: “A mim o fizeste”.  A sua história parece uma fábula.
Numa floresta dos Camarões havia um povo que já tinha sido muito numeroso. Quase todo era pagão, mas era um povo muito honrado, moralmente sadio e rico de valores humanos. Era um povo cristão por natureza, poderíamos dizer. Chamava-se Bangwa, mas estava sendo dizimado pelas doenças. 98 porcento das crianças morriam no primeiro ano de vida.
Não sabendo o que fazer, esses africanos, com os poucos cristãos que havia entre eles, se perguntaram: “Mas por que Deus nos abandonou?”. E concluíram: “É porque não rezamos”. Então, todos decidiram de comum acordo: “Rezemos por um ano; quem sabe se Deus não se recordará de nós!”.
Rezaram todos os dias com uma única ideia: “Pedi e vos será dado; batei e vos será aberto”(Mt 7,7). E rezaram por um ano. Terminado o prazo, notaram, porém, que não tinha acontecido nada.
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha, de Abaetetuba/PA

Chiara Lubich, Fontem, 19.1.1969

Sem desanimar, os poucos cristãos disseram ao povo: “Deus não nos atendeu porque não rezamos o bastante. Rezemos mais um ano”. Rezam outro ano, o ano inteiro. Passa o segundo ano e nada. Então se reuniram e disseram: “Por que Deus nos abandonou? Por que as nossas orações não valem diante de Deus. Nós somos maus. Façamos uma coleta de dinheiro para dar ao bispo que fará rezar uma tribo mais digna, a fim de que Deus tenha compaixão de nós”.
O bispo se comoveu. Começou a interessar-se; foi encontrá-los, prometendo um hospital. Passaram-se três anos e nada de hospital. A certa altura chegaram alguns focolarinos médicos. E o povo Bangwa viu nisso a resposta de Deus. Os focolarinos foram chamados “os homens de Deus”.
Eles compreenderam que naquele lugar era inútil falar. Não podiam dizer naquelas circunstâncias: “Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos” (Tg 2, 16). Ali era necessário arregaçar as mangas e trabalhar. Abriram um ambulatório onde faltava tudo.
Também eu fui visitá-los após três anos. Aquela grande multidão reunida numa vasta clareira na frente da casa do rei, o Fon, me pareceu tão unida e tão ansiosa em elevar-se, que me pareceu um povo preparado há muito tempo por Maria para o cristianismo na sua forma mais integral e genuína. Naquela época a região já era irreconhecível. Não só pelas novas estradas e as casas, mas também pelas pessoas.
A obra precedente dos missionários, que podiam visitar a região raramente, já tinha implantado bases muito sólidas. Pequenos núcleos de cristãos já tinham nascido em várias partes, como uma semente à espera de germinar. Mas depois a marcha rumo ao cristianismo assumiu as proporções de uma avalanche. Todos os meses eram centenas os batizados de adultos administrados pelos nossos sacerdotes, ainda que rigorosos na seleção. Um inspetor do governo, que tinha feito uma viagem pela região para visitar as escolas primárias, no fim quis declarar: “Todo o povo está fortemente orientado ao cristianismo, porque viu como os focolarinos o vivem concretamente”.
Devo ressaltar que a evangelização que os focolarinos realizaram naqueles três anos foi quase exclusivamente movida pelo testemunho. Trabalharam muito, aliás, quase só trabalharam, e em condições precárias, por falta de recursos, de preparação dos trabalhadores locais, pelas difíceis vias de acesso e de abastecimento. Nada de reuniões, nada de grandes jornadas nem de discursos públicos. Só conversas particulares em encontros ocasionais. Mesmo assim, aos domingos, o galpão da Igreja se enchia cada vez mais. Junto ao grupo dos cristãos, aumentava o número dos animistas que queriam conhecer o cristianismo. A igreja ficava superlotada, mas a multidão que ficava fora da igreja era muito maior. Milhares de pessoas participavam da missa, muitas centenas comungavam.
A experiência de Fontem foi para nós única. Parecia-nos reviver o desenvolvimento da Igreja primitiva, quando o cristianismo era aceito por todos na sua inteireza, sem limitações e compromissos. E a experiência de Fontem já começou a interessar outras comunidades africanas, como do Guiné, Ruanda, Uganda e Kinshasa no Zaire (1), de modo que Fontem adquiria a função de centro propulsor de uma evangelização característica. Atualmente Fontem é uma localidade grande, com tudo o que é essencial numa cidade. E é também uma paróquia.
Os focolarinos tiveram credibilidade porque fizeram a Jesus o que fizeram ao povo Bangwa, dando antes de tudo o testemunho do amor entre eles e depois para com todo o povo.».
   Chiara Lubich 

Trecho de um discurso de Chiara no Congresso do Movimento dos religiosos – Castelgandolfo, 19 de abril de 1995

1 Atual República Democrática do Congo.

Reproduzido  pelo Blog do Ademir Rocha

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O AMOR DE DEUS SOB DIVERSAS FORMAS NOS SÉCULOS

O AMOR DE DEUS SOB DIVERSAS FORMAS ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Fonte: centrochiaralubich.org

 
Roma, 1957
                                             
Esta visão do desenvolvimento histórico das famílias religiosas mostra, como escreveu Pe. Fabio Ciardi, “um coração católico, aberto, universal, capaz de abranger a Igreja inteira” (*)

Jesus é o Verbo de Deus encarnado.
A Igreja é o Evangelho encarnado; por isso é Esposa de Cristo.
Através dos séculos, vimos florescerem muitíssimas ordens religiosas.
Cada família, ou ordem, é a “encarnação”, por modo de dizer, de uma expressão de Jesus, de uma atitude sua, de um fato da sua vida, de uma dor sua, de uma palavra sua.

