ESTUÁRIO 2 - ABAETETUBA 1 E REGIÃO DO BAIXO
TOCANTINS NO CONTEXTO DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO ATRAVÉS DOS TEMPOS
- Datas de referências históricas
- Indústrias manufatureiras, engenhos, usinas
- Alguns dados históricos sobre os engenhos
- Açúcar: localidades produtoras, engenhos centrais, fim co Ciclo do Açúcar, decadência da produção de açúcar
- Cachaça: no Comércio de Regatão
- Açúcar: proibição de fabricação no período da Indústria Canavieira do Pará
- Engenhos: alguns aspectos, decadência da Indústria Canavieira
- Indústria Oleira: telhas, tijolos e o artesanato de barro, tipos de utensílios de barro e seus usos
- Carpintaria Naval ligada ao Comércio de Regatão
- Frutas do Estuário Amazônico: coletas, beneficiamentos
- Flores e plantas medicinais
- Indústria do palmito de açaí
- Caça e pesca no Estuário Amazônico: animais, peixes e aspectos da pesca, localidades pesqueiras, tipos de peixes
- Peles, couros e carnes de animais do Estuário Tocantino
- Óleos, leites, resinas, azeites, maiores exportadores de sementes oleaginosas, tipos de sementes
- Fibras, cipós, ouriços, cuias, talas, palhas e seus utensílios
- Produtos minerais e pedras preciosas
- Essências e perfumes
- As peles dos animais e caçadas
- Pecuária no Estuário Amazônico: gado vaccum e os maiores produtores
- Açaizeiro e miritizeiro
- Navegação no Estuário Amazônico e Amazônia: tipos de navegação, subvenções e subsídios à navegação, portos estrangeiros, companhias de navegação, linhas de navegação
- Coletorias na Província do Pará
- Produtos das importações para a Província do Pará
Abaetetuba é uma das muitas cidades ribeirinhas do chamado
'Estuário Amazônico'. Fotos abaixo
Datas de Referências Para o Entendimento das Diversas Fases que Serão Citadas nos Textos Abaixo:
Estas postagens são frutos de
pesquisas várias em textos novos e antigos, com poucas opiniões do autor do
Blog do ADEMIR ROCHA, com nomes e itens que já podem se encontrar defasados,
mas importantes para o bom entendimento dos variados assuntos das diversas
postagens sobre o Estuário Amazônico. Os respectivos itens serão acrescidos de
outras informações de acordo com as nossas pesquisas.
Resgatar a história-memória de pessoas, cidades, regiões, fatos
históricos e cultura seria um trabalho sem consistência se não existissem
as datas, e estas como elementos importantes
para levar os leitores a se situar melhor no contexto
sócio-histórico-cultural e financeiro do passado, daí a preocupação do autor do
Blog na citação de datas e fatos, que procuram identificar melhor as pessoas,
os vultos, os personagens, as localidades, os municípios e regiões e muitos
eventos dessa história-memória que envolve direta ou indiretamente Abaetetuba e
sua Região do Baixo Tocantins. As datas são importantes para nos situar no
passado e assim darmos valor àquilo que já tivemos, o que temos nos presente e
o que podemos almejar para o futuro de nosso município e Região. Uma localidade
sem sua memória é uma localidade sem história.
1.
Período
Colonial:
·
Dos Capitães-Mores: 1615 a 1753
·
Dos Governadores: 1753 a 1820.
Foi no tempo dos capitães-mores e dos governadores do então Grão-Pará
que surgiu a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará e as primeiras
povoações, entre estes o Povoado de Nossa S. da Conceição de Abaeté e os
primeiros engenhos de cana de açúcar que surgiram nas terras do Baixo
Tocantins, Marajó, Zonas do Capim, Guamá, Acará, Moju e outras regiões do
antigo Pará.
2.
Período
Provincial ou da Província do Grão-Pará, com os Presidentes da Província: 1821
a 1889 (até a Proclamação da República).
Foi a partir do início do período provincial que a indústria canavieira
tomou novo impulso que resultou na instalação de dezenas de engenhos em
Abaetetuba e Igarapé-Miri, agora não mais para a produção de açúcar e sim da
produção da aguardente de cana ou cachaça, esta, junto com outros produtos,
levadas aos mais longínquos lugares do Estuário Amazônico e outras regiões
amazôniocas, através do importante Comércio de Regatão do Baixo Tocantins.
3.
Período
Republicano: 16/11/1889 a 2007.
· A Era
Republicana, pelo Movimento Republicano decreta o fim do império em 1889.
República Velha ou República das Oligarquias: 1889 a 1930, com a
Revolução de 1930, de Getúlio Vargas.
No início do Período Republicano a Indústria Canavieira estava em pleno
auge e Abaeté e Igarapé-Miri/PA começaram a ganhar projeção no cenário
econômico do Baixo Tocantins, onde Cametá/PA já desfrutava de renome pelo seu
passado histórico-econômico glorioso, este
vindo desde os tempos dos governadores-mores.
Independência do
Brasil da Coroa Portuguesa: 1822, através de D. Pedro I.
No período colonial do Pará, os engenhos eram obrigados a produzir
açúcar para abastecer os mercados da Capital, Belém e com grande parte da
produção sendo exportada para Portugal. Nesse período, pela obrigatoriedade da
produção de açúcar, os engenhos foram proibidos de produzir cachaça por vários
motivos, sendo o motivo principal a produção de açúcar para suprir as
necessidades da Coroa Portuguesa e a cachaça praticamente era produzida clandestinamente
no tempo do Brasil-Colônia. Somente com a independência do Brasil a produção de
cachaça se tornou comum nos engenhos e o mais importante produto do Comércio de
Regatão do Baixo Tocantins.
·
Fim da
escravidão negra no Brasil: 13/5/1888, instituída pela Lei Áurea, decretada
pela princesa Isabel.
Antes do fim definitivo da escravidão negra no Brasil e, em consequência
no Pará, os engenhos de cana-de-açúcar utilizavam uma grande quantidade de
braços escravos de indígenas e escravos africanos nas pesadas tarefas da
indústria canavieira e em outros roçados e serviços, e os donos de engenhos
sentiram o forte impacto que o fim da escravidão negra ocasionou pela falta de
braços nos roçados de cana, das outras culturas e demais serviços. Os donos de
engenho do Baixo Tocantins conseguiram adaptar o sistema patriarcal da tutela
em relação aos trabalhadores dos engenhos e de suas famílias e a produção de
cachaça seguiu o seu curso no Baixo Tocantins, sendo esse produto e outros
recursos do Estuário Amazônico os usados no Comércio de Regatão do Baixo
Tocantins.
·
Diocese
do Pará: 4/3/1719, criada com o desmembramento da então Diocese do Maranhão.
Abaetetuba e Igarapé-Miri fizeram parte, por muitos anos, do Bispado e,
posteriormente, da Arquidiocese do Pará, quando Igreja e Estado constituíam um
só ente político-social e a Catequese e Civilização dos Indígenas e o Culto
Divino ou Culto Público faziam parte da política de colonização do Grão-Pará
através das Missões Religiosas que se encarregavam de catequizar os nativos do
Grão-Pará e, com isso, de fundar centenas de freguesias, lugares, sistema que avançou para o período provincial
e das primeiras décadas do Regime Republicano. Foi sob o importante trabalho
das missões e catequese dos padres missionários de várias ordens religiosas que
Belém e as primeiras cidades do Estuário Amazônico surgiram no cenário desse
grande Estuário, inclusive as antigas Freguesias de Sant’Ana de Igarapé-Miry
e Nossa Senhora da Conceição de Abaeté e
demais freguesias do Baixo Tocantins, que somente nos anos de 1960 saíram da
dependência da gigantesca Área Eclesiástica da
Arquidiocese de Belém. Abaetetuba e Igarapé-Miri ficaram atreladas
à Arquidiocese de Belém ou Sé Metropolitana até 25/11/1961, no caso de
Abaetetuba e a Paróquia de Igarapé-Miri passou a fazer parte da Prelazia da
vizinha cidade de Cametá. Para Abaetetuba foi importante a criação da Prelazia
de Abaeté do Tocantins, em 1961, pois foi a partir daí que os municípios da
região da Prelazia começaram a receber os importantes serviços das Obras
Sociais da Igreja Católica, com a instalação de escolas, hospitais, centros
sociais e criação das Comunidades Eclesiais de Base que serviram na visão de
uma sociedade mais justa, fraterna e solidária e um olhar político menos
atrelado aos interesses de pessoas e grupos dominantes. Foi através do trabalho
da Igreja que Abaetetuba muito avançou no seu desenvolvimento sócio-político
e educacional através das Obras Sociais
da então Prelazia de Abaeté do Tocantins e hoje Diocese de Abaetetuba.
·
Períodos
de Povoado, Freguesia, Vila e Cidade:
Esses períodos são marco importante da história-memória das localidades
do Pará, nos aspectos econômicos, financeiros, políticos, sociais, geográficos
e demográficos.
·
Igarapé-Miri:
A partir de 1710, Povoação de Sant’Anna de Igarapé-Miri se estendeu até
a condição de Freguesia de Sant’Anna de Igarapé-Miri em 29/12/1754, dada pelo
D. Frei Miguel de Bulhões e pela Lei Nº 113, de 16/10/1843 torna-se Vila de
Igarapé-Miri, que compreende a freguesia de mesmo nome e as freguesias de
Abaeté e Cairary, tendo a sua instalação e 1ª Câmara Municipal somente em
26/7/1845 (1845 a 1849) e a Comarca de Igarapé-Miry foi criada pelo Decreto nº
6.992 de 14/8/1878, composta de 3 municípios: Igarapé-Miry, Abaeté e Moju e 5
freguesias: Sant’Anna de Igarapé-Miry, Nossa Senhora da Conceição de Abaeté,
São Miguel de Beja, Divino Espírito Santo do Moju e Nossa Senhora da Soledade
de Cairary. E, pela Lei Nº 438, de 23/5/1896, a Villa de Igarapé-Miry é elevada
à condição de Cidade de Igarapé-Miri.
·
Abaetetuba:
Povoação de Nossa Senhora da Conceição de Abaeté em 8/12/1724 se
estendeu até 1750, quando se torna Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de
Abaeté e em se torna Villa de Abaeté pela Lei nº 973 de 23/3/1880, que também
criava a Câmara de Vereadores e a instalação da Cidade de Abaeté em 15/8/1895 e
até os dias atuais, quando se torna o importante polo comercial e educacional
do Baixo Tocantins.
·
1ª
Câmara de Vereadores:
Eram as Câmaras de Vereadores, antes da adoção do Conselho de Intendência,
que faziam a administração das vilas ou cidades da Província do Pará. Todas as
demandas e questões políticas eram tarefas das antigas Câmaras de Vereadores
dos municípios até o surgimento dos Conselhos de Intendência, que substituíram
o sistema anterior das Câmaras de Vereadores. Abaeté só chegou a ter Câmara de
Vereadores a partir de sua elevação à condição de Vila de Abaeté em 1880 até o
ano 1889, com a Proclamação da República.
·
Igarapé-Miri
já era município desde 1845 com a 1ª Câmara criada em 1845 a 1849.
·
Abaetetuba,
com 1ª Câmara criada em 7/1/1881 até 1884; 2ª Câmara até 1884 1887; 3ª Câmara:
1887 a 1889.
·
O
ESTUÁRIO AMAZÔNICO:
Para falar do Estuário Amazônico, precisamos saber do que se trata e dos
impactos e recursos que proporciona às diversas comunidades tradicionais que
dele fazem parte como populações ribeirinhas, descendentes dos nativos do
lugar, mescladas aos grupos dos negros escravos vindos da África e com os
brancos de origem européia, e também precisamos entender a linguagem que
usaremos nestas postagens, no tocante à geografia deltaica estuarina, como
também precisamos saber algumas palavras e termos usados na hidrografia, na
Geologia e na Geografia e outros importantes aspectos da complexidade de um
Estuário.
INDÚSTRIAS
MANUFATUREIRAS, USINAS E ENGENHOS:
·
Os Engenhos no Estuário Amazônico e,
especificamente, os do Baixo Tocantins, Marajó e Demais Áreas Estuarinas:
Os Antigos
Engenhos de Açúcar, Antes da Indústria da Cachaça:
·
O Açúcar:
O açúcar foi um produto que se
tornou a base se sustentação da economia Pará, já a partir do século 16 e às
margens dos rios Guamá, Capim, Acará, Moju e Igarapé-Miri e Marajó, além de
outros pela Zona Bragantina, que eram regiões propícias para a cultura da
cana-de-açúcar, a partir do início da colonização do Pará. No início, a
produção dos engenhos às margens desses rios se destinava à produção de açúcar
para abastecer a Capital, Belém e para exportação para Portugal.
Entre 1764-1769, é citada a plantação de cana no Vale do Xingu nas antigas localidades administradas pelos padres missionários: Boa Vista, localidade de Gurupá.
Entre 1764-1769, é citada a plantação de cana no Vale do Xingu nas antigas localidades administradas pelos padres missionários: Boa Vista, localidade de Gurupá.
Com o fim do Ciclo dos grandes
engenhos para fabricar açúcar no Grão-Pará, no século 19, Igarapé-Miri, Abaeté e alguns locais da Ilha
do Marajó, os donos de engenhos descobriram que produzir açúcar não era uma
atividade viável e produzir cachaça era bem mais lucrativo. Assim o número de
engenhos para produzir cachaça e também açúcar (moreno ou o cristal) crescia
sempre mais nos municípios nessas localidades do Estuário Tocantino,
especialmente em Igarapé-Miri e Abaetetuba.
·
Alguns Dados Históricos Extraídos de Documentos
da Época dos Governadores da Era Provincial do Pará e de Pesquisadores Paraenses
Sobre Os Engenhos, a Cachaça e o Comércio de Regatão:
O ciclo da cana-de-açúcar no Pará (séculos 16 a 17) se mostrou bastante
forte em algumas localidades, especialmente nas terras banhadas pelos rios
Guamá, Acará, Moju, Capim, Igarapé-Miri e outras localidades dos períodos
Colonial e Provincial do Pará. Nesse ciclo da cana doce a produção de açúcar no
Ciclo do Açúcar, no Baixo Tocantins e, Igarapé-Miri, já aparece no
rol das localidades que possuíam grandes engenhos para a produção de açúcar nas
décadas finais do século 18 e décadas iniciais do século 19, quando termina o
período colonial do Pará (que vai de 1615 a 1820). Abaetetuba só tem destaque
na chamada Fase da Indústria Canavieira, onde o destaque da produção era a
cachaça ou aguardente de cana.
Nos anos finais do século 18 e anos iniciais do século 19, os membros da
Família Correa de Miranda e outras famílias de Abaetetuba e Igarapé-Miri já são
citados como donos de engenhos na produção de açúcar para abastecer a Capital
(Santa Maria de Belém do Pará) e, principalmente, na exportação para Portugal,
nação do qual o Brasil fazia parte como colônia da Coroa Portuguesa. Membros da
família Correa de Miranda e de outras antigas famílias de Igarapé-Miri possuíam
engenhos de cana-de-açúcar na então Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de
Abaeté, devido a proximidade desses dois municípios e dos interesses
econômicos, que praticamente eram os mesmos e vindos desde as décadas finais do
século 18.
Nos anos finais do século 19 e início do século 20 a indústria
canavieira e os produtos do extrativismo animal e vegetal ainda apareciam na
produção econômica de Igarapé-Miri e Abaetetuba, mesmo que o ciclo açucareiro
no Grão-Pará já estivesse em pleno declínio, conforme atesta a história dos
grandes engenhos de açúcar citados às margens dos rios Acará, Guamá, Capim,
Moju, Igarapé-Miri e outros rios, deles hoje só restando a história e algumas
ruínas.
Localidades maiores produtoras de açúcares
diversos na Província do Pará no período fiscal de 1863-1864:
·
Guamá,
com 7.218 arrobas
·
Acará,
com 3.412 arrobas
·
Capim,
com 433 arrobas
·
Moju,
com 1.967 arrobas
·
Vigia,
com 4.876 arrobas
·
Barcarena,
com 8.735 arrobas
Esses centros remanescentes e produtores de açúcar vieram do antigo
Ciclo do Açúcar no Pará, com os grandes engenhos das margens dos rios Capim,
Moju, Gaumá, Acará, Barcarena, do Salgado e Zona Bragantina.
Açúcar bruto, citado em 1863-1864
·
Uma
citação de 1867:
A cultura da cana vai se tornando importante pela considerável produção
e extração da aguardente, que vem despertando o interesse dos produtores e
quanto ao açúcar, ainda existe uma pequena produção que não atende ao mercado
consumidor local, obrigando a Provínica a fazer uma grande importação desse
produto de outras regiões do Brasil.
Tabela com a produção de açúcar entre os
períodos de 1877 até 1924:
·
1877
sem produção de açúcar nesse período fiscal, mas em Abaeté e Igarapé-Miri já
existiam engenhos para a produção de açúcar.
·
1878
com a produção de 999.714 quilos de açúcar
·
1879
com 1.313.390 quilos, período que representa o aumento da produção de açúcar
acima dos mil quilos, com 1.130.112 quilos em 1882 e daí a produção vai caindo
ou oscilando sua produção até a parada de produção em 1899.
·
1898
com 2.233 quilos de açúcar e esse período representa o último em que há
produção de açúcar no já Estado do Pará que fica sem produção de 1889 até 1917.
·
1882
com 1.130.112 quilos
·
1887
com 215.939 quilos
·
1897
com 692 quilos
·
1898
com 599 quilos
·
1899
com 2.233 quilos de açúcar e a partir daí a produção ficou zerada deo período
fiscal de 1899 até 1918 em plena Era Republicana.
·
1907
sem produção de açúcar, período em que a produção do açúcar foi substituída
pela de cachaça pela Indústria canavieira do Baixo Tocantins. Existia uma
irrisória produção de açúcar nos engenhos de Abaeté e Igarapé-Miri.
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1918
sem produção de açúcar
·
1918
retomada da produção de açúcar com a produção de irrisórios 43.630 quilos de
açúcar
·
1920
com 230.101 quilos
·
1921
com 557.023 quilos
·
1923
com a produção de 367.708 quilos o que representa um decréscimo na produção
·
1924
com 471.471 quilos
O açúcar tem sua maior produção nos tempos passados do Período
Provincial do Pará com a maior produção em 1881 com 1.375 toneladas. Daí em
diante a produção do açúcar começa a decrescer acentuadamente até o seu
desaparecimento depois de 1898. A produção do açúcar, como do algodão e do
arroz diminuiu drasticamente, em detrimento do aumento da produção de borracha
que se desenvolvia a pleno vapor. Foi somente a partir de 1918 que a produção
do açúcar reapareceu, porém jamais passando de 600 toneladas, muito longe da
produção dos tempos mais antigos de 1878 a 1884. A explicação para a pequena
produção do açúcar na Era Republicana do Pará é que sua produção foi
substituída pela produção de cachaça que era muito mais lucrativa para os donos
de engenhos e pela concorrência do açúcar provindo de outros estados
brasileiros que era de melhor qualidade.
Em 1873 a Província do Pará já
importava o açúcar de outras províncias brasileiras.
Os Engenhos Centrais na Província do Pará:
Em 1883, com a grande decadência da produção de açúcar na Província do
Pará o governo cogitou de estabelecer contratos com firmas interessadas para a
implantação de 7 engenhos centrais na Província e tendo como finalidade
principal a produção de açúcar. Esses engenhos seriam implantados nas seguintes
localidades:
·
Capital
·
Abaeté
·
Igarapé-Miry
·
Moju
·
Baião
·
Santarém
e mais outra localidade
As propostas para a implantação de alguns desses engenhos centrais foram
apresentados ao Presidente da Província mas não saíram do campo das boas
intenções e o fim da produção do açúcar no Pará era apenas uma questão de
tempo, haja vista a decadência que essa indústria se encontrava no início da
Era Republicana no Pará.
·
O Fim
do Ciclo Açucareiro no Pará, o Advento do Ciclo da Cachaça no Baixo Tocantins e
o Declínio dos Engenhos:
Após o declínio do ciclo açucareiro no Pará, os engenhos de
cana-de-açúcar de Igarapé-Miri e Abaetetuba continuaram suas atividades na
produção de açúcar e cachaça. Porém a fabricação do açúcar no Pará já fora proibido
pelo governo central do Brasil na 1ª metade do século 20 e aqui se inicia a 2ª
Fase dos engenhos no Baixo Tocantins, indústria que se desenvolve fora das
estatísticas oficiais e que foi impulsionada pelo Comércio de Regatão do Baixo
Tocantins que se encarregou de levar a cachaça de Abaetetuba e Igarapé-Miri
para outras áreas da Amazônia pelas vias do Estuário Amazônico.
