Remédios Caseiros de Abaetetuba
REMÉDIOS CASEIROS DE ABAETETUBA: MEMÓRIAS DE ALGUNS REMÉDIOS E PROCEDIMENTOS
Partes da palmeira conhecida como açaizeiro
têm aplicações na Medicina Caseira de
Abaetetuba
As plantas medicinais da Amazônia
são coletadas nas matas, nas capoeiras ou nos terrenos dos ribeirinhos e
quintais das casas. As plantas
medicinais são usadas há séculos pelos povos indígenas da América Latina, mas
somente nas últimas quatro décadas passaram a ser pesquisadas e até patenteadas
por laboratórios estrangeiros, devido á eficácia de seus poderes curativos.
Para os cientistas a Amazônia é um vasto laboratório natural, onde ainda podem
ser localizadas espécies desconhecidas e outras largamente utilizadas pelas
populações ribeirinhas, mas estranhas aos pesquisadores. As técnicas de preparo
dos remédios foram se aprimorando ao longo do tempo, graças á dedicação dos
pajés, estes misto de sacerdotes, profetas e médico-feiticeiros, que curavam
mau-olhado e encantamento de mãe-d’água e doenças com poções preparadas à base
de raízes, caules, folhas, frutos e sementes. As plantas amazônicas continuam
fazendo sucesso mesmo nas grandes cidades, especialmente Belém.
Os REMÉDIOS
CASEIROS, as Superstições e as Simpatias faziam parte da cultura de Abaetetuba
também nas questões do tratamento da saúde do povo (essa cultura ainda existe,
porém sem a intensidade do passado), especialmente das populações ribeirinhas,
das colônias e até na própria cidade, devido a troca dos produtos da medicina
caseira pelos remédios alopáticos das farmácias. Essas populações que viviam em
centenas de lugares distantes e isolados, sem as facilidades de locomoção dos
dias atuais, recorriam mesmo às fórmulas dos remédios caseiros vindos de seus
antepassados, dos antigos curandeiros ou parteiras de comunidades, como também
recebiam influências das antigas superstições existentes, no tratamento de
todas as doenças e problemas de saúde do seu dia-a-dia.
Aqui trataremos dessas questões
apenas como resgate da memória dessa antiga cultura, que está desaparecendo
devido a vários fatores, sendo um deles a facilidade de aquisição de remédios
químicos através da grande quantidade de farmácias existentes no município,
como também a presença de clínicas e hospitais públicos e particulares, se não
como a solução dos problemas de saúde, pelo menos como a maneira das pessoas
conseguirem as receitas médicas recomendando os remédios a serem usados em seus
problemas de saúde. Não recomendamos o uso dos remédios caseiros e
procedimentos que aqui serão apresentados, a não ser daqueles casos que já
foram devidamente comprovados e testados por estudiosos e centros de pesquisas do
assunto e, repetimos, é apenas o Resgate da Memória de uma antiga cultura de
Abaetetuba. Aliás, alguns remédios e procedimentos caseiros aqui apresentados,
pensamos nós, serão de fácil percepção se estão no campo dos remédios caseiros
usados com eficácia nos problemas de saúde ou, se estão eivados de
superstições, mitos ou lendas também de nossa cultura.
Os remédios caseiros tiveram a
sua fase áurea nos anos iniciais do século 20 até os anos da década de 1960 e
1970, quando começaram a surgir farmácias, médicos e a instalação de um posto
dos antigos Serviços Especiais da Saúde Pública-SESP na cidade. A partir daí o
tratamento e curas de doenças começaram a ser feitas através dos primeiros
farmacêuticos e médicos e das primeiras poções e remédios químicos das primeiras
farmácias que se instalaram na cidade. Porém, ainda continuou intenso o uso dos
remédios caseiros no tratamento e cura de muitas doenças e essa cultura
envolvia alguns componentes do misticismo e superstições dos rituais vindos dos
indígenas e dos escravos vindos da África.
Essa prática ainda existe na Zona
Ribeirinha e nas Colônias de Abaetetuba, pois nas matas dessas regiões ainda
existem algumas espécies vegetais e animais que fazem parte dessa antiga
cultura de Abaetetuba. Sabe-se que o tratamento e cura através dos remédios
caseiros têm um fundo de verdade, porque muitas plantas e animais possuem seus princípios
ativos, porém falta a comprovação científica para o uso desses remédios, que
somente agora estão tendo a devida atenção e comprovação através de estudos
universitários e pesquisas independentes, mas somente para o poder curativo de
algumas plantas mais tradicionais na medicina caseira.
E, como ambientalista que somos,
temos a declarar que muitas plantas e animais citados nas postagens já estão
extintos ou vias de extinção pelo intenso desmatamento que destruiu o habitat
de muitas dessas plantas e animais e a coleta, caça e pesca predatória que levou
à extinção a maioria das plantas e animais que serão citados nestas postagens,
inclusive alguns seres vivos que foram extintos já nos séculos 17 e 18 durante
o processo de colonização do Pará. Junto de algumas plantas citadas e da
maioria dos animais, faremos as observações sobre a extinção ou superstições
que envolvem alguns processos da medicina caseira com esses seres da flora e da
fauna da Região Tocantina, como também de outros elementos usados na medicina
caseira.
Os dados para estas postagens
foram retirados dos escritos dos pesquisadores e historiadores da cultura de
Abaetetuba, especialmente das professoras Maria de Nazaré Carvalho Lobato, Maria
do Monte Serrat Carvalho Quaresma, de algumas pesquisas de conclusão de curso
de alguns alunos do Campus Universitário de Abaetetuba-UFPA, do Blog do
Professor Riba e das pesquisas do autor do Blog, professor Ademir Rocha junto
às comunidades ribeirinhas visitadas.
OS REMÉDIOS CASEIROS DE
ABAETETUBA E ALGUNS COMENTÁRIOS
Os REMÉDIOS CASEIROS eram
fórmulas caseiras de medicação à base de ervas, plantas medicinais, óleos,
gorduras e banhas de origem vegetal ou animal, banhos, fomentações, chás,
garrafadas, choques, lavagens, defumações, infusões, ponches, dietas e outras
formas de medicação caseira, ministrados muitas vezes de forma ritualística
baseada de acordo com algumas crenças, rituais, mitos, superstições, lendas,
simpatias ou na força do sobrenatural, como são os casos do curandeirismo, da
pajelança, da macumba ou do candomblé. Eram muitos os remédios caseiros usados
pelo povo de Abaetetuba e que já vêm de lnga data de uso. Esses remédios fazem
parte da cultura de Abaetetuba e são costumes e conhecimentos vindos dos povos
índios e negros. E o povo antigo de Abaetetuba, não tendo meios nem acesso aos
medicamentos químicos, se valem até os dias atuais, dos remédios naturais
vindos de plantas e animais que os ribeirinhos e moradores das colônias
agrícolas cultivam, criam ou caçam em seus terrenos e que têm poder curativo
satisfatório no meio rural e até na cidade. e usados na forma de unguentos, defumações e
outros meios na cura de todas as doenças. O uso de alguns remédios caseiros,
vindo dos costumes indígenas e depois dos negros, é ainda conservado precariamente como tradição no município.
A Origem dos Remédios Caseiros
A origem dos remédios caseiros em
Abaetetuba é secular, vinda através dos primitivos habitantes do lugar, os
indígenas da região do Tocantins e, posteriormente, em mistura com a cultura negra vinda com os escravos da época
da colonização e com acréscimos de elementos da cultura dos colonizadores
portugueses e dos comerciantes estrangeiros vindos da cultura árabe e judaica.
Portanto, a secular medicina caseira vinda dos indígenas, incorporou elementos
de outras culturas, que dominou o cenário da medicina caseira dos ribeirinhos e
colonos e até na própria cidade até os dias atuais, onde pontificaram muitas
pessoas com conhecimentos dessa tradicional cultura dos remédios caseiros.
ÍNDIOS
Nossos ancestrais indígenas conhecem os
segredos da Medicina Natural há
milhares de anos
Os ÍNDIOS, naturais da terra, que
tinham a sua própria cultura, a sua própria língua, sua própria crença e que
procuravam viver em comunhão com a terra, e usavam os elementos naturais como
os vegetais, os animais, que em seus rituais e crenças no sobrenatural usavam
esses elementos em sua medicina caseira. Assim, substâncias vindas das plantas,
junto com saliva, urina e órgãos animais, gorduras, chifres, ossos e outras eram
abundantes em seus rituais de curas e pajelanças. Os índios usavam uma
variedade enorme de vegetais em diferentes tipos de preparos medicinais.
NEGROS
Os NEGROS que vieram para o
Brasil durante o período da escravidão trouxeram consigo os seus costumes, suas
crenças, sua cultura, e entre eles a sua medicina caseira que envolvia também
elementos do sobrenatural. Muitos negros vindos como escravos para o Brasil eram
curandeiros ou feiticeiros e, portanto, e eles eram peritos no uso de plantas e
no Brasil também usavam seus conhecimentos na medicina mística das raízes e
ervas em suas cerimônias de curandeirismos. Essa cultura não podia ser
manifestada em sua forma original e, assim, foram obrigados a misturar suas
crenças e conhecimentos da medicina caseira com a cultura do homem branco
colonizador do Brasil, surgindo assim as crenças afro-brasileiras, onde também
havia também os elementos da medicina caseira, agora manifestada nas tendas e
terreiros de Candomblé e Macumba.
BRANCOS
Os BRANCOS, como os portugueses e
os vindos de outras nações europeias trouxeram em sua bagagem pessoas com
conhecimentos médicos elementares. Entre os milhares de portugueses vindos para
o Brasil no período da colonização, muitos vieram na condição de degredados e
entre estes, muitos eram acusados do exercício do curandeirismo, prática que
era considerada crime pela Igreja Católica, pois era uma prática herética. Isso
encheu a colônia brasileira de benzedeiras, milagreiras, parteiras,
curandeiras. E também os judeus e árabes vindos para o Pará trouxeram consigo
seus conhecimentos médicos através do uso de ervas e outros elementos naturais
e suas superstições ou uso do sobrenatural no uso dos conhecimentos médicos.
ALGUNS PROCEDIMENTOS USADOS NA
ANTIGA MEDICINA CASEIRA DE ABAETETUBA
Comentários
O uso dos remédios caseiros e os
serviços dos curandeiros, puxadores, benzedeiros, parteiras e outros, era a
única alternativa de tratamentos e curas na antiga Abaetetuba, costume que
perdurou por muitos anos e hoje, apesar da presença de médicos, clínicas e hospitais,
ainda se nota essa tradição, mesmo que em menor escala e desprovida do
misticismo de antes, especialmente nas localidades distantes e de difícil
acesso, e onde os serviços médicos atuais ainda não chegaram.
Não temos prevenção nenhuma
contra o uso dos remédios caseiros, mesmo porque não se conhecem fatos de que
essa tradição tenha atentado contra a vida de alguma pessoa em Abaetetuba.
Porém, do modo como apresentamos abaixo não recomendamos sua aplicação, devido
estes escritos serem apenas uma contribuição do Blog do Prof. Ademir Rocha, no
resgate da MEMÓRIA DA MEDICINA CASEIRA DE ABAETETUBA.
A secular medicina caseira, não
só de Abaetetuba, como em todo o Brasil, vem recebendo atualmente a atenção de
renomadas instituições científicas, centros de pesquisas e universidades, onde
estão sendo comprovados os efeitos curativos de plantas e animais, fato importante, pois tais
estudos vêm apenas reforçar a crença de nossos antepassados nesse tipo de
medicina ancestral.
OS CHÁS
CHÁS, que era o mais usual
processo usado contra doenças ou outros males, em procedimentos variados de
fervuras de partes das ervas e plantas medicinais, isolada ou conjuntamente
gerando o líquido que era usado conforme as doenças e demais males que
acometiam os membros das populações ribeirinhas, das colônias e da própria
cidade. Existiam chás para cada tipo de doenças e males na antiga cultura da
medicina caseira de Abaetetuba. É claro que o processo de fervura das hervas e
plantas levava em conta o princípio curativo das mesmas que se fixavam na água
usada nas fervuras. Depois de prontos os chás eram bebidos conforme as
recomendações de cada caso de uso.
Entre os chás de Abaetetuba
existia o especial “CHÁ PRETO”, diferente do existente nos dias atuais e
vendido na praça comercial. Esse chá preto de Abaetetuba era usado pelas
antigas parteiras e que recebia os seguintes componentes da medicina caseira:
Alecrim, mel de abelha, mamona,
alfazema, salva, arruda, pluma, entre outras. Esse milagroso chá servia no
tratamento dos problemas das mulheres paridas e limpeza de útero nos partos e
para as mulheres que tinham abortado.
VENTOSAS, que eram copos e velas
que eram instrumentos usados pelas “puxadeiras ou puxadores”, no tratamento de
quebraduras de ossos, torceduras, costas rasgadas, luxações musculares e
levantamento de espinhela caída. Pessoas que fazem esses serviços ainda existem
pelo município. O puxador dava um jeito de pregar o copo pela pressão do ar
contra o corpo, no local da parte afetada e ficava fazendo aqueles movimentos com
o copo para colocar no lugar o osso ou músculo deslocado ou rasgado. A vela
acesa era usada nesse procedimento, quando era colocado em cima do local em
tratamento. Com o copo o puxador fazia aqueles movimentos em torno da vela
acesa. Como é um ritual de cura, eram usadas também as rezas adequadas para a
ocasião. Porém esses procedimentos jamais falhavam, apesar do misticismo
presente. Existia também os puxadores que usavam unguentos, óleos, azeites e outros
elementos da medicina caseira.
A SANGRIA
SANGRIA, que era um procedimento
usado nas picadas de animais peçonhentos, especialmente picadas de cobras e
aranhas venenosas. O curandeiro fazia os procedimentos necessários no local
picado, incluindo a amarração do braço ou perna (torniquete), fazendo a sangria
com um pequeno objeto cortante para que o sangue envenenado saísse do membro
afetado e emprego de outros rituais. Com esse 1º tratamento a pessoa envenenada
pela picada era enviada para a cidade para receber a vacina adequada. O
tratamento inicial do curandeiro era necessário para que a pessoa não viesse a
falecer pela picada da cobra ou aranha e assim dispunha de mais tempo para o
tratamento através de vacina.
OS CHOQUES
CHOQUES, era procedimentos usados
nos problemas de dor de cabeça, constipação nasal, fraqueza cerebral,
esquecimento e outros males que afetam a cabeça e através de um preparado da
mistura de remédios caseiros, que embebidos em uma toalha felpuda eram
aplicados na cabeça, no peito, nos
pulsos da pessoa doente. O choque era aplicado conforme o tipo de doença ou
problemas de saúde:
Choque para fraqueza na cabeça e
esquecimento: uma mistura de água de coco, mamona, vinagre aromático, canela e
tutano de boi, colocando-se rodinhas de panos embebidos nessa mistura e
aplicando na fonte, no peito e nos pulsos da pessoa afetada.
