segunda-feira, 5 de maio de 2014

Miritifest 2014 - Galeria de Fotos

Miritifest 2014 - Galeria de Fotos


Fonte:  www.agenciapara.com.br
Começou na última quinta-feira, 1º, e seguiu até  domingo, 4/5/2014, o 11º Miritifest em Abaetetuba, no nordeste paraense. O evento reuniu os trabalhos de mais de 50 artesãos do  miriti e outros materiais, somando mais de 35 mil peças expostas ao público. São aguardados cerca de 45 mil visitantes durante os quatro dias da programação e a expectativa da Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab), promotora do evento, é que cerca de 30 mil brinquedos sejam comercializados.
Como se explora bastante a árvore da palmeira miritizeiro, existe o perigo de sua extinção, daí a inicitativa da EMATER junto aos artesões do miriti para a conscientização desses artesões e de outros artesões que usam partes dessa palmeira que tem múltiplos usos na cultura e comércio abaetetubense: meio de subsistência, cestaria, matéria de artesanato, complemento na construção da habitação, além da utilização do fruto do qual é produzido o típico mingau de miriti. E a bucha da haste da folha da palmeira é usada para a fabricação do tradicional brinquedo de miriti, símbolo de Abaetetuba. Segundo dados da Emater, a preservação das palmeiras do miriti está intimamente ligada à preservação da fauna e da flora regional, uma vez que é habitat natural para pequenos animais como a mucura, a cobra, o tatu e a paca, além de área de fuga para médios animais, como o porco do mato. “Também existe uma relação com a várzea, ecossistema onde a árvore ajuda a preservar o volume de água, deixando a terra sempre úmida mesmo na vazante da maré, que acontece a cada seis horas”, explica Geovanny Farache, técnico da Emater.
A arte do miriti reflete em sua maioria a fauna, a flora e as embarcações utilizadas para a navegação nos rios da Amazônia. Entre os grandes símbolos da arte em miriti está à cobra-que-mexe, brinquedo engenhosamente articulado permite movimento quando exposto ao vento ou arrastado pelo chão com por meio de um fio. A arte produzida a partir do miriti mistura o lúdico e o estético.
 Barcos popopô

 Barcos rabetas e canoas grande à vela


 Chapéu de miriti e barco de canoa grande à vela
Os barcos de todos os tipos são brinquedos tradicionais fabricados pelos artesões do miriti

 Novos artefatosproduzidos pelos artesões do miriti de Abaetetuba


 Araras, corujas, garças, guarás, papagaios, tucanos são algumas aves produzidas em miriti


 Peixes e uma infinidade de brinquedos de miriti são produzidos pelos artesões de miriti de Abaetetuba



Barcos-motores (B/M)


As banquinhas de exposiçãos dos brinquedos e outros artefatos são construídas com o braço e talas do miritizeiro




Além das motivações da flora, fauna e cultura amazônica, outras motivações nacionais e internacionais já são fontes de inspiração para a produção dos brinquedos e artefatos de miriti



 Além da polpa do miriti, outros brinquedos e artefatos foram colocados à venda por artesões em madeira e tecidos

Brinquedos de miriti em miniatura

 Camarão do Baixo Tocantins e Marajó


 Onça


 Brinquedos e outros artefatos com motivações nacionais e internacionais


Pássaros amazônicos



 Utilidades para o lar são produzidos pelos artesões de Abaetetuba



Blog do Ademir Rocha, de Abaetetuba/PA

sábado, 3 de maio de 2014

A Ditadura da Felicidade - Texto de clicfolha.com.br

A Ditadura da Felicidade

Fonte: www.clicfolha.com.br

30/04/2014 às 20h25

A ditadura da felicidade

Por Padre Robison Inácio


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Já estamos todos acostumados a ouvir que temos que ser felizes, a qualquer preço. Durante a conversa com uma jovem ouvi a seguinte ideia: “Me esforço para viver o hoje e ser feliz, custe o que custar.” A fala dessa jovem me fez pensar em uma ditadura velada que tem determinado a forma de pensar e o comportamento de uma maioria esmagadora de pessoas: a ditadura da felicidade. A sociedade de consumo e de bem-estar dita que ser feliz é um dever a ser cumprido. Este ser feliz é marcado por um reducionismo perigoso, que na prática consiste em poder consumir e gozar de todas as facilidades promovidas pela cultura do bem-estar. A ideia de que “você tem que ser feliz, custe o que custar” é tão prejudicial quanto a ausência total de felicidade.