Porém, antes mesmo dessa proibição, a indústria canavieira tinha se
diversificado, produzindo, além da cota mínima de açúcar, uma maior quantidade
de aguardente de cana (cachaça), o mel de cana (melaço), a rapadura e outros
produtos advindos da cana verde. Ressalte-se o fato de que os engenhos do Baixo
Tocantins começaram a sentir que a cachaça já vinha tendo grande aceitação em
todas as camadas da sociedade, especialmente entre os seringueiros, os negros
escravos, os indígenas e seus descendentes miscigenados, das populações
ribeirinhas do Pará, Amazonas, Macapá e Acre e até da elite dos grandes
centros, que também consumiam largamente a cachaça produzida principalmente em
Igarapé-Miri e Abaetetuba, fazendo com que o seu consumo aumentasse
consideravelmente nas primeiras décadas do século 20 e até sua 1ª metade e, em
consequência aconteceu o aumento dos canaviais e da quantidade dos engenhos. E
foi nesse contexto que a produção da cachaça do Baixo Tocantins começou a
alcançar as outras regiões do Pará, como as populações ribeirinhas do Rio
Amazonas e seus afluentes, através das embarcações do comércio de regatão.
·
Cachaça,
o Principal Produto do Comércio de Regatão do Baixo Tocantins:
Pela imensidão do território da Província do Pará e pela presença de
centenas de vias navegáveis, o comércio de regatão começou a ser praticado no
período colonial do Pará e se estendeu para o período provincial, em comércio
praticado através de botes, batelões e, posteriormente, de canoas à vela. Esse
comércio consistia em se levar produtos manufaturados e trocá-los pelos
produtos do extrativismo animal e vegetal praticado pelos indígenas, sendo estes,
por sua ingenuidade e falta de práticas comerciais, largamente logrados pelos
primeiros comerciantes de regatão da Província do Pará.
·
Existem
citações em documentos provinciais que descrevem o contexto desse comércio e a
iniciativa governamental em tentar proibir o comércio feito pelos rios da
Província:
Ano de 1852, quando era presidente da Província do Pará, o Dr. José
Joaquim da Cunha, que escreveu: “Foi decretada uma lei que proíbe o Comércio de
Regatão, porém privou indivíduos que habitando grandes distâncias das povoações
e que as obrigam a ir a estas para vender e comprar, fazendo com que isso
gerasse mais despesas, incômodos, riscos de vida, abandono de suas famílias que
também ficavam sujeitas aos riscos e os coletores e extratores das florestas
perdiam grande tempo nessas viagens. Este comércio não deve ser proibido e sim
regularizado”.
Motivos pelo qual foi decretada referida lei: “O abuso dos comerciantes
de regatão com os índios, que eram lesados nas trocas, maltratados pelos
comerciantes e sempre enganados nas negociações”.
E o comércio de regatão seguiu seu curso e no Baixo Tocantins, Ilha do
Marajó, região do Salgado, terras banhadas pelos rios Acará, Capim, Moju,
Guamá, Igarapé-Miri, Baixo Amazonas e Capital da Província, onde era praticado
em larga escala em embarcações à vapor e, posteriormente, embarcações movidas à
motor de óleo díesel.
Foi o comércio de regatão que alavancou a Indústria Canavieira do Baixo
Tocantins, especialmente nos municípios de Abaetetuba e Igarapé-Miri.
E foi realmente a cachaça o carro-chefe do comércio de regatão que esses
dois municípios intensificaram já a partir das últimas décadas do século 19 e
no século 20 até os anos finais da década de 1970, quando esse comércio começou
também a ser atingido pela crise da cachaça dessa fatídica década. Os
comerciantes de regatão do Baixo Tocantins seguiam com seus barcos
comercializando seus produtos pelas localidades situadas nas margens dos rios
do Baixo Tocantins, Marajó, localidades do Baixo Amazonas, pela região do
Salgado e pelas margens dos rios Capim, Guamá, Acará, Moju, Igarapé Miri, nas
capitais dos estados do Pará, Amazonas, Amapá, pelo rio Oiapoque, chegando até
o estado do Acre. Foi a indústria canavieira (especialmente a cachaça) e o
comércio de regatão que impulsionaram a prosperidade de muitas famílias de
Igarapé-Miri e Abaetetuba, famílias essas que também deram origem aos
tradicionais clãs famíliares desses dois municípios, algumas das quais aqui
enumeramos.
Pelas mesmas características de produção econômica da Indústria
Canavieira e do Comércio de Regatão, as famílias que exploravam esses negócios
mantinham seus interesses comerciais tanto em um, quanto em outro desses dois
municípios, fato que também leva ao fenômeno das antigas famílias de Abaetetuba
e Igarapé-Miri possuírem a ancestralidade comum das famílias que constituíram
as populações atuais desses dois municípios.
·
Proibição na Fabricação de Açúcar no Pará:
No período da 2ª Guerra Mundial
em diante, alguns capitalistas, donos de engenhos em Igarapé-Miri e Abaetetuba
tinham condições de produzir, além da cachaça, o açúcar, para abastecer o
mercado paraense com esse produto da Indústria Canavieira. Porém, devido o
monopólio absurdo da fabricação do açúcar ser exclusiva dos grandes centros de
produção desse artigo no Brasil, nos anos de 1960, os engenhos do Pará, foram
proibidos pela IAA-Instituto do Açúcar e do Álcool de produzir açúcar,
atendendo as solicitações dos produtores do Nordeste e Sudeste brasileiro. Com
isso os donos de engenhos locais se dedicaram a produzir cachaça, produto de
grande aceitação nos mercados locais e regionais. E foi a cachaça o produto
que, se pode dizer, o carro-chefe entre os produtos do Comércio de Regatão para
o Baixo Amazonas, (incluindo os municípios dos estados do Pará e Amazonas),
para a Região do Salgado e para Belém e demais regiões circunvizinhas ao Baixo
Tocantins. Mas a proibição de se fabricar açúcar pelo IAA muito ajudou na
decadência dos Engenhos do Baixo Tocantins a partir dos anos finais da década
de 1970, pois o açúcar consumido no Pará e nas áreas do antigo Comércio de
Regatão era açúcar importado dos grandes centros produtores dessa preciosa
mercadoria no Brasil e os funcionários do Ministério da Agricultura no Pará,
muito contribuíram nessa decadência da Indústria Canavieira do Baixo Tocantins,
por força da absurda proibição do antigo IAA, que eles ajudaram na referida
proibição.
Alguns Aspectos dos Engenhos de
Abaetetuba, Igarapé-Miri, Marajó e do Baixo Tocantins em Relação ao Estuário
Amazônico:
·
As
primeiras mudas de cana-de-açúcar à chegar à Abaeté começaram a se propagar nos
anos de 1850 a 1860, em cultivos experimentais e para subsistência dos
agricultores locais. A cultura de cana-de-açúcar era realizada em terreno de
várzeas, ao longo das margens dos rios, igarapés e furos, obtendo-se uma cana
não muito produtiva, por falta de um preparo adequado do solo. O lavrador
queria que a terra produzisse por si só, sem o auxílio de uma técnica adequada
de plantio, fato que resultava numa baixa produtividade da variedade de cana
plantada.
·
Em 1873
a cachaça já figurava junto com o açúcar como produtos fabricados nos engenhos
da Província do Pará, porém em pequena quantidade
·
Mais
tarde, quem plantava cana era o proprietário de engenhos ou lavradores
ribeirinhos. Em muitos casos acontecia a meação no plantio de cana, entrando o
senhor de engenho com as terras e o lavrador com o seu trabalho. No tempo do
Coronel Aristides como intendente, anos de 1919 e 1920, Abaeté possuía uma área
plantada de cana-de-açúcar de mais de 14.600.000m3, pelos senhores de engenho e
outra área de mais de 4.200.000m3, pelos lavradores ribeirinhos.
·
Abaetetuba,
quando ainda se chamava Abaeté, experimentou o seu apogeu econômico nos tempos
da indústria de cachaça, quando extensos canaviais se espalhavam por quase
todas as várzeas dos inúmeros rios e igarapés da região. Os chamados engenhos
se multiplicavam por quase todo o interior dos municípios de Abaeté,
Igarapé-Miri, Moju, Barcarena e Cametá. Mas foi em Abaeté que a indústria
canavieira prosperou com o surgimento de dezenas de engenhos produzindo
cachaça, mel de cana/melaço, açúcar e rapadura, produtos de muita aceitação nos
mercados amazônicos. A cachaça de nossa região era exportada e ficou famosa.
Por isso é que Abaetetuba ficou conhecida como a “Terra da Cachaça”. Pode-se
dizer, também, que a riqueza do município, nos fins do Século 19 (de 1891 em
diante) até a década dos anos de 1970, se concentrava no interior do município,
com os seus engenhos de cana-de-açúcar, as suas casas de comércio abastadas e a
grande concentração de famílias ricas do interior, que inclusive, ditavam as
normas políticas no município. Os senhores de engenho, eram uma realidade na
antiga Abaeté e eles, com todo o poder que desfrutavam, tinham sob a sua
autoridade de “coronéis”, uma grande quantidade de empregados, inclusive
escravos, e essas famílias de empregados, sob o domínio desses senhores
poderosos, ficavam sob sua influência, inclusive, estavam à disposição de seus
apetites sexuais, onde as moças das famílias dos serviçais serviam de repasto
sexual, gerando uma grande quantidade de filhos extraconjugais.
·
O
comércio da cachaça e dos outros produtos da cana-de-açúcar era realizado por
via marítima por várias áreas do Estuário Amazônico e outras bacias
hidrográficas amazônicas, através das embarcações que praticavam o chamado
“Comércio de Regatão”, que também enriqueceu muitas famílias do Baixo
Tocantins, principalmente de Igarapé-Miri e Abaeté.
·
Para
obter a “garapa” os ribeirinhos tocantinos começaram a construir moendas em
madeira resistente, geralmente acapu. As moendas eram postas em movimento
através da força de juntas de bois ou força muscular. Com o advento dos
“senhores de engenho” era usado o mesmo processo para a extração da garapa das
varas de cana-de-açúcar e ainda a força muscular dos escravos indígenas ou
negros. Nesses primeiros tempos da indústria canavieira a aguardente era obtida
através de “carapuças”, que eram os rústicos alambiques feitos de barro, também
confeccionados pelos caboclos. Esse processo rudimentar de se obter cachaça
seguiu seu curso lentamente, mas já era bem visível a sua procura no mercador
consumidor de cachaça.
·
Os
primeiros engenhos de cana-de-açúcar para produzir garapa, melaço e rapadura
também eram bem rudimentares. Alguns antigos engenhos dos séculos 18 e 19
começaram a usar a força das marés dos rios estuarinos, daí a classificação de
“engenhos de água”. Com o advento das máquinas movidas à vapor os engenhos
evoluíram e passaram a fabricar “cachaça” e açúcar moreno/mascavo ou açúcar
branco. Esses produtos passaram a ter grande aceitação no mercado local e se
expandiu para o mercado regional ou mesmo interestadual. Vide postagens
“Comércio de Regatão” e “Engenhos do Pará”.
·
O
período da indústria canavieira de Igarapé-Miri e Abaeté se intensificou no fim
do século 19, tendo alcançado sua fase áurea nas décadas de 1940 até a década
de 1970, tendo se constituído numa das principais fontes de riqueza local. Mas,
infelizmente, essa atividade econômica passou a sofrer uma irrecuperável estagnação
a partir dos anos finais da década de 1970, causada por uma série de fatores.
Em 1983, dos 44 engenhos ainda existentes na década anterior, os remanescentes
eram apenas 8 em Abaetetuba e também os poucos remanescentes de Igarapé-Miri.
·
Os
engenhos de Igarapé-Miri e Abaeté produziam cachaça, mel de cana/melaço,
rapadura, açúcar moreno/açúcar mascavo, açúcar branco e rapadura, sendo que em
Igarapé-Miri se produziam outros produtos nos engenhos e nas fábricas daquele
município Tocantino. Alguns engenhos do Baixo Tocantins produziam só a cachaça,
outros produziam cachaça e açúcar e outros produziam só açúcar moreno, outros
só mel de cana/melaço e rapadura. Só alguns produziam todos esses produtos, mas
para isso precisavam de muita mão-de-obra, daí a diversificação dos engenhos de
Abaeté na produção específica de poucos produtos na indústria canavieira. Não
se encontrou engenho em Abaeté que produzisse álcool (não confundir com
cachaça).
·
No
Período Colonial do Pará o açúcar funcionava como moeda de compra de outros
produtos e escravos nativos (índios) locais ou negros vindos de Angola e Guiné.
Na 2ª Guerra Mundial o açúcar do Baixo Tocantins era, inclusive, comercializado
com o inimigo alemão, quando navios e submarinos alemães navegavam pelas costas
atlânticas e outras áreas estuarinas do Pará e Amapá e que daqui também levavam
víveres para alimentar suas tropas no Brasil.
·
Um
grande engenho possuía construções de quatro a cinco pés acima do nível das
mais altas marés estuarinas, repousando sobre resistentes pilares de madeira.
Possuía uma estiva feita de grossas peças de madeira, acima também do nível das
marés, que seguia até alcançar a escada da frente do prédio e por meio da
escada alcançava-se a varanda, abrindo para uma sala onde se recebiam e se
alojavam os hóspedes e onde também todos os negócios eram tratados, ficando
unida ao fundo da casa, a casa do engenho de cana.
·
A
existência de muitos canaviais pelas várzeas estuarinas de Abaeté e
Igarapé-Miri ajudou a disseminar outras atividades nas cidades como a do
vendedor dos feixes de cana e do “garapeiro” que vendia garapa/caldo de cana em
pequenas engenhocas, móveis ou não, na forma de lanches ou garapa em litros
produzidos na hora da venda.
·
Na fase
áurea da produção de cachaça cada engenho de Abaeté produzia de 150 a 300
frasqueiras de cana, cujo produto, a cachaça, era embalado em garrafões de
vidro também chamados frasqueiras (de capacidades variáveis), recipientes que
eram empalhados de forma artesanal por folhas, palhas, fibras, cipós ou talas
de vegetais das várzeas estuarinas, que eram comercializados através dos rios
da região. Nas primeiras décadas do século 20 a aguardente abaeteense atingiu a
fantástica produção de 5 milhões de litros, o que garantia aos donos de
engenhos recursos suficientes para importarem diretamente da Inglaterra
caldeiras, moendas e alambiques modernos. O mesmo acontecia com os engenhos do
município de Igarapé-Miri e essa foi a fase de ouro de produção de aguardente
do Baixo Tocantins, que perdurou até as década de 1970, onde centenas de
engenhos, espalhados por quase todos os rios, furos e igarapés, trabalhavam
freneticamente na produção de cachaça e também açúcar, mel e rapadura e outros
produtos da Indústria Canavieira. Essa atividade econômica passou a sofrer uma
irrecuperável estagnação a partir dos anos finais da década de 1970, causada
por uma série de fatores.
·
Os
engenhos de cachaça eram movidos à vapor de lenha ou do bagaço da cana moída e
somente alguns poucos donos de engenhos possuíam engenhos movidos à
eletricidade gerada pelo movimento das águas dos rios, como o Cel. Maximiano
Guimarães Cardoso (Vide família Cardoso). Nos engenhos de cachaça a
eletricidade era fornecida pelo sistema das caldeiras à vapor.
·
Os
canaviais do Baixo Tocantins eram plantados nas várzeas estuarinas dos
municípios, que por ser um tipo de solo diferenciado, só podia receber
variedades de canas resistentes às altas umidades das várzeas. Um tipo de cana
muito raquítica, a piajota que veio do município de Muaná, Ilha do Marajó, era
usada na produção da cachaça, que é uma variedade rústica, resistente às pragas
e quase selvagem, mas pouco produtiva, devido a sua pequena espessura.
·
Muitos
engenhos possuíam serraria própria para trabalhar a madeira extraída da própria
mata de terra firme das ilhas das florestas estuarinas de Abaeté, Igarapé-Miri
e Marajó. E muitos engenhos vendiam toras ou peças de madeira na forma de
taboas, caibros, esteios, esteiotes, ripas, pernas-mancas, madeira para lenha
ou carvão, fato que determinou a quase extinção de muitas variedades de
madeira-de-lei e outros tipos de madeira da Região das ilhas. Essa madeira era
transportada nas chamadas “alvarengas”. A Alvarenga era um tipo de balsa
antiga, onde as mercadorias eram transportadas no porão fundo e não no convés,
como as atuais, construída em ferro e que transportavam de tudo, especialmente
toras de madeira, lenha, cana-de-açúcar, mercadorias ensacadas e outras
mercadorias. As alvarengas eram movidas à reboque de outras embarcações. Foram
as alvarengas que transportaram para outros lugares, especialmente Belém, a
madeira existente nas ilhas e terra firme do Baixo Tocantins e Marajó.
·
O
carregamento da cana era feito no formato dos chamados “feixes”, que eram
agrupamentos de varas de cana-de-açúcar, em barcos chamados “batelões”,
construídos em madeira e empurrados por outros barcos motorizados em fileiras
ou remos de faia manuseados pelos caboclos ribeirinhos, que eram o principal
meio de transporte da cana-de-açúcar dos canaviais para os engenhos e para as
cidades.
·
Na sede
do município de Abaeté também existiam alguns engenhos na frente da cidade e os
batelões aqui chegavam para abastecer de cana esses engenhos e os dos ramais da
cidade.
·
Os rios
e igarapés do Estuário Tocantino eram os caminhos naturais de escoamento da
cana-de-açúcar, cachaça e outros produtos da Indústria Canavieira.
·
Alguns Aspectos dos Engenhos e dos Produtos da
Indústria Canavieira do Baixo Tocantins:
·
A cachaça, produto citado na década de 1840,
1870, era produto produzido clandestinamente no Estuário Tocantino, vindo do
Ciclo do Açúcar, e com período áureo de produção a partir dos anos finais do
século 19 até os anos finais da década de 1970, quando veio a grande crise da
Indústria Canavieira do Baixo Tocantins. Dos quase 70 engenhos de Abaetetuba,
em 1982, só restavam 8 e em plena decadência. Esse produto sustentou as
economias de Abaetetuba e Igarapé-Miri durante décadas. Porém os engenhos de
cachaça não produziram só a cachaça. Outros produtos eram fabricados nos
engenhos, como a rapadura e melaço, produtos citados na década de 1840 em
diante, porém muitos engenhos e engenhocas os produziam pela grande quantidade
de roçados de cana na região, pelo preparo mais simples que a cachaça e açúcar.
Parte da produção era exportada para a Capital.
·
O processo de fabricação do açúcar era
rudimentar nos engenhos do Pará, só recebendo maiores avanços nos anos iniciais
do 1860.
·
A produção
do açúcar moreno/mascavo variava a sua produção. Em média 5.500 quilos desse
tipo de açúcar exigiam 68 toneladas de cana-de-açúcar, claro, de acordo também
com a qualidade da cana, da terra.
·
O açúcar branco (cristal) e o moreno (mascavo)
são citados na década de 1840, 1870, com grande produção no período colonial do
Pará, no Ciclo da cana-de-açúcar e com produção exportada para Portugal.
·
Álcool e vinagre de cana também eram produzidos
por alguns engenhos do Baixo Tocantins.
·
A maioria dos engenhos de cana-de-açúcar do
Baixo Tocantins produziam a cachaça ou aguardente de cana, porém produziam
outros produtos da cana doce, já citados acima e, inclusive, os engenhos eram
classificados de acordo com o tipo de produto que fabricava, como:
1. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar açúcar cristal
2. Engenho
de cana-de-açúcar para fabricar açúcar mascavo (açúcar moreno)
3. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar açúcar cristal e álcool
4. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar cachaça e açúcar mascavo (açúcar moreno)
5. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar açúcar mascavo (açúcar moreno), cachaça e
vinagre.
6. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar mel de cana (melaço).
7. Engenhos
de cana-de-açúcar para fabricar cachaça e mel de cana (melaço).
·
Alguns
engenhos possuíam oficinas para os serviços mecânicos e consertos das
estruturas físicas e das máquinas e equipamentos que moviam os engenhos e
fabricavam, armazenavam a cachaça e possuíam também serrarias próprias para
trabalhar a madeira extraída da própria mata de várzea ou de terra firme das
ilhas das florestas estuarinas de Abaeté, Igarapé-Miri e Marajó.
·
E
muitos engenhos vendiam toras ou peças de madeira na forma de taboas, caibros,
esteios, esteiotes, ripas, pernas-mancas, madeira para lenha ou carvão, fato
que determinou a quase extinção de muitas variedades de madeira-de-lei e outros
tipos de madeira da Região das ilhas. Essa madeira era transportada nas
chamadas “alvarengas”. A Alvarenga era um tipo de balsa antiga, onde as
mercadorias eram transportadas no porão fundo e não no convés, como as atuais,
construída em ferro e que transportavam de tudo, especialmente toras de
madeira, lenha, cana-de-açúcar, mercadorias ensacadas e outras mercadorias. As
alvarengas eram movidas à reboque de outras embarcações. Foram as alvarengas
que transportaram para outros lugares, especialmente Belém, a madeira existente
nas ilhas e terra firme do Baixo Tocantins e Marajó.
·
Os
extensos canaviais de Abaetetuba e igarapé-Miri produziam cana através de
vários processos e empregavam muitas pessoas e até famílias inteiras na
agricultura da cana doce, que eram os plantadores de cana doce ou canavieiros.