Choque na constipação nasal, dor
de cabeça: uma mistura de folhas de alfavacão, feijão-cuandu, suco de frutas,
sumo de pião branco, mamona e vinagre aromático, com aplicação na cabeça do
doente.
Choque para o reumatismo no
sangue com reflexo na cabeça: uma mistura de urina choca, feijão cuandu, mamona
e vinagre aromático, com aplicação na cabeça.
AS BOLAS
BOLAS de pimenta, espécie de
supositório, feito numa mistura de sebo de Holanda, pimenta malaguetas
misturadas à pirão de farinha d’água escaldado e procedimento usado nas
lavagens intestinais em várias situações, como nos casos da febre alta, febre
maligna, dores abdominais, reanimações de instestinos com hemorróidas. Dizem os
antigos que o efeito desse preparado com pimenta malagueta era eram avassalador
pelo efeito da queimadura da pimenta nas
mucosas do ânus e intestinos, mas seu efeito curativo era certo. Pegava-se o
sebo de Holanda que era misturado com
pirão de farinha coada e escaldada, mamona, pimenta malagueta socada,
sumo do pião branco, óleo de copaíba, que formavam uma espécie de massa feita
em bacia. O curandeiro ia fazendo pequenas bolas desse pirão e ia empurrando
através do ânus da pessoa doente ou com algum mal intestinal. Quem recebeu esse
tratamento nunca se arrependeu, apesar da queimadura na pimenta.
A CURAÇÃO DA GARGANTA
CURA DA GARGANTA, que era o
principal procedimento usado nos casos de garganta inflamada, usando-se os
dedos envolto em algodão e este banhado
no remédio caseiro, que era uma mistura de substâncias, entre as mais comuns, o
azeite de andiroba, o óleo de copaíba, o mel de abelha, o suco de limão, o
alho. Em todas as residências antigas de Abaetetuba existiam as pessoas que
faziam esse procedimento e não se precisava de curandeiro. Era um procedimento
um pouco traumático, pelo dedo na garganta e pela ardência e gosto intragável
de alguns componentes da mistura. Os DEDOS NA GOELA, também eram usados nos
casos dos engasgamentos por alimentos ou objetos engolidos por crianças, quando
se usavam os dedos embebidos em azeite ou outro óleo de gosto amargo para
ajudar na expulsão dos alimentos e objetos que estavam causando os
engasgamentos.
OS PURGANTES
PURGANTES, que eram procedimentos
em que as pessoas infestadas de vermes se submetiam ao uso dos purgantes
caseiros, onde o óleo de mamona era imprescindível na mistura de substâncias
como tiro-seguro comprado em farmácia, ingeridos pela boca. O gosto era intragável e o cheiro
insuportável, mas o efeito era certo, com a expulsão de dezenas de vermes e em
alguns casos eram aplicados as lavagens intestinais para expulsar vermes mortos
que ficaram no intestino. O antigo purgante de mamona era o terror das crianças
desse tempo.
AS AFOMENTAÇÕES
Fomentar: Friccionar a
pele com líquido ou unguento aquecido para fins curativos, fazer compressa
quente e úmida.
As AFOMENTAÇÕES, eram
procedimentos de se “afomentar”, isto é, usar remédios caseiros em forma de
unguentos feitos de banhas ou óleos de várias origens misturadas com outros
componentes, que depois de preparadas, eram passadas pelas partes afetadas do
corpo, para curar barriga inchada, garganta inflamada, baques, entorses e luxações
no organismo, e ainda eram aplicadas nas fontes para dor de cabeça, contra a
dor de peito, ossos, músculos, órgãos doloridos, etc.
O CATAPLASMA
CATAPLASMA, que era usado contra
a dor, e era uma mistura da goma do cuí (farinha+água) de farinha de mandioca
misturado com alfazema e alecrim, que era embebido em dobras de panos que eram
colocadas em cima do local da dor.
OS ESCALDA-PÉS
ESCALDA-PÉS, que eram
procedimentos usados pelos curandeiros locais contra a febre, enxaqueca, males
da garganta, derrame cerebral, congestão intestinal. O procedimento consistia
em se colocar a bacia com água morna e colocar os pés do doente envolto em
toalhas felpudas nessa água quente e ir colocando mais água quente até o
suportável pela pessoa. Depois que o doente demonstrava alívio na doença o
procedimento era encerrado, tendo a pessoa que obedecer às prescrições da dieta
como não pegar vento, não pisar no frio durante um tempo determinado.
AS INFUSÕES
INFUSÕES, eram procedimentos usados para preparar algum
tipo de licor, através da mistura de frutos, cascas, raízes com cachaça, álcool
ou conhaque, ficando um longo tempo em processo de descanso a mistura dos
componentes, até surgir o tipo de infusão necessária para alguns casos de
doenças ou males do organismo. Nesse caso, os princípios curativos de frutos,
ervas e plantas ficavam distribuídos por igual na mistura.
Também existia a infusão de
frutos ou outras partes da planta para se fabricar os licores alcóolicos, muito
comuns nas casas e usados como drinks ou aperitivos em determinadas ocasiões,
especialmente as ocasiões festivas.
Segundo a tradição dos remédios
caseiros, as bebidas alcóolicas usadas nos preparos dos remédios, deviam
envelhecer enterradas no solo durante algum tempo (se à noite, para pegar o
sereno) ou ficar em repouso para assim atingir o ponto de preparo dos medicamentos.
AS DEFUMAÇÕES
DEFUMAÇÕES, que eram procedimentos
de se queimar materiais como ossos, chifres de animais, incensos, plantas
alfazemas, alecrins, benjoins, etc, para atrair sorte ou energia positiva e
afastar os azares, ou maus espíritos, perturbações e energias negativas dos
pacientes e suas residências e para combater inveja, quebrantos, maus olhados e
até contra os trabalhos de feitiçarias. Esse processo era utilizado pelos
simples curandeiros ribeirinhos e colonos ou, em casos mais complexos, era o
pajé que praticava o ritual, soprando a fumaça desses materiais ou soprando a
fumaça dos fumos de cachimbos das pajelanças.
OS BANHOS
BANHOS, eram procedimentos muito
usados na medicina caseira, onde se misturavam uma série de plantas medicinais,
cheirosas e místicas no preparo de banhos para a cabeça ou o corpo inteiro das
pessoas acometidas com alguns tipos de problemas de saúde que exigiam o banho
como terapia e esses banhos eram prescritos ou preparados pelos curandeiros. O
banho frio só com água das torneiras ou chuveiros era recomendado no caso de
pessoas com problemas de catarro no peito, quando esse banho servia para
“soltar” esse catarro para ser expelido nas tosses. O banho da sorte era feito
com ervas cheirosas e usado no dia de São João, para trazer sorte no amor,
felicidade e sorte nos negócios.
Os banhos de cheiros têm o seu
grande momento místico na Quadra Junina, na véspera para o dia de São João, o
24/6, e o fator supersticioso era o elemento forte dessa crença. As ervas
cheirosas eram vendidas nas feiras da cidade na véspera e dia de São João. Vide
hervas e plantas cheirosas em Quadra Junina de Abaetetuba.
AS GARRAFADAS
GARRAFADAS, são preparos
resultantes da infusão de vários elementos, usando procedimentos da medicina caseira com o uso de
uma série de ervas, plantas e outros elementos de origem animal ou mineral, em
fórmulas mais elaboradas da mistura proporcional desses elementos curativos.
Para preparar uma garrafada o curandeiro deve ter grande experiência no
conhecimento e manipulação das plantas e dos outros componentes animais, como
ossos, chifres, etc e minerais (pedras, sais, etc) que são triturados ou
raspados e que vão servir no preparo do medicamento.
As garrafadas com elementos
curativos serviam para curar todos os tipos de doenças, ou usadas no revigoramento do organismo
debilitado e como revigorantes sexuais, usando as ervas marapuama, catuaba e
outros afrodisíacos. O uso de algumas garrafadas exigia, contemporaneamente, alguns tipos de banhos
curativos e outros procedimentos recomendados pelos curandeiros.
Um exemplo de garrafada
muito comum para a impotência sexual
Foto do Viagra Natural do acervo fotográfico de João Pedro Maués
Vide os componentes abaixo
Marapuama, catuaba, imbiriba, jucá, pau-pra-tudo, pau-ferro, raiz
de benjaminzeiro, pênis de macaco, raspa de bico de tucano, pênis de quati,
arranca-toco e guaraná, que fazem parte dessa infusão, com a pessoa tomando 3
cálices pequenos por dia.
AS GEMADAS
GEMADAS, eram misturas de sumos,
sucos, raízes, frutos, sementes, folhas misturadas com ovos, e estes batidos à
mão ou no liquidificador para ser misturado aos outros componentes, e que se
constituíam remédios ou fortificantes para variados casos de fraquezas físicas,
especialmente as curas das de doenças do peito e no revigoramento sexual. Eram
vários tipos de gemada. O processo geral de uma gemada era assim: batia-se à
mão ou no liquidificador a clara de ovos de galinha, até o ponto de ficar com
aspecto de algodão, e colocava-se, posteriormente a gema, continuando-se com as
batidas e, depois, colocavam-se as partes das plantas ou sumos,
acrescentando-se um pouco de açúcar e, para as gemadas mais intragáveis,
acrescentava-se pó de canela para dar sabor. Depois era só tomar o produto
obtido durante vários dias, até as fraquezas desaparecerem.
·
Gemada com leite de ucuúba, usada contra as
bronquites, tosses e asmas
·
Gemada de jucá, usada contra as fraquezas e para
curar gripes e tosses
Gemada de manjericão, para a tosse e peito
(males do peito, como dizem os caboclos).
Gemada de laranja, usada como fortificante e
contra a anemia
Gemada do sumo de mastruz, contra as fraquezas
orgânicas
Gemada de estoraque, usando as folhas desse
vegetal, contra as fraquezas orgânicas.
Gemada com café feito, para as fraquezas
orgânicas
·
Gemada com catuaba ou marapuama, para as
fraquezas físicas e sexuais
AS BENZENÇÕES
BENZEÇÕES, que eram processos de se
benzer com galinhos de plantas arruda, hortelã ou outras plantas e com uso de breves
orações e rituais e tocando na cabeça das pessoas afetadas, contra a inveja, o
mau olhado, azares e no quebranto de crianças que dava até febre. O mau olhado
afetava até as plantas e animais das famílias. Existiam também as benzedeiras
para doenças como erisipela e cobrelo. Erisipela era a inflamação da perna e
cobrelos eram infecções de partes do corpo, na forma de queimaduras na pele,
causadas por micróbios e, se dizia, que se o afetado não curar o quanto antes o
cobrelo, este avançava (invadia) o corpo, até a cabeça encontrar o rabo do
cobrelo e, nesse caso, a pessoa morria, pela ação da infecção do cobrelo. A
infecção por cobrelo dói e incomoda os que são vitimados pela doença. Após a
benzeção do cobrelo e o uso de unguentos e ervas, as benzedeiras ou curandeiras
recomendavam o uso das folhas do pião branco em chás com o açúcar maná vendido
nas antigas farmácias nos dias subsequentes à benzeção. Dizem que eram poucos
os curandeiros que conseguiam curar o cobrelo e este, mesmo curado, deixava
sequelas permanentes na parte afetada do corpo como os formigamentos, as pequenas
e incômodas dores, ferroadas internas e adormecimentos de músculos. Para
cobrelos de feitiçarias, só chamando o pajé para tentar neutralizar a ação do
mal. O tratamento do cobrelo envolvia, além da benzeção, o uso das pomadas e,
depois, as “sulfas” (tabletes ou pó) dos farmacêuticos, Joaquim Contente e
Velho Fernando. Usavam-se as benzeções nas pessoas e nas casas.
AS POÇÕES
POÇÕES, que eram os remédios
fabricados artesanalmente pelos antigos curandeiros e, posteriormente, pelos
primeiros donos de farmácia de Abaeté, e vendidos no comércio ou nas farmácias
dessas épocas. Atualmente os curandeiros da terra ainda fabricam poções
conforme a doença do interessado. As poções também são típicas dos remédios da
homeopatia praticada por algumas pessoas em Abaetetuba, como foi o caso da
professora Esmerina Bou-Habib, que tratava as pessoas da cidade e interior através
da homeopatia e remédios caseiros.
OS UNGUENTOS
UNGUENTOS, que são remédios
fabricados a partir dos óleos, banhas e azeites muito e que eram usados nas
chamadas fomentações, isto é, leves massagens
com unguentos nas partes afetadas do corpo por dores ou inflamações usando essa
mistura em forma pastosa. Em algumas fomentações era usado apenas o azeite de
andiroba.
AS LAVAGENS INTESTINAIS
LAVAGENS INTESTINAIS, que eram procedimentos
usados para limpar ou curar algumas partes internas do organismo, como os males
do aparelho digestivo, do aparelho sexual e as usadas pelas parteiras em
mulheres de parto e essas lavagens eram feitas de vários modos:
LAVAGENS COM REGRADORES, que eram
uma espécie de vasilha improvisada de latas de folhas de flandes onde eram
adaptadas uma borracha com um bico, o qual introduzido pelo ânus da pessoa,
levava o preparado da mistura das plantas amor-crescido, solidonha e outras
plantas da medicina caseira até o interior dos intestinos e a pessoa, pela ação
dessa mistura, era obrigado a evacuar o material que estava causando as dores
de barriga.
LAVAGENS INTESTINAIS, que eram
processos empregados para curar doenças do intestino, inflamações da barriga e
prisão-de-ventre e fazer as lavagens após o parto ou lavagens na barriga para
expulsar os vermes mortos pelo uso do purgante de óleo de mamona em crianças.
LAVAGENS UTERINAS, processos
realizados com um vasilhame com bicos alongados e perfurados que era
introduzido no útero e despejando o chá feito com a mistura de verônica, casca
de taperebázinho, casca de cajueiro, raiz do açaizeiro e outros componentes e
com a finalidade de curar tumores, inflamações, corrimentos e outros problemas
do aparelho sexual da mulher.
COMENTÁRIOS
O uso dos procedimentos acima
enumerados da antiga medicina caseira de Abaetetuba, já não mais existe, pelo
trauma e pelo constrangimento que causavam. Atualmente a presença de muitos
médicos, clínicas, hospitais e uma variedade enorme de medicamentos são fatores
que contribuíram para que os procedimentos da antiga medicina caseira fossem
colocados em desuso. Mas os chás de ervas, raízes e plantas ainda são costumes
que subsistem às modernidades.
