Este blog é desenvolvido no âmbito do Encontro da Palavra de Vida, Abaetetuba/Pa, que o Movimento dos Focolares promove todos os meses, dando a conhecer e convidando a todos a experimentar a vida do Evangelho que nasceu com Chiara Lubich, fundadora deste Movimento.
Esta
visão do desenvolvimento histórico das famílias religiosas mostra, como
escreveu Pe. Fabio Ciardi, “um coração católico, aberto, universal, capaz de
abranger a Igreja inteira” (*)
Jesus é o Verbo de Deus encarnado.
A Igreja é o Evangelho encarnado; por isso é Esposa de Cristo.
Através dos séculos, vimos florescerem muitíssimas ordens
religiosas.
Cada família, ou ordem, é a
“encarnação”, por modo de dizer, de uma expressão de Jesus, de uma atitude sua,
de um fato da sua vida, de uma dor sua, de uma palavra sua.
Há os franciscanos, que continuam
a pregar pelo mundo, até só com a sua existência: “Bem-aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5,3).
Há os dominicanos, que contemplam o Logos, o Verbo, sob o aspecto de Luz, de
Verdade, e explicam e defendem a Verdade.
Os monges associaram a
contemplação à ação (Maria e Marta). Os carmelitas adoram a Deus no monte
Tabor, dispostos a descer para pregar e enfrentar a paixão e a morte. Os
missionários põem em prática o preceito: “Ide e pregai a todas as nações…” (cf.
Mateus 28,19).
Ordens, congregações e institutos
de caridade repetem a ação do bom samaritano.
Santa Teresinha do Menino Jesus e os seguidores da “pequena via” parecem
imortalizar a frase: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como as
crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mateus 18,3).
As freiras de Belém, de Nazaré,
de Betânia etc. são expressões concretas de um momento da vida de Jesus; santa
Catarina de Sena, do sangue de Cristo; santa Margarida Maria Alacoque, do Coração;
os missionários e as adoradoras do preciosíssimo sangue não cessam de meditar
sobre o preço da nossa redenção…
Enfim, a Igreja é um grandioso
Cristo que se estende pelos séculos.
Como a água se cristaliza em
pequenas estrelas na branca neve, assim o Amor assumiu em Jesus a forma por
excelência, a beleza das belezas. O Amor assumiu na Igreja diversas formas e
são as ordens e as famílias religiosas.
No deslumbrante jardim da Igreja,
floresceram e florescem todas as virtudes.
Os fundadores das ordens são
aquela virtude transformada em vida e subiram ao Céu transfigurados por tanto
amor e tanta dor, como “palavra de Deus”.
Realizaram o desígnio de Deus, e
também para eles vale a frase: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras,
porém, não passarão” (Mateus 24,35).
Os santos foram e são uma palavra
de Deus proferida para o mundo e, porque identificados com ela, com ela não
passarão.
Ora, todas essas ordens, essas
espiritualidades nascidas no curso dos tempos, encontram a sua verdadeira
essência, o seu princípio, em Jesus, continuamente vivo em sua Igreja pelos
séculos.
Ele as unifica com o único espírito, mas cabe aos religiosos permitir que essa
harmonia, essa altíssima divina unidade se possa manifestar em toda a
plenitude, para que a Esposa de Cristo resplandeça com aquela beleza “sua”
única, e testemunhe ao mundo a sua divindade, num raio mais amplo possível.
Para que brilhe nas ordens
religiosas a verdadeira espiritualidade para a qual nasceram e na qual têm
razão de ser, os seguidores devem enxergar seu fundador como Deus o vê.
Deus vê em são Francisco a ideia da pobreza, que em Deus é Amor; em santa
Teresinha, a ideia da “pequenez”, que em Deus é Amor; em santa Catarina, o
sangue de Cristo, que em Deus é Amor.
Deus ama cada ordem, pois cada
uma lhe lembra seu Filho, a Ideia de si humanada; o Amor “encarnado”.