Muitos canavieiros eram meieiros com os donos de engenhos, isto é, faziam os
contratos verbais da meação, onde os capitalistas entravam com os recursos e os
canavieiros entravam com seus terrenos e serviços nos canaviais e, ganhavam
(entre aspas) parte da produção desses canaviais, que revendiam (entre aspas)
para os próprios donos dos engenhos dos contratos de meação. Além dos
canavialistas ou capitalistas (donos dos capitais dos engenhos), dos
canavieiros (plantadores da cana verde) existiam outras pessoas que trabalhavam
com a cana verde, como:
Os garapeiros, que produziam a garapa ou caldo de cana
(sumo das varas de canas moídas) a partir de engenhocas com moendas, móveis
(carros) ou fixas, para a venda da garapa fresca em garrafas de um litro ou
como componentes de lanches (com pastéis, doces). Algumas engenhocas com
moendas (garapeiras) para são citadas desde 1920 e podiam ser manuais ou mecanizadas
(estas de tempos mais modernos).
Os vendedores
de feixes de cana doce, que eram os marreteiros de cana ou ribeirinhos que
vinham das Ilhas de Abaetetuba em seus batelões ou outros pequenos barcos para
revender os feixes de cana para os produtores de garapa das cidades.
Também eram produzidos os licores, produtos citado na
década de 1840, feito da mistura de cachaça com massa de frutos, cascas, folhas
de arbustos e árvores da região, pelo processo da infusão.
A Decadência da Indústria Canavieira do Estuário
Tocantino:
Essa indústria teve o seu tempo
áureo a partir do final do Século 19 até os anos finais de 1970 e na metade
dessa década já começa a apresentar um forte declínio a partir da sua 1ª
metade. A Indústria Canavieira do Estuário Tocantino se iniciou ainda no século 17 com a presença
de dezenas de grandes engenhos produtores de açúcar espalhados pelas diversas
localidades do Pará, especialmente nos vales dos rios Capim, Guamá, Moju, Acará
e os rios de Abaetetuba e Igarapé-Miri. A partir dos anos finais do século 19
até a 1ª metade do século 20, a maioria dos engenhos de açúcar vindos do
período colonial entrou em processo de decadência e subsistiram apenas os
engenhos de igarapé-Miri e Abaetetuba, que já fabricavam cachaça e este produto
tinha grande aceitação nos mercadores consumidores do Pará e do Baixo Amazonas,
cujas vendas eram feitas através do antigo Comércio de Regatão, isto é, através
de embarcações marítimas que subiam os rios Tocantins, Amazonas, Salgado e
outros, levando a cachaça produzida, junto com outros produtos locais e, quando
voltavam, traziam suas embarcações cheias dos produtos das localidades
visitadas pelos barcos do Comércio de Regatão e esses produtos possuíam forte
aceitação nas praças comerciais da Capital e demais centros populacionais do
Estuário Tocantino. Foi realmente a indústria canavieira a responsável pelo
desenvolvimento econômico da Igarapé-Miri e Abaetetuba na 2ª metade do Século
19.
Essa indústria, como já dissemos,
vem a partir dos grandes engenhos do Período Colonial do Pará, que fabricavam
açúcar que em sua maior parte era exportada pelo Porto da Capital para Portugal
nos antigos tempos do Brasil Colônia. A produção do açúcar foi entrando em
decadência e, já no fim do Período Colonial teve acelerada sua decadência, até
o seu completo desaparecimento, restando apenas as ruínas e a história dos
grandes engenhos de produção de açúcar. Porém os engenhos de igarapé-Miri e
Abaetetuba não entraram na decadência do Ciclo do Açúcar e eles avançaram na
produção da cachaça e outros produtos naquilo que chamamos de Indústria
Canavieira do Baixo Tocantins.
A Indústria Oleira e o Artesanato
de Barro no Baixo Tocantins e Marajó:
A indústria cerâmica (ou
indústria oleira), que na verdade era quase artesanal, prosperou (entre aspas)
devido a abundância de matéria-prima, a argila (ou barro) existentes nas
ribanceiras dos rios e igarapés estuarinos do Baixo Tocantins e Marajó.
Abaetetuba chegou a possuir perto de 200 olarias espalhadas por quase todas as
suas ilhas e o mesmo acontecenco em e Igarapé-Miri e Arquipélago do
Marajó, e a demanda pelos produtos das
olarias era muito grande nas cidades do Baixo Tocantins, Belém e demais regiões
do Estuário Tocantino. Os tijolos e telhas de barro eram produtos que serviam
como produtos da construção de casas por todas as áreas do Estuário Tocantino e
eram levados através de embarcações para essas áreas, juntos com outros produtos
fabricados artesanalmente pela indústria cerâmica, que faziam parte do Comércio
de Regatão do Baixo Tocantins. Essa indústria entrou em decadência por não ter
evoluído a sua fabricação, pela falta da matéria-prima e pela decadência do
Comércio de Regatão, atividade que hoje está em sensível decadência por esses e
outros motivos.
·
Produtos da Indústria Cerâmica e do Artesanato
em Barro do Estuário Tocantino:
Eram centenas de olarias
espalhadas pelas margens dos rios e igarapés do Baixo Tocantins, citadas em
antigos documentos de 1870 em diante, que produziam telhas e uma variedade
muito grande de utensílios e artefatos de barro que eram utilizados nos
serviços diários das casas ribeirinhas, da Capital e demais municípios e
povoados da Província do Pará e que também eram objeto dos negócios do Comércio
de Regatão da região e fora da Província do Pará.
Além das telhas e tijolos, muitas
famílias do Baixo Tocantins, Marajó e outras áreas estuarinas de várzeas
trabalhavam artesanalmente na produção de utensílios e artefatos de barro, como
potes, bilhas, alguidares, filtros, bacias, fogões, fogareiros e outros
produtos em barro que chegavam até as regiões mais distantes dos centros
produtores desse tipo de artesanato do Baixo Tocantins e Marajó.
Os utensílios em barro ou louças de barro eram
largamente utilizados no antigo Comércio de Regatão
do Baixo Tocantins
Usos dos Produtos
das Olarias e dos Utensílios e Artefatos de Barro:- Telhas
de barro, que eram os principais produtos das olarias do Baixo Tocantins e
as telhas era usadas para cobrir os telhados das casas do habitantes das
cidades, vilas e povoados. No início do ano de 1800 eram bem poucas as
casas e engenhos que recebiam telhas em sua cobertura, sendo que a maioria
era coberta de palha que era material muito abundante nas matas estuarinas
tocantinas. E as telhas, como os tijolos abaixo, como eram produzidos por
métodos arcaicos e quase artesanais, não eram de boa qualidade e vieram
perdendo terreno para os tijolos e telhas vindos de outras regiões
produtoras do Pará ou de outros estados brasileiros.
- Tijolos, que são produtos mais recentes das olarias do Estuário Tocantino, que são usados na construção das casas em alvenaria.
- Potes ou jarros de barro, que eram utensílios usados no carregamento e armazenamento caseiro das águas dos rios.
- Bilhas de barro, que eram utensílios semelhantes aos potes, porém menores que os chamados e com a mesma finalidade destes e usados nas viagens e atividades ribeirinhas.
- Alguidares louça de barro com várias utilidades e eram de vários tamanhos
·
Filtros, que eram utensílios de barro usados
para filtrar a água para beber tirados dos igarapés e rios das proximidades das
casas ribeirinhas. Também eram usados nas cidades, vilas e povoados da Região
Tocantina e cuja água era extraída dos poços de água. Os filtros de barro da
Região Tocantina foram substituídos por filtros industriais, feitos de outros
materiais, vindos de outras regiões brasileiras. Mas ainda existem os filtros
de barro em muitas casas ribeirinhas.
·
Fogareiros, que eram utensílios feitos de barro,
com uso pelas populações ribeirinhas, no preparo de comida, cafés, chás e
outras funções.
·
Bacias de barro, que eram utensílios usados para
lavar roupa das casas ribeirinhas, nas escadas das pontes ou beiras dos
igarapés e que também eram usados no preparo de vários tipos de alimentos, como
massas variadas. Atualmente as bacias de plástico ou alumínio substituíram as
pesadas bacias de barro.
·
Tigelas de barro, que eram utensílios usados
usadas para beber água, sucos e diversos tipo de mingaus.
·
Tigelinhas de barro, utensílios que eram usados
pelos antigos seringueiros tocantinos
para aparar o látex extraído das árvores seringueiras. O uso das
tigelinhas de barro para aparar o látex das seringueiras do Baixo Tocantins
começou a desaparecer no ano de 1864, substituídas que foram pelas conchas do
molusco “uruá” que existia aos milhares pelas várzeas e matas tocantinas e com
redobrada vantagens para os seringueiros.
·
Fogões de barro, que eram os antigos fogões com
várias bocas, alimentados por lenhas ou carvão vegetal nas residências
ribeirinhas e até nas vilas, cidades e povoados do baixo Tocantins.
·
Fogareiros, pequenos fogões de uso variado
·
Bules, usado no preparo do café e chocolate
quentes ribeirinhos.
·
Cachimbos de barro que eram usados para as
pitadas de fumo dos antigos ribeirinhos do complexo deltaico estuarino.
Alguns produtos do artesanato em
barro do Baixo Tocantins e Marajó como vasos, bilhas, bacias, tigelas e outros
eram pintadas em cores vivas e envernizadas com a resina do jutaicica, que
inclusive eram exportadas para as demais províncias do Sul e Sudeste do país e
também para países estrangeiros.
·
A Carpintaria Naval e o Comércio de Pescado e
Gado:
A Carpintaria naval é uma antiga
atividade que chegou a possuir mais de 30 estaleiros para a construção naval só
em Abaetetuba e outros tantos em Igarapé-Miri, Barcarena, Cametá, Marajó, cujos
carpinteiros navais ficaram famosos no Pará pela construção de grandes, médios
e pequenos barcos e de modo intuitivo, artesanal, que aproveitava o grande
potencial madereiro da Microrregião de Cametá, Arquipélago do Marajó e outras
regiões circunvizinhas e que, atualmente, se encontra quase extinta, devido
falta da matéria-prima, a madeira adequada, e outras causas. Atualmente só
existem alguns poucos estaleiros da carpintaria naval, tanto em Abaetetuba
quanto em Igarapé-Miri.
A construção de embarcações segue
as especificações fornecidas pelos compradores quanto aos tipos, tonelagens,
pavimentos, finalidades e outros itens fornecidos. Os carpinteiros navais, sem
usar nenhum cálculo matemático e desenho, só imaginavam como poderiam construir
a embarcação, conforme o solicitado pelos clientes. Após essa visualização
intuitiva e com “tudo na cabeça”, conforme eles mesmos dizem, partiam para a
construção das embarcações encomendadas. Assim saíam barcos pequenos, médios e
grandes, alguns com capacidade para até 200 toneladas e de até 3 pavimentos.
Outros grandes barcos eram encomendados como “barcos de passeios”, construídos
para pessoas de posses, para uso particular nos seus deslocamentos e de suas
famílias. Alguns tipos de barcos construídos nos estaleiros da Microrregião de
Cametá: canoas pequenas, montarias, bajaras, canoas à vela, iates,
barcos-motores, navios e barcos específicos: pesqueiros, geleiros, boiadeiros e
outros. Atualmente existe a fabricação dos pequenos barcos chamados rabetas e
com a madeira vinda das florestas de outras regiões circunvizinhas à Zona
Tocantina. Vide nestes textos esses tipos de embarcações.
·
A Coleta das Frutas:
As frutas ainda existem nas formas silvestres, sem apoios, incentivos e
estudos para que se tornem culturas econômicas e sustentáveis, como poderia ser
a cultura do cupuaçu, do bacuri, do açaí, da pupunha, da bacaba, do miriti e
outras frutíferas estuarinas tocantinas.
·
As Frutas Regionais do Estuário Amazônico:
O Estuário Amazônico foi generoso
com a oferta de tantas dádivas aos habitantes de suas regiões. Na Microrregião
de Cametá, na Mesorregião do Marajó, na Microrregião de Tomé-Açu e outras
microrregiões circunvizinhas de Belém existe uma variedade muito grande de
frutos silvestres exóticos, alguns provenientes das Guyannas, da Europa e da
Ásia e ainda não convenientemente aproveitados na economia regional e na
produção industrial de produtos diversificados, especialmente do comércio de
polpas de frutas. Porém, tradicionalmente, as frutas silvestres sempre foram
usadas na alimentação regional em estado in-natura ou na forma de deliciosos
doces, bolos, sucos e refrescos muito apreciados nos lares caboclos. Alguns já
chegaram à Capital e fazem parte do cardápio das casas de doces, sorveterias e
restaurantes de Belém e demais cidades do Pará e do Brasil. Ao lado de cada
fruto elencado abaixo, colocaremos sua situação quanto o seu plantio, uso e
extinção no caso do extrativismo irracional.
·
Abiu, fruto existente em várias variedades e é
usado in natura como fruto silvestre. Porém encontrar esse fruto nas feiras das
cidades do Estuário Tocantino está se tornado cada vez mais dificultoso. O
motivo é que ainda não se encontraram aplicações para o uso da polpa do abiu em
consequência das dificuldades de plantio e manejo desse fruto regional. Dizemos
que o abiu tem um sabor doce e muito delicioso.
·
Ajurú,
que é um fruto consumido in-natura e é encontrado nas várzeas do
Estuário Tocantino e está se tornando cada vez mais difícil se encontrar esse
fruto silvestre à vendas nas feiras das cidades do Estuário.
·
Inajá, que é fruto silvestre proveniente da
palmeira inajazeiro, que é consumido in-natura e, por incrível que possa
parecer, esse fruto já teve mais utilidade e aplicações industriais no passado
que na época atual. Como esse fruto vem do inajazeiro que era palmeira muito
comum nas matas estuarinas, seu fruto era muito usado como matéria-prima das
defumações da borracha, onde era queimado para produzir a fumaça dessas defumações.
Também o fruto inajá é oleaginoso e não se conhecem aplicações industriais do
seu óleo.
·
Açaí, fruto que tem larga aplicação como um dos
tradicionais itens da culinária paraense, consumido na forma de vinhos, mingaus
(com arroz, farinha de mandioca, curêra de mandioca), sorvetes (vide tipos de
consumo do açaí no texto sobre açaí) e, a cada dia que passa, pelos estudos que
são feitos da massa do açaí, cada dia surge uma aplicação para os componentes
químicos da polpa do açaí. Até para o caroço, resultante do beneficiamento da
massa do açaí, já vem encontrando larga aplicação no artesanato das biojóias
amazônicas. E o palmito do açaizeiro é coletado nas matas do Estuário
Tocantino, para a devida industrialização a nível regional e nacional. Essa coleta
do palmito pode se transformar num grande problema para os açaizais das matas
amazônicas, devido se constituir em um extrativismo predatório, onde milhares
de árvores de açaizeiros são abatidas para extração do seu palmito, e este é um
produto de larga aceitação na culinária de todos os estados brasileiros.
Existem muitas fábricas de palmito de açaí nas localidades do Estuário
Tocantino.
·
Araçá, fruto existente em várias espécies, que
são consumidos in natura. Ainda não se
encontraram aplicações industriais do fruto que possui um acentuado gosto
ácido, porém muito consumido por seu sabor também adocicado. Como a árvore
araçazeiro é silvestre, corre risco de extinção pelos desmatamentos e falta de
interesses em seu plantio.
·
Bacuri, fruto existente em duas espécies, o
bacuri-pari e o e bacuri, ambos apreciados pelo sabor doce da massa, acrescido
de um leve sabor ácido, e que são consumidos in
natura. Ambos são frutos nativos das matas amazônicas, porém é a massa
do chamado bacuri que já vem tendo largo uso na indústria de picolés e sorvetes
deliciosos. A grossa casca do bacuri tem várias aplicações na confecção de
doces em caldas e outros usos na alimentação. O bacuri também é objeto de
estudos de alguns órgãos da agricultura e, pela facilidade de plantio, pode se
tornar um produto da agricultura dos ribeirinhos do delta tocantino, devido a
grande demanda da polpa de bacuri que é usada em variadas aplicações. O fruto
do bacuri também é oleaginoso e pode encontrar aplicações industriais variadas.
·
Cupuaçu, que é fruto nativo da Amazônia de largo
consumo no Pará, e que fornece vinhos e sucos deliciosos e está tendo largo uso
nas indústrias de doces, bolos, picolés e sorvetes também muito deliciosos.
Agora, a massa do cupuaçu está sendo largamente utilizado como recheio por
fabricantes caseiros de bombons de chocolate, no preparo desses doces, que por
sinal, é um dos mais apreciados no Pará. Já existe o domínio do manejo da
cultura do cupuaçuzeiro, que é uma planta nativa das matas do Estuário
Tocantino e isso está facilitando o seu plantio, mesmo que em pequena escala.
·
Graviola, que é um fruto que é consumido
in-natura ou na forma de sucos e no Pará a massa da graviola é matéria-prima do
preparo de deliciosos picolés e sorvetes. Porém seu plantio é dificultoso pela
presença de pragas que dizimam as árvores nativas das matas do Estuário
Tocantino.
·
Pupunha, que é um fruto nativo, largamente
consumido cozido no café da manhã pelo paraense e que agora vem tendo
aplicações no preparo de pratos deliciosos por renomados chefes-de-cozinhas de
restaurantes locais. É um fruto nativo das matas do Estuário Tocantino, em
várias variedades, porém que já sofreu estudos de seu manejo em plantação dessa
palmeira, que também fornece delicioso palmito de plantas novas. O fruto da pupunha
também é altamente oleaginoso e a presença dessas gorduras nos frutos, define
que são de variedades de fritos mais deliciosos no consumo local. O fruto da
palmeira pupunheira, atualmente, está encontrando várias aplicações na
culinária paraense. Os nativos de Abaetetuba, do tempo dos engenhos, devem se
recordar do consumo da pupunha misturada ao melaço de cana-de-açúcar, em
mistura de sabor inigualável.
·
Taperebá, que é um fruto nativo existente em
duas espécies que são consumidas in-natura, e o chamado taperabázinho ainda é
usado na forma de sucos e na produção de picolés e sorvetes.
·
Castanha-do-pará, que foi um fruto cuja coleta para exportação
sustentou, junto com a borracha extraída das seringueiras, a economia do Pará
no tempo do Pará Provincial. Já existiram fábricas para o beneficiamento das
sementes dessa castanha no Pará, mas essas fábricas estão paulatinamente
desaparecendo pela grande derrubada das matas que abrigavam os castanhais do
Pará. A castanha-do-pará pode ser consumida in-natura no café, em mingaus
(especialmente os mingaus de arroz e munguzá) e é aproveitada na confecção de
variados tipos de doces, bolos e outras iguarias. Seu óleo também tem várias
aplicações industriais. A castanheira é uma imponente árvore facilmente
observável pelas suas características, especialmente das copas na extremidade
superior do grosso tronco. Abaetetuba ainda possui alguns pés dessa árvore,
cuja tendência é o desaparecimento por completo.
A produção de castanha já é citada no Vale do Xingu, entre 1764-1769, coletadas nas antigas localidades de populações indígenas: Vila de Gurupá, São João do Piraguary, São João de Pombal, Santo Ignácio de Aricary, Santo Ignácio de Souzel, Pombal, Porto de Moz, Veiros.
A produção de castanha já é citada no Vale do Xingu, entre 1764-1769, coletadas nas antigas localidades de populações indígenas: Vila de Gurupá, São João do Piraguary, São João de Pombal, Santo Ignácio de Aricary, Santo Ignácio de Souzel, Pombal, Porto de Moz, Veiros.
·
Muruci fruto que é consumido nas formas in
natura, em suco e sorvete
·
Piquiá, que é fruto consumido na forma de cozido
e que é altamente oleaginosa. Mas como a madeira da árvore piquiazeiro foi
muito explorada na carpintaria naval de Abaetetuba e sua Região, essa árvore se
faz escassa nas matas do Estuário Tocantino.
·
Tucumã é um fruto consumido in-natura e é
altamente oleaginoso. A dura casca da semente de tucumã é muito usuda no
artesanato paraense, assim como o duro ouriço que contém as sementes de
castanha.
·
Umari é um delicioso fruto consumido in natura
·
Biribá, que é um delicioso fruto consumido in
natura e seu sabor adocicado o faz um dos preferidos pelas populações do
Estuário Tocantino e está ficando cada vez mais raro de se encontrar, devido
falta de estudos para o seu manejo. Nos raros lugares onde esse fruto pode ser
encontrado o preço da unidade é proibitivo para muitas famílias.
·
Bacaba, fruto cuja massa é consumida na forma de
mingaus (de arroz), de vinho, como o açaí (vide os modos de consumo no texto
sobre açaí), porém é mais oleaginoso e de sumo mais concentrado do que o açaí e
é uma palmeira silvestre que já se faz rara nas matas do Estuário
Tocantino, em suas várias espécies.
·
Uxi, que é um fruto silvestre e oleaginoso e é
consumido in natura. O uxizeiro já é uma árvore rara no Estuário Tocantino.
