MOVIMENTO DOS FOCOLARES; CHIARA LUBICH EM FONTEM NA ÁFRICA
CHIARA LUBICH: HISTÓRIA
DO FOCOLARES EM FONTEM
Fonte: www.focolares.org
A mim o fizeste. História de Fontem narrada
por Chiara Lubich
10
Fevereiro 2013
Em 2013
se celebra os 50 anos do início da difusão da espiritualidade da unidade na
África. O primeiro evento foi feito no dia 9 de fevereiro em Fontem, uma aldeia
na República dos Camarões onde Chiara mesma, neste discurso, conta a história a
um grupo de religiosos.
«Hoje merece um destaque a história de Fontem, na República dos Camarões. O
seu nome poderia ser: “A mim o fizeste”. A sua história parece uma
fábula.
Numa floresta dos Camarões havia um povo que já
tinha sido muito numeroso. Quase todo era pagão, mas era um povo muito honrado,
moralmente sadio e rico de valores humanos. Era um povo cristão por natureza,
poderíamos dizer. Chamava-se Bangwa, mas estava sendo dizimado pelas doenças.
98 porcento das crianças morriam no primeiro ano de vida.
Não sabendo o que fazer, esses africanos, com os
poucos cristãos que havia entre eles, se perguntaram: “Mas por que Deus nos
abandonou?”. E concluíram: “É porque não rezamos”. Então, todos decidiram de
comum acordo: “Rezemos por um ano; quem sabe se Deus não se recordará de nós!”.
Rezaram todos os dias com uma única ideia: “Pedi e
vos será dado; batei e vos será aberto”(Mt 7,7). E rezaram por um ano.
Terminado o prazo, notaram, porém, que não tinha acontecido nada.
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha, de
Abaetetuba/PA
Chiara
Lubich, Fontem, 19.1.1969
Sem desanimar, os poucos cristãos disseram ao povo:
“Deus não nos atendeu porque não rezamos o bastante. Rezemos mais um ano”.
Rezam outro ano, o ano inteiro. Passa o segundo ano e nada. Então se reuniram e
disseram: “Por que Deus nos abandonou? Por que as nossas orações não valem
diante de Deus. Nós somos maus. Façamos uma coleta de dinheiro para dar ao
bispo que fará rezar uma tribo mais digna, a fim de que Deus tenha compaixão de
nós”.
O bispo se comoveu. Começou a interessar-se; foi
encontrá-los, prometendo um hospital. Passaram-se três anos e nada de hospital.
A certa altura chegaram alguns focolarinos médicos. E o povo Bangwa viu nisso a
resposta de Deus. Os focolarinos foram chamados “os homens de Deus”.
Eles compreenderam que naquele lugar era inútil
falar. Não podiam dizer naquelas circunstâncias: “Ide em paz, aquecei-vos e
saciai-vos” (Tg 2, 16). Ali era necessário arregaçar as mangas e trabalhar.
Abriram um ambulatório onde faltava tudo.
Também eu fui visitá-los após três anos. Aquela
grande multidão reunida numa vasta clareira na frente da casa do rei, o Fon, me
pareceu tão unida e tão ansiosa em elevar-se, que me pareceu um povo preparado
há muito tempo por Maria para o cristianismo na sua forma mais integral e
genuína. Naquela época a região já era irreconhecível. Não só pelas novas
estradas e as casas, mas também pelas pessoas.
A obra precedente dos missionários, que podiam
visitar a região raramente, já tinha implantado bases muito sólidas. Pequenos
núcleos de cristãos já tinham nascido em várias partes, como uma semente à
espera de germinar. Mas depois a marcha rumo ao cristianismo assumiu as
proporções de uma avalanche. Todos os meses eram centenas os batizados de
adultos administrados pelos nossos sacerdotes, ainda que rigorosos na seleção.
Um inspetor do governo, que tinha feito uma viagem pela região para visitar as
escolas primárias, no fim quis declarar: “Todo o povo está fortemente orientado
ao cristianismo, porque viu como os focolarinos o vivem concretamente”.
Devo ressaltar que a evangelização que os
focolarinos realizaram naqueles três anos foi quase exclusivamente movida pelo
testemunho. Trabalharam muito, aliás, quase só trabalharam, e em condições
precárias, por falta de recursos, de preparação dos trabalhadores locais, pelas
difíceis vias de acesso e de abastecimento. Nada de reuniões, nada de grandes
jornadas nem de discursos públicos. Só conversas particulares em encontros
ocasionais. Mesmo assim, aos domingos, o galpão da Igreja se enchia cada vez
mais. Junto ao grupo dos cristãos, aumentava o número dos animistas que queriam
conhecer o cristianismo. A igreja ficava superlotada, mas a multidão que ficava
fora da igreja era muito maior. Milhares de pessoas participavam da missa,
muitas centenas comungavam.
A experiência de Fontem
foi para nós única. Parecia-nos reviver o desenvolvimento da Igreja primitiva,
quando o cristianismo era aceito por todos na sua inteireza, sem limitações e
compromissos. E a experiência de Fontem já começou a interessar outras
comunidades africanas, como do Guiné, Ruanda, Uganda e Kinshasa no Zaire (1), de modo que Fontem adquiria a função de
centro propulsor de uma evangelização característica. Atualmente Fontem é uma
localidade grande, com tudo o que é essencial numa cidade. E é também uma
paróquia.
Os focolarinos tiveram credibilidade porque fizeram
a Jesus o que fizeram ao povo Bangwa, dando antes de tudo o testemunho do amor
entre eles e depois para com todo o povo.».
Chiara Lubich
Trecho de um discurso de Chiara no Congresso do
Movimento dos religiosos – Castelgandolfo, 19 de abril de 1995
1 Atual República Democrática do Congo.
Reproduzido
pelo Blog do Ademir Rocha
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