O Evangelho que Jesus pregou era
a boa nova, o Amor anunciado.
Em vinte séculos, esse Amor se
concretizou na Igreja a qual, em certo sentido, prossegue a Encarnação, e tem,
portanto, Cristo como Cabeça; repete, por assim dizer, a Encarnação, e tem
Cristo como Esposo.
Se queremos servir à Igreja,
devemos também nós continuar a pregar o Amor, mas principalmente a colocá-lo em
prática, fazendo-o circular entre as várias ordens religiosas.
Haverá a ordem que se baseia na mansidão, como há os jesuítas que acentuam a
violência evangélica “agere contra”.
Como todos os fundadores agiram
de modo diverso, mas impelidos por um único amor, pondo tal amor em prática,
haveremos de encontrar os diversos aspectos sobrenaturais desses fundadores, e
serão entendidas as suas palavras e as suas regras.
Eles certamente são santos, porque amaram sem se restringir a um detalhe da
Igreja, mas a olharam e a amaram em toda a sua amplitude e, se se dedicaram a
um detalhe dela, foi porque viram nele um instrumento de Deus para beneficiá-la
por inteiro.
Ora, como não podemos ver direito
e no conjunto uma cidade, um povoado, uma região, apenas caminhando pelas
praças, e pelas vielas, e subindo escadas, mas é preciso enxergá-los do alto
como de um avião, do mesmo modo não compreendemos e, portanto, não podemos
servir bem à Igreja e os próprios fundadores se não os virmos do alto, como
pelo próprio olhar de Jesus ou, para tornar mais simples e mais seguro o
conhecimento, pelo olhar do Pai comum, o Vigário de Cristo, que permanece firme
no âmago da Esposa de Cristo, longe de todos e ainda assim tão próximo como
ninguém.
O papa é o testemunho da unidade
da Igreja e, com a sua figura, revela a presença de Jesus sempre vivo nela,
pelos séculos.
(*)Pe. F. Ciardi, omi, é o autor de
um volume intitulado Cristo dispiegato nei secoli, Città Nuova, Roma, 1994. A
citação se encontra na página 6.
“Um só é vosso Mestre e todos vós
sois irmãos.” (Mt 23,8)
Já faz mais de 70 anos que se vive a Palavra de
Vida. Este folheto chega às nossas mãos. Lemos o seu comentário. Mas o que
gostaríamos que permanecesse é a frase proposta, uma palavra da Sagrada
Escritura, muitas vezes uma frase de Jesus. A “Palavra de Vida” não é uma
simples meditação, mas nela é Jesus que nos fala, que nos convida a viver,
levando-nos sempre a amar, a fazer da nossa vida um ato de doação.
Ela é uma “invenção” de Chiara Lubich, que assim nos
descreveu a sua origem: “Eu tinha sede da verdade, por isso queria estudar
filosofia. Ainda mais: como muitos outros jovens, eu buscava a verdade e
acreditava que a encontraria através do estudo. Mas, eis uma das grandes ideias
dos primeiros dias do Movimento, que imediatamente comuniquei às minhas
companheiras: ‘Para que procurar a verdade, quando ela vive encarnada em Jesus,
homem-Deus? Se a verdade nos atrai, deixemos tudo, busquemos Jesus e
sigamo-lo’. E assim fizemos”.
Elas pegaram o Evangelho e começaram a sua leitura,
palavra por palavra. Acharam-no completamente novo. “Cada palavra de Jesus era
um facho de luz incandescente, todo divino! (…) Suas palavras são únicas,
eternas (…), fascinantes, tinham sido escritas de forma divinamente
escultural, (…) eram palavras de vida, que deviam ser traduzidas em
vida, palavras universais no espaço e no tempo”. Descobriram que eram
palavras não estagnadas no passado, não uma simples lembrança, mas palavras que
Ele continuava a dirigir a nós, como a cada homem de qualquer tempo e latitude.1
Mas Jesus é realmente o nosso Mestre?
