Palavra de Vida de Abril 2017
Fonte da foto: Fernando Sette
Palavra de Vida – Abril de 2017
Fonte: www.focolare.org
28 Março 2017
“Fica conosco, pois já é tarde.”
(Lc 24,29)
Foi esse o convite dirigido ao
desconhecido que os dois companheiros de viagem encontraram no caminho que ia
de Jerusalém à localidade de Emaús. Eles “falavam e discutiam” entre eles sobre
o que tinha acontecido dias antes na cidade.
O homem dava a impressão de ser a
única pessoa que não sabia de nada. Por isso os dois, aceitando a sua
companhia, lhe falaram desse “profeta poderoso em palavras e em obras diante de
Deus e dos homens”, em quem eles tinham confiado totalmente. Ele tinha sido
entregue aos romanos pelos chefes dos seus sacerdotes e pelas autoridades
judaicas, sendo depois condenado à morte e crucificado1.
Uma tragédia terrível, cujo sentido eles não eram capazes de entender.
Ao longo do caminho o
desconhecido ajudou os dois a compreender o significado daqueles
acontecimentos, baseando-se na Escritura. E assim reacendeu
no coração deles a esperança. Chegando a Emaús, pediram que ele
ficasse para jantar: “Fica conosco, pois já é tarde”. Enquanto ceavam juntos, o
desconhecido abençoou o pão e o repartiu com eles. Esse gesto fez com que eles
o reconhecessem: o Crucificado, que estava morto, agora estava ali,
ressuscitado! Imediatamente os dois mudaram de programa: voltaram a Jerusalém e
procuraram os outros discípulos para dar-lhes a grande notícia.
Também nós podemos estar desiludidos,
indignados, desencorajados diante de uma trágica sensação de impotência diante
das injustiças que atingem pessoas inocentes e indefesas. Também na nossa vida
não faltam a dor, a incerteza, a escuridão… E como gostaríamos de
transformá-las em paz, esperança, luz, para nós e para os outros.
Queremos encontrar Alguém que nos
compreenda profundamente e ilumine o caminho da vida?
Jesus, o Homem-Deus, aceitou
livremente experimentar, como nós, a escuridão da dor, para ter a certeza de
atingir no mais profundo a situação de cada um de nós. Aceitou a dor física,
mas também a dor interior: desde a traição por parte dos seus amigos até a
sensação de ser abandonado2
por aquele Deus que Ele sempre tinha chamado de Pai. Por causa da sua
confiança inabalável no amor de Deus, superou aquela imensa dor, confiando-se
novamente a Ele3.
E Dele recebeu nova vida.
Ele conduziu também a nós, homens,
por esse mesmo caminho e quer acompanhar-nos: “(…) Ele está presente em tudo
aquilo que tem sabor de dor (…). Procuremos reconhecer Jesus em todas as
angústias, as aflições da vida, em todas as escuridões, as tragédias pessoais e
dos outros, os sofrimentos da humanidade que nos rodeia. São Ele, porque Ele os
tornou seus (…). Bastará fazer algo de concreto para aliviar os ‘seus’
sofrimentos nos pobres (…), para encontrar uma nova plenitude de vida”.4
Uma menina de sete anos conta: “Sofri
muito quando meu pai foi preso. Amei Jesus nele. Assim consegui não chorar
diante dele quando fomos visitá-lo”.
E uma jovem esposa: “Acompanhei meu
marido Roberto nos últimos meses de sua vida, depois de um diagnóstico sem
esperança. Não me afastei dele nem por um instante. Eu via Roberto e via Jesus…
Roberto estava na cruz, realmente na cruz.” O amor mútuo entre eles tornou-se
luz para os seus amigos e eles se envolveram numa competição de solidariedade
que nunca mais se interrompeu; pelo contrário, se estendeu a muitos outros,
dando origem a uma associação de promoção social chamada “Abraço Planetário”.
“A experiência vivida com Roberto”, diz um amigo dele, “nos arrastou com ele
numa verdadeira caminhada rumo a Deus.
Muitas vezes nos perguntamos qual o
significado do sofrimento, da doença, da morte. Creio que todos os que tiveram
a sorte de fazer esse percurso ao lado de Roberto tenham agora a compreensão
bem clara de qual seja a resposta”.
Neste mês todos os cristãos celebram
o mistério da morte e ressurreição de Jesus. É uma ocasião para reacender a
nossa fé no amor de Deus que nos permite transformar a dor em amor; cada
desapego, separação, fracasso e a própria morte podem tornar-se para nós fonte
de luz e de paz. Na certeza de que Deus está perto de cada um de nós em
qualquer situação, queremos repetir confiantes o pedido dos discípulos de
Emaús: “Fica conosco, pois já é tarde”.
Letizia Magri
1 Cf. Lc 24,19ss.
2 Cf. Mt 27,46; Mc 15,34.
3 Cf. Lc 23,46.
4 Cf. Chiara Lubich, Palavra de Vida,
revista Cidade Nova, abril de 1999.