USO DAS PLANTAS NOS REMÉDIOS
CASEIROS
Nas matas das várzeas e da terra firme da
Amazônia existe um infinidade de plantas
usadas na Medicina Natural pelos nossos
ribeirinhos e curandeiros nativos
Pesquisas na Medicina Caseira
COMENTÁRIOS
O preparo dos remédios caseiros
era feito com a planta inteira, sumos, óleos, azeites ou partes ou órgãos das
plantas ou substâncias delas extraídas:
OS CIPÓS
CIPÓS, são longos caules ou
raízes de árvores trepadeiras ou plantas (parasitas ou não, de outras plantas
maiores da floresta), e que são vários tipos de cipós usados no preparo de
remédios:
·
CIPÓ PUCÁ, usado no derrame, febres e gripes
CIPÓ DE CATINGA-DE-MULATA, usado junto com
outros componentes nos banhos de cheiro místicos. Aqui se manifesta a
superstição como elemento envolvido nesse preparo.
CIPÓ UÍRA, que é um cipó grosso e cheiroso usado
junto com outros elementos nos banhos de cheiros medicinais e místicos. Envolve
elementos das superstições.
CIPÓ DE URUBU-CAÁ, usado contra o derrame
CIPÓ ESCADA-DEJABUTI, cujo chá é usado no
combate ás infecções do organismo.
CIPÓ DE SUCURUJÚ, usado contra as inflamações em
geral. Usa-se também as folhas com o mesmo fim.
CIPÓ DE ABUTA, quando é socado ou ralado, serve,
misturado com azeite de andiroba, na afomentação (espécie de massagens com
unguentos) contra baques, dores, luxações e tumores do corpo. O cipó de abuta
triturado e colocado junto com álcool serve nas inchações e reumatismos do
corpo. E o cipó abuta é um dos componentes do chá-preto usado nos problemas e
resguardo de parturientes.
Cipó-curimbó, usado junto com o manjericão, a
japana, o cedro e o pião-roxo para fazer banho de cheiro na cura de desenganos
amorosos e contra gripe em crianças.
COMENTÁRIOS
Algumas plantas que forneciam
cipós para os remédios caseiros ou para outras atividades econômicas do
artesanato já estão extintas na região, devido à intensa coleta durante muitos
séculos de uso e comercialização.
OS LEITES VEGETAIS
LEITES, são substâncias de cor esbranquiçadas
extraídas dos vegetais e são vários tipos usados na medicina caseira:
LEITE DE LACRE, leite extraída da árvore de
mesmo nome e usado contra empigem e pano-branco.
LEITE DA ANINGA-DO-MATO, extraído dessa espécie
de aninga e usado para curar ferimentos.
LEITE DE MACACA-CIPÓ, usado nas fraturas ósseas
LEITE DE SUCUÚBA, extraído da árvore sucuubeira
e que tem as mesmas utilidades do leite de amapá, usado nos males do fígado,
estômago e como fortificante para o peito e pulmões e também era usado contra a
anemia. Devido a intensa coleta predatória a sucubeira já está extinta na
região.
LEITE DE CACHINGUBA, que é extraído da árvore
cachingubeira, deve ser fervido porque é muito ácido, e é usado misturado ao
leite para os males do intestino e contra vermes e anemia e na forma de xarope
(leite de cachinguba mais mel de abelha). A árvore chachingubeira já está
ficando rara nas matas locais. Além do
leite a cachingubeira fornece as folhas e cascas para outros tipos de remédios
caseiros.
LEITE DE SERINGA, que é extraído da árvore seringueira,
usado para fortificar os pulmões. A árvore seringueira já está extinta na
região.
LEITE DE PIÃO, usado no tratamento dos sapinhos
na boca de crianças e o pião-roxo usado
junto com o cipó-curimbó, o manjericão, a japana, o cedro serve para fazer
banho de cheiro na cura de desenganos amorosos e contra gripe em crianças. Pião
é um arbusto encontrado nos quintais ermos e beiras de matas e rios.
LEITE DE JATOBÁ, usado como fortificante dos
pulmões. A árvore jatobá já está extinta na região.
LEITE DE MAÇARANDUBA, extraído da árvore
maçandubeira, usado pelas pessoas em substituição ao leite de vaca no café, e
nos emplastos para rasgaduras, ferimentos e entorses de músculos e ossos e como
fortificante do organismo. A árvore maçaranduba além de fornecer o leite e o
fruto na alimentação, também fornecia uma das melhores madeira-de-lei da região
e pelo longo e predatório processo de extração do leite, frutos e madeira já
está extinta na região.
LEITE DE ANANI, extraído da árvore ananinzeiro, usado
nos emplastos para rasgaduras de músculos e como fortificante de peito. O anani
já está em vias de extinção na região.
LEITE DE AMAPÁ, que é extraído da árvore
amapazeiro e que é usado contra a tosse, tuberculose, fraqueza orgânica, anemia
e como fortificante do peito e pulmão e contra a doença impaludismo. A árvore
amapá já está extinta na região devido a coleta predatória dessa árvore.
LEITE DE ERVA-PÃO, extraído da árvore
avapãozeiro, usado como fortificante através de emplastos. Também era muito
usado no preparo de visgos para pegar passarinho e no enceramento de linhas de
papagaio (pipas).
LEITE DE UCUÚBA, que era usado nas bronquites,
tosse asma e contra dor de
dente, quando aplicado com um morrão de algodão em
bebido no leite.
COMENTÁRIOS
Alguns tipos de leite extraídos
de determinadas espécies de árvores já não mais são encontrados em Abaetetuba,
devido o longo e predatório processo de coleta de leites dessas árvores que
levou à extinção dessas espécies.
AS RAÍZES
RAÍZES, que eram retiradas de
várias espécies de plantas para o preparo de vários tipos de remédios caseiros. Algumas raízes:
RAIZ DE CAPIM-MARINHO, gramínea usada para lavar
cabelos. A gramínea capim-marinho já está em vias de extinção na região.
RAIZ DE QUEBRA-PEDRA, mato de quintais, usada
nos problemas de rins e contra a doença diabete.
RAIZ DE JURUBEBA, cujo chá era usado contra os males do fígado e na
prisão-de-ventre.
Planta jurubeba que tem várias aplicações
na Medicina Caseira
RAIZ DE SOLIDONHA, usada nos problemas dos rins,
fígado, estômago e intestinos.
RAIZ DE CAMAPU, mato de quintal usado contra a
doença apendicite
RAIZ DE MAMOEIRO, usada como vermífugo
RAIZ DE CAMEMBECA, usada nos problemas de fígado,
estômago e intestinos.
RAIZ DE CHICÓRIA, verdura usada nos problemas de
dentição de crianças
· RAIZ DE CENOURA, legume usado na falta de vitaminas B1, B2 e C
· RAIZ DE ABUTA, usada nos baques e contra tumores
e pús no organismo
· RAIZ DE MANGARATAIA, usada contra as úlceras
estomacais
RAIZ DE GAPUÍ, usada raspada na dor-de-olhos e
misturada com leite ou água fervida e coada.
RAIZ DE GENGIBRE, usada para os males da
garganta e contra a gripe
RAIZ DE APIÍ, usada para curar as tosses. A
árvore apihi já está extinta na região.
RAIZ DE PATICHULIM, usada contra a asma e em
infusão com cachaça serve nos banhos cheirosos místicos. A árvore que fornece o
patichulim já está em vias de extinção na região.
RAIZ DE BORBOLETA, usada contra a doença albumina
RAIZ DE AÇAÍ, extraída da árvore açaizeiro e
usada nas lavagens uterinas
COMENTÁRIOS:
O processo de extração de raízes
de árvores e arbustos das florestas, em alguns casos, é um método altamente
predatório, pois para se extrair as raízes da planta tinha-se que sacrificar a
planta inteira e sem o devido replantio.
OS ÓLEOS E AZEITES VEGETAIS
ÓLEOS e AZEITES vegetais, eram
substâncias extraídas de determinadas plantas oleaginosas:
AZEITE DE ANDIROBA, que era uma substância que
possuía inúmeras aplicações na medicina caseira, usada contra o reumatismo, as feridas
e inflamações, contra os males da garganta, piolhos, caspas e uso nas entorses,
baques e luxações do organismo. E o azeite de andiroba era o mais popular e o
principal componente das misturas das chamadas “fomentações”, isto é, do
processo de massagear as parte afetadas do organismo com unguentos feitos da
mistura do azeite de andiroba e outros componentes. Era só passar esse azeite
nas partes afetadas e fazer leves massageamentos e em alguns casos mais graves
de machucaduras, após as massagens, cobria-se o local com tiras de panos.
Outras aplicações do azeite de andiroba:
Óleo de andiroba junto com o fruto cabacinha
desidratado é usado para curar tumores pelo organismo.
Óleo de andiroba junto com o sal e colocado sobre a
cabeça das pessoas, faz baixar as febres.
Na forma de
azeite
Azeite de andiroba em mistura com abuta e limão
assado, usada nas fomentações contra baques, traumatismos, luxações, etc.
Azeite de andiroba em mistura com uma pitada de sal,
buchinha de cabacinha, usada nas
fomentações para curar as inchações do corpo.
Azeite de andiroba, em mistura com banha de
sarará-péua, bumbum de barata branca, alho e querosene, usado nas fomentações nos
males da garganta e contra a piema.
Cura da garganta pelo dedo
O azeite de andiroba
também era um dos componentes usados no processo de cura dos males da garganta
através do dedo indicador, este enrolado por algodão embebido na mistura dos
ingredientes caseiros.
ÓLEO DE COPAÍBA, usada nas inflamações, nos
ferimentos, inflamações da garganta, contra o tétano, dores, congestões e derrames
cerebrais, contra o câncer e contra doenças transmitidas pelo ar. Também era um
dos componentes usados no processo de cura dos males da garganta através do
dedo indicador, este enrolado por algodão embebido na mistura do óleo de
copaíba, mel de abelha, alho, mistura aplicada na curação da garganta. A mesma
mistura podia ser também usada tomada duas a três vezes por dia contra a
inflamação e dor de garganta.
ÓLEO DE MAMONA, que era usado na dor de cabeça,
febre e dor no corpo e o óleo composto de mamona na forma de purgante
(misturado com outros elementos produzido pelo farmacêutico Joaquim Contente), era
usado contra as vermes e era de sabor intragável e, por isso, era o terror das
crianças de Abaetetetuba. Mas era, como se dizia, “tiro e queda” contra as
verminoses. Também era um dos componentes usados no processo de cura dos males
da garganta através do dedo indicador, este enrolado por algodão embebido na
mistura dos ingredientes caseiros.
ÓLEO CARAMELANO, na forma de purgante (produzido
pelo farmacêutico Joaquim Contente), era usado nas intoxicações do fígado.
ÓLEO DE AMÊNDOA DOCE, que era usado como unguento
nas fomentações do corpo e também era um dos componentes usados no processo de
cura dos males da garganta através do dedo indicador, este enrolado por algodão
embebido na mistura dos ingredientes caseiros.
ÓLEO DE CAMOMILA, que era usado como unguento
nas fomentações na dor do corpo contra a dor de cabeça, febres, problemas do
fígado.
Comentários:
O processo de extração de óleos
ou azeites de plantas podia ser feito dos frutos, sementes ou do tronco das
plantas.
O processo de extração de óleos
ou azeites dos caules ou troncos de árvores era altamente predatório, levando à
extinção muitas espécies de plantas fornecedoras de óleos e azeites.
A árvore andirobeira fornecia a
semente de andiroba, da qual se extraía o óleo de andiroba (que embalado nos
frascos ganhava outra consistência e passava a ser chamado pelo povo de azeite
de andiroba), desde o período colonial, passando essa prática para os demais
períodos da história do Pará e esse azeite era intensamente exportado até para
fora do país e também usado na medicina caseira e como combustível dos antigos
lampiões. A derrubada das matas das margens de rios e igarapés para o plantio
de cana-de-açúcar e outras culturas, levou à andirobeira a situação de espécie
em via de extinção na região e suas sementes que eram coletadas boiando nas
águas desses rios e igarapés, hoje já se fazem escassas.
O óleo de copaíba, desde o
período colonial, era extraído do tronco da árvore copaibeira e esse processo
era altamente predatório, devido o coletor fazer o furo no tronco da árvore e
dela extrair todo o seu óleo, não deixando aquela quantidade necessária para a
sobrevivência da árvore, que acabava morrendo pela falta dessa seiva.
AS BANHAS VEGETAIS
BANHAS vegetais, são extraídas de
várias espécies de frutos e sementes vegetais e com a textura pastosa.
BANHA DE PATAUÁ, extraída da palmeira
patauázeiro, usada como nutriente e no preparo de comidas. A palmeira
patauázeiro já está extinto na região.
BANHA DE PUPUNHA, extraída da palmeira
pupunheira, usada nos males da garganta e para amaciar e segurar cabelos
rebeldes. Também era um dos componentes usados no processo de fomentações, isto
é, uso de unguento feito da mistura de vários ingredientes, numa espécie de
massagem da parte dolorida, inflamada ou nas luxações do corpo.
BANHA DE CACAU, extraída do fruto do cacaueiro,
usada nos lábios ressequidos, e banha usada na cura das erisipelas do corpo.
Com o fim do ciclo cacaueiro do Baixo Tocantins essa árvore já se faz escassa
na região.
AS CASCAS
CASCAS de Árvores e Outras Cascas
Usadas Como Remédios ou Componentes dos Remédios Caseiros:
CASCA DO BUIUSSÚ, cujo sumo era usada nas dores
de cabeça, dores no corpo e nos choques do organismo e quando ingerido servia
para fazer forçava o vômito para as variadas formas de intoxicações e
envenenamentos, inclusive venenos de cobras e de outros animais.
CASCA DE JATOBÁ, usada na forma de chá contra a
gripe e como fortificante
CASCA DO CARAPANÃ, extraída da árvore
carapanazeiro, usada para regularizar as menstruações atrasadas e contra a
doença impaludismo.
CASCA DE VERÔNICA, cujo chá é usado contra as
infecções do organismo e é também usada na lavagem uterina, nos banhos
higiênicos do aparelho sexual, nos problemas do parto, e misturada com água é
usada contra a anemia. A verônica ainda é usada para curar corrimentos e
secreções vaginais oriundas de inflamações do aparelho sexual feminino ou do
útero. Em infusão na cachaça, espécie de licor, é usada na dieta das
parturientes contra a perda de sangue.
CASCA DE IPÊ-ROXO, cujo chá era usado contra
coceira, inflamação, gastrite e problemas do útero.
CASCA DE LIMÃO, extraído do fruto limão, usada
contra as dores em geral
CASCA DE LARANJA, extraída do fruto da
laranjeira, usada nas dores em geral.
CASCA DE MANGA, extraída do fruto da mangueira,
usada contra as fortes e prolongadas tosses, tipo “tosse da guariba”.