Vivemos cercados de muitas propostas de vida, de
muitos mestres de pensamento, alguns aberrantes, que induzem até mesmo à
violência; ao passo que outros são corretos e iluminados. E, no entanto, as
palavras de Jesus possuem uma profundidade e uma capacidade de envolver- nos
que outras palavras – sejam elas de filósofos, de políticos, de poetas – não
têm. São “palavras de vida”: podem ser vividas e dão a plenitude da vida,
comunicam a própria vida de Deus.
Todo mês colocamos em relevo uma delas. E assim,
lentamente o Evangelho penetra na nossa mente e nos transforma, fazendo-nos
adquirir o próprio pensamento de Jesus, tornando-nos capazes de responder a
situações as mais diversas. Jesus se torna o nosso Mestre.
Às vezes ela pode ser lida em grupo. Gostaríamos
que fosse o próprio Jesus, o Ressuscitado, que vive em meio àqueles que estão
reunidos em seu nome, que a explicasse a nós, que a atualizasse, que nos
sugerisse como colocá-la em prática.
Mas a grande novidade da “Palavra de Vida” está no
fato de que podemos compartilhar as experiências, as graças que recebemos
quando as vivemos, como explica Chiara referindo-se àquilo que acontecia no
início, e que persiste até hoje: “Sentíamos o dever de comunicar aos outros
tudo o que experimentávamos; tínhamos consciência de que, doando, a
experiência permanecia como edificação para a nossa vida interior, enquanto
que, não doando, lentamente a alma se empobrecia. Portanto, a palavra era
vivida com intensidade durante o dia inteiro e os resultados eram comunicados
não só entre nós, mas também entre as pessoas que se uniam ao primeiro grupo.
(…) Quando a vivíamos, já não era mais eu, ou nós, quem vivia, mas a palavra em
mim, a palavra no grupo. E isto significava revolução cristã, com todas as suas
consequências”.2
É o que pode acontecer hoje também conosco.
Fabio Ciardi
1 Chiara Lubich, Escritos espirituais / 3,
São Paulo : Cidade Nova, 1984, p. 112.
2 Ibid., p. 116.
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Como amar o irmão
Bom dia !
25 de julho de 2016
"COBRIR COM O AMOR AS LIMITAÇÕES DO
OUTRO"
Por mais que alguém seja capaz,
nunca será completamente eficaz, só Deus é perfeito.
Nessa perspectiva, devemos ter
amor suficiente para que as deficiências sejam supridas entre nós.
'Uma mão lava a outra", diz
o provérbio popular que contêm uma grande verdade, pois somos interdependentes.
Todavia, deve ser minha a iniciativa de cobrir com
o meu amor a limitação de quem está ao meu lado. Não para mostrar que sou
melhor, mas para testemunhar que somos um e que juntos somos mais capazes que
sozinhos.
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Abraços,
Apolonio Carvalho Nascimento
Bom dia !
26 de julho de 2016
"FAZER SENTIR O CALOR DE NOSSA PRESENÇA"
Se levamos o amor dentro de nós,
em qualquer lugar onde estivermos a nossa presença transmite calor e cancela o
frio da indiferença aquecendo os corações.
O amor é fogo que aquece o frio
lancinante da dor e o vento gélido da morte, elimina a solidão que esfria os
corações e devolve o calor da vida a quem experimentou o mais extremo abandono.
Se estamos unidos pelo amor Deus está entre nós, e
Ele é fogo que se alastra fazendo nossos corações semelhantes ao seu.
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Bom dia !
27 de julho de 2016
"VALORIZAR OS PEQUENOS GESTOS DE AMOR"
Para Deus tudo tem valor, não
existe pequeno ou grande gesto se a intenção é a mesma, isto é, amar a Deus no
irmão.