·
Ingá, que é um fruto advindo de várias espécies
de ingazeiros e é de sabor doce e consumido in-natura. É uma árvore de fácil
multiplicação nas matas e quintais de casas.
·
Abricó, que é um fruto de sabor doce e levemente
ácido e é consumido in natura e o fruto já se faz escasso nas feiras tocantinas
e o preço da unidade é proibitivo para a classe pobre.
·
Jambo, que é um fruto com várias espécies e
dentro da espécie do jambo-rosa, existem as variedades rosa, vermelho e branco.
Porém o verdadeiro jambo possui formato ovóide, diferente das outras espécies e
o jambo é o fruto preferido pelas crianças. Como é de fácil multiplicação,
ainda se encontram vendedores desse fruto silvestre pelas cidades, onde é
consumidos in natura.
·
Manga, a manga é um fruto silvestre que ainda é
encontrada em grande quantidade nas feiras das cidades tocantinas e seu uso
como alimento é feito in natura ou na forma de sucos e outras aplicações na
culinária amazônica. E são muitas as espécies de mangueiras encontradas
espalhadas nas matas do Estuário Tocantino. A mangueira ainda é usada nas
cidades como uma das árvores preferidas para o sombreamento, devido sua grande
copa, que serve para aplacar o grande calor das cidades amazônicas. Belém, a
Capital do Pará, é conhecida como a “Cidade das Mangueiras”. Como já existe o
manejo das mangueiras em outros estados do Brasil, muitos paraenses estão
deixando de consumir as deliciosas mangas do Pará, que também está sendo muito
usadas na culinária local.
·
Miriti, é um fruto que vem da palmeira aqui
conhecida como miritizeiro e seu delicioso fruto é consumido in natura ou em
forma de sucos e mingaus (de arroz), como é o consumo do açaí, isto é, é
consumido como verdadeiro alimento, acrescido de outros componentes como a
farinha, as carnes e é muito apreciado pelas populações ribeirinhas. Da
palmeira miritizeiro, todas as partes dessa árvore têm suas aplicações na
cultura ribeirinha, especialmente na fabricação dos brinquedos de miriti de
Abaetetuba, que fez o município ficar muito conhecido à nível regional e nacional, pela fabricação
desses brinquedos feitos da polpa das folhas
compridas do miritizeiro (essa polpa é também chamada de miriti). Também
a massa do fruto miriti está tendo muitas aplicações na culinária local, e em
pratos e doces variados. (vide texto sobre
o miritizeiro do Baixo Tocantins).
·
Castanha sapucaia, fruto que vem dos ouriços de
uma grande árvore amazônica e os frutos são consumidos in natura, como a
castanha-do-pará e o ouriço desse tipo de castanheira já está tendo grande uso
na confecção de arranjos florais pelas populações ribeirinhas do Baixo
Tocantins.
·
Fruta-pão, cujo fruto é de duas variedades, o
com semente (aqui chamado erva-pão) e o sem semente (este chamado fruta-pão).
As sementes do erva-pão são consumidas cozidas e no café da manhã e o fruta-pão
tem consumida a sua massa, o que não é comum no Baixo Tocantins.
·
Caju-do-mato é um fruto pequenino, de cor
vermelho e totalmente parecido com o caju comum, porém sendo a árvore do
caju-do-mato de tamanho agigantado, competindo em altura com a
castanheira-do-Pará. O caju do mato é consumido in-natura ou como suco e as
árvores do cajueiro-do-mato já estão se tornando raras de ver, devido o grande
desmatamento das matas tocantinas.
·
Maracujá-do-mato é um fruto silvestre um pouco
parecido com o macujá comum, porém de sabor mais adocicado e é muito apreciado
pelas populações ribeirinhas. Esse fruto também está ficando raro nas feiras
das cidades tocantinas.
BENEFICIAMENTO DE FRUTAS, FLORES
E DE PLANTAS MEDICINAIS DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO:
As frutas amazônicas foram
largamente usadas na dieta alimentar ribeirinha dos períodos históricos do Pará
e essas frutas ainda receberam uma grande quantidade de outras frutíferas que
vieram das Guianas, da Europa e outras partes do mundo e que se adaptaram muito
bem ao clima amazônico e muitas ainda estão espalhadas pelas áreas do Estuário
Tocanatino e sendo comercializadas como sendo frutas silvestres locais. Isso
não importa e o que queremos destacar é que as nossas frutas silvestres tiveram
mais uso de forma beneficiada nesses períodos históricos, especialmente no
Ciclo da Borracha, que na atualidade, onde muitas deliciosas frutas ainda estão
à espera que sejam realmente beneficiadas como produtos da dieta alimentar em
solo amazônico ou paraense.
·
Frutas nativas abundantes e diversificadas e
largamente consumidas em todos os períodos da história e no período provincial
e início da era republicana, cujas fábricas para licores e sucos de frutos já
existiam em Belém. Agora já não mais existem e precisam ser criadas outras
fábricas para o aproveitamento comercial no Estado.
·
Fábricas de licores de frutos diversos, vinho de
caju, são citadas nos anos de 1860.
·
Flores silvestres, usadas como elementos de
ornamentação e decoração nas casas e prédios das antigas cidades.
·
Plantas medicinais, que foram e ainda continuam
a serem largamente utilizadas em todos os períodos da história do Pará no
tratamento de variadas doenças e exportadas para a Capital para uso medicinal.
·
Raiz da planta assacu citada nos anos de 1850 e
usada como veneno nas pescarias e como remédio no tratamento da lepra. Vide
Plantas Medicinais no Blog do ADEMIR ROCHA.
Indústria do Palmito:
·
O
Palmito:
O palmito, produto que nos anos de 1980 chamou a atenção de muitos
empresários que vieram do sul e sudeste do país para a exploração dos açaizais
nativos, que com o esgotamento dos açaizais nas áreas das fábricas de palmito,
essa indústria vem decrescendo no Pará.
·
A CAÇA
E PESCA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO:
A Fauna Amazônica:
Fauna
é o conjunto das espécies
animais de uma determinada região e cada animal é adaptado para viver no
meio vegetal, fluvial ou marinho, de acordo com o seu respectivo clima
e demais fatores ambientais.
A extinção dos animais na
Amazônia:
A Amazônia é uma imensa área
detentora de muitos tipos de ecossistemas que abrigam uma enorme quantidade e
variedade de espécies animais (e vegetais) e, por incrível que possa parecer
novas espécies estão sendo descobertas e logo são consideradas ameaçadas de
extinção. No caso da extinção das espécies animais (ou vegetais) vale dizer que
todas as espécies têm grande importância para os ecossistemas naturais e basta
a extinção de uma delas para que graves desequilíbrios ocorram no meio
ambiente. Esse é o delicado momento que vivemos atualmente em relação a Flora e
Fauna amazônica, que se não forem tomadas medidas adequadas da aplicação da
legislação ambiental já existente, corremos o sério risco de ver nossos
recursos naturais correndo sérios riscos de extinção ou redução dos estoques
pela falta pura e simples da aplicação dessas leis.
Aves:
Na Amazônia existia uma grande
quantidade e diversidade de aves, onde muitas espécies já foram extintas e
outras já se encontram em vias de extinção devido a intensa caçada para
diversas finalidades e a destruição de muitos ecossistemas que abrigavam as
variedades de aves dessas áreas nos períodos históricos do Pará. Mesmo assim
ainda podemos encontrar uma grande quantidade de famílias e ordens de aves que
ocupam os ecossistemas de florestas, mangues e vegetação de várzea do Estuário
Amazônico onde proliferam esses belos animais.
Antigamente as aves eram
exterminadas pelas intensas caçadas dos períodos históricos do Pará nas áreas
do entorno ou vizinhas de Belém, como as regiões do Salgado, Bragantina e do
complexo deltaico estuarino dos rios Capim-Acará-Guamá-Moju e Baixo e Alto
Tocantins. Atualmente grande inimigo das aves amazônicas é o intenso
desmatamento de imensas áreas do Sul, Sudeste e Sudoeste do Pará em função dos
projetos minerais, implantação de fazendas de gado, da grande cultura de soja e
arroz, e o grande problema das usinas que usam carvão advindo das áreas
florestais fornecido por carvoarias clandestinas do entorno dessas áreas. Como
estamos falando do Estuário Amazônico e estamos em pleno “paraíso das águas”,
outro grande problema para a flora e fauna amazônica é a extrema poluição das
águas estuarinas que se junta com o comércio ilegal de animais e a caça
predatória ainda existente que são fatores que vêm exterminando muitos animais
e diminuindo a riqueza de nossa flora e fauna.
A antiga prática da caça e pesca:
A prática da caça e pesca passou
dos indígenas para os caboclos estuarinos, que abatiam mamíferos, aves,
quelônios, jacarés nas caçadas e praticava a pesca em todos os igarapés e rios
do Estuário Amazônico, que abundavam em suas águas, igualmente como a pesca e
coleta de crustáceos como o camarão de água doce e caranguejos das várzeas das
Costas Atlânticas. Essa longa e predatória prática da caça e pesca, ao lado da
extração de outros recursos naturais das áreas estuarinas, acabou por
empobrecer as matas e rios de muitos animais que hoje estão extintos ou em vias
de extinção. Após a pesca executada de diversas formas pelas áreas pesqueiras
do Estuário Amazônico, inclusive com o método do borqueio e arrastão pelos
pescadores artesanais, e modernamente, pelas pescas de arrastão das grandes
empresas de pescas pelas costas estuarinas oceânicas, que vêm se encarregando
de dizimar a grande quantidade e variedade de peixes e crustáceos de grande
valor econômico que são exportados para outros pontos do Brasil e exterior.
Nos dias atuais já não existe a quantidade enorme de frutos
do mar que existiam em variedade e quantidade impressionantes nas matas e
corpos d’águas estuarinas, como também a própria vegetação costeira sofreu e
continua sofrendo a prática predatória da derrubada dessas matas para
implantação dos roçados de cana-de-açúcar e outros roçados e a busca
desenfreada pela madeira específica da construção naval ribeirinha e da madeira
para outras variadas aplicações, inclusive a exportação em massa de madeira não
certificada pelos órgãos competentes.
Os rios e floresta do Baixo Tocantins
e Marajó contribuíram fortemente nas atividades de caça e pesca, onde, no
Período Colonial, os navios estrangeiros eram abastecidos com o pescado e as
carnes das caças fornecidas pelas tribos indígenas locais às tripulações desses
navios, especialmente do peixe-boi e tartaruga existentes em abundância nos
rios e baías circunvizinhas à Ilha do Marajó. O mesmo processo foi seguido no
abastecimento dos navios da Coroa Portuguesa e da Capital Belém. Com as
atividades de caça e pesca intensa e predatória no decorrer dos séculos, e a
destruição das matas para a implantação dos extensos canaviais da indústria
canavieira da região do Baixo Tocantins, Marajó, Capim, Guamá, Acará e Moju, os
produtos da caça e atividade pesqueira foram se tornando menos abundantes e, na
metade do século 20, já não se obtinha uma boa produção de pescados e carnes de
animais silvestres na Região do Baixo Tocantins e Marajó, tendo a economia se
concentrado em outras atividades produtivas como a Indústria Canavieira e o
Comércio de Regatão. Quanto à caça, o Estuário Tocantino era abundante em
animais silvestres cujas carnes e peles eram valiosos na atividade exportadora
de Belém e, entre as carnes, além do peixe-boi e quelônios e jacarés citados
acima, existiam as valiosas peles de onças, jaguatiricas, ariranhas, lontras,
maracajás, capivaras, jacarés, veados (estes existiam aos milhares em várias
espécies) que tomavam os destinos da Europa e Estados Unidos. O mesmo destino
tiveram as abundantes espécies de aves silvestres, que eram caçadas por sua
carne e penas, com uso variado. Já não existem mais os grandes bandos de aves
como papagaios, guarás, periquitos, gaivotas, mutuns, ciganas, tucanos, araras,
pica-paus, patos-do-mato, marrecos, garças e outros que povoavam o Estuário
Amazônico.
As áreas estuarinas do Baixo
Tocantins e Marajó são citadas em 1864 como áreas abundantes de peixes de
excelente qualidade e de caças abundantes e diversas que foram objeto da caça e
pesca para exportação para o exterior no Período Colonial do Pará.
Alguns aspectos da caça e pesca dos antigos e tradicionais animais amazônicos:
Importância da Fauna na
alimentação estuarina:
A caça nos períodos históricos do
Pará foi a forma utilizada por nossos ancestrais para a obtenção de alimentos e
comercialização de carnes. E
a fauna, no
Estuário Amazônico e na Amazônia em geral, ainda é fundamental para
muitas
tribos que ainda subsistem da caça e pesca. E até os dias atuais a
Culinária Estuarina Amazônica é baseada nos recursos que a fauna e flora
ainda oferece em
termos de alimentação em produtos advindos da fauna amazônica,
apesar da caça proibida das espécies, e que criaram uma peculiar cultura
alimentar no
Pará. Vide Culinária Paraense no Blog do ADEMIR ROCHA.
Não só os peixes sofreram e sofrem os efeitos da pesca predatória, como
igualmente os mamíferos e outros animais de água doce do Estuário Amazônico
sofreram implacável caçada pelas suas carnes, banhas, óleos e peles que
alcançavam altos preços nos mercados importadores da Europa e Estados Unidos.
As carnes de animais como peixes-bois, jacarés, tartarugas também eram usadas
fartamente pelas populações das áreas ribeirinhas em sua dieta alimentar.
Alguns conhecidos animais das áreas amazônicas:
Alguns conhecidos animais das áreas amazônicas:
·
Peixe-Boi:
A carne do mamífero aquático
peixe-boi, animal que existia aos milhares nas águas amazônicas, era salgada e
seca, citada na década de 1840 e era consumida pelas populações das áreas
estuarinas e também exportada para a Capital e também muito usada na
alimentação das tropas militares do governo, ou invasores estrangeiros do
Estuário Tocantino e das populações ribeirinhas.
·
Tartarugas:
Além de sua carne para consumo
das populações e tropas militares a tartaruga oferecia a sua banha que servia
na fabricação de manteiga de tartaruga, citado na década de 1850, produzida na
Capital.
Os ovos de tartaruga também eram largamente consumidos como alimentos pelas
populações ribeirinhas da Amazônia. A tartaruga é um animais que vêm
correndo sério risco de extinção. Ela está ameaçada não só pela
pesca predatória, como pelo consumo de seus ovos. A
tartaruga pões os ovos em ninhos cavados na areia das praias. Quando o homem
descobre o local da desova ele os desenterra para comer, reduzindo, assim,
a capacidade de reprodução da espécie.
Algumas antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como coletoras de tartarugas e jabutis e produtoras de manteiga de tartaruaga: localidade de São João Baptista de Itacuruçá, São João de Veiros, Pombal, Porto de Moz, São João de Piraguary.
Algumas antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como coletoras de tartarugas e jabutis e produtoras de manteiga de tartaruaga: localidade de São João Baptista de Itacuruçá, São João de Veiros, Pombal, Porto de Moz, São João de Piraguary.
Nas águas e florestas do Estuário Amazônico existe também uma
grande quantidade e variedades de animais e os mais conhecidos são:
·
Nas áreas de florestas encontram-se: onças,
jaguatiricas, maracajás, guaxinins, preguiça, caititu, anta, veados, tamanduá, gambá, capivaras, pacas,
cotias e tatu e há macacos de várias espécies nas florestas.
·
Nos rios e lagos da região amazônica habitam o
peixe-boi, o jacaré, o pirarucu, a lontra, ariranha e a capivara e há um grande número de
peixes, tartarugas e jacarés.
·
Entre os répteis se incluem diversas espécies de
cobras, em especial a surucucu, a jararaca, a sucuri e a jibóia e uma grande variedade de lagartos.
· Os anfíbios (sapos, rãs, pererecas) eram muito comuns no Baixo Tocantins que começavam a aparecer
no período chuvoso, especialmente perto de lugares pantanosos, várzeas e
riachos, fazendo a algazarra do chamamento ao acasalamento. Esse cenário já
está desaparecendo nas zonas urbanas das cidades e, agora, é mais presente nas
zonas periféricas e rurais. Porém, na área onde o autor do Blog reside, bem no
centro da cidade, que fica perto de um aningal, todo ano sua casa recebe a
visita de rãnzinhas, rãs e sapos cururus. Costumamos colocar esses animais para
dentro do cercado da casa para que não sejam vitimados pelo intenso trânsito da
rua. Este ano nos deparamos também com a visita de uma bonita espécie de sapo
cururu colorido, jamais visto por estas áreas.
·
Aves como papagaios, araras e tucanos, guarás,
garças, gaivotas. Os pássaros, de um modo geral, são retirados das matas para
serem comercializados em feiras livres, engaiolados e nas piores condições de
vida. Curió, canário-da-terra, sabiá, azulão são os pássaros
mais vendidos.
·
É grande o número de insetos na
Amazônia.
Animais usados na alimentação
ribeirinha:
As populações rurais e
ribeirinhas do Estuário Tocantino desde os tempos coloniais e provinciais não
atentaram para a preservação dos variados ecossistemas que serviam de meio ambiente para muitas espécies de
vegetais e animais que já foram extintos ou já estão em vias de extinção
irreversível na região pela prática das caçadas intensas em todos
os períodos históricos do Pará e o uso de muitas espécies como alimento, o que
é compreensível pela pobreza que sempre afetou as populações ribeirinhas e
rurais do Estuário do Tocantins. Até mesmo espécies exóticas da fauna foram ou são
usadas como alimentos, criando até uma cultura pelo uso como iguaria alimentar,
como são os casos das carnes de capivara e jacaré, que até os dias atuais são usados como
alimentos até mesmo pela população das cidades, apesar da proibição por lei
federal.
Outros animais
exóticos ainda são usados na alimentação ribeirinha, como:
Veados
Veados
Quelônios:
·
Tracajás
·
Tartarugas
Mamíferos:
·
Tatus
·
Mucuras
·
Macacos
·
Preguiças
Capivaras
Preás
Cotias
Pacas
Peixe-boi
Botos
Aves, onde uma série grande de aves eram usados na alimentação ribeirinha estuarina:
Répteis na alimentação
ribeirinha:
Porém, além dos jacarés, gostaríamos de falar de alguns répteis que foram e ainda são largamente usados
como alimento pelas populações ribeirinhas e rurais do Estuário Tocantino e que
atualmente são raros de encontrar devido a sua extinção ou em vias de extinção
na região, que são o jacuraru e o camaleão.
O Jacuraru:
O jacuraru era um dos maiores lagartos encontrados nas matas de várzeas e de
terra firme das matas tocantinas, que era um soberbo e vistoso lagarto de
coloração vermelha com pintas pretas e que chegava a alcançar até meio metro de
comprimento, incluindo a grossa cauda. Esse lagarto é da mesma família do
jacuruxi e do jacarerana que também já foram extintos na região. O jacuraru
alimenta-se de folhas, frutos, aranhas, insetos, sapos, ratos, soiás e outros
pequenos mamíferos, aves, cobras e até pequenos lagartos. Nas casas ribeirinhas
e rurais tocantinas ele assaltava galinheiros para comer ovos e pintos ali
existentes, fato que levou esse lagarto a gozar de má fama nas populações
ribeirinhas e rurais. O temido jacuraru, pela sua valentia, virou lenda nas
matas amazônicas. O Jacuraru é animal muito arisco, um lagarto com dentes
afiados e venenosos, de muita força, que enfrentava e vencia na luta até cobras
venenosas, como as jararacas. Nessas lutas, quando ferido ou cansado, parava e
se esfregava nas folhas e voltava valentemente à briga. Porém esse belo e
temível animal também servia de alimento para as populações ribeirinhas e
rurais no Estuário Tocantino e hoje está extinto ou em vias de extinção. Pela
sua esperteza, o único meio de apanhá-lo era no buraco que lhe servia de toca.
O buraco era escavado pelo caçador com um pau, facão ou espingarda, quando o
animal era morto para servir de alimento. Outro modo de caçá-lo era através de
cachorros que acuavam e cansavam o lagarto até ele ser morto pelo seu caçador.
Também nas casas os cães eram usados para espantar os jacurarus que procuravam
alimentos nos galinheiros das casas.
O Camaleão:
Diferentemente do terrestre e valente jacuraru existia também em abundância no
Estuário Tocantino o lagarto camaleão, de hábitos arborícolas e inofensivo e
esse lagarto era um pouco maior que o jacuraru, chegando a alcançar mais de
meio metro de comprimento. Na verdade existem dois grupos de camaleões nas
matas tocantinas: um menor e de coloração mais verde e outro maior de coloração
verde-escura. O camaleão se alimenta de folhas, flores e insetos. O camaleão
tem as seguintes características: podem mudar de cor rapidamente (camuflagem),
têm olhos móveis e independentes (avistam 180% ao seu redor) e têm línguas
retráteis na captura de suas presas. Nas árvores o camaleão assume a coloração
verde das folhas dessas árvores onde busca seus alimentos. Nas vezes que desce
ao chão, assume a cor da folhagem seca. A vulnerabilidade do camaleão, ou
melhor, da camaleoa, está justamente nos momentos em que ela, que fica ovada em
setembro, quando desce das árvores para por seus ovos em buracos escavados nas
areias das praias. As pessoas se aproveitam desse momento para apanhar os
camaleões e seus ovos para serem usados como alimento, e dizem os ribeirinhos
ovos de camaleão são uma delícia. Uma cena triste nas feiras tocantinas é a de
ver esse animal com suas patas amarradas pelas costas para ser vendido nas
feiras estuarinas como alimento às populações, pois existem também pessoas nas
cidades que apreciam a carne e ovos desses dóceis, inofensivos e simpáticos
animais.