CASCA DE CARAPANAÚBA (uma variedade da árvore do
carapanãnazeiro), usada contra a doença diabete e contra as amebas.
CASCA DE PRECIOSA, usada para combater as dores e
como anti-inflamatório
· CASCA DE MUCURA-CAÁ, usada no combate ao
nervosismo e insônia
CASCA DE CASTANHA, extraída da árvore
castanheira-do-pará, usada contra a úlcera do estômago e contra anemia,
hepatite e desintoxicação do fígado (limpeza do fígado). As castanheiras já se
fazem escassas, praticamente extintas na região.
CASCA DE CACHINGUBA, extraído da árvore cachingubeira,
usada como chá no combate às vermes intestinais, amebas e como fortificante na
fraqueza do organismo.
CASCA DO TAPEREBÁZINHO, extraída da árvore do
taperebázinho, usada nas lavagens uterinas e nos ferimentos do útero. A árvore
do taperebázinho já se mostra rara na região.
CASCA DE CAJU, extraída da árvore cajueiro,
usada para curar ferimentos, nos preparados purgativos e contra desinterias e
nas lavagens uterinas. Como não se planta cajueiro com regularidade, este já se
faz escasso na região.
CASCA DE SUCUUBA, extraída da árvore sucuubeeira,
usada nos problemas do fígado, estômago, contra a tosse, males do intestino e
como fortificante do organismo. A árvore sucuubeira já está extinta na região.
CASCA DE JUTAÍ, extraída da árvore jutaízeiro,
usada fervida e após resfriada tomar como água contra a tosse. Esta árvore já
se faz rara na região.
CASCA DE PAU-D’ARCO, usado contra a coceira, males
do útero, inflamações e problemas do estômago. A árvore pau-d’arco não é mais
encontrada na região.
CASCA DO ANAUERÁ, extraída da árvore
anauerazeiro, usada no combate as amebas
CASCA DA QUINA, usada contra tosse, dor, febre e
impaludismo. Um fato de 1746: Na aldeia de índios missionada pelos carmelitas
às margens do rio Solimões, o padre Luiz João de São Paulo estava há 20 dias
sofrendo com uma febre intermitente, quando começa a ser tratado com um chá de
casca de pau. Oito dias depois já estava curado. O padre foi saber que o nome
daquela casca era “quina”, no tupi, e que no português significa
“camarada”. A quina era um poderoso
antitérmico natural e era usada na cura do impaludismo. Foram os espanhóis que difundiram
essa propriedade da quina, mas os índios ticunas já a conheciam há muitos anos.
CASCA DE CEDREIRO, usada junto com as plantas japana,
pau-de-angola, casca de cedro, capetiu, vassourinha e cipó-uíra, nos banhos
místicos das benzedeiras e banhos místicos de São João. Cedreiros são árvores
já raras na região devido o uso de sua procurada madeira.
AS BATATAS
BATATAS, que são vários tipos
usados em várias doenças:
Batata do ariázinho, usada para normalizar as
dentições de crianças
Batata da pripioca, usada nas infusões cheirosas
e atrativas amorosas. Aqui se manifesta o elemento supersticioso.
Batata de apiú, usada no combate à gripes,
catarro, asma, tosses fortes e
prolongadas, tipo “tosse da guariba”.
Beterraba, usada no combate à anemia e contra a
tosse
· Batata-inglesa, usada contra as dores de cabeça
e colocada nas fontes faciais
· Batatão, usada na puruficação do sangue
· Batata do marupázinho, usada contra as hemorróidas
Batata da cebolinha, que fervida até o
amolecimento fornecia um sumo que misturado ao açúcar e uma espécie de flor de
lírio, era um xarope expectorante que, tomado pela manhã em jejum, fazia a
pessoa expelir todo o catarro e muco dos pulmões.
AS FOLHAS
Acima, pesquisador de Abaetetuba, laureado
a nível nacional e internacional, pelas suas
pesquisas com o melão-de-são-caetano, como
vermífugo e outras plantas medicinais de
Abaetetuba
FOLHAS ou plantas inteiras, que
são muitas as usadas como remédios caseiros
· VINAGREIRA branca, usada como chá e junto com a
vassourinha de botão, contra a dor nos rins.
URTIGA braba, cujas folhas espremidas em um
pano, o sumo deve ser colocado no ouvido contra a dor de ouvido. A urtiga braba
pode também ser usada contra a tosse e nos chás para dores reumáticas. Devido o
ouvido ser um órgão delicado e não se ter a comprovação científica da ação do
sumo de folhas da urtiga braba, recomendamos não realizar este processo. Aqui a
informação é apenas como memória dos remédios caseiros de Abaetetuba.
CACHINGUBEIRA, que é uma árvore da floresta, onde
tudo é aproveitado na medicina caseira. As folhas são usadas para se retirar
manchas de açaí das mãos, a casca é usada em chás para curar verminoses e
amebas e o leite que tem a mesma aplicação medicinal. Essa planta já está
praticamente extinta na região.
SABUGUEIRO, que é usada contra as febres e para
aflorar doenças como catapora, sarampo e outras doenças sazonais. Na forma de
chá e em mistura com outros ingredientes caseiros o sabugueiro era usado para
curar as dores de garganta e para fazer aflorar e secar o sarampo com maior
rapidez.
SALVA, usada contra as cólicas e diarréias
SUCURIJÚ, usada contra as inflamações e
infecções em geral e contra o colesterol alto e problemas do fígado.
CUANDU, cujo chá das folhas combate a dor de cabeça
JALAPA, contra dor, congestão, inflamações,
hemorragias cerebrais ou pulmonares e também são purgativas e que, inclusive,
era vendida em pó ou comprimido.
JAMACARU, cacto usado contra à tosse
MARCELA, cujas folhas fervidas em uma panela com
água durante 15 minutos, o preparo serve para combater as dores do estômago. O
preparo com folhas de marcela também serve contra dores uterinas e para
fortificar os cabelos.
MASTRUZ, usada no combate às doenças como
tuberculose, úlcera gástrica e intestinal, bronquites crônicas e agudas e no
combate ao raquitismo.
MALVA, usada nos problemas de fígado e intestino
e a tintura é usada nas inflamações bucais e da garganta fazendo gargarejo.
MALVA-ROSA, usada no combate às dores de
estômago e intestinos e nas dores do coração e nas cicatrizações.
MALVARISCO, as folhas são usadas como anti-inflamatórios
e contra os tumores.
MAMOEIRO, usada no combate às verminoses. Aqui
os efeitos são comprováveis.
MANGERICÃO, usada junto com gemas de ovos no
preparo das “gemadas” para combater a tosse e catarro e o manjericão, usado
junto com o cipó-curimbó, a japana, o cedro e o pião-roxo serve para fazer
banho de cheiro na cura de desenganos amorosos e contra gripe em crianças.
PARIRI, que junto com a verônica combate a anemia
·
PATA-DE-BURRO, usada no combate ao diabetes
·
PARUÃ, usada contra a dor de cabeça
·
PAPAGAINHO, usada no combate à hemorragias
·
PLUMA, usada nas dores de estômago e intestinos,
demais dores e derrames
PANAMÁ, usada no combate as doenças tuberculose,
pneumonia e gripe e problemas da garganta e feridas na boca.
PIÃO-ROXO, cujo sumo é usado no combate à dor de
dentes e usado junto com o cipó-curimbó, o manjericão, a japana, o cedro serve
para fazer banho de cheiro na cura de desenganos amorosos, nos banhos de
benzedeiras e contra gripe em crianças. Galhos de pião-roxo eram usadas pelas
benzedeiras de Abaetetuba na cura de quebrantos, cobrelos e outros males em
seus rituais de benzeções e no fim das benzeções o ramo já estava totalmente
mocho pela carga de energia recebida.
PIÃO-BRANCO, usada na limpeza e doenças de pele
e, na forma de chá das folhas com o açúcar maná, na cura de cobrelos, como auxiliar das
pomadas e sulfas.
ORIZA, cujas folhas quando colocadas numa bacia
com água para pegar sol por um dia, em preparo, serve nos banhos de crianças
aborrecidas e para amansá-las. Usa-se também a oriza no combate a asma e nos
banhos cheirosos.
PAU-DE-MOQUÉM, cujo preparo das folhas junto com
água colocada ao por um dia, serve para amansar criancinhas brabas através de
banhos do preparo.
· QUINA, árvore com propriedades anti-térmicas.
MARAPUAMA, é usada como estimulante, excitante
sexual, como afrodisíaco e na impotência sexual. Aqui se manifesta o elemento
supersticioso.
CATUABA, que tem o mesmo efeito da marapuama.
ALFAZEMA, usada como calmante, contra a insônia
e dor, e era usada contra a dor intestinal e nas defumações, junto com o alecrim, incenso
e benjoim contra os azares e panemeiras das casas.
ABUTA, cujas folhas são usadas na normalização
das fraturas ósseas, contra infecções por baques e luxações, contra tumores.
Seu uso também é feito junto com outras ervas e plantas como a cabacinha, óleo
de andiroba contra as infecções e nas fomentações dos unguentos nos processos
de fomentações contra baques, luxações, etc..
ARRUDA, suas folhas quando trituradas em álcool,
e o preparado quando colocado e batido levemente na cabeça, serve contra
derrames e na forma de chá que tem o mesmo efeito contra o derrame. Também
serve nas dores de cabeça e na rouquidão mastigar com uma pitada de sal. Arruda
é uma das plantas com tradição supersticiosa de Abaetetuba e era usada também
nos processos de benzeções. Porém seus efeitos medicinais contra algumas
doenças são observáveis.
CARMILITANA, usada no combate a dor
· CAPIM-MARINHO, usado no combate às vermes, contra
pressão alta
O capim-marinho, é usado como chá e como
planta medicinal em Abaetetuba/Pa
·
CATINGA-DE-MULATA, usada no combate às cólicas
uterina
·
CUITÃ, usada no combate à hemorragias
CANELA, cujas folhas em preparo de chá por 15
minutos, este chá pode ser usado nas pessoas que sofrem de pressão baixa.
CORAMINA, cujas folhas fervidas em água durante
20 minutos, e quando resfriadas, deve ser usada contra a dor do coração. A
coramina pode também ser usada nos
problemas de falta de ar nos pulmões.
CARUCA-CAÁ, usada no combate à tosse
·
PIRARUCU, cujo chá das folhas é usado contra as
infecções do organismo
CANAFLISTO, que junto com a planta quebra-pedra
é usada nas infecções urinárias.
CAMOMILA, usada nos problemas estomacais, como
anti-diarreico e na forma de chá é usada contra o nervosismo e sustos.
ERVA-DOCE, cujo chá é usado contra gases e dores
intestinais
ERVA-CIDREIRA, usada nos problemas de insônia,
como tranquilizante, nas vertigens, nos espasmos, histerismos e contra tosses
espasmódicas e na forma de chá como calmante de nervosismo. Os efeitos da
erva-cidreira como medicamentosas são comprováveis.
ESTORAQUE, usada contra à tosse
EUCALIPTO, usada como antisséptico, antifebril,
anticatarral e contra as bronquites. O autor do Blog se curou ou amenizou uma
rinite alérgica em uma mistura de plantas onde se usava o eucalipto, a cabacinha,
a tintura de iodo.
LIMOEIRO, cuja folhas são usadas no combate a gripe, dor
de cabeça, tosses e junto com aspirina é usada contra a febre.
LARANJEIRA, cujo chá das folhas é usado contra a
tosse.
LARANJEIRA-DA-TERRA, cujo chá das folhas é usado
contra dor de cabeça. Essa planta já está em extinção na região.
FEJOEIRO, cujo chá das folhas é usado contra a
dor de cabeça.
HORTELÃ, usada na dentição de crianças e no combate
as dores de estômago e intestino, nas palpitações e tremores nervosos, contra o
vômito, cólicas uterinas, contra o catarro e como purgativo. Era uma das
plantas místicas usadas nos processos das benzeções.
BARBATIMÃO, usada como anti-hemorrágico, no combate
às secreções uretrais e vaginais.
QUEBRA-PEDRA, cujo chá fervido durante 10
minutos serve frio contra as pedras no rim.
Também esse chá pode ser usado contra as infecções do organismo.
ERVA-DE-CHUMBO, cujo chá é usado contra as
infecções do organismo.
BABOSA, cujas folhas são usadas em preparo
contra a gastrite e quando retirada a massa das folhas, podem ser usada contra
eczema e erisipela.
BOLDO, cujas folhas fervidas em uma panela com
água por 15 minutos, o preparo serve nas dores de fígado, estômago e contra a hepatite
e, além disso, ela estimula a secreção da bílis e melhora a digestão dos
alimentos e o chá do boldo é usado para ressaca alcóolica e até usado como
controlador do apetite se tomado pela manhã. Os efeitos curativos do boldo são
observáveis.
ALGODOEIRO, cujas folhas são usadas junto com o
mel de abelha contra tosse, gripe e contra hemorragia, regras menstruais e
pelas mulheres é usado para induzir a produção do leite materno.
AMOR-CRESCIDO, cujo chá das folhas é usado
contra as infecções do organismo e junto com as plantas babosa e capim-marinho
é usado para fortalecer o couro cabeludo. Na forma de chá com a erva solidonha
e outras plantas medicinais era usada no processo da lavagem intestinal, chá
que era colocado em um recipiente com bico de borracha o qual era empurrado
pelo ânus da pessoa até a altura da barriga para fazer as curas ou provocar as
evacuações intestinais.
LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA, cujo chá das folhas é
usado contra as infecções do organismo.
ANADOR, que é usada nas dores em geral e quando
as folhas são fervidas durante 3 minutos, serve para a dor do fígado.
ALHO, que era um dos mais populares produtos
usados na medicina caseira, cujas folhas e cabeças têm múltiplas funções:
Como chás contra gripes, resfriados, fortalecimento do
organismo
Contra as doenças cardíacas, intoxicações alimentares,
como vermífugo, tratamento de bronquites crônicas, pressão alta, reumatismo,
gota e no emagrecimento.
O alho misturado com o azeite de andiroba, banha de
sarará-péua, bumbum de barata branca e querosene formava uma espécie de
unguento que era usado no preparo das afomentações, nos processo de massagens
contra os males da garganta e contra a piema.
As folhas do alho também são usadas na forma de chás
contra a tosse.
REGO, plantas do mato, cujas folhas em forma de
chá são usadas contra tosse e num preparado de seu sumo, junto com as folhas de
língua-de-vaca e uma pitada de sal, combate o mijacão (frieira do pé).
CARRAPICHO,
cujo chá das folhas é usado contra as infecções do organismo.
· ANANÁS, cujo chá das folhas é usado contra as
infecções do organismo.
CHAMA, cujas folhas quando fervidas durante 10
minutos, servem para combater a diarreia de crianças na 1ª dentição.
CAATINGA, cujas folhas fervidas durante 5
minutos, que serve para curar dor de fígado.