Jesus afirma que nem mesmo um
copo de água oferecido por amor a Ele ficará sem recompensa. Não devemos agir
pela recompensa, mas isso demonstra o quanto tem valor os pequenos gestos de
amor.
Não é bom idealizar um momento
glorioso para viver a caridade, devemos vivê-la no dia a dia, momento por
momento, essa é a sua grandeza.
"Quem é fiel nas pequenas coisas, será fiel
também nas grandes." (Lc 16,10)
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Bom dia !
28 de julho de 2016
"VER-NOS NOVOS A CADA MOMENTO"
Todas as vezes que comento essa
frase tenho uma nova compreensão, se penso no modo como Deus nos vê.
Somos cheios de defeitos,
fraquezas e pecados, mas quando nos arrependemos com sinceridade, Deus vê em
nós a própria inocência, de tão imenso é o seu amor misericordioso.
Com esse gesto grandioso Ele quer nos ensinar que
devemos agir da mesma forma entre nós. Devemos ver-nos novos cada momento,
ver-nos com o olhar de Deus.
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Bom dia !
29 de julho de 2016
"FAZER O BEM SEM APARECER"
Traduzindo em provérbio popular:
Fazer o bem sem olhar a quem.
Ou podemos ver o que diz o
Evangelho: "Quando dás esmolas, que a tua mão esquerda não saiba o que faz
a direita." (Mt 6,3)
Em outras palavras, o bem deve
ser gratuito, deve ser fruto de um amor puro sem interesse de nenhuma espécie.
Esse tipo de amor toca profundamente o coração e a
alma das pessoas, e assim, silenciosamente, fazemos nascer e crescer o Reino de
Deus entre nós.
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Bom dia !
31 de julho de 2016
"SER ACOLHEDORES"
Ser acolhedor começa por aceitar
o outro como ele é, colocar-se em seu lugar e entender o que se pode fazer por
ele como se o fizesse para si próprio.
Vai muito mais além de ser
gentil, cortês e educado. Isso é obrigação nossa.
A acolhida deixa o outro à vontade e o leva à comunhão. Ele pode se abrir e
colocar em comum o que traz no coração: suas angústias e dores, suas alegrias e
conquistas, seu saber e suas dúvidas.
A acolhida estimula o amor recíproco, porque o amor
leva o outro a ser também acolhedor.
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Bom dia !
01 de agosto de 2016
"FAZER DE NOSSA VIDA UM DOM"
Todos os dons que recebemos de
Deus devem ser partilhados. Quem acumula para si termina tendo uma alma estéril
que não dá bons frutos ou até mesmo nenhum.
Quem partilha conhece o milagre
da multiplicação, conhece as promessas de Jesus: "Dai e vos será
dado."(Lc 6,38) e "A quem tem será dado ainda mais e terá em
abundância."(Mt 13,12)
São dons espirituais que preenchem a alma, que a
saciam por completo. Depois, podemos ter também bens materiais, mas estes serão
nada diante dos tesouros que teremos no coração.
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Bom dia !
22 de julho de 2016
"COLOCAR EM RELEVO O POSITIVO DO OUTRO"
Existem várias maneiras de
colocar em relevo o positivo das pessoas. A melhor delas é confiar-lhe tarefas
que sabemos que são capazes de cumprir.
Colocar o positivo em relevo não
é simplesmente elogiar qualidades, mas fazê-las frutificar para o bem de todos
e da própria pessoa.
Ver o positivo é também sobrepor
as qualidades aos defeitos, valorizar mais as capacidades do que as
inabilidades e ter confiança.
O amor faz ver e faz ver principalmente o que temos
de positivo.
Abraços,
Apolonio Carvalho Nascimento
Testemunho
Do ateísmo à fé: a experiência de um
pastor da Igreja Reformada
Colaborar para
testemunhar juntos o amor misericordioso de Deus é o antídoto para a
desertificação espiritual, indicado pelo Papa Francisco durante o encontro com
a direção da Comunhão mundial das Igrejas reformadas. A experiência de Martin Hoegger.