Outros lagartos do Baixo
Tocantins e Marajó:
· Jacarérana,
praticamente extinto na região.
·
Jacuruxi
ou lagarto-jacaré, lagarto, de cor vermelha, muito vistoso, que se escondia por
baixo das folhas podres dos igarapés, muito difícil de ser achado. Comia
caramujos, sararás, ararutas. Já extintos ou em via de extinção no Baixo
Tocantins devido destruição de seus habitats e de sua caça por causa de sua
vistosa pele.
·
Lagarto
verde que é habitante da zona rural e urbana e que ainda existe em quantidade
relativa.
·
Tamaquaré
ou papa-vento que ainda pode se avistado pelas matas.
Sapos, rãs e pererecas no Estuário Tocantino:
·
Histórico da Atividade Pesqueira Artesanal e Industrial
no Estuário Amazônico e os Tipos de Pescados:
As atividades de pesca na
Província do Pará nos anos de 1870 eram altamente predatórias. Cita-se a pesca
por envenenamento de peixes por timbó, assacu camará ou cunamby, onde também
morriam pessoas por comer peixes envenados por esses vegetais. Em 1871 morreram
7 pessoas.
Junto com oss peixes os crustáceos, mariscos e outras espécies de
mamíferos, quelônios, jacarés, outrora existentes em grande quantidade pelas
áreas estuarinas amazônicas, começaram a sofrer grandes explorações já a partir
do Período Colonial do Pará, processo que continuou no Período Provincial e na
Era Republicana e que continua até os tempos atuais. A atividade pesqueira e
extrativista nesses períodos não foram processos pacíficos, com o homem se
utilizando da pesca predatória com o registro do uso de venenos de alguns
vegetais tóxicos já no Provincial e já mais modernamente com o uso de processos
de pescas através das redes de arrastão para captura de espécies econômicas e
com isso acarretando a captura, mortandade e destruição de ecossistemas
fluviais e marinhos de importância para a manutenção dos estoques de peixes,
crustáceos e mariscos largamente utilizados na dieta alimentar dos povos
ribeirinhos das áreas estuarinas amazônicas. Para contribuir com a destruição
dos ecossistemas fluviais e marinhos vieram a construções dos portos, e grandes
hidrelétricas que vieram dar contribuição na destruição de muitos ecossistemas
que afetaram sensivelmente a escassez não só das espécies fluviais e marinhas
como das demais espécies existentes nos ecossistemas florestais dos entornos
das vias fluviais e marinhas do Estuário Amazônico.
O fato agora é que uma dieta baseada nos recursos pesqueiros das áreas
estuarinas amazônicas está se tornando cada vez mais difícil e caro, portanto
longe do poder aquisitivo das populações ribeirinhas das áreas do Estuário.
·
Peixes
e Aspectos da Pesca nos Períodos Históricos do Pará:
Nos períodos Colonial e
Provincial do Pará os peixes eram largamente pescados para serem usados na
forma de peixes frescos como alimento pelas populações estuarinas. Porém para a
Capital, o peixe fresco não seguia na quantidade que pudesse atender às
necessidades da população de Belém e outras localidades às suas proximidades.
Em 1840 é citado o peixe de moura, que era o pescado fresco e era aberto, limpo
de suas vísceras e salgado na forma molhada e assim seguia para o consumo na
Capital e demais localidades estuarinas onde não existia pescados suficientes
em seus cursos de águas doces e mesmo nos lugares onde aconteciam as grandes
pescarias pelo método do borqueio, grande parcela desse pescado era salgado na
forma molhada (peixe de moura) onde era vendido nas localidades das
proximidades dos rios e baías de onde eram retirados, como as baías do Capim,
Marajó, Maiuatá e na foz dos rios que deságuam nessas baías.
Os peixes salgados e secos eram
outra maneira de se fazer a conservação da grande quantidade de pescados
extraídos das áreas pesqueiras estuarinas da Amazônia. Esse processo consistia
em se fazer a pescaria de grandes quantidades de pescados e, para vendê-los nas
praças consumidoras mais distantes, os peixes eram abertos, limpos de suas
vísceras, salgados e colocados para secar ao sol. Por esse método era possível
fazer a exportação de milhares de fardos de peixes salgados e secos, vindos das
diversas áreas pesqueiras e desse modo serviam na alimentação da Capital,
Belém, e das localidades sem vocação pesqueira. Grande quantidade dos fardos do
peixe salgado e seco seguia pelos portos de Belém e Manaus como um dos itens de
exportação desses estados. Em Belém os governantes adquiriam grande quantidade
de fardos de peixes salgados e secos, como de outros produtos da caça e pesca,
que eram usados como pagamento do soldo da soldadesca, do funcionalismo público
e das côngruas de bispos, padres e funcionários das instituições eclesiásticas.
Tainhas e suas ovas, pescadas, malhados e alguns outros peixes nobres eram
largamente usados nesse processo.
Antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como produtoras de peixe salgado: São João do Piraguary, São João de Pombal
Antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como produtoras de peixe salgado: São João do Piraguary, São João de Pombal
Localidades da
Província do Pará que no período fiscal de 1863-1864 eram os maiores produtores
de peixe salgado:
·
Vigia, com 1.353 arrobas
·
Abaeté, com 1.530 arrobas
·
Marajó, com 252 arrobas
·
São Caetano, com 545 arrobas
·
Cabo do Norte, com 400 arrobas
·
Cametá, com 110 arrobas
No mesmo período fiscal, os
maiores produtores de pirarucu salgado:
·
Santarém, com 13.318 arrobas
·
Monte Alegre, com 208 arrobas
·
Alenquer, com 39 arrobas
Tipos de Peixes citados nos períodos históricos:
·
Peixe mapará, que figurava nas exportações de
1863 para a Capital, na forma de peixe salgado com 377 arrobas desse peixe.
Pela sua abundância em águas do Estuário Tocantino, onde era encontrado em
grandes quantidades pelas baías, rios e igarapés estuarinos, inicialmente esse
peixe não era muito apreciado na alimentação ribeirinha, devido a existência de
grandes cardumes de peixes que eram considerados mais nobres. Porém, com a
escassez destes últimos em águas tocantinas e marajoaras, o mapará passou a
fazer parte da dieta alimentar das populações ribeirinhas do estuário
tocantino. Seus estoques, pelas grandes pescarias dos chamados “borqueios”
estão ficando cada vez mais excassos, ajudados pela construção da barragem da
Usina Hidrelétrica de Tucuruí, obrigados os pescadores de igarapé-Miri e
Abaetetuba a adotar os chamados “acordos da pesca”, para respeitar o período do
defeso do mapará e outros peixes das águas do Baixo Tocantins.
·
Peixe
Piramutaba, Embarcações da frota piramutabeira (tipo de pesca industrial
existente no estuário amazônico), utilizando-se redes de arrasto de fundo sem
portas, sempre contra a correnteza, isto é, no sentido do oceano à foz no
período diurno. Piramutaba se alimenta dos seguintes itens alimentares: Equinodermos,
Gastrópodes, Bivalves, Cefalópodes, Crustáceos e Peixes Ósseos.
·
Peixe
Gurijuba: O peixe gurijuba não era um peixe nobre e praticamente não era
usado na alimentação das populações estuarinas, mas esse peixe, que existia em
grande quantidade pelas costas estuarinas amazônicas, fornecia um produto
valioso que era a grude de gurijuba, que vinha se juntar à grude de outros
tipos de pescados para entrar como produto valioso da pauta de exportação nos
períodos históricos do Pará, especialmente no Período Provincial e início da
Era Republicana. Esse ítem de exportação é citado em 1850, 1870. A extração de
grude de gurijuba é uma prática até hoje existente e esse peixe já se encontra
em perigo de extinção devido a grude com aplicação em algumas indústrias e como
peixe agora usado na alimentação das populações estuarinas amazônicas. Em 1873
foram exportados para fora do Império Brasileiro a quantidade de 18.315 quilos
de grude de peixes.
·
Peixe Pirarucu: O grande e majestoso peixe
pirarucu sempre foi usado na dieta alimentar das populações indígenas e demais
populações estuarinas. Os indígenas descobriram o método da salga da carne
desse peixe e, desse modo, foi intensamente usado na exportação para a Capital,
Belém, que daí seguia para os diversos pontos de extração do látex de
seringueiras e também na alimentação das populações ribeirinhas do Estuário
Amazônico, inclusive para o Baixo Tocantins onde era largamente utilizado como
iguaria na alimentação cabocla. Esse peixe se tornou raro e sua venda alcançou
altos preços nos mercados consumidores e proibitivo para as camadas mais pobres
das populações. Eram os comerciantes de regatão de Abaetetuba e Igarapé-Miri
que se encarregavam de trazer o pirarucu salgado do Baixo Amazonas e demais
áreas de sua maior incidência. Carne de pirarucu, citada na década de 1850,
salgada e seca, exportada para a capital.
Antigas
localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, produtoras de
pirarucu salgado: Vila de Gurupá, Veiros, Pombal, Souzel.Produtoras de pirarucu salgado nos periodos Provincial: Baixo Amazonas
ATIVIDADES PESQUEIRAS MAIS RECENTES NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO
Pesca no Estuário Amazônico
O Estuário
Amazônico é considerado uma das regiões mais produtivas do país na pescaria. A
pesca nesta região é complexa e é realizada através de vários processos de pescas.
A pesca é considerada uma das mais importantes fontes de geração de empregos,
renda e alimento.
A pescaria no
Estuário Amazônico é feita nas costas atlânticas e com rede de malhar,
rede de
arrasto e pesca por espinhel e são pescados quase 4 dezenas de espécies
com valor
comercial e pertencentes a mais de 20 famílias e 8 ordens de peixes.
Estima-se que a pesca no Estuário Amazônico em 1998 correspondesse a 40%
da produção brasileira e tal riqueza faz com que o local seja um grande
centro de exploração dos recursos pesqueiros do Brasil.
O Estado do Pará
foi responsável pela produção de 88.980 toneladas da pesca extrativa e marinha
nos locais de pescaria no Estuário Amazônico, o que lhe assegurou o 2º lugar em
termos de volume de pescados.
A pescaria no
Estuário Amazônico recai sobre uma série de espécies e os tipos de pesca e as
frotas operantes são das mais diversas.
A Pesca Industrial e a Pesca Artesanal no Pará:
Pescaria da frota
industrial:
A grande pesca da frota
industrial é melhor equipada e empregava mais de duas mil pessoas e tem como tipo de
pesca principal a rede de arrasto, citada em 1998.
Porém a rede de malhar é a mais usada na captura de um maior número de
espécies e durante o ano inteiro, seguida pela rede de arrasto, enquanto o
espinhel capturou um menor número de espécies.
A
pescaria por rede de arrasto apresentou a piramutaba como a principal espécie
capturada e a dourada como a 2ª em quantidade de pesca.
As espécies comerciais de pescados mais
abundantes foram a piramutaba, a gurijuba, a pescada amarela e os tubarões, sendo responsáveis por mais de 70% do total de pesca em 2001.
A piramutaba figurava
com mais de 70% do pescado pelo método de rede de arrasto, sendo esta, portanto, a
espécie-alvo da pescaria industrial, seguido da dourada como espécie acompanhante.
A piramutaba
apresenta as maiores capturas no primeiro semestre (abril e maio), durante o período entre estações (chuvosa para a seca)
Na
pesca por rede
de malhar a pescada amarela apresentou maior volume capturado, seguida
da
gurijuba. No grupo de pesca por rede, a pescada amarela vem com quase a
metade do pescado, tendo a gurijuba como espécie acompanhante. Para a
pescada amarela,
as maiores capturas foram registradas em julho, citadas em 2001 e 2002.
Em relação às
pescarias com espinhel os tubarões apresentaram maior volume
de pesca, enquanto a 2ª espécie de maior captura é a gurijuba. Na pesca dos tubarões a uritinga vem como espécie acompanhante.
Para a dourada,
as capturas foram maiores no segundo semestre, com picos durante o período de
menor pluviosidade (setembro), citada em 2001 e 2002.
A gurijuba é pescada pela rede de malhar e por espinhel e o pico de sua captura ocorreu no segundo semestre,
durante o período de menor pluviosidade (dezembro).
Nas pescarias a
pluviosidade mostra ter pouca influência, fato que se deve ser causado
pelas frotas pesqueiras explorarem a
abundância do pescado ao longo do ano.
A Pesca Artesanal:
A frota artesanal é feita em pescarias em pequena escala e emprega mais de 70 mi pessoas na Amazônia e tem como
tipo de pesca as redes de espera. Para a pescaria de
pequena escala são importantes o local de pesca e os períodos sazonais e também são levados em conta os estoques pesqueiros, o período de
defeso e o preço, que são fatores que interferem nos modos de pescas. Na região
de Santarém a pescaria está influenciada pelo ciclo de vida das espécies-alvo,
condições climáticas, ciclo hidrológico e interesse econômico do mercado
consumidor. Como na pesca industrial, são também capturadas as espécies: piramutaba, dourada, pescada amarela, uritinga e gurijuba, seguida de outras espécies em menor quantidade. Os tipos de pesca são por rede de malhar, pesca por espinhel citados em 2001 e 2002.
Tipos de pescados
na Baia de Marajó:
Na
pesca na
baía de Marajó em 1985 foram registradas mais de 6 dezenas de espécies
capturadas e em1999 foram
registradas mais de 9 dezenas de espécies capturadas e presume-se que o
fato se dê pelos
hábitos migratórios da maioria das espécies da referida baia e
adjacências. No período mais chuvoso elas podem ser capturadas tanto
pela frota artesanal como pela industrial, enquanto no período seco a
captura se
faz pela frota artesanal, pois esta pode atuar tanto
na parte mais interna do Estuário, como nas vias fluviais, para onde essas
espécies migram. No Marajó as pescarias mantêm-se constantes durante o ano inteiro
e em determinados períodos há uma variação na atividade pesqueira em função da
pesca das espécies espécies-alvo e relacionadas com a pluviosidade, fato citado em 2001 e 2002.
A gurijuba é capturada pela rede de malhar e pelo espinhel e em
em
2004 foi citado que essa espécie possui hábitos
costeiros e com período de desova durante novembro a março, levando a
gurijuba
a se aproximar de águas costeiras próximas a manguezais, locais com um
menor números de predadores e com maior cuidado por parte dos machos aos
ovos e filhotes.
A pesca da piramutaba e da dourada no Estuário Amazônico:
A
piramutaba ocupa
lugar de maior importância na pesca no Estuário Amazônico e sempre
seguida da dourada. A piramutaba apresentou
maiores valores de captura no primeiro semestre do ano. Esta espécie
acompanha o desague do rio Amazonas e alcança a parte externa do
Estuário, onde é mais
capturada pela frota industrial, porém, no mês de maio ela inicia a
migração
rio acima, ficando, assim, mais suscetível às capturas pela frota
artesanal, conforme citação de 1997.
A dourada:
A
dourada apresentou maiores quantidades no segundo
semestre, quando os índices pluviométricos foram menores. Esta espécie
tem
caráter migratório, deslocando-se próximo da superfície. Esta migração à
longa distância depende de certos fatores como diminuição
da pluviosidade e do nível d'água doce no estuário e a presença do teor
salino adequado
em certa época do ano que invade o estuário, a partir do fundo. Em
contrapartida limita a
presença da piramutaba. Desta forma, possivelmente a dourada, que habita
em profundidade
menor, fica mais tempo disponível no estuário para a pesca industrial.
Os picos de captura da dourada ocorrem de maio a setembro.
A pesca dos tubarões nas costas atlânticas do Estuário Amazônico:
A
pesca dos tubarões ocorre desde o início da década de 2000 nas costas
atlânticas do Estuário Amazônico, em pesca direcionada e pela frota
artesanal e
industrial, com as capturas aumentando ao longo dos anos devido à
importância
comercial e devido o elevado valor comercial das barbatanas
de tubarões, o que torna essa pesca tristemente afamada e levada tão
somente pela exportação das barbatanas para o mercado asiático em vista
do alto valor econômico.
Outras espécies de pescados:
A pesca com rede de
emalhar, tipo malhadeira, é direcionada à pescada amarela, porém capturando também um
grande número de espécies acompanhante, que também são
aproveitadas pelos pescadores artesanais, como a gurijuba, a corvina e o camorim, citados em 2003.
Histórico das Aves:
As aves eram caçadas em vista da
comercialização de suas carnes ou penas para uso nas antigas canetas-tinteiros,
ou como aves da ornamentação ou canoros.
·
Aves silvestres vivas, já citadas na década de
1840, e exportadas em grandes quantidades e usadas como animais da
ornamentação.
·
Penas de garças e outras aves, usadas nas
escritas de tinteiros das repartições e escolas da Província.
Peles, Couros e Carnes Extraídos
do Estuário Tocantino:
·
Peles,
nos períodos colonial e provincial do Pará, as caçadas eram intensas no
Estuário Tocantino, quando as peles eram exportadas para a Europa para
aplicação na indústria dos vestuários ou bolsas de couros finos. Os couros
secos e verdes são citados como gêneros da pauta de exportação de 1863-1864,
sendo que os couros verdes, especialmente de veados e outros animais tiveram um
grande incremento em sua exportação devido a grande extração nas matas e rios
estuarinos amazônicos, sendo um dos principais gêneros de exportação desse
período com 1,134:000 libras exportadas.
·
Couros de veado, citados na década de 1840,
1870, quando milhares de peles e de diversas espécies de veados eram vendidas
ou trocadas com os regateiros em milhares de unidades, e usadas na pauta de
exportação da Província.
·
Couros salgados, de animais diversos, citados na
década de 1840, eram couros não curtidos e mantidos salgados como forma de
conservação nas exportações para a Capital.
·
Couros secos, de animais diversos, citados na
década de 1840, eram os couros de animais silvestres abundantes no Estuário
Tocantino, e gado vacum, que já estavam devidamente curtidos pela ação dos
ventos e calor do sol e prontos para exportação.
·
Couros de bois, vindos das fazendas e sítios do
Marajó e Zona Tocantina, para a curtição em Belém nos anos de 1860.
Ainda a extinção das espécies amazônicas:
Ainda a extinção das espécies amazônicas:
As causas do desaparecimento das
espécies:
Muitas espécies Vegetais e
Animais já desapareceram da Terra e outras estão ameaçadas. As causas da
extinção das espécies são as mais diversas, como:
·
As mudanças no meio ambiente
·
A falta de alimento para as espécies
·
As dificuldades de reprodução das espécies
·
As mortes naturais por doenças adquiridas no
próprio ambiente
·
A ação destruidora do homem, sendo este o
principal motivo do desaparecimento das espécies animais e vegetais. A caça e
pesca predatória.
O homem, além de lançar na água,
no ar e no solo os mais diversos tipos de substâncias tóxicas e contaminadas,
também agride o meio ambiente capturando e matando animais silvestres e
aquáticos e destruindo matas e floresta.
A seguir informamos as principais
ameaças à destruição da fauna e da flora brasileiras. Tomando conhecimento
delas, poderemos contribuir para que a natureza seja menos agredida e, assim,
ajudar a preservar as espécies.
Algumas espécies animais mais
ameaçados de extinção no Estuário Amazônico:
O
jacaré é que vem correndo maior risco de
desaparecer das áreas estuarinas amazônicas, sendo que no Baixo
Tocantins e na Região do Marajó já não mais se avistam jacarés. Antes
eram os antigos coureiros, como são chamados os caçadores de jacarés,
que matavam esses animais para retirar sua pele que era exportada para o
exterior e a carne era abandonada nos banhados. A pele do animal era
vendida para a fabricação de bolsas, sapatos, cintos, carteiras, etc.
A extinção de vegetais:
Numerosas plantas brasileiras
também estão desaparecendo por vários motivos e todos causados pela ação do
homem. Alguns fatores da extinção das espécies vegetais:
A construção de estradas, onde muitas florestas
naturais já foram derrubadas para dar lugar a estradas.
· A construção de cidades
· As plantações de soja, arroz e outras grandes
culturas
· A formação das pastagens para criação de gado
· O comércio ilegal madeira
Os incêndios também são causas de destruição de
florestas, bosques e matas e muitas vezes os incêndios acontecem por acidente,
como um cigarro aceso jogado nas matas, principalmente em épocas de seca. Mas os
incêndios são frequentemente realizados propositadamente e isso é comum na
floresta Amazônica, onde depois são implantadas as pastagens para a criação de
gado.