SUCURIJÚ-CIPÓ, cujas folhas fervidas durante 3
minutos, o preparado serve para a dor de barriga.
APIÍ, cujas folhas fervidas em água durante 4
minutos e que serve para normalizar o problema de quem tem o peito aberto e
contra tosse e asma.
CRAVO, cujas folhas trituradas em álcool, em preparado que
colocado na cabeça das pessoas para combater a dor de cabeça.
HORTELÃ, cujas folhas levadas ao fogo junto com
a água em preparado, que quando frio, serve para combater a diarreia, dores e
contra os vermes.
TERRAMICINA, cujas folhas fervidas em água, o
preparo resfriado deve ser tomado contra a dor de barriga.
MANJERONA, usada contra o derrame e dor
ALECRIM, usada contra a dor, febre, nervosismo e nas defumações,
junto com alfazema, incenso e benjoim contra os azares e panemeiras (má sorte)
nas casas.
CUITININGA, que é uma planta que cresce nas
beiradas de poços d’água escavados e
ribanceiras de rios e cujas folhas espremidas com as mãos produzem um sumo
espumante que é usado contra as queimaduras e a cura é tão eficaz que não deixa
nem as marcas das queimaduras.
GOIABEIRA, cujo chá das folhas tenras serve
contra a diarréia.
SOLIDONHA, erva que era misturada ao chá do
amor-crescido, junto com outras ervas, formava mistura que era colocada em um
recipiente com bico de borracha e empurrado pelo ânus da pessoa até a altura da
barriga e lá fazer as devidas curas ou provocar as evacuações intestinais ou
lavagens.
LÍNGUA-DE-VACA, planta silvestre, cujo sumo em
mistura com o sumo de rego e uma pitada de sal, é usado contra o mijacão
(frieira dos pés).
JAPANA, que usada junto com o cipó-curimbó, o
manjericão, o cedro, pau-de-angola e o pião-roxo, casca de cedro,capetiu,
vassourinha nos banhos de cheiro na cura de desenganos amorosos, quebrantos e
cura de cobrelos e outros males e contra gripe em crianças.
CAPETIU, que junto com a casca de cedreiro,
japana, pau-de-angola, vassourinha e cipó-uíra era usado nos banhos das
benzedeiras contra o quebranto e cura de cobrelos e outros males e como banho
místico de São João e na cura de gripe de crianças.
AS FLORES, FRUTOS, SEMENTES E
CAROÇOS
FRUTOS, são vários os usados nos
remédios caseiros:
CASTANHA-DO-PARÁ, cujas sementes frescas que
eram usadas como fortificante do organismo e contra a falta de visão. A
castanha-do-pará já está em vias de extinção em Abaetetuba.
BANANA SÃO TOMÉ, usada contra os cogumelos
intestinais. Essa variedade de banana já está rara no município.
LARANJA-DA-TERRA, usada contra a doença
albumina. A laranjeira-da-terra já está extinta na região.
CUMARU, usada contra as dores de ouvido. A
palmeira cumaru já está extinta na região.
CUIA verde, que serve na cura da ruptura
escrotal (hérnia do escroto), com o seguinte procedimento: o fruto verde (cuia
verde) deve ser retirado da árvore cuieira, e nele se faz um buraco pequeno em
uma das extremidades da cuia e parte de sua massa interna. Depois é só colocar
o saco escrotal afetado no buraco da cuia verde por alguns momentos e depois
retirar o escroto e tampar a cuia verde e coloca-la ao sol. À medida que a cuia
vai secando, o escroto do homem vai voltando ao normal, até a cura completa da
ruptura (hérnia).
LIMÃO, cujo suco é usado contra gripes, nas
infecções do organismo, como purificador do sangue e no emagrecimento. A
mistura de água e suco de limão, junto
com o remédio aspirina dissolvida faz efeito altamente benéfico contra as gripes,
pelo menos com o autor do Blog. O chá das folhas do limoeiro, junto com o
remédio dipirona combate as febres. O limão assado, junto com o azeite de
andiroba e outros componentes era muito usado no processo das fomentações, isto
é, massagear as partes afetadas do corpo por baques, luxações, com unguentos. Recomendamos
consultar o médico para esses procedimentos. Também o limão era um dos
componentes usados no processo de cura dos males da garganta através do dedo
indicador, este enrolado por algodão embebido na mistura dos ingredientes
caseiros.
JUCÁ, usado contra as gripes. A árvore jucá já
está extinta na região.
ÁGUA DE COCO, que serve para banhar a cabeça
para fortificar o cérebro e como fornecedora de nutrientes para a desidratação.
LARANJA, cujo suco junto com ovos crus e pó de
canela batidos no liquidificador sevem no revigoramento do organismo.
MAMÃO, para normalizar problemas intestinais
·
MARACUJÁ, cujo suco é usado como calmante para o
nervosismo.
SABUGO, do fruto da planta trepadeira cabacinha,
junto com o azeite de andiroba, uma pitada de sal, formava um unguento usado nos
processos das fomentações, isto é, espécie de massageamento para curar as
inchações do corpo.
FLORES na medicina caseira
Na forma de chás
Flor de ROSEIRA, usada como calmante e na
insônia
· Flor do MAMOEIRO-MACHO, usada contra o
colesterol
·
Flor de CRAVO-DE-DEFUNTO, usada no combate ao
derrame cerebral
·
Flor da LARANJEIRA, usada como calmante
SEMENTES e CAROÇOS, usadas como
remédios caseiros
Sementes de MALVARISCO, que são usadas como anti-inflamatório
e nos tumores do organismo.
Sementes de JUCÁ, usadas contra a tuberculose,
pneumonia e gripe
· Sementes de JERIMUM, usadas contra vermes e
cogumelos intestinais
Sementes de ERVA-DOCE, usadas contra a dor e no
combate à diabetes e cogumelos intestinais.
Sementes de ALPISTE, usadas contra pressão alta
Semente da FAVEIRA (fava), cujo sumo raspado que
é misturado com uma pitada de sal e aplicado nas doenças de peles leves, como:
impigem, titinga ou quaisquer manchas através de fungos.
Caroços de AÇAÍ, que quando queimados nos
fogareiros serviam para espantar os mosquitos carapanãs e os mosquitos
transmissores da malária e outras doenças.
Pedaços de caroço de ABACATE quando colocado em
um litro de vinho, deixando em infusão durante 4 dias, depois era só bebe um
cálice antes de dormir, para baixar o colesterol do sangue.
BROTOS, usados como remédios
caseiros:
Broto da planta IMBAUBEIRA BRANCA, cujo chá do
grelo era usado contra úlceras, tosse, bronquite, diarréia e dor de estômago.
Broto de GOIABEIRA, cujo chá é usado contra a diarréia
Palmito do AÇAÍ, usado contra a hemorragia de golpes
e contra a diarreia
Comentários
OUTROS PRODUTOS VEGETAIS OU DE
ORIGEM VEGETAL
· VINAGRE, usado no asseio vaginal, especialmente
contra as coceiras
CARVÃO VEGETAL, que é usado nas dores de
estômago, mau hálito, contra as aftas, azia, acidez, contra a diarreia e como
antisséptico intestinal.
OURIÇO DE CASTANHA DO PARÁ, que cheio de água e
colocado no sereno por alguns dias, que era bebida em substituição a água comum,
usada contra doenças como hepatite, anemia.
Sabugo de CABACINHA, que misturada ao azeite de
andiroba serve contra a doença sinusite.
MEL DE CANA-DE-AÇÚCAR (melaço), usado no combate
a tosse e asma e para os problemas do fígado.
CAFÉ, que era largamente usado como remédio
caseiro de várias formas:
O café amargo, que combate a dor de cabeça, as
fraquezas do organismo e é revitalizante no trabalho e estudos.
O café moído era usado nos ponches com cachaça (vide
ponche de cachaça) contra a gripe, nos choques de cabeça (vide choque), nos
emplastos caseiros.
O café misturado com manteiga, tutano de boi, gema de
ovo de pata, era usado nos problemas das fraquezas do organismo.
A borra do café, que depois de fervida, servia para
banhar as pernas dos bebês, para que estes pudessem logo andar sozinhos e que
também servia para tirar o pitiú de peixes das mãos e para tirar a gordura dos
vasilhames.
Usa-se o café bem fino e com açúcar contra a pressão
alta e o café bem forte e sem açúcar contra a pressão baixa.
Usa-se a mistura de café feito misturado com suco de
limão para a dor de barriga.
Nos envenenamentos caseiros, usa-se o café para ajudar
na desintoxicação do veneno.
Gemada de café preparado contra as fraquezas do
organismo
O remédio Cibalena com café era usado contra as dores
de cabeça e outras dores do organismo.
As folhas ou grãos verdes de café servem no preparo de
remédios contra a anemia e as folhas secas servem nos banhos quentes contra as
inchações do organismo.
O café misturado à pimenta-do-reino sacada serve para
combater a tosse.
PAU-DE-ANGOLA, que junto com casca de cedreiro,
japana, pau-de-angola, casca de cedro, capetiu, vassourinha e cipó-uíra nos
banhos místicos das benzedeiras e banhos místicos de São João e contra a gripe
de criança.
TABACO EM ROLO, produto que misturado com urina,
era usado na cura do mijacão (frieira dos pés) e tabaco moído era usado para
apretar (tornar preto) o cabelo.
Lascas ou pedaços de ACAPU, retirada da madeira
que vem da árvore acapuzeiro, e fervendo-se uma lasca pequena, tomando-se essa
espécie de chá, que cura a hemorragia.
Pedaços ou casca de CEDRO, que usado junto com o
cipó-curimbó, pau-de-angola, capetiu, vassourinha, cipó-uíra, o manjericão, a
japana e o pião-roxo serve para fazer banho de cheiro na cura de desenganos
amorosos, quebrantos e contra gripe em crianças.
Comentários
Sabemos que o café contém a
substância cafeína que é realmente um estimulante orgânico.
A madeira acapu, junto com a
madeira pau-amarelo, eram as madeiras mais utilizadas como esteios, caibros,
ripões, tábuas nas construções de casas pela sua durabilidade. Agora está
praticamente extinto na região.
ALGODÃO, que envolvido em um
palito de madeira servia para tirar água do ouvido, após os banhos de igarapés
e praias. Verdade, mas fazendo-se com cuidado a manipulação do palito envolvido
em algodão. Porém não recomendamos essa operação, pois palito e algodão podem estar
contaminados com fungos ou bactérias que podem causar problemas no ouvido.
USO DOS ANIMAIS NOS REMÉDIOS
CASEIROS
O uso de animais nos remédios
caseiros podia atingir o animal inteiro, suas partes ou órgãos ou substâncias
deles extraídos. Muitas espécies de animais, da fauna de Abaetetuba, devido à
intensa caça para extração de suas carnes, couros, penas, banhas, óleos, órgãos
e outras substâncias, já estão extintos na região e outros correm sérios riscos
de extinção.
Os JACARÉS das águas do Baixo
Tocantins já foram extintos pela caça indiscriminada.
A ANTA já é um animal extinto na
região.
Somos contra a caçada da MUCURA
por motivos ambientais.
Somos contra a matança das
JIBÓIAS por motivos ambientais.
As TARTARUGAS já estão extintas
na região pela caça indiscriminada e
pelo uso de sua carne como iguaria na culinária local e na fabricação de
manteiga.
De alguns animais usavam-se
apenas os produtos por eles elaborados, como mel de abelha e outros elementos e
substâncias extraídas da casa de abelha e que são ainda muito usados na
medicina caseira de Abaetetuba:
O MEL DE ABELHA
MEL DE ABELHA, usada nos
problemas da garganta e peito e misturado com o óleo de mamona era usado contra
a tosse da guariba (forte e prolongada tosse que fazia as pessoas emitirem uma
espécie de som parecido com o uivo do macaco guariba). Também era um dos
componentes usados no processo de cura dos males da garganta através do dedo
indicador, este enrolado por algodão embebido na mistura dos ingredientes
caseiros.
O mel de abelha tem efeito
comprovado nos problemas de garganta e misturado com outros componentes. Muitos
ribeirinhos o recomendam seu uso no combate a asma.
OVOS,
de galinha são largamente utilizados nas gemadas de Abaetetuba para os
problemas das fraquezas físicas e mentais e problemas do peito. Ovos de
codorna são usados como estimulantes sexuais.
BANHAS, GORDURAS E ÓLEOS ANIMAIS
Óleo do peixe PORAQUÊ, que junto com o sabugo da
cabacinha é usado contra o reumatismo.
Banha de PORCO, que sem sal é usada contra as
inflamações e inchações do corpo e contra as picadas de insetos e animais
venenosos e ainda era usada como fixador de cabelo.
Banha de JACARÉ, que é usada nas doenças da
garganta, nos derrames e congestões.
Banha de ANTA, usada, junto com o café e a folha
da planta sabugueiro, contra as dores.
Banha de MUCURA (gambá da Amazônia), usada para
amenizar as dores da gestação.
Banha da cobra JIBÓIA, usada contra a dor, problemas
de garganta, contra a asma e nas inflamações e para os supersticiosos, é usada
como atrativo de namorados.
Banha de CARNEIRO, que é usada para fazer a
criança a aprender andar mais rapidamente.
Banha de GALINHA CAIPIRA, que é usada nos
problemas da garganta, como rejuvenescedor do couro cabeludo e contra as
inchações do corpo. Também era um dos componentes usados no processo das afomentações,
isto é, o uso de uma espécie de unguento feito da mistura dos ingredientes
caseiros, quando se massageava a parte dolorida, inchada ou nas luxações do
corpo.
· Banha de PATO, usada nos problemas da garganta e
na congestão e para fazer aflorar infecções incubadas. A banha de pato preto
era um dos componentes usados no processo das fomentações, isto é, do uso de um
unguento resultante da mistura de vários ingredientes caseiros, fazendo-se o
massageamento das partes doloridas, inchadas ou das luxações do corpo.
Banha de TARTARUGA, que era usada nos problemas
da garganta, contra as torceduras dos músculos, dos nervos atrofiados em acidentes,
nas infecções de pele como acne, cravo e ainda como rejuvenescedor da pele e ainda
serve para aflorar infecções incubadas quando usadas como alimentos, na
fabricação de manteiga, cosméticos e outras aplicações.
Banha do peixe ARRAIA, usada no combate a asma
Banha de SARARÁ-PÉUA (espécie de crustáceo das
várzeas e ribanceiras de igarapés, com
garras como as do caranguejo), usada na mistura com azeite de andiroba, bumbum
de barata branca, alho e querosene, que formava um tipo de unguento usado nas
fomentações, isto é, espécie de massagens contra os males da garganta e contra
a piema.