“Cristãos em festa” é o
título de um grande encontro ecumênico em Nice (França), onde Martin
Hoegger, pastor reformado suíço, foi convidado a dar o seu testemunho sobre
“Cristo, luz na minha vida”, e sobre como ela o conduziu do ateísmo à fé.
Apresentamos uma síntese do que disse, enquanto que a íntegra
do discurso pode ser lida em francês no seu blog.
«Aos 18 anos de idade me
fazia muitos questionamentos sobre o sentido da vida. Eu me perguntava
que estudos empreender. Era muito preparado em filosofia e literatura, mas o
que eu buscava não era só a sabedoria. Queria também conhecer Deus. Eu me
inscrevi na faculdade de teologia em Lausanne. Sentia-me atraído pelo estudo da
religião e pensava que encontraria o meu caminho na teologia. Mas quanto mais
ia para frente, mais aumentavam os questionamentos. Após 10 meses me tornei
ateu. Um dia entrei numa igreja e escrevi a minha rebelião no ambão: “Deus não
existe!”. Então decidi deixar de estudar, mas os questionamentos persistiam.
Algum tempo depois encontrei um amigo que me convidou para participar de um encontro
em Aix-en-Provence, numa faculdade de teologia protestante. Era lá que Deus me
esperava. Fiquei tocado pela atmosfera de fraternidade que se vivia neste
encontro. À noite, me ajoelhei no meu quarto e uma única palavra saiu da boca:
“perdão”. Fiquei surpreso: a quem tinha dirigido esta palavra? No fundo eu
sabia por que a pronunciara: naquela época eu estava em conflito com muitas
pessoas e machucara muitas delas.
Voltando para casa fui até
elas para pedir “perdão”. Cada vez foi uma nova experiência de luz:
experimentava que Cristo me esperava nos outros, sobretudo nos mais
desfavorecidos.
Em seguida, procurei um contato com
outros cristãos. Até aquele dia eu tinha vivido por minha conta. Agora
descobria a luz de Jesus Ressuscitado que ilumina aqueles que se reúnem no seu
nome.
Compartilho com vocês três
experiências sobre a Palavra, que têm uma forte dimensão ecumênica.
A escola da Palavra:
quando era diretor da Sociedade Bíblica Suíça, entrei em contato com o card.
Martini, na época arcebispo de Milão. Ele reunia milhares de jovens, propondo a
lectio divina. Alguns responsáveis dos jovens das igrejas católica,
reformada e evangélica na Suíça se interessaram por esta experiência. O cardeal
nos encorajou a lançar uma escola ecumênica da Palavra. Experimentamos que nos
colocarmos juntos na escuta de Cristo nos une profundamente.
A Palavra de Vida,
como “luz no meu caminho” (Salmos 119,105). A Palavra
de Vida é publicada pelo Movimento
dos Focolares, com o qual estou em contato a uns vinte anos.
Trata-se de tomar um versículo da Bíblia, meditá-lo e aprofundá-lo durante todo
o mês, mas sobretudo procurar vivê-lo na vida do dia a dia e partilhar os seus
frutos com outros. Nas paróquias em que exerci o meu ministério, propus
vivê-la: renova a paróquia.
A celebração da Palavra na
catedral de Lausanne, no primeiro domingo de cada mês, à noite. A
Comunidade das Igrejas cristãs do cantão de Vaud, convidou as 20 igrejas que
fazem parte dela. Desde 2004, mais de 100 celebrações nos reuniram neste local.
São uma bela aprendizagem ecumênica em que descobrimos as nossas diversidades e
nos alegramos com elas. Encoraja-nos a não ter medo do que é diferente e a dar
graças pelos dons concedidos aos outros, que não deixam de nos enriquecer. Esta
iniciativa é preciosa para nos ajudar como cristãos a caminhar juntos rumo à
unidade. Encontrarmo-nos juntos na presença de Deus, na escuta da sua Palavra,
é já antecipar uma plena comunhão. Através da oração, o Espírito Santo já nos
une. Eis porque Cristo é luz na minha vida».