ÓLEOS, LEITES, RESINAS E AZEITES
ANIMAIS E VEGETAIS:
A coleta das sementes oleaginosas
foi incrementada no Período Provincial do Pará e no início do século 20, já na
Era Republicana tomou novo impulso com a implantação de algumas fábricas de
beneficiamento em Belém e outras localidades do Estuário Tocantino, região das
ilhas, devido a decadência da produção da borracha.
Antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como produtoras de óleos de copihyba e azeite de andiroba: São João Baptista de Itacuruçá, São João de Veiros, Porto de Moz.
Antigas localidades do Vale do Xingu, citadas entre 1764-1769, como produtoras de óleos de copihyba e azeite de andiroba: São João Baptista de Itacuruçá, São João de Veiros, Porto de Moz.
Os maiores
exportadores de sementes oleaginosas para Belém eram os seguintes municípios em
1924:
·
Afuá com exportação de 2.800 toneladas de
sementes oleaginosas ou 27% das exportações.
·
Macapá com 20% das exportações
·
Mazagão com 12,4% das exportações
·
Chaves com 8,6% das exportações
·
Anajás com 6,3% das exportações
·
Cametá com 4,8% das exportações
·
Alenquer com 4,2% das exportações
·
Quatipuru e Belém com 3% cada
·
Demais munícipios das ilhas do Pará com o
restante das exportações de sementes oleaginosas para Belém
Tipos de
Sementes Oleaginosas:
·
Óleo de cumaru, extraído do fruto do cumaru e
com fábricas em Belém nos anos de 1860.
·
Óleo de ricinio, com fábricas em Belém nos anos
de 1860.
·
Mamona, citado na década de 1840, usado na
extração de óleo.
·
Carrapato, citado na década de 1840, usado na
extração de óleos.
·
Óleo de copahyba, citado na década de 1840,
1870, vindo da árvore copaibeira, árvore que existia em abundância no Estuário
Tocantino, que entrou em fase de extinção devido métodos predatórios na
extração do óleo (faziam buracos profundos, nos troncos da árvore, extraindo todo
o sumo e a árvore morria devido esse método de extração). Além das demais áreas
estuarinas, as terras altas dos rios Pacajás e Anapu eram abundantes em ávores
de copaibeiras, extintas pela força do machado e do terçado já na 1ª metade do
século 19 nas margens desses rios. O óleo de copaíba teve um decrescimento na
pauta de exportação do período de 1863-1864. Em 1873 a Província do Pará
exportara para fora do Império 18.016 quilos de óleo de copahiba.
·
Óleo de umiry, vindo da árvore umizeiro,
precioso óleo que competia com o de óleo de copahyba em valor.
·
Azeite de andiroba que é extraído da semente da
andirobeira (Carapa Guianensis), chamado de azeite de andiroba, era um
importante produto coletado por milhares de pessoas no Baixo Tocantins e Marajó
e em coleta tão intensa que determinou a diminuição drástica da andirobeira em
áreas do Estuário Tocantino. O leite de andiroba era coletado e embalados em
potes que seguiam aos milhares para a Capital, Belém, onde era quase todo
consumido nessa praça. Em 1864 só a Região do Baixo Tocantins exportou para
Belém 9.865 potes de azeite de andiroba, resultando em grandes lucros para
esses tipos de coletores. O azeite é extraído das amêndoas triangulares
encerradas dentro da casca dessa semente, que era encontradas em grande
quantidade nas ilhas e várzeas do Estuário Tocantino e, principalmente, no
Baixo Tocantins e Marajó, entre os rios Amazonas e Pará. O processo de sua
extração em 1864 era muito arcaico e consistia o da maceração das sementes,
processo já empregada há dois séculos na Província, onde acontecia a perda de
grande quantidade de óleo e a imperfeição do produto, fatores que não lhe
permitia obter um preço mais vantajoso no mercado. E esse aperfeiçoamento da
produção do azeite de andiroba era necessário devido o início do uso do gás na
iluminação das cidades, pois esse era um dos muitos usos que se fazia com o
azeite de andiroba, junto com a fabricação de sabão e usos na medicina caseira.
·
Leite da árvore de maçaranduba, que era usado
pelos ribeirinhos do Estuário Tocantinos em substituição ao leite de gado no
café da manhã. Também esse leite, quando coagulado, tinha variadas aplicações
na indústria, inclusive como fornecedora de borracha fina. A borracha do leite
coagulado da maçarandubeira já é citada em 1860. Além do leite, a
maçarandubeira fornecia frutos comestíveis e madeira, esta exportada em grande
quantidade no Período Provincial do Pará.
·
Resina de jutahy (jutahysica), que era extraída
da árvore de Jutahy, com aplicação na envernização de louças de barro e das
cuias de fabricação artesanal do Período Provincial.
·
Breu, sumo que provinha da árvore breeira, produto citado
entre 1764-1769, no Vale do Xingu: localidade de Boa Vista em Gurupá,
Porto de Moz.
·
A ucuhubeira é uma árvore das várzeas estuarinas
tocantinas existente em algumas variedades e a resina da ucuubeura branca, que
é uma resina sebífera, é usada na indústria de velas de cera para iluminação
das casas. Semente de ucuhuba eram
exportadas para Belém em grande quantidade e em 1924 a produção foi de
1.101 toneladas.
Os maiores
produtores de sementes de ucuhuba:
Alenquer, que
foi o maior fornecedor de ucuhuba em 1924
Gurupá, que em
1919 exportou 177 toneladas
Afuá, que em
1920 exportou 307 toneladas
Cametá, que 1920
exportou 510 toneladas de sementes de ucuhuba
SEMENTES:
·
Amendoim, produto citado na década de 1840, em
cultura de subsistência e nas grandes safras as sementes eram exportadas para a
Capital.
·
Caroço e frutos de inajá, produto citado em
1840, advindo da palmeira Inajazeiro, abundante no Estuário Tocantino e
regiões, usado para produzir fumaça na coagulação da borracha.
ALGUNS TIPOS
DE FIBRAS, CIPÓS, OURIÇOS, CUIAS E TALAS E ALGUNS UTENSÍLIOS E ARTEFATOS DESSES
PRODUTOS:
As Fibras:
As Fibras:
Uso das fibras vegetais:
A fibra é extraída de diversas
plantas e é utilizada no artesanato de cestos, chapéus, peneiras, esteiras e na
fabricação de tecidos, redes, cordas, tapetes e uma infinidade de utensílios
ribeirinhos. A fibra é extraída de uma série grande de vegetais como do
miritizeiro, do jatobá, do olho-de-boi, do cipó titica e outros cipós amazônicos.
As fibras, talas, folhas, cipós foram produtos de uso múltiplo na
cultura e vida ribeirinha, pela fabricação e uso de artefatos variados desses
produtos e na exportação nos períodos históricos do Pará. Esses produtos também
foram explorados à exaustão e agora experimentam grande escassez nos principais
tipos de fibras, talas, cipós.
·
Piaçava, produto citado nos anos de 1840, 1870 e
era fibra extraída da palmeira piaçava, esta antes abundante na região do
Tocantins e Marajó e exportada em ramas para a Capital para confecção artesanal
de vassouras de piaçava. Também eram exportadas já fabricadas no Estuário
Amazônico. No período de 1863-1864 a piaçava é citada como gênero de
exportação. Em 1873 foram exportados para fora do Império Brasileiro a
quantidade de10.703 quilos de piassava
·
Estopa, citado na década de 1840, extraído da
casca dos castanheiros e de outras espécies de árvores amazônicas,
exportado
para a Capital. As antigas localidades do Vale do Xingu são citadas
entre 1764-1769 como produtoras de estopa: Porto de Moz, Pombal, Souzel.
·
Chapéus, produto confeccionados em fibras
diversas, citado na década de 1840.
·
Redes maqueiras, citadas na década de 1840,
confeccionadas artesanalmente em fibras e folhas vegetais pelas
populações
ribeirinhas do Baixo Tocantins, exportadas para a Capital. A produção de
redes já é citada no Vale do Xingu, entre 1764-1769: Boa Vista,
localidade de Gurupá.
·
Esteiras, citadas na década de 1840, com várias
aplicações como nas paredes, assoalhos, objetos das sestas de dormir, etc.
·
As cuias eram frutos extraídos das variedades de
cuieiras do Baixo Tocantins e Marajó. O fruto cuia era cortado ao meio e depois
de despolpado era colocado para secar. Depois de secas as cuias eram pintadas e
envernizadas com a resina do jutaicica e, desse modo, seguiam para as
exportações no Brasil e exterior.
·
A palha era material usado para cobrir as casas
e cabanas ribeirinhas
PRODUTOS MINERAIS, MINÉRIOS, OURO
E PEDRAS PRECIOSAS:
·
Cal de pedra, cujo produto era usado nas
fábricas para ser transformado de “cal” existentes em grande quantidade no
leito do rio Tocantins (e outros rios), na forma de cascalhos e outros
materiais. O cal tinha largo uso na Província do Pará na pintura de paredes.
·
Pedras de diversos materiais, produto citado na
década de 1840, expotado para a Capital.
·
Ouro, metal valioso citado em 1864 na altura das
cachoeiras do Rio Pacajá e no alto Rio Anapu.
As Caças e Peles:
As caças existiam
em grande quantidade em todo o Estuário Amazônico e que sofreram o processo de
caçadas, alguns pelas valiosas peles e outras pelas peles e carnes, entre os
quais citamos a grande variedade de veados e pacas, tatus, capivaras, onças,
jaguatiricas, espécies de mamíferos aquáticos (peixes-bois, lontras,
ariranhas), variedades de lagartos e jacarés (pelas carnes e peles), aves (muitas
destas caçadas por vários motivos, como pelas carnes, penas e ornamentação de
casas e museus), além da caça das aves canoras da Amazônia, e a caça dos
quelônios como tartarugas, jabotis, muçuãs muito apreciados em algumas antigas
indústrias e como iguaria da culinária amazônica.
Citamos entre as
espécies de caças existentes em grande quantidade e variedade os veados, com
algumas já extintas e outras em grande perigo de extinção. As valiosas peles
eram exportadas para a Europa nos períodos históricos do Pará para aplicação na
indústria dos vestuários ou bolsas de couros finos ou outras aplicações
industriais.
Tartarugas, tracajás, jabotins,
citados na década de 1840, existentes com abundâncias no Estuário Tocantino,
muito usados como alimento e remetidos vivos para a Capital em grande
quantidade.
Em 1873 os couros verdes (276
toneladas) e os couros secos (9,39 toneladas) foram exportados para fora do
Imperio Brasileiro.
·
PECUÁRIA NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO:
A Pecuária no Baixo Amazonas e no
Arquipélago do Marajó:
A pecuária é citada como atividade econômica desde a década
de 1840, praticada no Estuário Amazônico, especialmente na criação de gado
vacum e cavalar nos campos da Ilha do Marajó e outras áreas amazônicas. O gado
era o mais rústico possível, pé duro e facilmente adaptável nos campos do
Marajó e seus alagados, quando abasteceu por longas décadas o mercado da
Capital e dos outros municípios ribeirinhos. Abaetetuba já possuía algumas
fazendas com criação de gado vacum, cavalar os tempos provinciais já existia a
inconveniência do roubo de gado através de vários meios, sendo um desses o
envenenamento pela planta assacu, quando o gado ia beber água nos lagos,
igarapés e córregos da região.
O gado vacum é citado na década de 1840, vindos para a
Capital dos campos do Marajó, Baixo Tocantins, rio Amazonas e para a devida
engorda e posterior retalhamento e venda nos talhos do Matadouro do Maguari e
demais praças. No Marajó, devido o gado ficar solto nos campos dessa ilha,
acontecia o generalizado roubo de uma grande quantidade de reses dos rebanhos
espalhados por toda a ilha.
As fazendas de gado pertenciam a particulares, ordens
religiosas e ao Tesouro Real. Neste último caso eram duas as chamadas Fazendas
Nacionais de Gado, a de Arary e a de São Lourenço, pertencentes ao Fisco e
ambas situadas na Ilha de Marajó.
·
Outros Animais da Pecuária Marajoara e
Tocantina:
Além do gado vacum e cavalar, existiam outras fazendas e
sítios nas terras do Marajó e Zona Tocantina com criações de porcos, ovinos,
caprinos cuja criação visava o mercado da Capital e arredores. A mão-de-obra
escrava era indígena e negra, que foi largamente utilizada pelos criadores e
fazendas dessas regiões.
Além da venda dos animais para
abate, muitas fazendas do Marajó e outras áreas amazônicas também se dedicavam nas atividades e vendas
de couros, chifres, café, milho, arroz, engenhos de cana-de-açúcar, cacau,
algodão, peixes secos e salgados e peles de animais silvestres.
Os Maiores Produtores de Gado no
Marajó no Período Provincial do Pará em 1840:
·
Afuá
·
Anajás
·
Santa Cruz do Arari
·
BREVES
·
MUANÁ
·
Soure
·
Cachoeira do Arari
·
Chaves
·
PORTEL
·
Anajás
Os maiores exportadores de
cabeças de gado vacum no período fical 1863-1864 na ProvÍncia do Pará:
·
Marajó, com13.318 cabeças
·
Monte Alegre, 208 cabeças
·
Alenquer, 39 cabeças
Os maiores produtores de carne
seca e de moura do mesmo período:
·
Santarém, 2.620 com arrobas
·
Marajó, com
1.668 arrobas
·
Óbidos, com 2.376 arrobas
Alguns Produtos Vindos do Gado
Vaccum que Eram Comercializados nos Períodos Provincial e Republicano do Pará:
·
Carne seca, salgada, citada em 1835 e que foram
fundamentais na alimentação das tropas militares e dos revoltosos cabanos que
perdurou até o ano de 1840 e a carne seca é citada em 1870 como ítem da
produção e consumo na Província do Pará. Carne salgada de gado bovino, citada a
partir da década de 1840, vindas do Marajó e das fazendas do rio Amazonas,
exportada para a Capital. Se inclui na carne seca a de outros animais de caça e
aves do Estuário Tocantinio.
·
Ossos de gado, citado na década de 1840, exportados
dos municípios do baixo Tocantins e região do Marajó.
·
Sebo bovino e outros animais, citados na década
de 1840, produzidos na Ilha do Marajó, Baixo Tocantins, que eram exportados
para as fabricas de Belém.
·
Couros de bois, vindos das fazendas e sítios do
Marajó e Região Tocantina, para a curtição em Belém nos anos de 1860.
O Açaí do Baixo Tocantins e
Marajó, Como Nova e Promissora Atividade Comercial:
O açaí, fruto vindo da palmeira
açaizeiro, já era usado como alimento das populações ribeirinhas do Estuário
Amazônico desde o Período Provincial do Pará.............
Atualmente, em Abaetetuba,
Igarapé-Miri, Cametá, região do Marajó e outras localidades do Estuário, se
descobriu a riqueza que o açaí nativo pode proporcionar às populações
ribeirinhas, não só na predatória indústria do palmito, mas também nas
diferentes aplicações que esse produto vem tendo na indústria de cosméticos,
bebidas energéticas, adubos, medicina e outras aplicações que o açaí
proporciona em muitos segmentos da industrialização. Ele está se transformando
no “ouro negro” do Estuário Tocantino. O mesmo caminho vem sendo seguido por
outros produtos como o bacuri, o cupuaçu, o miriti, também com aplicações
variadas.
·
O Miriti do Estuário Tocantino:
A madeira leve ou polpa das
folhas do miritizeiro, que aqui é chamado miriti, estão elevando o nome de
Abaetetuba no cenário regional e nacional como a Capital Mundial do Brinquedo
de Miriti, devido a intensa atividade de confecção artesanal de variados tipos
de brinquedos de miriti, através de centenas de famílias que já sobrevivem
dessa atividade. Os brinquedos de miriti, belos e coloridos, que representam os
motivos da cultura abaetetubense e amazônica e outras criações, se
transformaram no cartão postal de Abaetetuba no turismo local, no Círio de
Nazaré em Belém e que possuem inúmeras postagens aqui no Blog do Prof. ADEMIR
ROCHA (acessar Brinquedos de Miriti).
Aproveitamentos
do Miritizeiro:
O uso das partes da palmeira
miritizeiro, árvore endêmica nas várzeas do Estuário Tocantino já foram objeto
de muitas postagens pelo Blog do ADEMIR ROCHA. Porém continuamos a acreditar no
grande potencial que essa planta representa no seu aproveitamento sustentável e
no aproveitamento dos inúmeros recursos que suas partes ainda podem representar
para as economias dos muncípios estuarinos tocantinos, especialmente no
aproveitamento que a massa do fruto miriti e do óleo da semente de miriti podem
representar na economia desses municípios. E a esse respeito encontramos a
interessante matéria abaixo que trata dessa questão.
Fonte da parte da matéria abaixo,
que fala do aproveitamento e qualidades mais recentes do miritizeiro e seu
fruto e semente: www.ufpa.br/beiradorio
·
Óleo de Miriti
O miritizeiro (Mauritia flexuosa)
é uma planta abundante na região de Abaetetuba. Sua altura varia de 30 a 50
metros. É uma árvore familiar de múltiplo uso: meio de subsistência, cestaria,
material de artesanato, complemento na construção de habitações, fruto de
agradável sabor, com inúmeras possibilidades. A macia polpa ou bucha da haste
da folha da palmeira é o suporte para fabricação do tradicional Brinquedo de
Miriti, joia do artesanato artístico, que é símbolo de Abaetetuba.
Características
físicas dos óleos da Amazônia são pesquisadas na UFPA. Tatiana Ferreira:
www.ufpa.br
Apesar
de sua utilização crescente pelas indústrias de cosméticos e fármacos, os óleos
provenientes de produtos da Amazônia ainda são pouco conhecidos. Na UFPA, os
primeiros estudos começaram nas áreas de Química e Engenharia Química. Mais
recentemente um grupo de pesquisadores do Departamento de Física, constituídos
pelos professores Petrus Alcantara Junior, Jordan Del Nero e Sanclayton
Moreira, resolveu encarar o desafio e formou o Grupo de Física de Materiais da
Amazônia (GFMA). Eles realizam um trabalho estreito com pesquisadores que já
vinham decifrando as características químicas desses produtos e mantêm um grupo
de cerca de 20 alunos entre mestrandos e estudantes de iniciação científica.
Qualidades preciosas:
Dentre
os óleos amazônicos que vêm sendo estudados na UFPA, o Buriti (Mauritia
flexuosa ), é um dos que mais chamam atenção por possuir grande quantidade de
componentes de alto valor agregado, como os carotenóides. Muitos desses
compostos se convertem em vitamina A - esse tipo de vitamina não pode ser
encontrado nos alimentos, sendo metabolizada pelo próprio organismo humano.
Além disso, pesquisas na área de biologia vêm demonstrando que os carotenóides
atuam como antioxidantes, protegendo as células e ajudando a prevenir algumas
doenças crônicas.
O
óleo de miriti também é rico em ácido oleico, um tipo de ácido graxo
monoinsaturado muito presente na dieta dos povos mediterrâneos.
A NAVEGAÇÃO NA AMAZÔNIA NOS PERÍODOS HISTÓRICOS DO PARÁ:
·
Atividades da Navegação Marítima, Costeira e
Fluvial no Pará:
A navegação é uma das antigas
atividades em todo o Pará e começou através dos conquistadores em suas lutas de
conquistas, colonização e expulsão de invasores estrangeiros do Pará colonial.
Desse modo foram expulsos os franceses, ingleses e holandeses que tenatavam se
estabeler em terras do antigo Grão-Pará a partir de 1616, ano de fundação da
cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará ou bem antes conforme atestam
outros historiadores. Eram os navios de guerra que as tropas militares usavam
na conquista de territórios indígenas e na expulsão dos invasores estrangeiros,
inclusive com muitas frotas militares dos colonizadores portugueses saindo da
histórica cidade de Cametá, com tripulação formada por poucos soldados, sendo a
maioria das tropas formadas por índios das tribos amigas ou índios cativos,
sendo os índios considerados exímios guerreiros nessas lutas de conquista de
Pedro Teixeira e outros capitães-generais ou oficiais das tropas portuguesas.
Porém, os próprios índios, que
habitavam as margens dos rios e baías do Estuário Tocantino ou Amazônico, já
possuíam suas pequenas embarcações feitas a partir dos troncos de grandes
árvores, barcos que depois evoluíram para as igarités, botes, esclares e
batelões de muita utilidade para esses nativos das terras paraenses, especialmente
na atividade pesqueira nos leitos dos igarapés, rios e baías do Estuário.
Já no final do Período Colonial
do Pará as atividades marítimas ou fluviais se faziam presentes através dos
grandes navios da navegação costeira, marítima ou fluvial do Grão-Pará, devido
a necessidade do transporte de uma série grande de produtos extraídos das matas
e corpos d’água e dos antigos engenhos de fabricação de cana-de-açúcar, do
cacau e uma série enorme das chamadas “drogas do sertão”, que eram exportados
para Portugal através dos portos de Belém.