MANTEIGA, vindo da tartaruga e de outras fontes,
que era usada em alguns preparos de remédios caseiros, como, junto com casa de
caba (vespa) de barro, esta moída e misturada á manteiga, em preparado usado
para untar o inchaço da papeira (caxumba) e fazê-la logo desaparecer.
O mesmo processo e
a mesma finalidade tem a mistura de papel ou jornal queimado, em preparado que
serve na cura da papeira. Esses procedimentos têm dieta: não pular, gritar,
correr, fazer esforços e nem fazer sexo, porque a padeira pode descer para os
seios das mulheres ou escroto dos homens, tornando-se mais difícil a cura da
papeira.
FEL DOS ANIMAIS
O FEL é uma substância extraída
da vesícula ou fígado de animais e que têm sabor amargo característico:
Fel de PACA, usado nos problemas de garganta, no
derrame, inchaços, baques e ajudar na extração de corpos estranhos do
organismo. O animal paca já se faz raro na região do Baixo Tocantins e somos
contra sua caçada por motivos ambientais.
Fel de BOI, usado contra febre
Fel de BOTO, usado contra a asma. O mamífero
aquático boto tem algumas de suas partes e órgãos usados como remédios
caseiros, nas superstições, lendas e mitos de Abaetetuba.
Além do fel, outras partes ou
órgãos do boto são usados nas superstições e lendas de Abaetetuba:
Olho de BOTO, usado na superstição como atrativo
de namorados
Vagina de BOTA (boto fêmea), usada pelas
mulheres nas superstições como atrativo de namorados.
Comentários Sobre o Boto
A captura, caçada ou matança do BOTO
se deve a inúmeras lendas que correm nas localidades ribeirinhas e do mito de
que o boto também é prejudicial porque compete com o homem nas pescarias e que,
na forma humana, emprenha as mulheres ribeirinhas.
Como ambientalistas somos
terminantemente contra o uso de partes ou órgãos e substâncias extraídas do
animal boto, devido atentar contra a existência desse animal nas águas do Baixo
Tocantins e Marajó ou qualquer lugar onde ele ainda exista. Na região de Abaeté
as espécies de botos já se fazem raras.
Aqui colocamos o uso dos órgãos
do boto apenas como memórias e lendas de Abaetetuba.
PELO da barba de PACA, que
torrada combate a asma. Aqui se observa elementos da superstição. Ainda bem que
paca é um mamífero que concebe várias ninhadas de filhotes durante o ano, caso
contrário já estaria extinta, pela caça indiscriminada.
TURU, verme de alto valor
nutritivo encontrado nos paus velhos dos igarapés, que também combate as
desnutrições, fraquezas e contra a tuberculose e é afrodisíaco. Sabemos que o
verme turú contém proteínas e cálcio, que são importantes para o organismo. O
Turu pode ser consumido cru ou cozido.
RASPA DE UNHA humana, que
misturada na bebida dos alcóolatras, ajuda-os a deixar as bebidas alcóolicas. Também
pedacinhos de unhas, fios de cabelo e excrementos humanos eram usados nos
despachos de curandeiros nas tentativas de cura de doenças. Aqui se observa
elementos das superstições e absurdos medicamentosos e não recomendamos o seu
uso pela falta de informações científicas.
O BOI
O BOI era um animal criado para
fornecer alimentos frescos ou salgados para a alimentação do povo de
Abaetetuba, porém algumas partes e substâncias de seu corpo eram largamente
utilizadas na medicina caseira do município:
Chifre de boi, cuja defumação serve para
espantar mau-olhado. Aqui se observa elementos das superstições.
Tutano de boi, que tem múltiplas aplicações:
fortalecimento dos músculos, no crescimento das crianças, e que, misturado com
a banha do cacau, fortalece o couro cabeludo e evita queda dos cabelos.
PÉ DE COELHO, que serve para
atrair sorte. O uso do pé-de-coelho é elemento altamente supersticioso.
BOCA do inseto GRILO, que quando
encostada na verruga do corpo, segurando-se o inseto de asas abertas, fazia em
poucos dias a verruga cair. Esta receita tem elementos da superstição.
RABO da cobra JIBÓIA, usado nas
superstições para atrair sorte. Nos antigos óleos, como na mutamba, se usavam
pequenos pedaços de rabo de jibóia para chamar mulher. Vê-se que essas
indicações eram frutos das superstições de Abaetetuba e que ajuda na extinção
desse animal.
CARANGUEJOS, cuja água onde eram
fervidos que era usada como remédio caseiro para o fortalecimento da estrutura
óssea de crianças, quando banhadas da cintura para baixo. Aqui tem elementos da
superstição, porém o caranguejo e sua casca possuem cálcio e proteínas. E os
caranguejos comestíveis não são da região de Abaetetuba e sim da Região do
Salgado Paraense.
Sopa de CABEÇAS DE CAMARÃO (o
cefalotórax não comestível), que serve para abrir a memória e facilitar nos
estudos. Devido às fezes da cabeça do camarão contererem o elemento potássio,
os efeitos são observáveis.
Cascas de OVOS DE GALINHA e
outras aves, que servem como adubo natural das plantas de quintais e jardins.
Os efeitos do uso de cascas de aves (contém muito cálcio) são observáveis junto
às plantas de jardins e quintais.
AS FEZES, ÓRGÃOS INTERNOS E
SANGUE DOS ANIMAIS
FEZES, órgãos internos, sangue de
animais que servem como alimentos de peixes e adubos de plantas e que faziam as
plantas e peixes ficarem mais saudáveis
e saborosos como alimentos:
Fezes de BOI, que servem como
adubo de plantas e alimentos de peixes.
Fezes de GALINHAS, que servem
como adubos de plantas e alimentos de peixes.
Fezes de CACHORRO, que combate a
doença sarampo. É superstição.
Sangue de BOI e outros animais
que servem como alimentos de peixes. Os peixes carataís, pirararas e outros da
orla de Abaetetuba, comem sangue de boi.
Órgãos internos de BOIS e outros
animais, que servem como alimentos de peixes. Órgãos internos de bois que são
jogados nos igarapés de Abaetetuba atraem animais como sucuris, gaviões, urubus
e outros.
Fezes de PAPAGAIO, usadas contra a catarata. pega as
fezes, põe pra secar e, na forma de pó, passar sobre os olhos por uma
semana. Pedimos cautela às pessoas, pois as fezes podem estar
contaminadas.
URINA E SALIVA HUMANA
A urina e saliva humana eram
usadas na medicina caseira e nas superstições de Abaetetuba:
URINA, substância que era muito
usada nos preparos de remédios caseiros, contra dor de cabeça, dor nos olhos,
dor de ouvido, dor de dente e contra a tosse.
Urina na dor de
cabeça: quando amarrava-se a cabeça com um pano, que a seguir devia ser encharcado
de urina.
Urina na dor dos
olhos: quando colocava-se um pouco de urina dentro de cada olho, banhando-se o
doente em seguida e deixar a água do banho secar por si, mesmo sem uso de
toalhas. Muita superstição.
Urina na dor de
ouvido: quando colocava-se a urina fresca e ainda quente dentro de cada ouvido.
Urina contra a
tosse: quando bebia-se a urina para passar a tosse
Urina na dor de
dente: quando colocava-se urina no dente doído para passar a dor de dente.
Urina contra
calos das mãos e pés: quando urinava-se ou jogava-se urina ainda fresca sobre os calos e estes começavam a secar.
A urina em
mistura com o tabaco: formava um
preparado, que embebido em algodão ou pano, que era colocado envolvendo os pés,
na cura do mijacão (frieira dos pés).
Urina de mulher:
serve como fermento para escurecer os fundos de cuias do artesanato e para uso
doméstico.
Urina humana:
que serve para banhar o rosto, que fazia a limpeza do mesmo.
Tomar (ingerir) urina
como água para ficar bonito. Superstição.
SALIVA, que colocado na garganta,
serve para combater o soluço de bebês. É superstição.
Comentários
Não recomendamos o uso de urina e
saliva humana como remédio e na limpeza de pele, pelas impurezas e substâncias
químicas nocivas que possuem.
PENAS DE GALINHA, que eram usadas
para se tirar água do ouvido, após os banhos de igarapés e praias. Verdade, mas
fazendo-se com cuidado a manipulação da pena.
LARVAS DO TUCUMÃ (larvas do fruto
apodrecido do tucumã), que são usadas para fortificar o organismo. Sabemos que
toda larva de insetos contém muitas proteínas, mas deve-se ter o cuidado de
lavar essas larvas.
BUNDAS DE INSETOS
BUNDA DE SAÚVA (abdome da saúva
tanajura), que é usada como alimento e para fortificar o organismo. Sabemos que
a bunda de saúva (formiga) contém muitas proteínas e são muitos gostosas quando
fritas na manteiga ou óleo de cozinha.
BUNDA DE BARATA BRANCA, que
misturada com azeite de andiroba, banha de sarará-péua (espécie de crustáceo
das ribanceiras de rios e várzeas), alho e querosene, formava uma espécie de
unguento usado nas fomentações, isto é, espécies de massagens usadas contra os
males da garganta e contra a piema. Aqui existem elementos das superstições de
Abaeté, mas sabemos que certas baratas são altamente nutritivas, pelas
proteínas que contém. No remédio apontado, não recomendamos, devido o querosene
ser substância tóxica e corrosiva.
OSTRAS, URUÁS E CARAMUJOS
São animais do grupo dos
invertebrados e com fortes esqueletos externos, cujas carnes são usadas como
alimentos e como remédios caseiros:
OSTRAS, cujas carnes são revigorantes sexuais e
afrodisíacas. Faltam comprovações científicas, mas são excelentes como
alimentos nutritivos. As ostras de Abaetetuba nem são tão abundantes e as
nossas espécies são encontradas em praias da região.
URUÁS e CARAMUJOS, que são duas espécies de
caracóis locais, cujo caldo do cozimento era usado como remédio contra o enjoo
na gravidez. Sabemos que a carne de uruás e caramujos são comestíveis, e
altamente gostosos, porém não existem criatórios desses animais e os mesmos são
recolhidos nas matas de várzeas e beiradas de igarapés.
PRODUTOS QUÍMICOS, MINERAIS E
VEGETAIS USADOS COMO REMÉDIOS CASEIROS
PREGO, que quando levado ao fogo,
até o ponto de brasa, e apagando-o mergulhado em um copo com água, bebendo-se
essa água, que serve para curar hemorragias.
VELA DE CERA, que é usada para
curar a unha encravada, quando pega-se a vela acesa e joga-se os pingos de cera
quente sobre a infecção da unha, deixando-a por alguns minutos, que o processo
cura a infecção.
CACHAÇA, em infusão com casca de verônica,
cipó-uíra, alho que servia no combate a anemia.
SAL AMARGO, produto adquirido nas
antigas farmácias de Abaetetuba, que era usado para purificar o sangue. Não
recomendamos por ser um produto químico e pela falta de comprovação científica.
SAL comum (cloreto de sódio), que
era muito usado na medicina caseira de Abaetetuba:
Sal usado contra
a tosse, colocando-se pitadas na língua
Sal contra a
pressão alta, colocando-se pitadas na língua
Sal, junto com o
azeite de andiroba, buchinha de cabacinha, era usado nas fomentações, isto é,
leves massagens com unguentos desse preparo, para curar as inchações do corpo.
Sal que era
misturado num preparo com sumo das folhas de rego e língua-de-vaca, que era
usado como remédio contra o mijacão (frieira nos pés).
Água com pitadas
de sal, usado contra sustos, desmaios,
enjôos
Soro caseiro,
pitadas de sal e açúcar usado nas desidratações causada pelo vômito e
desinteria de crianças.
Comentário
O uso do sal, misturado com o
açúcar, tem alguma fundamentação científica quando usado como soro caseiro. Nos
outros casos, evitar o uso excessivo do sal, devido a alta da pressão
sanguínea.
SEBO de Holanda, que é usado
contra as inflamações e para romper tumores do corpo.
ESCAMA do peixe pirapema, usado o
preparo no combate a asma
REMÉDIOS USADOS SEM PRESCRIÇÃO
MÉDICA
Logo que as antigas farmácias se
instalaram em Abaetetuba os habitantes recorriam aos farmacêuticos para a
prescrição dos medicamentos para as variadas doenças de então. Com a
implantação de mais farmácia o povo já não recorria aos farmacêuticos e médicos
existentes, devido o uso da automedicação, onde as informações dos medicamentos
eram repassadas de pessoa para pessoa. Assim, alguns remédios ficaram conhecidos
pelo método da auto-medicação, usada pela maioria dos habitantes do município
e, em muitos casos, usados juntos com elementos da medicina caseira:
Suquepá, remédio para os males do
fígado.
Viramide, usando contra a
hepatite
Capivarol, usada como
fortificante
Pílula do Norte, remédio usado
como fortificante
Vigoron, remédio usado pela
população como fortificante.
Cibalena misturado ao café que
era usada contra as dores de cabeça e a própria cibalena era usada contra os
problemas de nervosismo.
DIPIRONA, que em mistura com a
escama de pirapema, mel de abelha, banha de arraia, banha de jibóia em um
preparado por trituração e junto com água para ser usada às colheradas durante
o dia por portadores de asma.
Sulfa de azina, pó usado contra
as infecções do corpo.
Elixir paregórico, usado contra
as diarreias.
Emulsão de Scotty, usada como
fortificante pela população.
Biotônico Fontoura, usado como
fortificante pelas crianças como fortificante e no crescimento.
Comentários
Recomendamos, por falta de
comprovação científica, não usar algumas misturas acima, pela sua nocividade ao
organismo. Aqui as colocamos apenas como memória dos remédios caseiros de
Abaetetuba.
QUEROSENE E CREOLINA:
QUEROSENE e CREOLINA, eram dois produtos químicos muito usados na
medicina caseira de Abaetetuba. O querosene quando em mistura com o azeite de
andiroba, banha de sarará-péua, bumbum de barata branca e alho, formava uma
espécie de unguento usado nas chamadas fomentações, isto é, massagens contra os
males da garganta e contra a piema. Um dos usos da creolina era contra a dor de
dente, quando pegava-se um pequeno pedaço de algodão, embebia na creolina e
colocava no dente cariado para curar a dor de dente.
Comentários
Não recomendamos o uso de
querosene e creolina como remédio pelas suas altas toxidades contra o
organismo.
CASA DE CABA caseiras, (vespas), que são feitas de barro, que quando moídas
e misturadas com manteiga, serve como remédio para untar no inchaço da papeira
(caxumba), onde a pessoa logo fica logo curada dessa doença.
PONCHE de cachaça, usado na cura
da gripe, que é feito com um copo de cachaça em mistura com uma pitada de pó de
café, algumas pimentas-do-reino socadas e alguns pingos do caldo de limão.
Mexer bem essa mistura e coloca-se uma brasa acesa de carvão dentro da mistura
para esquentá-la. Depois de algum tempo, retira-se o carvão e toma-se o ponche
ainda quente. A mistura cura a gripe e deixa o doente embriagado.
