IGREJA CATÓLICA - GRITO DOS EXCLUÍDOS 2013 - DIOCESE DE ABAETETUBA
Cartaz do 19ª Grito dos Excluídos com a frase-lema:
"Juventude que ousa lutar constroi o projeto popular"
Matéria sobre a 19ª edição do Grito dos Exluídos
publicada no informativo da Diocese de Abaetetuba
Com esta postagem iniciamos uma série de informações sobre a importante a importante manifestação popular instituída pela Igreja Católica através da sua instituição no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros-CNBB, que tem cunho de Pastoral Social e com participação popular que tem o objetivo de mostrar as mazelas sociais do povo brasileiro em seus diversos segmentos, especialmente a exclusão da juventude, dos sem-tetos, dos menores de rua, dos sem-terras, dos idosos, dos sem-empregos, das minorias sociais, dos doentes, dos usuários de drogas e outras situações sociais que se encontram como que esquecidos pelas políticas públicas, pelos detentores do poder, pelos parlamentares, pelo grande empresariado e até pela sociedade que teima em não enxergar os graves problemas que afetam essas e outras parcelas da sociedade brasileira. O Grito dos Excluídos nos faz recordar as ações e manifestações de Jesus Cristo que disse que não veio ao mundo somente em favor dos mais favorecidos e dos mais virtuosos espiritualmente falando e sim que veio ao encontro dos pecadores, dos doentes, dos discriminados como as mulheres e crianças e para isso Ele frequentava o ambiente dessas pessoas excluídas pela religião e pela sociedade e com isso quebrando uma série de regras e leis impostas que colocavam os menos favorecidos em situação de mais discriminação. Também Jesus Cristo veio nos mostrar que devemos dar de comer, dar de beber, vestir os nus, visitar os presos, curar os doentes e isso no sentido literal das ações e também em sentido mais amplo, pois essas obras de misericórdias querem nos dizer que devemos dar o peixe e ensinar a pescar, isto é, elevar os mais humildes à sua condição de filhos diletos de Deus conforme nos mostra Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe Santíssima quando entou o seu canto social do Magnificat quando de sua visita à serviço e amor à sua prima Isabel que estava grávida e distante e, portanto, precisando de ajuda social. Modernamente temos outras situações e exclusões sociais além daquelas que Jesus enfatizava em suas andanças pelas terras da Palestina que são os drogados, os prostituídos, os sem-emprego, os sem-terra, os sem-teto, os indígenas expulsos de suas terras, os quilombolas com seus direitos violados na posse de suas terras e outras situações de gritantes exclusões sociais.
Para o ano de 2013, no dia 7/9/2012, além de todas as formas de exclusões sociais existentes, será enfatizado a situação da Juventude com a temática acima anunciada, como reflexão da Campanha da Fraternidade e o lema "Fraternidade e Juventude", que é parte da 5ª Semana Social Brasileira que está refletindo a temática "Estado para que e para quem" que, nem a propósito, reflete a atual situação brasileira das manifestações de rua, protestos, passeatas que cobram dos governos em suas várias esferas e dos poderes constituídos das esferas do Judiciário e Legislativo a aplicação das leis já existentes e instituições de outras leis diante do estado caótico da falta de governabilidade e atuação dos órgãos públicos, as melhoria dos serviços públicos, contra a corrupção e falta de transparência dos poderes constituídos, o corporativismo nas entidades e órgãos governamentais e das classes e sindicatos constituídos. Enfim, o Grito dos Excluídos, edição 2013, deve ir às ruas de todas as cidades brasileiras para mostrar que "um outro mundo é possível" e mostrando suas ações nesse sentido e cobrando a as políticas públicas para as classes menos favorecidas da sociedade brasileira em todos os quadrantes do Brasil.
HISTÓRICO E EXPECTATIVAS DO GRITO DOS EXCLUÍDOS
O Grito dos Excluídos é uma manifestação que é promovida há 19 anos
pelos movimentos sociais ligados à Igreja Católica. A edição do Grito
dos Excluídos espera ganhar força com a adesão de manifestantes e
classes sociais que sentem a problemática da exclusão social e dos
problemas sociais pelas quais o país esteve envolvido com as passeatas e
manifestações desde o mês de junho, quando milhares de pessoas foram às
ruas das cidades brasileiras clamar por melhorias nos índices de
violência, corrupção, transportes públicos, saúde, educação. Está
prevista a mobilização do Grito dos Excluídos em mais de mil cidades
brasileiras durante toda a semana e culminará com a manifestação do 7 de
setembro. Como sempre, os organizadores da manifestação esperam que
nenhum grupo se aproveite da ocasião para fazer baderna, porque o Grito
dos Excluídos tem objetivos já definidos e nunca registrou qualquer
violência nos 19 anos de existência.