Há os franciscanos, que continuam a pregar pelo mundo, até só com a sua existência: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5,3).
Há os dominicanos, que contemplam o Logos, o Verbo, sob o aspecto de Luz, de Verdade, e explicam e defendem a Verdade.
Os monges associaram a contemplação à ação (Maria e Marta). Os carmelitas adoram a Deus no monte Tabor, dispostos a descer para pregar e enfrentar a paixão e a morte. Os missionários põem em prática o preceito: “Ide e pregai a todas as nações…” (cf. Mateus 28,19).
Ordens, congregações e institutos de caridade repetem a ação do bom samaritano.

Santa Teresinha do Menino Jesus e os seguidores da “pequena via” parecem imortalizar a frase: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mateus 18,3).
As freiras de Belém, de Nazaré, de Betânia etc. são expressões concretas de um momento da vida de Jesus; santa Catarina de Sena, do sangue de Cristo; santa Margarida Maria Alacoque, do Coração; os missionários e as adoradoras do preciosíssimo sangue não cessam de meditar sobre o preço da nossa redenção…

Enfim, a Igreja é um grandioso Cristo que se estende pelos séculos.
Como a água se cristaliza em pequenas estrelas na branca neve, assim o Amor assumiu em Jesus a forma por excelência, a beleza das belezas. O Amor assumiu na Igreja diversas formas e são as ordens e as famílias religiosas.
No deslumbrante jardim da Igreja, floresceram e florescem todas as virtudes.
Os fundadores das ordens são aquela virtude transformada em vida e subiram ao Céu transfigurados por tanto amor e tanta dor, como “palavra de Deus”.
Realizaram o desígnio de Deus, e também para eles vale a frase: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão” (Mateus 24,35).

Os santos foram e são uma palavra de Deus proferida para o mundo e, porque identificados com ela, com ela não passarão.

Ora, todas essas ordens, essas espiritualidades nascidas no curso dos tempos, encontram a sua verdadeira essência, o seu princípio, em Jesus, continuamente vivo em sua Igreja pelos séculos.
Ele as unifica com o único espírito, mas cabe aos religiosos permitir que essa harmonia, essa altíssima divina unidade se possa manifestar em toda a plenitude, para que a Esposa de Cristo resplandeça com aquela beleza “sua” única, e testemunhe ao mundo a sua divindade, num raio mais amplo possível.
Para que brilhe nas ordens religiosas a verdadeira espiritualidade para a qual nasceram e na qual têm razão de ser, os seguidores devem enxergar seu fundador como Deus o vê.

Deus vê em são Francisco a ideia da pobreza, que em Deus é Amor; em santa Teresinha, a ideia da “pequenez”, que em Deus é Amor; em santa Catarina, o sangue de Cristo, que em Deus é Amor.
Deus ama cada ordem, pois cada uma lhe lembra seu Filho, a Ideia de si humanada; o Amor “encarnado”.
O Evangelho que Jesus pregou era a boa nova, o Amor anunciado.

Em vinte séculos, esse Amor se concretizou na Igreja a qual, em certo sentido, prossegue a Encarnação, e tem, portanto, Cristo como Cabeça; repete, por assim dizer, a Encarnação, e tem Cristo como Esposo.
Se queremos servir à Igreja, devemos também nós continuar a pregar o Amor, mas principalmente a colocá-lo em prática, fazendo-o circular entre as várias ordens religiosas.
Haverá a ordem que se baseia na mansidão, como há os jesuítas que acentuam a violência evangélica “agere contra”.
Como todos os fundadores agiram de modo diverso, mas impelidos por um único amor, pondo tal amor em prática, haveremos de encontrar os diversos aspectos sobrenaturais desses fundadores, e serão entendidas as suas palavras e as suas regras.
Eles certamente são santos, porque amaram sem se restringir a um detalhe da Igreja, mas a olharam e a amaram em toda a sua amplitude e, se se dedicaram a um detalhe dela, foi porque viram nele um instrumento de Deus para beneficiá-la por inteiro.

Ora, como não podemos ver direito e no conjunto uma cidade, um povoado, uma região, apenas caminhando pelas praças, e pelas vielas, e subindo escadas, mas é preciso enxergá-los do alto como de um avião, do mesmo modo não compreendemos e, portanto, não podemos servir bem à Igreja e os próprios fundadores se não os virmos do alto, como pelo próprio olhar de Jesus ou, para tornar mais simples e mais seguro o conhecimento, pelo olhar do Pai comum, o Vigário de Cristo, que permanece firme no âmago da Esposa de Cristo, longe de todos e ainda assim tão próximo como ninguém. 

O papa é o testemunho da unidade da Igreja e, com a sua figura, revela a presença de Jesus sempre vivo nela, pelos séculos.

(*)Pe. F. Ciardi, omi, é o autor de um volume intitulado Cristo dispiegato nei secoli, Città Nuova, Roma, 1994. A citação se encontra na página 6.
Reproduzido pelo Blog do ADEMIR ROCHA