terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Palavra de Vida de Dezembro 2014
Preparação Para o Advento
Palavra de Vida de Dezembro 2014
Fonte: Encontro Palavra de Vida
Terça-feira, 2 de Dezembro de 2014
Palavra de Vida - dezembro - com desenhos para crianças
Para as crianças aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com desenhos.
Palavra de Vida - dezembro - adolescentes
Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês, uma síntese
ilustrada do comentário de Chiara Lubich. Pode fazer-se o download para o
computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.
Palavra de Vida - dezembro
«Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo» (Lc 3,11).
Neste período do Advento – o tempo que nos prepara para o Natal – é-nos
proposta, de novo, a figura de S. João Baptista. Ele foi enviado por
Deus a fim de preparar o caminho para a vinda do Messias. A todos os que
iam ter com ele, pedia uma profunda mudança de vida: «Produzi frutos de
sincero arrependimento» (Lc 3, 8). E a quem lhe perguntava: «Que
devemos, então, fazer?» (Lc 3, 10), respondia:
«Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo».
Porquê dar ao outro que é meu? Porque o outro, tendo sido criado por
Deus, tal como eu, é meu iraquilo mão, minha irmã. Portanto, é parte de
mim. «Não posso ferir-te sem me magoar» (2), dizia Gandhi. Fomos criados
para sermos uma dádiva uns para os outros, à imagem de Deus que é Amor.
No nosso sangue temos inscrita a lei divina do amor. Jesus, vindo viver
entre nós, revelou-no-lo claramente quando nos deu o seu mandamento
novo: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (cf. Jo 13, 34). É a
“lei do Céu”, a vida da Santíssima Trindade trazida à Terra, é o centro
do Evangelho. Tal como no Céu o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem em
plena comunhão, a ponto de serem uma coisa só (cf. Jo 17, 11), também
nós, na Terra, seremos nós próprios na medida em que vivermos na
reciprocidade do amor. E como o Filho disse ao Pai: «Tudo o que é meu é
teu e o que é teu é meu» (Jo 17, 10), também entre nós o amor é completo
quando se partilham não só os bens espirituais, mas também os bens
materiais.
As necessidades de um nosso próximo são as necessidades de todos. Falta a alguém o trabalho? É a mim que falta. Há quem tem a mãe doente? Ajudo-o como se fosse a minha. Outros têm fome? É como se eu tivesse fome e procuro comida para eles como o faria para mim próprio.
As necessidades de um nosso próximo são as necessidades de todos. Falta a alguém o trabalho? É a mim que falta. Há quem tem a mãe doente? Ajudo-o como se fosse a minha. Outros têm fome? É como se eu tivesse fome e procuro comida para eles como o faria para mim próprio.
É a experiência dos primeiros cristãos de Jerusalém: «(A multidão) tinha
um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia,
mas entre eles tudo era comum» (Act 4, 32). Comunhão de bens que, embora
não obrigatória, era vivida, no entanto, intensamente entre eles. Não
se tratava – como explicaria o apóstolo Paulo – de fazer entrar em
apuros alguns para aliviar outros, «mas sim de que haja igualdade» (2
Cor 8, 13).
S. Basílio de Cesareia diz: «Ao faminto pertence o pão que tu pões de
lado; ao nu, o casaco que guardas no teu baú; aos indigentes, o dinheiro
que tens escondido»
(3).
E Santo Agostinho: «O supérfluo dos ricos pertence aos pobres» (4).
«Também os pobres se têm de ajudar uns aos outros: um pode emprestar as
suas pernas ao coxo; o outro, os seus olhos ao cego, para o guiar; um
outro ainda, pode visitar os doentes» (5).
«Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo».
Também hoje podemos viver como os primeiros cristãos. O Evangelho não é
uma utopia. São uma demonstração disso, por exemplo, os novos Movimentos
eclesiais que o Espírito Santo suscitou na Igreja, para fazer reviver,
com frescura, a radicalidade evangélica dos primeiros cristãos e para
responder aos grandes desafios da sociedade atual, onde as injustiças e a
pobreza são tão fortes.
Recordo o início do Movimento dos Focolares, quando o novo carisma nos
infundia no coração um amor muito especial pelos pobres. Quando os
encontrávamos na rua, tomávamos nota das suas moradas, para mais tarde
os ir visitar e ajudar. Eram Jesus: «Foi a mim que o fizestes» (Mt 25,
40). Depois de os termos visitado nos seus casebres, convidávamo-los
para irem almoçar à nossa casa. Para eles, púnhamos a toalha mais
bonita, os melhores talheres, a comida de melhor qualidade. À nossa
mesa, no primeiro focolar, sentavam-se uma focolarina, um pobre, uma
focolarina, um pobre...
A um dado momento, pareceu-nos que o Senhor nos pedia que também nós nos
tornássemos pobres, para servirmos os pobres e a todos. Então, num
quarto do primeiro focolar, cada uma colocou, ali no meio, aquilo que
pensava ter a mais: um casaco, um par de luvas, um chapéu, e até um
casaco de cabedal... E, atualmente, para ajudarmos os pobres, temos
empresas que dão postos de trabalho e dão os seus lucros para
distribuir!
Mas ainda há muito a fazer pelos “pobres”.
«Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo».
Temos tantas riquezas para pôr em comum, mesmo que não nos pareça! Temos
sensibilidades a aperfeiçoar, conhecimentos a adquirir para podermos
ajudar concretamente, para encontrar o modo de viver a fraternidade.
Temos afeto no coração para dar, cordialidade para exprimir, alegria
para transmitir. Temos tempo para pôr à disposição, orações, riquezas
interiores para pôr em comum pessoalmente ou por escrito. Mas temos
também, às vezes, coisas: carteiras, canetas, livros, dinheiro, casas,
automóveis para pôr à disposição...
Provavelmente acumulamos muitas coisas, pensando que um dia nos vão ser
úteis e, no entanto, ali ao lado, há quem precise delas urgentemente.
Assim como as plantas absorvem do solo apenas a água que lhes é
necessária, também nós procuremos ter apenas aquilo de que precisamos. É
preferível que, de vez em quando, verifiquemos que nos falta qualquer
coisa. É melhor sermos um pouco pobres do que um pouco ricos.
«Se todos se contentassem com o necessário – dizia S. Basílio –, e
dessem o supérfluo aos necessitados, já não haveria nem ricos nem
pobres» (6).
Experimentemos, comecemos a viver assim. É claro que Jesus não deixará
de nos fazer chegar o cêntuplo. Teremos então a possibilidade de
continuar a dar. No final, ele vai dizer-nos que tudo o que tivermos
dado, seja a quem for, foi a Ele que o demos.
Chiara Lubich
1) Publicada em Città Nuova 2003/22, p. 7; 2) cf. Wilhelm Mühs, Parole
del cuore, Milão 1996, p. 82; 3) Aforismi e citazioni cristiane, Piemme,
1994, p. 44;
4) ID, p. 45; 5) ibid.; 6) Aforismi e citazioni cristiane, p. 44.
Palavra de Vida dezembro em PDF
Reproduzido pelo Blog do Ademir Rocha