PROBLEMAS DA GRAVIDEZ, PARTO,
RESGUARDO E DOENÇAS DO APARELHO SEXUAL
Problemas no nascimento das
crianças: quando a criança na hora do parto coloca apenas um pé para fora, na
hora do nascimento, arranha-se esse pezinho para que a criança sinta cócegas e
assim coloque outro pé para fora.
Dores do Parto, para que as
mulheres sintam dor e possam fazer o parto, faz-se um preparado com os
seguintes ingredientes: mamona misturada com café amargo (2 ou 3 pingos), chá
de canela e gota salvador. Aí as mulheres começam a sentir as dores do parto e
ter os seus filhos normalmente.
RESGUARDO, que é o período de
dieta e repouso da mulher após o parto:
·
Período de duração do resguardo do parto de
meninos: 45 dias
·
Período de duração do resguardo do parto de
meninas: 43 dias
Abstenções no parto
· De comida no período de resguardo: carnes de
porco, capivara, peixes reimosos, carnes de caças e caranguejo, camarão, pato,
pirarucu e se abster de frutas oleosas, de pratos como vatapá, caruru,
maniçoba, feijoada e bebidas alcóolicas.
· No período de resguardo se abster das relações
sexuais
Remédios e outras recomendações
para o período do resguardo e gravidez:
Alguns medicamentos de farmácias
para os problemas do parto, gravidez e resguardo, eram, muitas vezes, usados
fora das prescrições neles contidos e também eram usados juntos com os medicamentos naturais.
Ou eram usados só os remédios e procedimentos caseiros. Alguns desses remédios:
·
ÁGUA INGLESA, para tomar e colocar na cabeça
CERVEJA PRETA, serve contra os enjoos
ELIXIR DE CAMAPUl (frutinha amazônica), contra a
anemia da gravidez e parto.
ELIXIR DE INHAME, combate as coceiras,
especialmente nas gestantes
PÍLULAS DE VIGORON, combate a anemia e é
revitalizante
BANHOS ESPECIAIS no resguardo, preparados com
ervas apropriadas
EVITAR apanhar sol, sereno, chuvas e ficar no
quarto no período de resguardo.
· COMIDA apropriada para o resguardo: cosido e
canja de galinha caipira e mingaus leves.
LAVAGENS UTERINAS
Além desses
problemas, as parteiras de Abaetetuba ainda faziam os trabalhos das lavagens
uterinas, através de um chá da mistura de verônica, casca de taperebázinho, casca
de cajueiro, raiz de açaizeiro nos problemas de tumores, inflamações,
corrimentos e fazendo-se o uso de um vasilhame dotado de um longo bico com
várias perfurações que era introduzido pelo útero da mulher.
PESSOAS, ENTIDADES E CRENÇAS QUE
TRABALHAM COM REMÉDIOS CASEIROS EM ABAETETUBA
A Medicina Popular de Abaetetuba
está intimamente ligada às superstições, às lendas e mitos e ao sobrenatural de algumas crenças vindas
dos antigos povos nativos da região e dos cultos afro-brasileiros, estes também
fortemente influenciados com elementos da antiga religiosidade popular católica.
Todo o conhecimento dessa medicina caseira e acumulado no decorrer dos séculos
acabou por criar as figuras populares das parteiras, dos puxadores, das
benzedeiras, dos curandeiros caboclos e de outras figuras que no passado se
encarregavam de resolver os problemas de doenças e males que acometiam às
populações locais.
E nos rituais da atual pajelança
e das crenças afro-brasileiras são os conhecimentos da medicina popular
elementos importantes das suas cerimônias místicas de cura. E ainda é
observável, por todos os recantos do município, a solicitações de trabalhos de
dessas pessoas que ainda fazem os trabalhos dessa antiga medicina popular.
Convém salientar que geralmente a
função de parteira ou benzedeira ou puxadeira podia ser exercida por uma mesma
pessoa da comunidade que detinha os conhecimentos da manipulação e uso correto
dos remédios e procedimentos da medicina caseira ou popular. Vejamos algumas
crenças e figuras populares da medicina caseira de Abaetetuba com alguns
aspectos e procedimentos de seus trabalhos:
A PAJELANÇA ORIGINAL E O PAJÉ
A pajelança é uma forma de magia
nativa da Amazônia, atuando sobre qualquer elemento vivo e mantendo estreita
relação com os demais reinos da natureza: mineral, vegetal e animal. É
praticada por curandeiros (principalmente pelos pajés da Amazônia), com base no
curandeirismo indígena.
Pelas suas ações, o pajé tenta
estabelecer contato com outras formas de existência através de comunicações com
entidades sobrenaturais, procurando restabelecer o equilíbrio perdido entre a
natureza e a mente. Esse processo envolve curas, exorcismos, e outros atos com
objetivos diversos.
A característica predominante desse
curandeirismo é a crença de que os seres humanos são partes integrantes de um
sistema ordenado em que toda a doença é consequência de alguma desarmonia em
relação à ordem cósmica. Com grande frequência, a doença também é interpretada
como castigo por algum comportamento imoral.
Na antiga pajelança era somente o pajé o detentor
de segredos que eram guardados à sete chaves
haja vista não ter interesse em que profanos venham a desfrutar dessas
dádivas. Ela se subdivide em duas correntes:
Pajelança de Conta
Branca, que atua em favor do bem, curando principalmente doenças físicas e
mentais e resolvendo problemas do cotidiano da comunidade.
Pajelança de Conta
Negra, que atua em favor do mal e visava facilitar a vitória na guerra com
outras tribos ou a disputa de guerreiros para se tornar líderes e que servia
também para matar ou adoecer uma vítima, sendo que em alguns casos é usada para
dificílimos trabalhos de cura.
A pajelança só devia deve ser usada por quem
realmente a dominasse, manipulando o universo de magias que a constituem.
A Força da Cura na Pajelança
A maior finalidade da pajelança
estava na força de cura ou no resultado que produzia a partir de dois fatores
básicos:
A Força Mental, que é um dos instrumentos
fundamentais de um pajé, que fornece os meios para que os poderes do pajé possa
se manifestar dos elementos oriundos da natureza: comer determinadas frutas ou
raízes, ingerir certas bebidas sagradas através de fórmulas secretas, etc.
A Sincronia de Elementos, que era o
poder do pajé invocar os elementos das diversas dimensões através de cânticos e
imagens. O próprio maracá, quando sacudido cadencialmente, cria uma estrutura
energética que permite a abertura do ritual.
Elementos Auxiliares da Pajelança
Um elemento indispensável na
pajelança é o maracá, que era confeccionado durante a iniciação, sendo,
portanto, sagrado para ele. Em alguns casos o maracá era passado de pai para
filho; ou ainda, o "escolhido" é induzido a achá-lo mediante as
regras impostas pelo ritual de iniciação.
Outro elemento importante era o tauari,
que é uma espécie de charuto natural, semi-oco, que ajuda o pajé a defumar o
local ou a pessoa em questão. O charuto, com sua fumaça cheirosa tem a
finalidade de perfumar o ambiente e criar uma atmosfera sobrenatural, para
facilitar os contatos que o pajé queira fazer.
O maracá e o charuto possuem significados sagrados
para o pajé, mas existem outros elementos importantes usados ao longo dos
trabalhos desenvolvidos como as danças, os cantos que
facilitam as vibrações e o uso de chás ou substâncias alucinógenas vegetais,
que possibilitam o transe ou transcedência ao pajé, onde as entidades são invocadas
e são sempre espíritos da natureza, de animais ou de antepassados mortos.
Essa era a verdadeira
pajelança que era restrita a uma minoria que ostentava os segredos das poções
mágicas para rejuvenescer, curar, matar, provocar viagens astrais e outras
grandes iniciações. Atualmente, existem poucos pajés desse tipo no Brasil.
Podemos dizer que essa era a forma original de se praticar a pajelança na
Amazônia e, em consequência, no Baixo Tocantins.
O Curandeirismo Após a Pajelança Original
Com a extinção das tribos indígenas da Região do
Baixo Tocantins foram-se junto a Pajelança original e os seus pajés. Mas grande
parte da cultura desses antigos povos, inclusive o curandeirismo, foi
assimilada pelas populações caboclas que começaram a surgir a partir do século
17 e que avançaram para os séculos seguintes, onde também assimilaram os
conhecimentos da cultura do negro africano (Umbanda e Candomblé) e a do próprio
elemento colonizador com os conhecimentos médicos que trouxeram em sua bagagem
cultural (a benzenção e o uso de produtos aromatizados). Todo esse conhecimento
acumulado foi incluído naquilo que podemos chamar de Medicina Caseira ou
Medicina Popular de Abaetetuba, agora exercida por uma gama de pessoas que
recebiam as denominações segundo o trabalho que faziam, todos, naturalmente,
praticando o curandeirismo popular através de variadas denominações e procedimentos.
PAJELANÇA CABOCLA
A Pajelança Cabocla é uma manifestação de um conjunto
de crenças e práticas religiosas muito difundidas na Amazônia Brasileira e que
possui suas especificidades, tanto com relação as sua origens, técnicas rituais
e papeis sociais de seus praticantes, que a diferencia da Pajelança Indígena
original. A Pajelança Cabocla é uma manifestação religiosa sincrética que
possui tanto características mágicas quanto religiosas, já que utiliza a
Natureza, no caso as ervas e elementos animais, para curar doenças, assim como
sua ação prática busca um efeito através da incorporação de entidades no pajé
que receita remédios para sanar doenças e males de membros da população e é
coletiva, por se tratar de um grupo, no
qual o pajé é o individuo que zela pelo corpo e espírito de dos componentes do
grupo. Essa pajelança inclui os antigos rituais de origem
indígena, mesclados a elementos do espiritismo, catolicismo e dos cultos
afro-brasileiro. Essa pajelança envolve cantos e danças
para invocar os espíritos e a finalidade é obter a cura de doenças físicas e
mentais e proporcionar aos seus participantes a sorte nos negócios.
O CURANDEIRO E PAJÉ EM ABAETETUBA
Curandeiro, não é propriamente
pajé nem macumbeiro, nem trabalha com espíritos, nem entidades sobrenaturais,
mas pessoa comum da comunidade que dominam os conhecimentos da medicina
natural, e que usa os remédios caseiros na cura e tratamento de variadas
doenças e outros males que podem acometer as pessoas, inclusive contra os
trabalhos maléficos das feitiçarias, quebrantos, maus olhados, etc. O
curandeiro pode simplesmente indicar ou receitar os remédios caseiros, ou pode
prepará-los e vendê-los em troca de seus serviços. Em Abaetetuba existem
pessoas que vivem do comércio dos remédios caseiros preparados ou
“encomendados” para os diferentes tipos de doenças ou demais males que afetam
as pessoas e que executam os antigos procedimentos da medicina caseira, como
puxadores.
Na Abaetetuba antiga era comum se
recorrer ao pajé e ao curandeiro de terreiros na cura de doenças ou nas
práticas de se afastar os malefícios do corpo das pessoas ou trazer a sorte nos
negócios, no amor e outras práticas do curandeirismo esotérico, isto é, aquele
que recorre aos espíritos, deuses ou entidades míticas dessas práticas.
Existiam muitas tendas, casas, centros esotéricos, terreiros, curandeiros,
pajés que trabalhavam no tratamento de pessoas acometidas de doenças tidas como
malefícios e também que buscavam a sorte nos negócios, amor ou outros mistérios
das ciências ocultas que envolviam a vida das pessoas.
A respeito da pajelança em
Abaeté, esta era uma forma de atuação através de elementos mágicos ou
sobrenaturais, típico das populações ribeirinhas ou das colônias e até mesmo na
população de Abaetetuba. Esse mesmo fenômeno como que afetava toda a população
nativa da Amazônia e não é exclusividade de Abaetetuba. Era como que uma
estreita relação dos curandeiros ou pajés com os reinos da natureza, com base
em elementos da crença indígena. Com suas ações o curandeiro tenta estabelecer
contato com outras formas de existência ou entidades sobrenaturais procurando
soluções não só na prática do curandeirismo, como que para restabelecer o
equilíbrio perdido entre os seres da natureza. Aí entram as curas, os
exorcismos e outros atos com objetivos variados. Os segredos da pajelança ou
curandeirismo ficavam restritos somente aos pajés e seus íntimos seguidores e
atuando em favor do bem, como curando doenças, como ajudando nos problemas da
comunidade e usando sua magia contra os supostos males que afligia suas
comunidades, como facilitar as vitórias nas guerras, ou matar ou fazer adoecer
determinadas vítimas prejudiciais às tribos indígenas. O uso das ervas ou
outros elementos naturais, as poções ou venenos e rituais complexos, envolvendo
também o canto e as danças.
Toda essa forma popular de
curandeirismo apresentava ou ainda apresenta (por que não desapareceu) as
influências de outras magias, seitas, crenças que se misturam à cultura
folclórica, crendices, mitos e superstições de povos diversos, especialmente
dos antigos escravos africanos que vieram para o Brasil.
Como elemento marcante da antiga
pajelança era o uso dos maracás com suas pontas negras ou brancas e que atua
como que um elemento de chamamento natural para a abertura dos trabalhos de
invocações dos espíritos ou deuses indígenas. O maracá, o tauari (charuto oco)
são objetos sagrados que ajudavam o pajé a preparar o ambiente, criando uma
atmosfera de pura magia ritualística.
O pajé conhecia a fundo os
benefícios curativos de ervas, plantas e outros elementos da natureza (claro,
com a ajuda das entidades sobrenaturais e espíritos) e a cura através da
medicina natural foi incorporada pela cultura das localidades ribeirinhas, das
colônias e até na cidade de Abaetetuba.
As Rezadeiras e Benzedeiras
Além dos curandeiros existiam os
“puxadores” de juntas e músculos, as “benzedeiras” e as necessárias
“parteiras”, que no fundo também usavam as técnicas dos curandeiros, puxadores,
benzedeiras. Todos se valiam das rezas, das defumações, dos chás, das poções e
choques, das benzeções, dos óleos e unguentos para tratar todos os tipos de
doenças e outros problemas de saúde entre os membros das populações. Todas essas pessoas eram membros
comuns do povo.