A pessoa que se programa para ser feliz, a todo instante, não consegue lidar com o fracasso, com a frustração, com a incapacidade e nem com a ineficiência. A ditadura da felicidade é tão cruel quanto os métodos utilizados pelos nazistas para purificar a raça ariana ou quanto os métodos de tortura utilizados pelos militares, durante o regime de exceção. Quem não corresponde aos ditames do ser feliz é excluído do convívio social e dos círculos de consumo. A sociedade de consumo e de bem- estar apregoa que para ser feliz, a pessoa deve consumir até chegar ao estado otimizado de bem- estar. Muitos são os que se enveredam por esse caminho e constatam, após anos de consumo desenfreado, um vazio existencial profundo.

Ser feliz o tempo todo é um propósito que a vida neste mundo não suporta. A busca pela felicidade é justa e louvável, entretanto, aceitar a infelicidade, como possibilidade, nos ajuda a viver com mais equilíbrio. Nossa vida, neste mundo, consiste na alternância constante entre momentos de felicidade e de infelicidade. O desejo de ser feliz a todo instante, dentro de uma realidade finita, revela uma falta de compreensão acerca do sentido da vida. Descobrir o sentido da vida consiste em perceber a razão que nos faz viver bem, conjugando, a felicidade e a infelicidade, sem chegar a desistir da existência.

A felicidade genuína está associada, fundamentalmente, ao ser e não ao ter. Não basta a posse, considerando que a felicidade está relacionada ao modo de ser no mundo. Adeptos da doutrina marxista militam para construir, neste mundo, o paraíso sem luta de classes. Nesse paraíso terreno, as pessoas seriam felizes e essa felicidade seria garantida pela ditadura do proletariado. Nesse aspecto o capitalismo e a doutrina marxista se confluem, e ambos defendem a importância de um paraíso terrestre, que proporcione às pessoas a felicidade a qualquer custo. O cristianismo é, profundamente, humilde ao reconhecer a impossibilidade de felicidade total, neste mundo, e ao apresentar a felicidade, em plenitude, como reserva escatológica para o momento vindouro, chamado eternidade.

O cristianismo insiste na importância de construir uma vida feliz aqui, uma felicidade que seja elevada à plenitude, na vida do mundo que há de vir. A fundadora do Movimento Focolares, Chiara Lubich, em um de seus escritos afirmou: “construímos o paraíso aqui para habitá-lo lá.” Nesta afirmação, vemos esgotada toda pretensão humana de construir o paraíso neste mundo para habitá-lo aqui mesmo. O pensamento de Chiara Lubich salvaguarda a reserva escatológica, tão cara à tradição cristã. A proposta cristã de vida feliz comporta a aceitação do sofrimento, da dor, da perseguição, da pobreza e da morte, sem perder a esperança na vida bem-aventurada, que terá seu pleno acabamento na eternidade.

No horizonte cristão ser feliz implica aceitar que Deus nos criou para a felicidade, entretanto, essa felicidade está marcada com o sinal da cruz. O sofrimento é significado pela cruz e este madeiro é erguido como uma síntese perfeita de maldição e de redenção. Não podemos ignorar o princípio teológico que concebe a criação de Deus como uma realidade limitada e imperfeita. O limite e a imperfeição da criação ajudam a estabelecer a distinção clara entre criador e criatura. O ser humano, obra-prima da criação, é limitado e imperfeito, logo, sua busca pela felicidade será sempre limitada e imperfeita e mesmo esforçando-se para esgotar todas as possibilidades, neste mundo, jamais viverá, totalmente, feliz aqui. A felicidade não está em nós e sim no Totalmente Outro. Nós só a experimentaremos com liberdade e plenitude quando estivermos com Ele e n’Ele, definitivamente.

Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha