Palavra de Vida de Agosto de 2015
Fonte: www.focolare.org
Palavra de Vida – agosto de 2015
28 Julho 2015
“Vivei no amor.” (Ef 5,2)
Nessa frase está contida toda a
ética cristã. O agir humano, se quiser corresponder ao projeto pensado por Deus
na nossa criação, ou seja, o agir humano mais autêntico, deve ser animado pelo
amor. A vivência, a caminhada para chegar à sua meta deve ser orientada pelo
amor, que é o resumo de toda a lei.
O apóstolo Paulo dirige essa
recomendação aos cristãos de Éfeso, como conclusão e síntese daquilo que ele
acabara de escrever-lhes sobre o modo de viver cristão: passar do “homem velho”
ao “homem novo”, relacionar-se uns com os outros na verdade e na sinceridade,
não roubar, saber perdoar mutuamente, atuar o bem… em uma palavra, “viver no
amor”.
Convém ler o trecho completo do
qual foi extraída a expressiva frase que nos acompanhará durante todo o mês:
“Sede, pois imitadores de Deus como filhos queridos. Vivei no amor, como
Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício
de suave odor.”
Paulo está convencido de que todo
o nosso comportamento deve ter como modelo o de Deus. Se o amor é o sinal
distintivo de Deus, ele o deve ser também para seus filhos: nisso eles devem
imitá-lo.
Mas como podemos conhecer o amor
de Deus? Para Paulo é evidente: esse amor se revela em Jesus, que mostra como e
o quanto Deus ama. O apóstolo o experimentou em primeira pessoa: “… me amou e
se entregou por mim” (Gl 2,20) e agora revela-o a todos, para que se torne
a experiência da comunidade inteira.
“Vivei no amor.”
Qual é a medida do amor de Jesus, modelo do nosso amor?
Sabemos que esse amor não tem
limites, não conhece preconceitos nem preferências. Jesus morreu por todos,
inclusive pelos seus inimigos, por aqueles que o estavam crucificando. Ama tal
e qual o Pai que, no seu amor universal, faz brilhar o sol e faz cair a chuva
sobre todos, bons e maus, pecadores e justos. Ele soube dedicar-se sobretudo
aos pequenos e aos pobres, aos doentes e aos excluídos; amou com intensidade os
amigos; deu atenção toda especial aos discípulos… O seu amor não conheceu
reservas, chegando ao ponto extremo de doar a vida.
E agora chama todos a partilhar o seu próprio amor, a amar
como Ele amou.
É um chamado que pode
assustar-nos, por ser exigente demais. Como podemos ser imitadores de Deus, que
ama a todos, ama sempre, toma a iniciativa? Como podemos amar na mesma medida
do amor de Jesus? Como viver “no amor”, conforme nos pede a Palavra de Vida?
Isso só é possível quando antes
se fez a experiência de ter sido amado. Na frase “Vivei no amor, como Cristo
também nos amou”, a palavra como também pode ser traduzida com porque.
“Vivei no amor.”
Aqui, “viver” equivale a agir, a
comportar-se, significando que toda ação nossa deve ser inspirada e movida pelo
amor. Mas Paulo usa essa palavra dinâmica talvez não por acaso, para nos
lembrar que o amor deve ser aprendido, que temos toda uma vivência, um caminho
a percorrer para alcançar a largueza do coração de Deus. Ele usa também outras
imagens para indicar a necessidade do progresso contínuo, como o crescimento
que nos conduz da condição de recém-nascidos à idade adulta (cf. 1Cor 3,1-2),
como o desenvolvimento de uma plantação, a construção de um prédio, a corrida
no estádio para a conquista do prêmio (cf. 1Cor 9,24).
Nós nunca podemos dizer que já
chegamos ao fim. Precisamos de constância e de tempo para alcançar a meta, sem
nos rendermos diante das dificuldades, sem jamais nos deixarmos desencorajar
pelos fracassos e pelos erros, sempre prontos a recomeçar, sem nos resignarmos
a ficar na mediocridade.
A esse respeito, Agostinho de
Hipona escreveu, talvez pensando no seu próprio caminho sofrido: “Sinta-se
sempre insatisfeito com aquilo que você é, se quiser alcançar aquilo que você
ainda não é. Com efeito, no momento em que você se sente bem, você pára; e diz
até mesmo: ‘Assim já basta’, e desse modo se afunda. Acrescente continuamente,
caminhe sempre, proceda em frente sem parar. Não se detenha ao longo do
caminho, não se volte para trás, não se desvie. Quem não segue adiante fica
para trás.”
“Vivei no amor.”
De que modo podemos proceder mais
velozmente no caminho do amor?
Uma vez que o convite é dirigido
a toda a comunidade (“vivei”), será útil praticar a ajuda mútua. Com efeito, é
triste e difícil enfrentar uma viagem sozinho.
Para começar, poderíamos
encontrar ocasiões para reafirmar mais uma vez entre nós – com os amigos, os
familiares, os membros da mesma comunidade cristã… – a vontade de caminharmos
juntos.
Poderíamos compartilhar as
experiências positivas de como temos vivido o amor, de modo que possamos
aprender uns com os outros.
Podemos confiar a alguém, capaz
de nos compreender, os erros que cometemos e os desvios que fizemos, de modo a
nos corrigirmos.
Também a oração feita em comum
pode dar-nos força e luz para prosseguirmos.
Unidos entre nós e com Jesus no
nosso meio (“o Caminho, a Vida”!) poderemos percorrer até o fim a nossa “santa
viagem”, semeando amor ao nosso redor e alcançando enfim a meta: o Amor.
Fabio Ciardi
Reproduzido pelo Blog do Ademir
Rocha