O Grito dos Excluídos possui uma organização à nivel nacional, com sede
na Regional da Conferência Nacional dos Bispos do brasil-CNBB, na
Capital do Brasil e com lema já definido de "Juventude que ousa lutar
constroi projeto popular", que é uma continuidade da Campanha da
Fraternidade de 2013 - Fraternidade e Juventude, promovida pela CNBB, e
com esse enfoque também denunciará a situação dos jovens encarcerados e
assassinados no Brasil, e as situações sociais de cada localidade.
Entrevista com Padre Nelito Assessor da 5ª Semana Social Brasileira
A
5ª Semana Social está sendo construída em sintonia
com o Grito dos/as
Excluídos/as que esse ano celebrará
sua 19ª edição. Com o tema
‘Juventude que ousa lutar
constrói o projeto popular’ o grito terá a
cara das
juventudes do Brasil que se expressaram de forma tão
brilhante
nas manifestações e no encontro com o Papa
Francisco na Jornada Mundial
da Juventude (JMJ).
Nesses 19 anos de
caminhada e manifestações históricas,
o povo ecoou seu grito pela
democracia e defesa das
causas de quem está à margem da história e da
vida,
com metodologia e linguagens próprias.
Para
enriquecer ainda mais o texto, trazemos a entrevista
com Padre Nelito
Dornelas, assessor da Comissão
Episcopal Pastoral para o Serviço da
Caridade, da Justiça
e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) e coordenador da 5ª Semana Social
Brasileira, que
gentilmente conversou conosco sobre
os preparativos que impulsionaram a
Semana Social 2013.
Como foi o processo de preparação nos Estados?
Pe.
Nelito Dornelas: A quinta Semana Social brasileira
conseguiu atingir
todos os Estados da Federação com
uma enorme criatividade, envolvendo as
escolas,
as universidades, as câmaras municipais, as assembléias
legislativas, as pastorais sociais, os movimentos
populares e,
sobretudo, os vitimados pelas políticas
desenvolvimentistas do Estado.
Cabe um destaque
especial à participação dos indígenas, das
comunidades
tradicionais, dos quilombolas, pescadores
artesanais, vazanteiros, fundo
e feixe de pasto, das
quebradeiras de coco, das vitimas das atividades
mineradoras e das obras da copa, das juventudes
e das pastorais sociais.
Como produto final, teremos
um bom diagnóstico da realidade brasileira
com a
tomada de consciência do despertar de novos sujeitos sociais.
Em que esta Semana Social diferencia das outras?
Pe.
Nelito Dornelas: Nas cinco edições das Semanas
Sociais houve um
crescente aprofundamento nos
debates, culminando na compreensão das
raízes da
problemática social brasileira. A primeira Semana
Social
debateu sobre o mundo do trabalho, a
segunda sobre a exclusão social e
os novos sujeitos
e protagonistas, a terceira sobre as dívidas, a quarta
sobre a sociedade brasileira e a quinta sobre o Estado.
Ao
debater sobre o Estado, todas as questões sociais
apontadas se
encontram e se reconhecem em um único
e maior elemento originante de
todas elas: a estrutura
excludente do Estado brasileiro.
Descobre-se
que o Estado cumpre funções decisivas
no plano interno e externo à
nação, a partir das
decisões políticas tomadas pelos governos de
plantão,
desde os municípios até os altos escalões, que não passam
de
executores dos projetos ditados pelo poder econômico.
Mesmo
considerando os significativos avanços visíveis nas
políticas sociais,
sobretudo, na última década, o Estado
brasileiro ainda permanece omisso
na resolução dos
problemas estruturais da sociedade, particularmente
aqueles referentes às áreas de saúde, educação, acesso
à terra urbana e
rural e à distribuição de renda e
à segurança dos cidadãos. Ainda é um
Estado
conservador na sua forma de fazer política, reproduzindo
os
vícios do autoritarismo, do patrimonialismo e do
clientelismo, dando
sinais evidentes de esgotamento
da democracia representativa.
Nota-se
que há no Brasil um grande descompasso
entre intenções democráticas e
as estruturas
antidemocráticas. Isso tem deixado profundas
marcas nos
indivíduos, na sociedade e nas instituições,
afetando o conjunto da
sociedade brasileira.
Vivemos também a contradição entre o crescimento
econômico e o declínio social, evidenciando-se,
de um lado, a
concentração da renda, e, do outro,
a exclusão social.
Que contribuições significativas a 5ª SSB trará
para a democratização do Estado brasileiro?
Pe.
Nelito Dornelas: O Estado é um importante
instrumento de fortalecimento
da sociedade, ao
mesmo tempo em que esta contribui enormemente
com a
democratização do Estado. Para isso, ele
deve constituir-se como um
poder que negue a si
mesmo, estimulando a crescente socialização da
política e o desenvolvimento de uma esfera pública
não estatal, tão
poderosa quanto possível.