Espiritualidade
Chiara Lubich: A unidade, um sonho
divino
10 Julho 2016
Em 1961 Chiara escreveu este texto, movida pelo desejo de
ver refletida na terra a lei do Céu. Uma utopia?
Foto: Nitin Dhumal
«Unidade: palavra divina.
Se, a um dado momento, ela fosse pronunciada pelo Onipotente, e os homens a
pusessem em prática nas suas mais variadas aplicações, veríamos o mundo de
repente parar em sua andança geral, como em uma brincadeira de filme, e retomar
a corrida da vida na direção oposta. Inúmeras pessoas retrocederiam no caminho
largo da perdição e se converteriam a Deus, entrando pelo estreito… Veríamos
famílias desmembradas por discórdias, arrefecidas pelas incompreensões, pelo
ódio, cadaverizadas pelos divórcios, se recomporem. As crianças nascerem em um
clima de amor humano e divino, e se forjarem homens novos para um amanhã mais
cristão.
As fábricas, ajuntamentos
muitas vezes de “escravos” do trabalho, em um clima de tédio, se não
de blasfêmia, tornarem-se um lugar de paz, onde cada um faz a sua parte para o
bem de todos. As escolas ultrapassarem a breve ciência, colocando conhecimentos
de toda espécie a serviço das contemplações eternas, aprendidas nos bancos
escolares como em um desvendar-se cotidiano de mistérios, intuídos a partir de
pequenas fórmulas, de simples leis, até mesmo dos números…
Os Parlamentos se
transformarem em um lugar de encontro de homens a quem interessa mais
o bem de todos do que a parte que cada um defende, sem enganar irmãos ou
pátrias.
Em suma, veríamos o mundo
tornar-se melhor e o Céu descer como por encanto sobre a terra e a
harmonia da criação servir de moldura à concórdia dos corações.
Veríamos…
É um sonho! Parece um sonho!
Contudo, Tu não pediste menos
quando rezaste: “Seja feita a tua vontade na terra como no Céu”».
Fonte: Unidade: palavra divina, Ideal
e Luz, Editora Brasiliense/Cidade Nova, São Paulo, 2003, p.141.
Originariamente publicado em Frammenti, Chiara Lubich, Città Nuova,
Roma (1963) 1992, pp.53-54
Notícia
Grande e Santo Sínodo da Igreja
Ortodoxa
6
Julho 2016
Concluiu-se, com uma
encíclica e uma mensagem final “ao povo ortodoxo e a todos os homens de boa
vontade”, o Sínodo Pan-Ortodoxo (Creta, 18 -26 de junho)
Enormes expectativas pairavam
sobre este encontro, em preparativos desde 1961 (desde quando
reuniu-se a primeira conferência pan-ortodoxa, convocada pelo patriarca
Atenágoras). Já o título é muito significativo: “Chamou-os todos à
unidade”, do hino de Pentecostes no rito bizantino. As várias igrejas
ortodoxas, com efeito, compartilhavam o desejo de encaminhar-se rumo a uma
realidade sinodal, de partilha, mais explícita, e reafirmar a unidade da Igreja
ortodoxa, impulsionadas inclusive pela necessidade de confrontar-se sobre os
novos desafios do milênio.
Esta reunião assinala a
passagem de novas aberturas no ecumenismo e no diálogo inter-religioso,
às descobertas científicas e tecnológicas; concentra energias para a questão
ecológica e para o drama das migrações e dos cristãos perseguidos no Oriente
Médio; abre “horizontes sobre o atual mundo multiforme”.
Convocado, com decisão
sinodal tomada por unanimidade pelos chefes das 14 Igreja Ortodoxas,
durante a reunião deles em Chambesy, em janeiro passado, desde o início foi
marcado por um grande sofrimento: a ausência física de quatro das 14 igrejas. A
Igreja ortodoxa russa ainda não se manifestou a respeito, e espera pela reunião
do Sacro Sínodo, no mês de julho, para fazer uma avaliação sobre o evento.