As Rezadeiras e Benzedeiras trazem a
forte influência do catolicismo popular e fazem parte de uma espécie de pajelança
ou curandeirismo popular também, que pouco uso fazem do misticismo e magia da
pajelança original, porém que trazem no sangue a propensão ao curandeirismo de
seus antepassados e fortementes influenciadas pelas crendices e superstições
mais antigas e no atendimento de situações mais amenas do dia-a-dia das
populações nativa no tocante às doenças e males dessas populações. As
curandeiras, benzedeiras e rezadeiras eram pessoas com dons especiais nas
comunidades e que se utilizavam muito de ervas e rezas para curar ou quebrar o
encanto do quebranto, mal olhado e livrar dos azares e má sorte na vida e
negócios que em seus rituais suavam muito, lagrimavam, fumavam cachimbos ou
charutos nas sessões e ficavam exaustas ao final de cada ritual de cura, que
podiam ser vários dependendo da doença. No fianl das sessões de cura
recomendavam o banho cheiroso ao meio dia, durante alguns dias. Com o advento
dos farmacêuticos e médicos, os serviços dessas pessoas eram solicitadas quando
os tratamentos médicos e remédios de farmácias não curavam determinados males e
cada comunidade de Abaetetuba possuía a sua rezadeira ou benzedeira que ainda
são requisitadas para muitas situações de determinadas doenças e elas só atuam
até perto do anoitecer.
A PUXAÇÃO
As
rezadeiras, benzedeiras, curandeiros, puxadores,
desmentidores, todos, de
um modo ou outro exercem a função de puxar partes do corpo, como músculos,
pele, ossos, ligamentos, órgãos internos, cabelo etc. Puxar é normalizar aquilo que estaria deslocado no organismo.
A
Puxação na Gravidez
Porém, a puxação na gravidez era a mais conhecida
das puxações e consistiam nas massagens abdominais realizadas nas gestantes
para aliviar
indisposições, informar a posição e sexo do feto, a previsão da data e local do
parto, e informar a mulher para a maternidade e a gestação dentro dos padrões
locais de reprodução nas famílias ribeirinhas, e o bem-estar e saúde dessas
pessoas. Em outras palavras podemos dizer que as puxadoras na gravidez eram
verdadeiras enfermeiras, que cuidavam dos problemas antes do parto, no parto e
depois do parto e ainda atuavam como curandeiras nos males das gestantes,
partos e bebês.
E
a puxação, consistia em
massagem abdominal realizada sobretudo em gestantes, que é o principal destes
serviços.
O
que se observa é que estas parteiras oferecem um serviço pré-natal muito
próprio e adequado às necessidades específicas das mulheres das zonas
ribeirinhas e das colônias de Abaeté e região.
Parteira
Em
muitas regiões do mundo e do Brasil, o cuidado com a saúde acontece fora dos
âmbitos institucionais formais era o que acontecia em Abaetetuba quando não
existiam nem postos de saúde e médicos que pudessem trabalhar nos problemas de
gravidez e parto e também essas pessoas trabalhavam como puxadoras na gravidez,
especificada acima.
Em
geral,as parteiras são mulheres com mais de 50 anos, casadas (ou viúvas) e
matriarcas de muitos filhos e netos, que aprenderam e se notabilizaram em
“aparar crianças” nos partos.
Em
Abaetetuba, tanto na cidade como pelas regiões das Ilhas e Estradas de
Abaetetuba, muitas parteiras se notabilizaram por esses serviços. Na cidade de
Abaetetuba, as parteiras Zita Margalho e Maroca Lima, foram contemporâneas e
apararam a maioria das crianças nascidas até a década de 1960.
DESMENTIDURA
Desmentidura, que
significa junta machucada devido a quedas ou baques, ossos deslocados,
destroncados ou batidos. Os "puxadores" é que "consertam" a
desmentidura. Em Abaetetuba existiam muitas pessoas que se dedicavam a cuidar
das Desmentiduras, ossos fora do lugar e outros problemas relacionados aos
choques e baques em ossos e problemas musculares. O mais famoso de Abaetetuba
era chamado de Desmonta Gato, tal sua perícia em cuidar desses malefícios do
organismo.
AS CRENÇAS DE ORIGEM
AFRO-BRASILEIRA
A Macumba e o Candomblé são
frutos das crenças dos povos africanos que vieram para o Brasil e que também
receberam influências de várias fontes como o catolicismo, a pajelança e outras
formas de magias. Aliás, cada povo africano que veio para o Brasil, trouxe em
sua bagagem cultural a sua crença e língua, que no Brasil foram misturadas com
elementos locais, resultando em diferentes tipos de crenças afro-brasileiras
(porque a cultura e crença brasileira também influenciaram a macumba e o
candomblé dos diferentes ritos dessas crenças).
Os cultos que trabalham com magia branca, ou
magia do bem, recorrem ao auxílio, à manifestação de Espíritos de santos
católicos, Pretos-Velhos e Preta-Velhas que em geral foram escravos no Brasil,
Caboclos, Indígenas, Cafuzos, Curibocas e trabalhadores da colônia e do império
como boiadeiros, mineiros, navegantes de rios e mares e sábios do oriente e da Europa.
Os rituais da Umbanda também são destinados a arrumar a
vida amorosa, as finanças e a saúde dos adeptos e frequentadores dos terreiros
de Umbanda.
AS LINHAS DA UMBANDA
São várias as linhas de culto adotadas pela
Umbanda e cada linha contendo as suas respectivas Falanges e, como
exemplo a LINHA DE OXALÁ, a LINHA DE IEMANJÁ e outras linhas que
possuem seus adeptos em Abaetetuba.
Porém, rejeitando a africanidade, os umbandistas
não consideram Orixás como deuses, mas como "vibrações originais"
emanadas da Consciência Suprema, Deus, naqueles tempos remotos da criação do
Universo e do Planeta Terra, negam sua raiz africana e vão buscar a etimologia
no Egito e na Índia.
Candomblé
é uma crença derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás, Voduns, Nkisis
dependendo da nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões
afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil.
Cada
nação africana tem como base o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um
fenômeno brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados
nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá no
caso dos homens e iyalorixá no caso das mulheres.
A
religião que tem por base a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada
de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes
africanos que foram escravizados e trazidos da África, juntamente com seus
Orixás/Nkisis/Voduns, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888.
Embora
confinado originalmente à população de negros escravizados, inicialmente nas senzalas,
quilombos e terreiros, proibido pela igreja católica, e criminalizado mesmo por
alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu
consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888.
O
Candomblé não deve ser confundido com Umbanda e outras religiões
afro-brasileiras com similar origem. Como a religião se tornou
semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos
diferentes evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto
de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos
rituais. Os rituais do Candomblé, tem na sua crença a arrumação da vida
amorosa, das finanças e da saúde dos adeptos e frequentadores dos seus
terreiros e tendas, por meio das incorporações dos espíritos e entidades dessa
crença.
O
aparecimento dos santos católicos nos rituais do Candomblé, vem do fato de que
no tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus orixás usaram como
camuflagem um altar com imagens de santos católicos, tendo por baixo os assentamentos
escondidos, e segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado
na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Todo o conhecimento já citado
das ervas, plantas e demais elementos da medicina caseira, assim como comida,
bebida e outros elementos tem a sua presença nos rituais da Umbanda e do
Candomblé e não esquecer das batida dos atabaques, quando são entoados os cânticos que invocam a
linha de trabalho do dia. O sacerdote é o primeiro a incorporar o espírito ou
entidade requisitada e, depois que tiver recebido sua entidade, comandará os
trabalhos, conduzindo a incorporação dos demais. Após todos incorporarem, ocorre o
atendimento ao público, de acordo com suas necessidades.
Um genuíno terreiro de Candomblé
de Angola (brasileiro) envolve sacrifícios de animais para as oferendas, as
bebidas alcóolicas, as incorporações dos orixás, o som dos tambores com danças
e cantorias, as palavras que ecoam em Kimbundo (uma das línguas africanas
usadas nos rituais), a pedra sagrada do terreiro e ainda com a presença de uma
série de alimentos (mukuria, isto é, comida de santo) e ervas medicinais.
Milho branco cozido, azeite, mel,
farinha, dendê, cuscuz, sal, ervas medicinais e dinheiro na forma de metal que
são jogados sobre corpos de aves sacrificadas no ritual ou despejados nos
atabaques consagrados.
Candomblé significa dança e a
pessoa deve estar vestido de branco, que é a cor da mitologia Bantu.
Nos terreiros de Candomblé de
Abaetetuba, segundo os seguidores dessa crença, somente se utiliza a linha
branca de algumas nações do Candomblé e, a Umbanda propriamente dita, nos
rituais.
ALGUNS NOMES DA MEDICINA CASEIRA
DE ABAETETUBA
. Zita Margalho, famosa parteira de
Abaeté, cujos trabalhos eram solicitados pelos próprios médicos da Fundação
SESP e que trabalhou durante 37 anos, cuidando das mulheres grávidas, nos
trabalhos de parto, “aparando” os bebês de Abaeté e assistindo as parturientes
com os seus remédios caseiros.
Maroca Lima, famosa parteira de
Abaeté, contemporânea da parteira Zita Margalho e que fazia os mesmos serviços
citados em Zita Margalho.
. Joaquim Mendes Contente, nascido
a 18/11/1900 e falecido a 21/4/1984, que apesar de formado farmacêutico em
Belém recorria às ervas e outros elementos da medicina caseira no preparo de
seus vinhos, chás, poções, pomadas, etc e foi famoso farmacêutico de Abaeté,
dono da “Phamárcia Indiana”, que atendia nos trabalhos ambulatoriais,
laboratoriais, e que fabricava os remédios dessa antiga farmácia na forma de
poções, pomadas, .verminoses de crianças e albumina das mulheres de parto e
resguardo. Aprofundou-se no conhecimento das ervas e plantas curativas, óleos e
sementes medicinais, cascas de árvores: sucuba, cachinguba, casca doce, casca
preciosa, etc. produzia suas famosas poções e outros preparados. Chegou à
Abaeté em 1923, farmácia indiana era consultório médico, farmácia, laboratório de análises clínicas,
ambulatório para curativos, suturas e fabricação de remédios e poções que Contente
inventava, fabricando seus próprios medicamentos.
A
formação do seu Contente era farmácia, química ou biologia, ou tudo era a mesma
coisa. Mas o que ele era mesmo, de fato, era um curandeiro moderno, que curava
com suas a
. Prof. Esmerina Nunes Ferreira
Bou-Habib, que além de sua função de professora primária atendia com os
remédios caseiros que recomendava.
. Velho Fernando, vindo de outra
região do Brasil, antigo farmacêutico, estudioso e dono de farmácia,
contemporâneo do farmacêutico Joaquim Mendes Contente.
. Dona Benedita do Curuperé
. Dr. Folha, curandeiro da
localidade Ipixuna que só atua receitando preparados feitos por ele mesmo e
para cada tipo de doenças, cujos serviços são muito solicitados.
. Dona Ita Neri, famosa parteira na
localidade Rio Guajarázinho, que depois mudou para a cidade.
. Dona Tereza da localidade
Pirocaba, que ainda atua como benzedeira
. Dona Boneca (Maria da Conceição
Paixão), benzedeira da localidade Pirocaba
. Carlos Pereira, era benzedor na
localidade Pirocaba
. Raimundo Belo, benzedor da
localidade Pirocaba
. Dona Guíta, benzedeira na
localidade Caripetuba
. Velha Mariquinha, parteira na
localidade Caripetuba
. Dona Sara, parteira na Caripetuba
. Velha Luzia de Sarges, parteira
no Caripetuba
. Diquinha, filha do Sr. Maurício,
parteira na localidade Rio Xingu
. Velha Dulcinda de Jesus, filha do
velho Manoel de Jesus parteira e curandeira na localidade Rio Arumanduba, que
era especialista nos cataplasma e chás de plantas curativas. O cataplasma era
usado no chamado “dobra do sarampo”, isto é, quando o sarampo que pensava-se
desaparecido, que voltava causando muita dor, agonia e desespero e o cataplasma
era colocado por cima da “espinha” (coluna vertebral) do doente, fazendo cessar
o incômodo.
. Velho Manoel de Jesus, pai da
Velha Dulcinda, curandeiro na localidade Rio Arumanduba.
. Raimundinho, curandeiro na
localidade Rio Arumanduba.
Um fato: Um jovem muito ativo, de bom porte e boa
aparência e saúde na localidade Arumanduba, numa das antigas “festas da mucura”
que se realizavam após as rezas dos santos, se divertiu até a madrugada numa
dessas festas onde se encontrava também uma jovem que queria namorá-lo. Indo
para casa na madrugada dormiu e acordou sentindo fortíssimas dores em um dos
pés, dores que não passavam e levavam ao desespero ao ponto de rolar de dor
pelo chão. Como nenhum remédio fazia cessar a dor, chamaram o curandeiro
Raimundinho e este vaticinou: “É feitiço” e em seguida preparou um cigarro de
um pacote de fumo que usava, acendeu o cigarro, fez as cerimônias do ritual e
soprando a fumaça no fé afetado pelas dores, e levantou, abaixou novamente e
tirou com a boca uma um pedaço de tronco de piaçava do pé do rapaz e, pelo
mesmo processo, tirou mais dois pedaços do lugar que não estava inflamado, nem
ferido e só amortecido. E disse: “Vai dar pus”. Ensinou as ervas e o
procedimento de uso após o ritual, e o rapaz ficou bom das dores.
Outro caso
O mesmo caso de dor
no pé de uma pessoa do mesmo Rio Arumanduba, profissional competente na arte da
carpintaria naval, que foi chamado para substituir outro mestre que deveria
fazer o serviço de carpintaria em um barco na ilha do Marajó. Após o trabalho,
já na volta para o Arumanduba, começou a sentir dores atrozes em um dos pés.
Após as tentativas infrutíferas de cura das dores, seus familiares mandaram
chamar o pajé da localidade. O dito pajé, no ritual do maracá e do bater pés,
conseguiu retirar do pé afetado uma grande casca de aranha que estava dentro do
pé da pessoa com as dores. Quem contou os casos afirma que os fatos são
verdadeiros e não há como chamá-lo de fantasioso pela sua posição e
respeitabilidade como uma pessoa de fé e honra no seio de sua comunidade.
. Velha Maria Dias, parteira e
curandeira na localidade Rio Arumanduba
. Lázaro, era pajé e curandeiro,
puxador na localidade Rio Urubuéua
. Velho Norbeto Barreto, era
curandeiro e puxador na localidade Rio Arumanduba e vinha à cidade quando
solicitado.
. Velho Marcelino Pacheco, que era
puxador na cidade de Abaetetuba
. Desmonta Gato, famoso puxador na
cidade de Abaetetuba, era um dos melhores e deixou essa função para um de seus
filhos.
. Velha Ninfa, parteira e puxadeira
na localidade Rio Paramajó
. Dona Jovem/Jovelina, parteira e
puxadeira de junta da localidade Rio Caripetuba e que depois mudou para a
cidade.
. Tia Dica:
Caro
Ademir Heleno Araujo Rocha em minha infancia e juventude em Abaetetuba, havia
uma senhora, Sra. Dica, que também era muito boa com a manipulação e o
conhecimento de ervas, todo dia ela ia
Blog do Ademir Rocha, de Abaetetuba/PA