Palavra de Vida de Novembro de 2016
Foto acima: Chiara Lubich, de
Horácio Conde Marmion, via
Paulo Celso Nogueira
Fonte abaixo:
www.focolare.org
28 Outubro 2016
“Tudo posso naquele que me dá força.” (Fl 4,13)
Existem momentos em que nos sentimos
contentes, cheios de força e tudo parece fácil e leve. Outras vezes somos
assaltados por dificuldades que deixam nossos dias amargurados, talvez devido
aos nossos pequenos fracassos no amor para com as pessoas que estão ao nosso
lado, ou porque nos sentimos incapazes de partilhar com outros o nosso ideal de
vida. Ou ainda, porque surgem doenças, apertos financeiros, desilusões
familiares, dúvidas e provações interiores, perda de emprego, situações de
conflito, que nos esmagam e parecem não ter saída. O que mais pesa nessas
circunstâncias é o fato de nos sentirmos obrigados a enfrentar sozinhos as provações
da vida, sem o apoio de alguém capaz de nos dar uma ajuda decisiva.
Poucas pessoas viveram com tanta
intensidade alegrias e sofrimentos, sucessos e incompreensões como o apóstolo
Paulo. No entanto, ele soube persistir com coragem na sua missão, sem ceder ao
desânimo. Será que ele era um super-herói? Não! Ele se sentia fraco, frágil,
inadequado. Mas possuía um segredo, que ele confia aos seus amigos da cidade de
Filipos: “Tudo posso naquele que me dá força”. Ele tinha descoberto na sua
própria vida a presença constante de Jesus. Mesmo quando todos o tinham
abandonado, Paulo nunca se sentiu só: Jesus permaneceu junto dele. Era Ele que
lhe dava segurança e o incentivava a seguir adiante, a enfrentar todas as
adversidades. Tinha entrado plenamente na sua vida, tornando-se a sua força.
O segredo de Paulo pode também ser o
nosso segredo. Eu sou capaz de tudo quando reconheço e abraço, até mesmo num
sofrimento, a proximidade misteriosa de Jesus, que de certo modo se identifica
com aquela dor e a toma sobre si. Sou capaz de tudo quando vivo em comunhão de
amor com outros, porque então é Ele que vem estar no nosso meio, conforme
prometeu (cf. Mt 18,20), e o que me sustenta é a força da unidade. Sou
capaz de tudo quando acolho as palavras do Evangelho e as coloco em prática:
elas me fazem vislumbrar o caminho que sou chamado a percorrer dia após dia,
elas ensinam-me a viver, inspiram-me confiança.
Assim terei a força para enfrentar
não somente as minhas provações pessoais, ou as da minha família, mas também as
do mundo ao meu redor. Pode parecer uma ingenuidade, uma utopia, diante da
imensidão dos problemas da sociedade e das nações. No entanto, “tudo” podemos
com a presença do Todo-poderoso; “tudo” e só o bem que Ele, no seu amor
misericordioso, imaginou para mim e para os outros através de mim. E se esse
bem não se realiza de imediato, podemos continuar crendo e esperando no projeto
de amor de Deus, que abraça a eternidade e que necessariamente se realizará.
Basta fazer o trabalho “a dois”, como
ensinava Chiara Lubich:
“Não posso fazer nada naquele caso, nada por aquele ente querido, que corre
risco ou está doente, nada naquela situação intricada… Pois bem, farei o que
Deus quer de mim neste momento: estudar direito, varrer direito, rezar direito,
cuidar direito dos meus filhos… E Deus se ocupará de desemaranhar aquela meada,
de confortar quem sofre e de resolver aquele imprevisto.” É um trabalho feito a
dois em perfeita comunhão, que exige de nós uma grande fé no amor de Deus por
seus filhos e que, pelo nosso modo de agir, dá ao próprio Deus a possibilidade
de confiar em nós. Essa confiança recíproca opera milagres. O que vai acontecer
é que, aonde nós não conseguimos chegar, Outro realmente conseguiu, e fez
muitíssimo melhor do que nós”1.
Fabio Ciardi
1 Chiara Lubich, Ideal e Luz, São
Paulo : Cidade Nova, 2003, pp. 112-113.
Unidade Entre Cristãos
Comemoração dos 500 anos da Reforma,
na Suécia
No dia 31 de outubro, luteranos e católicos proclamaram a necessidade da
unidade, a ser construída por meio de cinco compromissos comuns. E também
trabalhando juntos no serviço e acolhida aos sofredores e pela tutela da
criação.
Talvez pela participação do Papa Francisco e
dos máximos representantes da Federação Luterana mundial. Ou
pelas tocantes expressões da Declaração Comum, lida na catedral de Lund (cidade
de 115 mil habitantes, no sul da Suécia). Ou ainda pela grande participação do
povo.
Fato é que o sucesso do
evento comemorativo do V Centenário da Reforma superou todas as expectativas,
inclusive pelo impacto nos meios de comunicação. «Cristo deseja que sejamos
“um”, para que o mundo possa crer», proclamaram juntos, luteranos e católicos,
convictos de que «o modo de relacionar-nos entre nós incide no nosso testemunho
do Evangelho». O documento dirige um olhar ao futuro e ao quotidiano: sair de
si próprios, da própria comunidade, da própria igreja, para assumir ações
comuns «no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente
dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando qualquer forma de violência».