Estiveram presentes no Sínodo
15 observadores, delegados de várias Igrejas cristãs, que puderam
participar da sessão inaugural e conclusiva do Concílio. Os cristãos não
ortodoxos do mundo inteiro acompanharam com a oração este importante evento da
Igreja ortodoxa: «Rezemos todos, também pelo Concílio Pan-Ortodoxo, eu o confio
a vocês como se fosse o Concílio da minha Igreja, porque é a minha Igreja neste
momento», disse Maria Voce a um grupo de focolarinos de diferentes Igrejas
reunidos em Rocca di Papa, no final de maio.
De várias partes, o que mais
se evidencia não é tanto o aspecto das deliberações finais, dos seis
documentos assinados pelos patriarcas (sobre a missão no mundo contemporâneo,
sobre a importância do jejum, sobre a relação da Igreja Ortodoxa com o resto do
mundo cristão, sobre o matrimônio, sobre a diáspora Ortodoxa e sobre a
autonomia das Igrejas), mas, principalmente, a própria essência do
Sínodo, o fato que tenha se realizado e que esta ocasião de encontro
finalmente tenha se concretizado. Na perspectiva de que esse Sínodo não seja um
evento isolado, mas possa repetir-se como práxis no caminho da igreja.
Em seu retorno da Armênia,
respondendo a um jornalista que perguntava sua opinião sobre o sínodo
Pan-Ortodoxo, apenas concluído, o Papa Francisco respondeu: «Uma
opinião positiva! Foi dado um passo avante, não com os cem por cento,
mas um passo avante. Os motivos que justificaram, entre aspas [as ausências]
são sinceras para eles, são coisas que podem ser resolvidas, com o tempo». «Só
o fato de que estas Igrejas autocéfalas se tenham reunido, em nome da
Ortodoxia, (…) é muito positivo. Eu agradeço ao Senhor. No próximo serão mais.
Bendito seja o Senhor!». E falando à delegação ortodoxa presente para a
festividade de São Pedro e São Paulo, Francisco citou o Concílio Pan-Ortodoxo,
para augurar «abundantes frutos pelo bem da Igreja».
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Busquem a plenitude da alegria
23 Julho 2016
Foi o convite que
Chiara Lubich dirigiu aos milhares de jovens reunidos em Roma, para o Genfest
1995. Um anseio que, ainda hoje, os chama, do mundo inteiro, para a Jornada
Mundial da Juventude, sob a marca da misericórdia.
Ao jovem filipino que lhe perguntou:
“Do fundo do coração, o que você gostaria de dizer a todos nós que estamos
aqui, no Genfest, e aos jovens do mundo que nos acompanham pela televisão?”,
Chiara respondeu:
«Eu lhes repito o que Santa Catarina
de Sena, uma grande santa, uma mulher extraordinária, disse aos seus
discípulos: “Não se contentem com as pequenas coisas, porque Ele, Deus,
as quer grandes!”.
É o que digo a vocês: Gen, jovens,
não se contentem com as migalhas. Vocês têm uma única vida, tenham grandes
aspirações. Não se satisfaçam com as pequenas alegrias, procurem as grandes,
busquem a plenitude da alegria.
E vocês me perguntarão: “Mas onde a
encontramos?”. Pois bem, termino o meu discurso com vocês falando mais uma vez
de Jesus. Jesus disse que quem vive a unidade terá a plenitude da alegria.
Portanto a herança de vocês, se viverem este Ideal, será a plenitude da
alegria. Estes são os últimos votos que faço e a última palavra que lhes digo».
Roma, Palaeur, Genfest, 20 de maio de
199
Fonte: Cercate la pienezza
della gioia. 50 risposte ai giovani, Città Nuova 2012