As embarcações dos colonos
portugueses ou das linhas de navegação de empresas privadas, estrangeiras ou
nacionais, foram essenciais na exportação de açúcar de cana, da borracha, da
castanha-do-pará, que por longas décadas sustentaram a economia do Pará,
através da exportação massiva desses e outros produtos extraídos das matas
amazônicas, inclusive também das matas do Estuário Tocantino. Neste Estuário
navegaram navios das frotas dos comandos militares da Era Colonial (a partir de
1616) e de muitas companhias, nacionais ou estrangeiras que se encarregavam de
coletar os produtos dos corpos d’água do referido Estuário, localizados em
portos das localidades então chamadas freguesias ou lugar. Já no período
Provincial (a partir de 1822), com o surgimento de muitas freguesias ou lugares
habitáveis, eram as pequenas embarcões que adentravam as baías, rios, igarapés
e furos para realizar o antigo comércio de regatão, pela necessidade que os
habitantes das localidades sentiam de determinados produtos, mercadorias ou
gêneros que só podiam chegar nessas localidades através dos barcos desse tipo
de comércio. E os ribeirinhos, em troca dos produtos de suas necessidades
adquiridos dos regateiros, e entregavam aos mesmos os produtos do extrativismo
que faziam nos rios e matas das florestas do Estuário Tocantino ou Amazônico.
E, com o passar do tempo, já a
partir dos anos de 1840, eram principalmente as canoas grandes à vela que se
encarregavam de realizar o Comércio de Regatão, agora com a presença massiva de
comerciantes de Igarapé-Miri, Marajó e Abaetetuba, comércio que depois evoluiu
no transporte do produto desse comércio através dos chamados barcos-motores,
comércio que se solidificou devido a indústria canavieira dos anos finais do Século
19 até os anos finais do Século 20.
Em 1864 a navegação pelo Estuário
Tocantino, desde a barra do Rio Tocantins na Baía do Marajó até a pequena Ilha
dos Santos, às proximidades das corredeiras de Tapayunaquara, era plenamente
livre em uma extensão de aproximadamente 140 milhas. E eram 2 viagens mensais
nos barcos à vapor entre a Capital da Província e a cidade de Cametá e ainda
existiam as viagens feitas através de barcos, canoas à velas e botes,
transportando os produtos naturais. A viagem pelo barco á vapor ocorriam de 15
em 15 dias, demorando 36 horas, quando regressava para Belém, aportando na ida
e na volta na Freguesia de Abaeté e na Fazenda de São Domingos. E o número de
embarcações à velas temcrescido desde 1860, onde aproximadamente 30 canoas à
velas estão permanentemente em circulação pelas águas do Estuário. No Alto
Tocantins e Araguaia são os botes de Goiás que fazem as difíceis viagens entre
corredeiras de São João do Araguaia para Goiás.
Rotas, Portos, Rios
Navegáveis da Navegação Fluvial:
Tipos de
Navegação no Ciclo da Borracha e dos Produtos das Coletas:
·
Fluvial
·
Costeira
·
Marítima
NAVEGAÇÃO
FLUVIAL:
Navegação Fluvial, era a que se
processava pelas vias fluviais do entorno de Belém, pelo interior da Província e espaços interiores do
Estuário Amazônico.
As principais vias
navegáveis da Navegação Fluvial no Estuário Tocantino:
·
Rio Amazonas
·
Rio Tocantins
·
Rio Pará
·
Rio Capim
·
Rio Moju
·
Rio Acará
·
Rio Guamá
·
Rio Caraparu
·
Rio Anapu
·
Rio Carnapijó
·
Baía de Santo Antônio
·
Baía do Sol
·
Baía de Igarapé-Mirim
·
Furo do Arrozal
·
Rio Maiuatá
·
Baia do Marajó
·
Baía de Guajará
·
Rio Pacajá
Principais localidades da antiga
Navegação Fluvial no Estuário Amazônico:
As localidades citadas abaixo
participaram ativamente na antiga Navegação Fluvial no Estuário Amazônico,
participando dos diversos ciclos econômicos, especialmente do Ciclo da Borracha
e, algumas delas, conseguiram se constituir em municípios existentes até os
tempos atuais.
Localidades de rios maiores,
plenamente navegáveis:
·
Cametá
·
Barcarena
·
Igarapé-Miri
·
Abaeté
·
Marajó
·
Ilha Conceição
·
Vila do Conde
·
Vigia
·
Colares
·
São Caetano
·
Cintra
·
Salinas
·
Cairary
·
Maguary.
Localidades de rios menores:
·
Baião
·
Oeiras
·
Portel
·
Melgaço
·
Ilhas menores.
·
O chamado Canal de Igarapé-Miri se mostrava importante
elo de ligação entre os rios Moju e Miritipucu, às proximidades da Vila de
Igarapé-Miri, mas somente navegável por canoas à vela, não permitindo a
navegação pelos grandes barcos-vapores das companhias que trafegavam pelo Baixo
Tocantins, que seria importante no trânsito fluvial entre Belém, Cametá e
demais municípios dessa região. Sua ampliação foi cogitada por vários governos
provinciais.
Órgãos e
Estruturas de Apoio da Navegação à Vapor, Costeira e Marítima no Estuário Tocantino:
·
Capitania do Porto, para orientar o movimento do
porto de Belém e fiscalização dos faróis e faroletes da Província.
·
Bóias, para assinalar aos navegantes o canal de
entrada nos portos perigosos, devido a presença dos baixios perigosos às
grandes embarcações.
·
Faroletes, do Capim na ilha de mesmo nome.
·
Faróis: em Salinas
·
Arsenal de Marinha
·
Estaleiros da construção naval em Belém e os do
interior
·
Portos de Belém e os do interior do município
Algumas localidades com
instrumentos de apoio à navegação no Pará:
·
Ponta do Goiabal, nas ilhas Jutahy
·
Baía do Guajará
·
Furo do Arrozal
·
Rio Carnapijó
As pequenas embarcações da
Navegação Fluvial:
Algumas embarcações pequenas que
baixavam o Rio Tocantins no Estuário Tocantino, no transporte de cargas,
paravam pelas comarcas, principalmente de Cametá, Abaeté, Igarapé-Miri, Moju e
regiões do Marajó, Capim, Guamá e Acará e eram principalmente. Outros pontos
por onde passavam as pequenas embarcações: Baião, Oeiras, Portel, Melgaço,
Breves, e algumas ilhas e lugares vizinhos a esses, como: Caraparu, Acará, Anapu, Carnapijó, Barcarena,
Ilha da Conceição, Vila de Conde, Beja, Cairary, Maguari, Vigia, Colares, São
Caetano, Cintra, Salinas, e pelas baías
de Santo Antonio, do Sol, que eram os principais lugares de navegação.
As embarcações maiores da Comarca
de Cametá eram empregadas no intenso comércio diretamente entre a Capital e a
cidade de Cametá e outras localidades, que se encarregava de recolher os
produtos da agricultura e das coletas das diversas localidades vizinhas.
As pequenas embarcações
dos tempos mais atuais usadas no transporte de cargas e passageiros:
·
Cascos,
pequenas canoas de madeira, usados em locomoções de pequenas distâncias ou como
reboques de outras embarcações maiores.
·
Ubás, pequenas embarcações construídas em cascas
de árvores.
·
Baleeiras, embarcações pequenas em madeira, que
chegavam a ter 10 remadores, citadas nos anos de 1870, 1880.
·
Canoas, de vários tipos, que eram embarcações pequenas
em madeira, que chegavam a ter 6 remeiros, citadas nos anos de 1870, 1880.
·
Pequenas e grandes canoas à vela. As pequenas
eram geralmente usadas nas atividades de pesca.
·
Montarias que eram as antigas e pequenas
embarcações construídas em madeira, citadas nos anos de 1870, 1880, navegando pelos
rios e igarapés da Província do Pará.
·
Igarités, citados nos anos de 1850, muito usadas
no transporte de pessoas e coleta de produtos na era provincial do Pará e
usando contra-mestre e remeiros escravos indígenas ou negros.
·
Escunas
·
Barcas-faróis, citadas nos anos de 1870, eram
embarcações à remo usadas na Capitania do Porto ou Arsenal de Guerra, que
exigiam algumas dezenas de remadores e patrões nos serviços de orientação,
salvamentos e outros serviços pelos rios navegáveis da Província.
·
Gaias, embarcações usadas nas viagens pelo Rio
Tcoantins, via Cametá, que na descida dp rio traziam cargas de couros secos e
espichados e na subida levavam sal, louças, ferragens, tecidos e bebidas, em
viagens à remo, com muitas dificuldades por causa das cachoeiras, pedras e
corredeiras desse trecho de rio.
·
Batelões que eram embacações muito usados pelos
engenhos no transporte dos feixes de cana-de-açucar, frasqueiras de cachaça,
lenha, carvão, farinha de mandioca e outros produtos ribeirios. Não eram apropriadas
para o transporte de pessoas. A maioria dos batelões eram movidos à remos de
faia ou grandes varas, porém existiam os movidos à velas.
·
Vigilengas, embarcações muito comum na Região do
Salgado do Pará.
·
Botes que eram pequenas embarcações citadas nos
anos de 1860, usados nos grande barcos para os casos do deslocamento de pessoas
e pequenas quantidades de mercadorias dos barcos para as cidades e vice-versa e
também usados pelos mineiros do rio Tocantins e também usados nas travessias
das cachoeiras dos rios Tocantins e Araguaia.
·
Escaleres, eram pequenas embarcações movidas à
remo ou vela e que exigiam a presença dos catraieiros ou barqueiros, que dirigiam sentados em bancos da proa da
embarcação, daí, também, o nome de proeiros. O nome catraia era dado a alguns
tipos de pequenos barcos. Em 1850 eram necessários 6 remeiros na tripulação de
um escaler.
·
Rabetas
que são pequenas embarcações mais recentes, canoas motorizadas e muito rápidas,
usadas no transporte de pessoas e mercadorias. Usualmente são fretadas por
terceiros na visita ou atividades passageiras nas localidades ribeirinhas do
Estuário Tocantino.
·
Bajaras,
(barcos popopôs, é nome popular dessas embarcações, devido o ruído do motor)
·
Barcos-motores
(estes de maior porte e navegáveis apenas em águas mais profundas que as dos
igarapés e furos) que constituem a principal forma de transporte e meio das
relações comerciais entre os agricultores, pescadores e extrativistas, com o
meio urbano. As viagens, que às vezes ultrapassam dez horas, são momentos de
contemplação, solidariedade, troca de informação, conto de casos, fofocas,
galhofas diversas que entretém os viajantes nas rotas das vias navegáveis do
Estuário Tocantino.
Nomes de Algumas Embarcações na
Navegação Fluvial Através dos Anos:
·
Vapor “Marajó”, com inicio das viagens em 1853
entre Belém e a Capital do Amazonas e a navegação por canoas à remo e ,uitas
dificuldades de navegação.
·
Navio à vapor “Anajás” que nos anos de 1870 fazia a rota do Marajó.
·
Navio cargueiro “Rio Moju”, movido à vapor,
posteriormente chamado de “Coronel Sampaio”, da família Pinheiro Sampaio de
Igarapé-Miri, que fazia a rota Igarapé-Miri-Belém-Igarapé-Miri nos anos de
1940, 1950.
·
Barcos-motores “Nova Arca”, “Nossa Araca”,
“Arquinha”, “Expedicionário”, de Nóe Guimarães Rodrigues, natural de Abaetetuba,
que faziam o comércio de regatão pelo Estuário Tocantino e Rio Amazonas e até o
Baixo Amazonas, nos anos de 1940, 1950, 1960.
·
Navio à vapor “Rio Acre”, de Raimundo Solano de
Albuquerque/Didi Solano, natural de Abaeté, que fazia comércio na rota de Abaeté-Belém-Abaeté,
nos anos de 1940, 1950.
·
Canoa grande á vela “Cidade de Abaeté”, que que
fazia a rota Abaetetuba-Belém-Abaetetuba no transporte de cargas, mercadorias e
pessoas.
·
Navio 3 de Outubro, da extinta empresa Serviços
de Navegação da Amazònia, dos anos de 1940, 1950.
·
Navio “Carisma”, que fazia a rota
Abaetetuba-Belém-Abaetetuba, nos anos de 1940, 1950.
·
Canoas grandes à vela “São Benedito”, “São
Benedito II” de Jerônimo Rodrigues e filhos, natural de Igarapé-Miri, que nos
anos de 1940, 1950, fazia comércio de regatão no rio Capim, Salgado, Ilha do
Marajó.
Algumas Empresas da
Navegação Fluvial:
·
Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas,
citada nos anos de 1850, 1870, com 8 vapores bem equipados, com acomodações
para passageiros e cargas, contratada pelo governo imperial e, posteriormente
pelos governos provinciais, fazendo o serviço de navegação com 6 e,
posteriormente, 9 linhas fluviais e mais a linha para a capital do Amazonas,
recebendo subvenção dos cofres da Província pelo serviço, em substituição às
canoas à vela que faziam o transporte de mercadorias e pessoas. Essa companhia
possuía ponte com trapiche na Capital, dotado de oficina bem aparelhada para
consertos e fabricação de embarcações e a oficina com aprendizagem na profissão
de mecânico para conserto de máquinas em 1870.
·
Companhia Fluvial Paraense, de João Augusto
Correa, com 7 linhas de navegação, com os vapores Moju e Guamá, também fazendo
a navegação nas linhas fluviais, uma entre o porto da Capital e os portos de
Cairary, Acará e Tupinambá no rio Guamá, com escala em Bujaru e São Domingos,
São Miguel, Irituia e com duas viagens por mês em 1878, fazendo escala na Boca
do Jambuaçu, Boca do Canal de Igarapé-Miri, Fazenda do Major Miranda e o porto
de Cairary, em viagens de 20 horas e à 12
milhas/hora a favor da maré. Outra linha da Capital a Igarapé-Miry,
tocando os vapores em Abaeté, e outra linnha da Capital a Baião, tocando em
Cametá, Tocantins e Mocajuba, com subvenção anual pelos cofres da Província,
conforme contrato.
·
Companhia do Marajó, criada em 1873, com 4 vapores,
para fazer o transporte de gado do Marajó para a capital.
·
Foi a partir do ano de 1858 que os particulares
iniciaram a aquisição de barcos vapores para seus negócios particulares ou para
uso nas linhas do Estuário Tocantino.
O PORTO DE BELÉM:
·
A partir do período colonial do Pará o porto de
Belém começou a se tornar importante na rota dos navios e demais embarcações,
no transporte de açúcar, cacau e outros produtos do extrativismo. Na era
provincial, devido o Ciclo da Borracha, o porto de Belém se tornou importante
como escoadouro da borracha e também de outros produtos advindos do
extrativismo, da pecuária e de alguns produtos da agricultura e da incipiente
indústria da Província. O porto recebia os navios vindos de diferentes praças
da Europa e Estados Unidos que traziam os produtos importados pelo Governo
Provincial e particulares, como levavam daqui as preciosas cargas de borracha e
outros produtos do extrativismo. E também o Porto de Belém era usado para os
serviços de carga e descarga das embarcações locais e regionais. E ainda, o
Porto de Belém era usado pelas embarcações do Arsenal de Marinha e do Arsenal
de Guerra nos serviços de defesa das costas e inspeções e controles da
navegação. Além do Porto de Belém existiam muitos outros portos ou trapiches
que também atendiam as demandas particulares a navegação da Capital e também
existiam os demais pequenos portos ou trapiches em algumas localidades mais
importantes, que atendiam os navios e outras embarcações à serviço da Província
ou particulares.
·
Nomes de Alguns Barcos, Vapores, Navios Que
Circulavam Pelo Estuário Tocantino, Rio Amazonas e Demais Rios
·
Eram navios à velas ou navios à vapor que faziam
os grandes percursos no Estuário Tocantino, pelo Rio Amazonas e seus afluentes
e nas rotas com os demais estados brasileiros costeiros e internacionais. Em
1874 eram 187 navios à vapor e 155 navios de vela que faziam essas linhas
locais, nacionais e internacionais. E as embarcações menores existiam às
centenas em cada região da Província e, posteriormente, Estado do Pará. Os
navios das empresas nacionais e internacionais tinham como parada obrigatória o
porto da Capital. Além das embarcações das empresas e de particulares, existiam
as embarcações militares à serviço do Arsenal de Guerra e do Arsenal de
Marinha, fazendo os serviços de fiscalização e inspeção de navegabilidade e da
frota pública e particular que faziam as linhas pela Bacia Amazônica.
A NAVEGAÇÃO COSTEIRA:
A Navegação Costeira era
realizada pelas costas da Província através de embarcações vindas de distantes
portos do Pará, Amazonas, Amapá e exterior.
Barcos da Navegação
de Cabotagem nos Portos da Província do Pará e Outros do Império:
·
Escunas
·
Brigues-escunas
·
Hiates
·
Patachos
·
Sumacas
A navegação costeira à vapor do
Pará era estabelecida principalmente com os estados do Maranhão e Ceará,
através da Companhia Costeira do Maranhão e outras companhias na navegação
costeira da Província.
A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA:
Navegação Marítima ou
Transatlântica era a navegação internacional que precisava atravessar o Oceano
Atlântico em direção à Europa e Estados Unidos. Eram inúmeros portos da Europa
e Estados Unidos que mandavam suas embarcações para recolher borracha e os
produtos das coletas pelos portos de Belém e Manaus ou eram embarcações
abarrotadas de produtos industrializados e materiais que abasteciam as praças
de Belém e Manaus.
Portos
estrangeiros:
Alguns portos estrangeiros
citados em 1848 onde chegavam os produtos exportados pela Província do Pará e,
posteriormente, Estado do Pará, inclusive muitos produtos vindos do
extrativismo animal e vegetal praticado intensamente no Estuário Amazônico,
onde a então Região das Ilhas do Pará e a Zona Tocantina em geral tinha participação ativa na exportação e
muitos produtos, especialmente borracha, castanha-do-pará, madeiras, peles e
outros produtos:
Londres, Liverpool, Guernessey,
Havre, Nantes, Marcile, Cayenna, Cette, Lisboa, Porto, Ilha de Maio, New York,
Salem, Cadix, Antuerpia, Gênova, Gibaltrar.
Eram 77 navios fazendo essas
rotas, de cujos portos chegavam também os produtos importados pela Província
que abasteciam a praça da Capital e de lá eram distribuídos para as demais
cidades, vilas e freguesias desse tempo espalhadas pelo Estuário Tocantino, que
ainda eram bem poucas localidades.
Os navios estrangeiros eram
galetas, barcas, galeras, brigues, polocas, patachos, brigues-escunas, vapores,
escunas vindos de países como Inglaterra, Dinamarca, França, Portugal, EEUU,
Brasil, Hamburgo e Belgica, entre outros.
Os menores navios eram os
patachos, brigues, escunas, barcas e galetas e os maiores eram os patachos,
brigues-escunas e galera, alguns chegando a 1.000 ton. de cargas.
Em 1883 eram 179 navios à vela, sendo 22 nacionais e 157
estrangeiros, e 184 navios à vapor, sendo 5 nacionais e 127 estrangeiros,
fazendo o transporte de mercadorias no movimento de importação e exportação do Pará.
TIPOS DE
EMBARCAÇÕES DOS PERÍODOS HISTÓRICOS DO PARÁ:
Nos períodos históricos do Pará
foram muitos os tipos de embarcações usadas nos mais diferentes serviços pelas
vias navegáveis do Estuário Amazônico e Oceano Atlântico. Alguns Tipos de
Embarcações Usadas nas Navegações Fluvial, Costeira e Marítima:
Navios de Guerra da Força Naval
da Província em 1848, 1858:
·
Escunas
·
Brigues-escuna
·
Patachos
·
Corvertas
·
Brigues
Barcos da Navegação
de Cabotagem em 1848:
·
Escunas
·
Brigues-escunas
·
Hiates
·
Patachos
·
Sumacas
Barcos da Marinha de Guerra, navios de guerra, citados nos
anos de 1840 em diante:
·
Brigues
·
Escunas
·
Brigues-escunas
·
Vapores de guerra
·
Corvetas, inicialmente construídas em madeira, à
vapor, com máquinas com cilindros de um ou 2 eixos, força de 220 cavalos-vapor
e com rodas na proa, citadas nos anos de 1870.
·
Galeras
·
Canhonheiras, inicialmente construídas em
madeira, à vapor, com máquinas de 60 cavalos-vapor de potência, com cilindros
de um ou 2 eixos e com rodas e hélice na proa, citadas nos anos de 1870.
·
Grandes Barcos Usados no Transporte de Cargas e
Passageiros:
·
Barcos vapores, nome generalizado que se dava às
embarcações movidas à vapor, citado nos anos de 1880. Eram, geralmente,
construídos em madeira, e nesses anos já começaram a aparecer vapores
construídos em ferro, vindos dos países estrangeiros que faziam comércio com a
Província.
·
Paquetes, barcos à vapor, citados nos anos de
1880.
·
Galeras, embarcação à vapor, com grande porão
para transporte de cargas, citadas nos anos de 1880.
·
Brigues, barcos à vapor com capacidade de carga
de até 400 toneladas.