A quinta
Semana Social tem como tema a participação
da sociedade no processo de
democratização do Estado:
Estado para que e para quem? Constata-se que
ao longo das últimas décadas, o movimento social
empreendeu várias
iniciativas pela democratização do
Estado brasileiro. Lutou contra o
Estado autoritário,
empenhou-se por um Estado que incorporasse as
demandas populares no processo Constituinte, pela
garantia dos direitos
sociais e civis na Constituição
Federal e participou do processo
eleitoral pela
construção de um governo popular, em que o Estado
fosse
subordinado à sociedade e, sobretudo, a serviço
dos mais pobres. Em
nosso entender, esse processo
está incompleto, inacabado, deficiente e
interrompido
em determinados setores.
A
quinta Semana Social quer criar canais de diálogo
e de participação
efetiva, para que a sociedade civil
encontre mecanismos jurídicos que
coloquem o Estado
em movimento na direção da massa dos excluídos,
ouvindo os seus clamores. Dessa forma, questionamos
a atual forma de
democracia com seus ritos e com
seu arcabouço jurídico. Tal modelo de
democracia
não mais responde aos anseios e necessidades dos
cidadãos
como sujeitos políticos. Queremos,
para além da democracia
representativa, uma efetiva
democracia participativa e direta.
Quais
suas percepções sobre a importância da Semana
Social e a participação
da sociedade nesses tempos de
manifestações em todo país?
Pe.
Nelito Dornela: A Igreja tem procurado ser,
através das Semanas
Sociais, uma presença
viva na sociedade que pode ser classificada como:
companheira, memória e profecia. Como companheira,
faz-se cada vez mais
peregrina na história, contemporânea
da humanidade, sobretudo dos mais
esquecidos e
abandonados, os pobres, excluídos e descartados pelo
sistema econômico, compartilhando com estes seu destino
e seus sonhos.
Como memória, coloca-se atenta aos
acontecimentos do presente e do
passado, apoiando
a Comissão da Verdade, solidarizando-se com as vítimas
do Estado no período ditatorial, vigilante e atenta na
defesa das
liberdades e da democracia. Como profecia,
faz-se porta voz dos
movimentos da sociedade, suas criticas
e suas denúncias.
Diante
dessa avalanche de manifestações que explodiram
em todo território
nacional, a sociedade brasileira
despertou para perceber com maior
clareza a existência
de uma violência velada e aberta, impregnada nas
estruturas
da sociedade, alimentada pela constituição do Estado em
seus
poderes legislativos, judiciários e executivos, solidificado
pela mídia e
a educação formal.
Emerge a
consciência de que os ideólogos de
plantão vêm orquestrando, há tempos,
um pensamento
hegemônico de que a violência vem das ruas,
dos movimentos
sociais, quando estes reivindicam
mais democracia, mais participação
nas decisões de
governo, mais garantia dos direitos civis e sociais,
o
cumprimento da Constituição Federal. Essa
possível máscara caiu! As ruas
se encheram das
massas humanas carregadas de uma consciência
crítica a
todo o arcabouço que sustenta o Estado.
Elas trazem uma dura crítica aos
grandes projetos que
sempre vêm acompanhados de seus desastres para a
vida humana, para o meio ambiente, para as gerações
presentes e futuras,
para os povos originários e
comunidades tradicionais e para a vida
cidadã.
É um movimento político, social e cultural que deixará
marcas
profundas e poderá significar a refundação
do Estado brasileiro, podendo
constituir-se no surgimento
de uma verdadeira nação.
Após 19 anos de marcha no dia 7 de setembro com
o Grito dos Excluídos/as que elemento novo ele trará
esse ano?
Pe.
Nelito Dornelas: O debate sobre o Estado, lançado
nas ruas, seja pela
5ª SSB, seja pelas manifestações
das massas, seja pelo Grito dos
excluídos, quer
contribuir na superação da contradição fundamental
existente na sociedade brasileira, que é obrigada a
conviver com a
aberrante contradição de ser a sexta
potência econômica mundial e a 184ª
em desigualdade
social. Com o lema: juventude que ousa lutar constrói
um projeto popular, queremos resgatar e ampliar os
mais variados gestos
de construção de um novo Estado,
vividos pelas juventudes nos porões da
sociedade e
que apontaram seus raios de luz que, se alimentados,
jamais
serão apagados. Queremos que o Estado
brasileiro se coloque a serviço da
sociedade,
para que esta seja fortalecida e promova o bem comum.
Como
novos sujeitos sociais, as juventudes exigem
novas estruturas de
participação democrática, sustentado
a democracia direta como forma
legitima de governo
da sociedade brasileira. A convergência de todas
estas
manifestações poderá significar um basta à existência de
um Estado
mantenedor das políticas gerenciadas de costas
viradas aos legítimos
anseios de uma nação.
Por Jeane Freitas, Jornalista na Cáritas Regional Ceará
Espaço para as demais informações:
Blog do ADEMIR ROCHA, de Abaetetuba/PA
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