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Fonte da foto: Yahoo
Notícia
“A unidade em caminho”
3 Abril 2017
Jornada ecumênica em
Nieuwkuijk. Participaram líderes das Igrejas e o conferencista Hubertus
Blaumeiser, católico, estudioso da vida de Lutero. Grande entusiasmo da
comunhão em Cristo.
Depois do histórico encontro
da Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica, no dia 3 de outubro passado
em Lund, na Escócia, a comemoração dos 500 anos da Reforma suscita
multíplices iniciativas no mundo inteiro.
O encontro com o tema “A
unidade em caminho” foi realizado no dia 18 de março e foi promovido
pela Associação Católica para o Ecumenismo Athanasios en Willibrord e pelo
Movimento dos Focolares.
A data escolhida foi a durante a
semana do aniversário de morte de Chiara
Lubich da qual é muito conhecido o grande empenho pela unidade dos
cristãos. Para a ocasião reuniram-se na Mariápolis permanente do Focolare em Marienkroon,
Nieuwkuijk (100 km de Amsterdam), 380 pessoas, entre as quais líderes
das principais denominações cristãs. Um povo em caminho, como
evidenciava também o lugar do evento: um toldo branco cobria uma grande sala,
completamente ocupada até os últimos lugares e outra sala da qual se podia
seguir a transmissão do evento. Durante cinco horas, com a pausa para o almoço,
houve uma sequência de reflexões, testemunhos, cantos e manifestações
artísticas. O ápice do encontro foi o momento comum de oração, seguindo o mesmo
estilo daquele acontecido em Lund.
A grande participação, mas,
especialmente, a atmosfera fraterna que havia entre os participantes,
inclusive líderes das Igrejas, fez deste dia uma etapa histórica, como afirmou
o diretor da associação Católica para o Ecumenismo, Geert van Dartel.
Ao mesmo tempo foi uma “festa ecumênica”, como afirmou um dos
participantes.
“A unidade na
diversidade não é algo que nós podemos ‘fabricar’; mas, é um dom de Deus’,
com essas palavras iniciou o conferencista principal do encontro, Hubertus
Blaumeiser, católico, estudioso da vida de Lutero e membro do centro
de estudos interdisciplinares do Focolares, a “Escola Abba”.
Levando em consideração a agenda
ecumênica após o evento de Lund, ele acrescentou, citando Chiara Lubich: “A
partitura está escrita no Céu”. Toca a nós saber ler esta partitura.
E, sendo assim – prosseguiu – desde que, na cruz, Jesus deu a vida por todos,
já nos foi doada a unidade. A nossa parte é corresponder a essa unidade. Assim
se explica o primeiro dos cinco “imperativos ecumênicos” selados em Lund, que
recomenda iniciar sempre pela perspectiva da unidade e não da separação.
Mas como fazer para que esta
unidade se concretize, em meio a situações às vezes difíceis, depois de séculos
de divisão? Seguindo Deus trinitário e seguindo Jesus todos nós somos
chamados a um êxodo – disse Blaumeiser – somos chamados a sair de nós
mesmos e a aprender a “pensar e viver partindo do outro”,
isto é “não só como indivíduo, mas, também, como Comunidade de fé.”
Praticamente o ecumenismo é um trajeto a ser percorrido com Jesus: da morte à
ressureição. “A unidade nasce ali, quando temos a coragem de não fugir
diante das dificuldades, mas, de entrar com Jesus na ferida da separação,
acolhendo-nos uns aos outros também quando isto causa fadiga ou é doloroso.”
A este propósito afirmam os
“imperativos ecumênicos”, deixar-nos transformar pelo encontro com o
outro e, desta forma, buscar a visível unidade e testemunhar juntos a
força do Evangelho. A responder essas perspectivas foi o bispo Van den Hende,
presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Holanda; o Dr. De
Reuver, secretário geral das Igrejas Protestantes dos Países Baixos e Peter
Sleebos, ex-coordenador nacional das Comunidades Pentecostais.
Comentando as orientações expostas nos próprios discursos eles expressaram
ulteriores estímulos e elementos de reflexão, cada um a partir da própria tradição.
No início da tarde,
testemunhos ecumênicos demonstraram praticamente o que Chiara Lubich denominou
“diálogo da vida”. Depois houve um fórum com os conferencistas.
Um dos participantes disse: “Neste
sábado, nós fomos capazes de ‘tocar’, juntos, notas maravilhosas da partitura
que está no Céu.” O pastor René De Reuver, em uma entrevista a um jornal
católico, disse: “Este encontro foi muito especial. Eu experimentei a
presença de Cristo no entusiasmo, na comunhão e na paixão pela união com Ele.
Não anula as diversidades, mas nos faz enriquecer-nos reciprocamente”.
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