·
Bergatins
·
Barcas
·
Alvarengas, construídas em ferro, empregadas nas
cargas e descargas de mercadorias dos navios e transporte de cargas, como sacas
de cacau e outras, citadas nos anos de 1870, 1880
·
Patachos, barcos à vapor com com grandes mastros
e capacidade de até 200 toneladas de carga.
·
Polacas
·
Iates
·
Lanchas à vapor, citadas nos anos de 1870.
·
Chalanas, citadas nos anos de 1870.
·
Sumacas
·
Vapores (barcos à vapor), eram os barcos usados
nas linhas tocantinas, citados na década de 1840 em diante, com duas viagens
mensais pelo Baixo Tocantins, com paradas em Cametá, Abaeté, Igarapé-Miri,
Moju, Cairary, no transporte de mercadorias, produtos do extrativismo e
pessoas, com destino à Capital. Alguns vapores de cargas, com até 3 pavimentos.
Quando alguns vapores eram usados no transporte de gado bovino só carregavam
até o limite de 100 cabeças de gado dos portos intermediários com destino à
Capital. Esses barcos-vapores eram de propriedades de algumas companhias com
que o Governo Imperial e, posteriormente os governos provinciais, estabeleciam
os devidos contratos de navegação e serviços pelos diferentes tipos de
navegação e de acordo com a capacidade das vias navegáveis do Estuário
Tocantino. A inspeção das vias navegáveis, dos instrumentos de apoio à
navegação e o cumprimento dos contratos eram feitos pela Inspetoria do Arsenal
de Marinha, com sede na Capital. Era através desses tipos de embarcações que
aconteciam as comunicações da Capital com as mais importantes localidades
ribeirinhas do Baixo Tocantins e outras regiões do Pará. Tonelagens dos
Vapores: 60 à 220 cavalos-vapor.
Subvenções
para as companhias de navegação na Província do Pará:
As companhias de navegação
trabalhavam no transporte de gêneros e pessoas por toda a Província do Pará e
recebendo altas subvenções anuais pelo serviço prestado através de contratos de
10, 15, 20 e até 30 anos de contrato. A companhia que fazia a linha do Marajó
recebia subvenção anual de 60:000$000 réis em um contato de 10 anos. Linhas
menores recebiam 6:000$000, 10:000$000, 30:000$000 réis anuais por prazos de 7,
10, 12 ou 30 anos de contrato. As companhias, de acordo com as distâncias, faziam
uma, duas ou três viagens mensais para as localidades mais próximas ou 5, 6
anuais para as localidades mais distantes.
Portos
estrangeiros:
No período de 7/1848 a 6/1849 os
navios nas modalidades de barcas, galeras, brigues, goletas, patachos,
brigues-escunas desembarcaram no Porto de Belém procedentes dos seguintes
portos estrangeiros na navegação transatlântica:
·
Londres com barca de 199 toneladas
·
Liverpool com 1 galera de 535 tonelas, 3 barcas com capacidade total de
708 toneladas, 3 brigues com capacidade total de 868 toneladas.
·
Hartlepool com 1 barca de 111 toneladas
·
Guernessey 1 barca de 197 toneladas
·
Havre com 1 galera de 344 toneladas, 1 barca de
176 toneladas e 3 brigues com capacidade total de 494 toneladas.
·
Nantes com 1 barca de 177 toneladas e 2 brigues
com capacidade total de 217 toneladas.
·
Marseile com 2 brigues com capacidade total de
316 toneladas
·
Cayenna com 1 brigue de 182 toneladas e 2
goletas com capacidade total de 85 toneladas.
·
Cette com 1 brigue com capacidade 108 toneladas
·
Lisboa com 1 polaca de 168 toneladas, 1 patacho
de 140 toneladas, 4 brigues com capacidade total de 711 toneladas e 6 barcas
com capacidade total de 1.512 toneladas.
·
Porto com 7 brigues com capacidade total de
1.315 toneladas
·
Ilha de maio com 1 brigue-escuna de 190
toneladas
·
New York com 1 barca de 194 toneladas, 1 barca à
vapor de 715 toneladas, 10 brigues com capacidade total de 1.634 toneladas, 1
brigue-escuna de 149 toneladas, 1 brigue-escuna de 206 toneladas e 1 patacho de
139 toneladas.
·
Salem com 1 brigue de 161 toneladas e 12 patachos
com capacidade total de 1.662 toneladas.
·
Cadix 2 patachos de capacidade total de 265
toneladas
·
Antuerpia com 1 escuna de 130 toneladas
·
Genôva com 1 brigue de 133 toneladas
·
Gibraltar com 1 patacho de 78 toneladas
Linhas:
Em 1864 os
paquetes das linhas da Província do Pará, faziam as seguintes linhas:
1ª linha, de
Belém à capital da província do Amazonas e fazendo paradas nos seguintes
portos:
o
Porto de Breves
o
Porto de Tajapuru
o
Porto de Gurupá
o
Porto de Porto de Moz
o
Porto de Prainha
o
Porto de Santarém
o
Porto de Óbidos
2ª linha, com
um paquete com viagens só pela Província do Amazonas
3ª linha, com
um paquete saindo de Belém e fazendo paradas em Abaeté e São Domingos
4ª linha, com
um paquete saindo do Porto de Belém direto para o Arary
5ª linhas, com
um paquete saindo de Belém direto para Soure
6ª linha, com
um paquete saindo do porto de Belém com paradas nos seguintes portos:
·
Porto de Muaná
·
Porto de Breves
·
Porto de Tajapuru
·
Porto de Jacaré
·
Porto do Furo de Salvador
·
Porto do Furo da cidade de Macapá
Em 1871, 1872
e 1873 a navegação na Provìncia do Pará assim se apresentava:
·
Navegação de longo curso era feita por 23
vapores e 66 embarcações à vela, empregando 1.527 pessoas de equipagem e 51.587
tonelagens de capacidade.
·
Navegação da grande cabotagem era feita por 70
vapores e 23 embarcações à vela, com 1.470 pessoas e de equipagem e capacidade
de 68.417 toneladas. Na navegação de grande cabotagem somente 10% da frota era
de embarcações brasileiras, enquanto que os 90% eram feitas por embarcações de
linhas estrangeiras, conforme contratos estabelecidos com essas empresas.
Apesar dessa desproporção, os governantes provinciais desde 1869 se preocupavam
em oferecer regalias e isenções fiscais para o desenvolvimentos dos estaleiros
locais, para que a navegação de longa cabotagem não ficasse tão dependente das
empresas estrangeiras. Mas nossos empresários da navegação do Pará não
conseguiam enxergar no horizonte da navegação da grande cabotagem os bons
lucros que obtinham com a navegação costeira e fluvial da Província, onde os contratos
envolviam altas somas e longos anos para os contratos.
·
Navegação fluvial era feita por 49 vapores e 47
embarcações à vela, com 1.470 pessoas na equipagem e capacidade de 21.223
toneladas de capacidade.
As companhias
de navegação à vapor que atuavam na navegação da Província do Pará, conforme
mapa do período de 1862 a 1869, todas subvencionads pelos cofres provinciais:
·
Companhia do Amazonas
·
Companhia Fluvial Paraense
·
Companhia Fluvial do Alto-Amazonas
·
Companhia Araguaya do Rio Tocantins
·
Companhia de Transporte de Gado de Marajó
·
Companhia de Navegação à Vapor do Amazonas Ltda,
esta resultante da fusão Fluvial Paraense com a Fluvial do Alto-Amazonas.
Essas
companhias faziam as seguintes linhas:
·
Linhas do Marajó:
1ª Linha, passando por Breves, Muaná, Macapá e Chaves
2ª Linha, passando por Soure
3ª Linha, passando por Arary
·
1ª Linha de Porto de Moz
·
Linhas de Óbidos:
1ª Linha, passando por Breves, Gurupá, Porto de Moz,
Prainha, Monte Alegre e Alenquer
2ª Linha, passando Santarém, Villa Franca, Aveiros,
Boim e Itaituba
3ª Linha, passando por Santarém, Faro e Óbidos
·
Linha de Monte Alegre
Linhas da
Compania Fluvial Paraense:
Linhas do
Guamá:
o 1ª
Linha do Moju, passado por Cairary
o 2ª
Linha do Acará
o 3ª
Linha, passando por Bujaru, S. Domingos, São Miguel, Irituya e Tupinambá
Linhas de
Macapá:
4ª Linha,
passando por Oeiras, Curralinho, Muaná, Breves, Melgaço, Portel, Anajás,
Mazagão e Macapá
Linhas de
Cametá:
6ª Linha,
Passando por Igarapé-Miry e Abaeté
7ª Linha,
passando por Cametá, Tocantins, Mocajuba e Baião
Linhas da
companhia Fluvial do Alto-Amazonas:
Linha do
Amazonas:
1ª Linha da
Capital, passando por Breves, Gurupá, Porto de Moz, Prainha, Santarém e Óbidos.
Transporte de gado,
passando pelas ilhas de Marajó, Mexiana e Caviana
Linhas dos
rios Tocantins e Araguaia:
Linhas do
Tocantins:
1ª Linha de
Cametá até Tapaimaquara
2ª Linha, até
Santa Maria
3ª Linha, de
Santa Maria até Leopoldina na foz do Rio vermelho, na Província de Goiás
4ª Linha, de
Leopoldina a Itacaiú na Província de Mato Grosso
Continuação
dos Subsídios do Estado do Pará à Navegação:
Em 1899 o Estado do Pará
continuava subsidiando anualmente às empresas que faziam a navegação Fluvial,
Costeira e Transatlântica que traziam grandes benefícios no desenvolvimento
industrial, comercial e financeiro do Estado. E as facilidades dos transportes
era um poderoso auxiliar no povoamento e exploração das extensas regiões do
Pará, porisso, de ano para ano, trata o governo de sempre alargar as linhas de
navegação no Estuário Amazônico.
Eram 19 linhas
de Navegação em 1899, assim distribuídas:
o
17 linhas fluviais
o
1 linha costeira
o
1 linha Transatlântica
Linhas
Fluviais:
·
Companhia do Amazonas, que fazia a linha diária
entre Belém, Pinheiro e Mosqueiro
Linhas:
·
Linha de Belém ao Xingu e Jari
·
Linha de Santarém ao Alto tapajós
·
Linha de Belém a Irituia
·
Linha de Belém a Baião
·
Linha de Alenquer ao Alto Curuá e Paranámiry
·
Linha de Belém a Beja, Conde e Barcarena
·
Linha de Gurupá a Arrayolos
·
Linha de Óbidos ao Rio Branco
·
Linha de Santarém ao lago Grande de Franca
·
Linha de Monte Alegre a Maycuru
·
Linha de Acará-Miry
·
Linha de Faro ao Paraná, Aduacá e Lago
Linhas
Costeiras:
·
Companhia Costeira do Maranhão, que fazia a rota
dos portos do Salgado
Linhas
Externas ou Transatlânticas:
·
Linha de navegação à vapor, com viagens mensais
entre os portos do Rio de Janeiro, New York, Salvador, Recife e Belém.
·
Linha entre Belém e New York, com escalas
convenientes, com 12 viagens anuais.
A respeito da navegação na
Amazônia podemos dizer que o Período Provincial e as primeiras décadas da Era
Republicana do Pará foram realmente tempos do aproveitamento máximo das vias
navegáveis da Amazônia e do Pará, onde os antigos governantes se preocupavam em
dotar a Província de meios de transportes que realmente pudessem suprir as
necessidades comerciais através dos vapores e outros tipos de embarcações que
também serviam no transporte de passageiros por toda a Amazônia e no comércio
com as demais províncias vizinhas ao Pará e com as nações estrangeiras com a
navegaão através do Oceano Atlântico que separa o Brasil dos centros
consumidores além-mar. Era um intenso comércio de exportações e importações que
também se traduziam em sensíveis melhoramentos para a urbanização das cidades
amazônicas, especialmente Belém e Manaus e melhorias da qualidade de vida para
milhares de famílias desses e dos demais centros populacionais espalhados pelas
margens dos rios amazônicos.
Nos dias atuais o que vemos é a
subutilização das vias navegáveis das bacias amazônicas que agora só são
aproveitáveis para a construção de usinas hidrelétricas que vieram para causar
tantos impactos ambientais que somente o futuro nos indicará os prejuízos
causados por esse tipo de política energética para o país. As Eclusas de
Tucuruí, um sonho paraense de mais de 40 anos, que certamente viria atender as demandas
comerciais e industriais do Estado do Pará e dos estados do Centro Oeste
brasileiro, viria atenuar as nossas grandes demandas por um desenvolvimento
mais compatível com a nossa vocação de Estado detentor de grandes vias
navegáveis, que no presente estão praticamente paradas, ao contrário do que
acontecia no nosso passado de Província do Pará, onde a navegação ajudou
realmente no nosso desenvolvimento e dos outros estados vizinhos.
·
A Navegação Atual:
Atualmente as atividades
marítimas são exercidas por uma grande quantidade de pequenas e grandes
embarcações na realização de atividades de transporte de cargas e passageiros
em direção às sedes dos municípios ribeirinhos e da sede para as localidades e
muitas viagens são feitas através de grandes barcos-motores no transporte de
cargas e passageiros para Belém e desta cidade para as localidades,
especialmente o Marajó e os Estados do Amapá e Amazonas. Porém, nada que se
compare à navegação do Período Provincial do Pará.
Em Abaetetuba os grandes barcos
motorizados são usados em diversas atividades de pesca, transporte de
mercadorias e os grandes barcos ou navios das empresas rodofluviais que fazem o
percurso do entreposto da localidade de Arapari para Belém e vice-versa. As
balsas são usadas no transporte de veículos na mesma rota acima especificada.
As pequenas embarcações chamadas
rabetas, existentes em grande quantidade nos municípios ribeirinhos do Baixo
Tocantins e do Marajó.
AS COLETORIAS
DE RENDAS NA PROVÍNCIA DO PARÁ:
As Coletorias
Provinciais de 1851 a 1853:
A Província do Pará, para fazer a
devida arrecadação financeira nas diversas localidades, dispunha de Coletórias
de Rendas nas seguintes localidades, incluindo as da Capital:
·
Coletoria do 1º Bairro da Capital
·
Coletoria do 2º Bairro da Capital
·
Coletoria da Freguesia de Abaeté
·
Coletoria da Freguesia de Acará
·
Coletoria da Vila de Alenquer
·
Coletoria da Vila de Baião
·
Coletoria da Freguesia de Barcarena
·
Coletoria da Freguesia de Benfica
·
Coletoria da Cidade de Bragança
·
Coletoria da Vila de Breves
·
Coletoria da Freguesia de Bujaru
·
Coletoria da Vila de Cachoeira (Marajó)
·
Coletoria da Freguesia de Cairary
·
Coletoria da Cidade de Cametá
·
Coletoria da Vila de São Caetano
·
Coletoria da Vila de Cintra
·
Coletoria da Vila de Chaves
·
Coletoria da Vila de Colares
·
Coletoria da Vila de Curuçá
·
Coletoria da Vila de Faro
·
Coletoria da Vila de Gurupá
·
Coletoria da Vila de Igarapé-Mirim
·
Coletoria da Freguesia de Inhangapi
·
Coletoria da Freguesia de Irituia
·
Coletoria da Vila de Macapá
·
Coletoria da Vila de Mazagão
·
Coletoria da Vila de Melgaço
·
Coletoria da Freguesia de Moju
·
Coletoria da Freguesia de Monforte
·
Coletoria da Vila de Monsarás
·
Coletoria da Vila de Monte Alegre
·
Coletoria da Vila de Muaná
·
Coletoria da Cidade de Óbidos
·
Coletoria da Vila de Oeiras
·
Coletoria da Vila de Ourém
·
Coletoria da Freguesia de Ponta de Pedras
·
Coletoria da Vila de Portel
·
Coletoria da Vila de Porto de Moz
·
Coletoria da Freguesia de São Domingos do Guamá
e a do Rio Capim
·
Coletoria de São Miguel da Cachoeira do Guamá
·
Coletoria da Cidade de Santarém
·
Coletoria da Freguesia de Soure e Salvaterra
·
Coletoria da Vila Franca e Boim
·
Coletoria da Vila de Vigia
·
Coletoria da Freguesia de Vizeu, Piriá e Gurupi
Em 1866 as Coletorias da
Província do Pará seguiam o esquema das Comarcas. As Comarcas e suas coletorias
eram as seguintes:
Comarca da Capital, com as
seguintes Coletorias:
·
Abaeté, arrecadação de 6:276$500 réis
·
Bujaru, arrecadação de 187$360 réis
·
Capim e São Domingos, arrecadação de 2:365$000
réis
·
Cintra, arrecadação de 799$100 réis
·
Curuçá. Arrecadação de 660$000 réis
·
Guajará-Açu, arrecadação de 175$000 réis
·
Igarapé-Miry, arrecadação de 4:882$162 réis
·
Inhangapy, arrecadação de 1:230$000 réis
·
Irituia, arrecadação de 693$750 réis
·
Moju, arrecadação de 570$000 réis
·
São Caetano, arrecadação de 452$400 réis
·
São Miguel, arrecadação de 858$000 réis
·
Vigia, arrecadação de 1:981$358 réis
Comarca do Marajó:
·
Cachoeira, arrecadação de 1:173$955 réis
·
Monsarás, arrecadação de 68$500 réis
·
Muaná, arrecadação de 6:071497 réis
·
Ponta de Pedras, arrecadação de 745$000 réis
·
Soure e Salvaterra, arrecadação de 6:297$355
réis
Comarca de Gurupá:
·
Gurupá, arrecadação de 1:73$281 réis
·
Porto de Moz, arrecadação de 212$750 réis
Comarca de Macapá:
·
Macapá, arrecadação de 3:206$463 réis
·
Mazagão, arrecadação de 2:629$000 réis
Comarca de Cametá:
·
Cametá, arrecadação de 25:587$227 réis
·
Oeiras, arrecadação de 4:060$000 réis
·
Portel, arrecadação de 2:355$000 réis
·
Breves, arrecadação de 16:223$570 réis
·
Baião, arrecadação de 4:422$500 réis
·
Melgaço, arrecadação de 4:298$942 réis
Comarca de Santarém:
·
Santarém, arrecadação de 11:866$199 réis
·
Óbidos, arrecadação de 6:593$812 réis
·
Monte Alegre 1:330$390 réis
Faltam os demais
municípios desta comarca
Produtos das Importações no Pará:
Se o Pará, por conta de seus
abundantes recursos naturais, se tornou um centro exportador de gêneros vindos do extrativismo, por outro
lado, pelas riquezas advindas da exportação da borracha e outros importantes
produtos desse extrativismo, se tornou um grande centro importador de gêneros
vindos da Europa e Estados Unidos. O comércio importador do Pará se
intensificou no início do Período Republicano, conforme tabela de junho de 1897
a dezembro de 1908 e, pode-se observar que o Pará não produzia quase nada no
que diz respeito aos produtos que eram consumidos ou aplicados na urbanização
de Belém. Eis alguns dos produtos importados via comércio transatlântico e
pelos vapores da Ligure Brasiliana em 34 viagens no dito período:
·
527 caixas de mortadela
·
16.133 caixas de vermouth
·
4.548 caixas de leite
·
35 pianos
·
2.129 volumes de mármore
·
66
volumes de louças
·
2.287 barris e 3.646 caixas de vinho
·
2.545 caixas de conservas
·
298 caixas de queijos
·
1.166 volumes de papel
·
411 caixas de fazendas
·
18.627 sacas de feijão
·
267 volumes de móveis
·
1.284 caixas de manteiga
·
377 caixas de azeite
·
30 caixas de salame
·
217 caixas de frutas
·
8 caixas de instrumentos de música
·
942 caixas de cebola
·
2.504 caixas de batata
·
256 volumes de estivas
·
853 caixas de drogas de farmácia
·
777 barricas de farinha de trigo
·
683 volumes de ferragem
·
935 barricas de cimento
·
1.954 caixas de ladrilho
·
1.685 volumes de pedras
Esses são produtos vindos de uma
só praça comercial, que somados aos vindos de outros portos europeus ou
americanos, triplica ou quadruplica ou quintuplica a quantidade de volumes,
caixas de cada produto.
E a lista segue enumerando uma
série enorme de mercadorias, como: candeeiros, gesso, livros, quadros, arames,
espartilhos, paramentos de igreja, água mineral, máquinas, wisk, sacas, botões,
sabão, espingardas, verniz, vidros, couros, chocolate, tintas, doces, imagens,
peixe salgado, telhas de zinco, bebidas diversas, bicicletas, camas de ferro,
garrafões, vacas e touros em pé, cal, perfumes, chumbo, rolhas, sacas,
chouriços, vidraças, papelão, etc.
Esses gêneros vinham de Gênova
(Itália), Lisboa (Portugal), Marselha (França), Porto (Portugal), Ilha de
Madeira (Portugal), Vigo (Itália), Barcelona (Espanha) e outros portos.
As Espécies no
Estuário Amazônico:
·
As espécies residentes, que podem completar todo
seu ciclo de vida no estuário, que, no caso, é a maioria habitante de áreas
rasas de diversas famílias animais.
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