Um propósito de trabalhar juntos «para acolher quem é estrangeiro, para vir em
ajuda de quem é constrangido a fugir de casa por causa da guerra e da
perseguição, e a defender os direitos dos refugiados e de todos os que buscam
asilo», pela defesa de toda a criação «que sofre a exploração e os efeitos de
uma avidez insaciável». Uma Declaração que torna-se global no apelo final, aos
católicos e luteranos do mundo inteiro, para que «todas as paróquias e
comunidade luteranas e católicas» sejam «corajosas e criativas», esquecendo os
conflitos do passado porque «a unidade entre nós guiará a colaboração e
aprofundará a nossa solidariedade».
A reforma de Lutero na Suécia
foi introduzida por motivos puramente políticos. O rei Gustavo Vasa
tomou o controle da Igreja e somente no ano 2000 aconteceu a separação entre
Estado e Igreja. No passar dos séculos, o luteranismo adquiriu muitas facetas,
que se refletem nas diferentes características nacionais. Mas, para além
da história de cada país, vemos que hoje abre caminho a “Reforma da unidade”
desejada com convicção por ambas as igrejas, luterana e católica. Uma reforma
destinada a tornar-se cultura popular e, portanto, possível. Ela fundamenta-se
em cinco compromissos: 1) Começar sempre da perspectiva da unidade e não do
ponto de vista das divisões; 2) Deixar-se continuamente transformar pelo
encontro com os outros; 3) Buscar uma unidade visível, elaborando juntos passos
concretos; 4) Redescobrir a beleza do Evangelho; 5) Testemunhar juntos a misericórdia
de Deus.
Tais empenhos levam a testemunhar a
beleza de ser cristãos na diversidade, precisamente porque o que nos une é
muito mais do que aquilo que nos divide. É esta a convicção que guiou também a
longa amizade entre os Focolares e os luteranos e a ação de muitos outros
movimentos.
Antje Jackelen, a
primeira mulher arcebispo da Igreja luterana sueca (61 anos, casada, duas
filhas), entrevistada por nós e falando sobre a contribuição dos movimentos,
afirmou que estes «são ecumênicos na sua própria configuração, e por isso com
eles os preconceitos são derrubados». E ainda, que o evento destes dias «é
fruto também de 50 anos de diálogo e do trabalho realizado em comum».
À tarde, na Arena de Malmö,
com 10 mil pessoas presentes, alternaram-se os depoimentos: Pranita (Índia),
Hector Fabio (Colômbia), Marguerite (Burundi), Rose (Sudão do Sul), Antoine
(Síria). Mais do que tantos discursos, eles demonstraram que já existe uma colaboração
entre as igrejas, com ações conjuntas em favor da natureza, pela justiça
social, pelas crianças, em apoio aos pobres, aos lavradores, as vítimas das
guerras.
«Estas histórias – concluiu o
Papa – motivam-nos e dão-nos um novo impulso para trabalhar cada vez
mais unidos. Quando voltarmos às nossas casas levemos conosco o compromisso de
fazer cada dia um gesto de paz e de reconciliação, para ser testemunhas
corajosas e fieis da esperança cristã». Das palavras aos fatos. Para ser
verdadeiros e credíveis.
Fonte fotos acima: Devotos da Imaculada Conceição
Pasquale Foresi: “Maria de Nazaré”
Pasquale
Foresi (1929-2015) teólogo e cofundador do Movimento dos Focolares, nos
fala sobre Maria extraindo luz do mistério de uma mulher que se torna
Mãe de Deus.
«Maria é a criatura que foi preparada para gerar na carne o Verbo, a segunda pessoa da Trindade.
Devemos entender este atributo de Maria em toda a sua extraordinária densidade, que a faz única entre todas as criaturas.
Maria,
sendo Mãe de Jesus, é Mãe da única Pessoa humano-divina do Verbo, a
quem ela doa a natureza humana, e que a Ele se une por meio de uma união
profundíssima e perfeita – “sem divisão” e “sem confusão”, afirma o
Concílio de Calcedônia (cf:DS 302) – com aquela divina.
Maria é
portanto, em sentido próprio e real, Genetriz de Deus (cf. DS 251-252).
Com o seu livre consenso ao plano divino, preparado desde toda a
eternidade, Deus pôde realizar nela grandes coisas: “Faça-se em mim
segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Ao mesmo tempo, Maria, porque
pensada por Deus como aquela que resume em si toda a criação, abriu à
própria criação a possibilidade de gerar Deus.
É assim que, com ela e nela, a liberdade do homem atinge a sua verdade e a sua plenitude.
Portanto, de Maria, a Mulher, nasceu Jesus, o Homem-Deus.
A
partir de então, é preciso reinterpretar trinitariamente o dado bíblico
relativo ao relacionamento ontológico homem-mulher, que é o fundamento
da verdadeira, profunda igualdade e distinção dos dois».
Pasquale Foresi, Luce che si incarna, Città Nuova 2014, pp. 178-179
Blog do Ademir Rocha, de Abaetetuba/PA
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