Reproduzido pelo Blog do Prof. Ademir Rocha
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O curso da Escola Civita de Manaus dura dois anos, conta com quatro monitores e dez profissionais de áreas específicas, como o deputado estadual José Ricardo e a desembargadora Socorro Guedes.
[ i ] A Aula Inaugural da II Turma da Escola Civita de Formação Política para Jovens reuniu monitores, políticos, advogados, alunos e ex-alunos. Foto: João Pedro Figueiredo.
Manaus - Jovens com idades entre 19 e 29 anos estão se reunindo todos os sábados para discutir política. Parece estranho, mas é verdade. Nesta manhã de sábado (12), às 9h, o Fórum Hehoch Reis, na Av. Paraíba, reuniu monitores, políticos, advogados, alunos e ex-alunos para a Aula Inaugural da II Turma da Escola Civita de Formação Política para Jovens.
O curso da Escola Civita de Manaus dura dois anos, conta com quatro monitores e dez profissionais de áreas específicas, como o deputado estadual José Ricardo e a desembargadora Socorro Guedes. Todos os participantes são voluntários, e o curso tem como principal objetivo fazer o aluno entender o processo político desde a sua origem até os dias atuais, e como podem exercer a sua cidadania.
Na primeira turma (2007-2009) se matricularam 25 pessoas, e só 16 concluíram o curso. segundo Vitor Kaleb, estudante de Engenharia da Computação na Universidade Estadual do Amazonas, 23 anos, que se formou na primeira turma, e hoje é um dos 4 monitores do curso, a maioria das desistências acontece porque o curso é um pouco longo, e muitas pessoas não conseguem conciliar com o emprego.
A mesa da aula inaugural contou com a presença do presidente nacional do Movimento Político pela Unidade (Mppu), Sérgio Prevedi, o bispo Don Mário, a desembargadora Socorro Guedes, o deputado estadual José Ricardo, do vice reitor da Universidade Federal do Amazonas, hedinaldo Lima e a monitora do curso Roberta Justina. A cerimônia foi encerrada com o cantor Serginho Queiroz, que cantou duas canções à capela.
Para a aluna da nova turma, Itagiçara Jacauna, o espaço é uma oportunidade para conhecer a política local. “Eu quero saber como será a proposta política para as novas gerações, tenho bastante esperança em uma grande mudança no cenário”, diz a universitária que sempre gostou de polítca.
A nova turma conta com mais de 20 inscritos, e vai funcionar todos os sábados de 9h às 12h, na escola de Enfermagem da universidade Federal do Amazonas, no Adrianópolis. Apesar da origem católica da Escola Civita, os alunos não precisam ser vinculados a nenhuma religião específica, nem nenhum partido.
Sobre as Escolas Civitas
Presentes em vários países no mundo todo, essas escolas estão inseridas no contexto sócio-político-cultural em que atuam, abertas aos questionamentos e necessidades locais. Mantêm, porém, um objetivo único: aprofundar e praticar a política como amor, como serviço à unidade da família humana, por meio de diálogos, estudos e experimentações.
No Brasil, a Escola de Participação do MPPU foi denominada Escolas Civitas. Os primeiros 11 cursos, abertos em 2007 em 10 estados, já formaram 100 jovens. O programa inclui módulos formativos, projetos de ações locais e seminários de integração nos quais se aprofundam temáticas relacionadas à realidade brasileira e geopolítica latino americana.
O idelizador das Escolas foi o italiano Antônio Maria Baggio, que é conhecido como pai da Escola Civita. Escritor de três livros sobre fraternidade na política, ele mesmo orientou os primeiros monitores brasileiros, para que pudessem ministrar as aulas nos 10 estados do país em que funcionam.
O material didático utilizado nos dois anos de curso é desenvolvido pelo próprio Antônio Baggio, e traduzido pela Comissão nacional Brasileira das Escolas Civitas, que também complementa o material com informações específicas de cada região.
As Escolas Civitas surgiram do Movimento Focolares, grupo ligado à Igreja Católica com parte ecumênica, que promove os ideais da unidade e da fraternidade entre as pessoas. Foi fundado em 1943 por Chiara Lubich, que faleceu há 3 anos, e é reconhecido pelo Papa, além de estar presente em mais de 182 nações.
A paixão de Chiara Lubich pela unidade
12 de Março de 2011
Chiara faleceu há três anos, na madrugada do dia 14 de março de 2008, nas proximidades de Roma, aos 88 anos. Na verdade, ela não morreu, mas voltou para casa, após ter vivido e ensinado a viver pela fraternidade universal, ideal de quem ama a unidade que aprecia a diversidade. Unidade para a qual a diversidade é um pressuposto obrigatório, permanente.
As bombas da Segunda Guerra Mundial a impediram de cursar a universidade. Uma de suas amigas perdeu o noivo na guerra. O sonho de Chiara, estudar, foi interrompido e o de sua amiga, casar, também. Elas, então, se perguntaram: “Será que não existe um ideal que as bombas sejam incapazes de destruir?”. Foi a partir de tal pergunta que começaram a receber o que podemos chamar de revelações na revelação: idéias muito simples, como são as do evangelho de Jesus Cristo, mas com a força de palavras recém saídas do forno da boca de Deus, com seu hálito suave e transformador.
Chiara reconheceu que tudo realmente passa, menos Deus e o seu amor. Consagrou-se a Deus. Mas não entrou num convento. Permaneceu leiga, no meio do mundo. Rapidamente aquela ragazza bela e inteligente de apenas 23 anos atraiu a atenção de muitas pessoas. Quem dela e de suas primeiras companheiras se aproximava sentia a presença de um fogo, como se estivesse próximo a uma lareira. Em italiano, usa-se a palavra focolare para designar o aconchego familiar ao redor de uma lareira. Os trentinos usaram tal palavra para designar a nova comunidade cristã que nasceu em Trento, em 1943, ao redor de Chiara Lubich: meninas e rapazes que deixavam tudo para seguir Jesus no movimento que ficou conhecido como Movimento dos Focolares.
Durante as férias, esses jovens das primeiras comunidades de Trento organizavam períodos mais longos de convivência, as Mariápolis (cidade de Maria). Eram cidades governadas pela lei do amor e pela presença de Jesus entre eles, conforme a promessa do evangelho de Mateus: “Onde dois ou mais estiverem unidos no meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18, 20).
A partir das Mariápolis nas montanhas de Trento, o Movimento dos Focolares se espalhou pela Itália, Europa, América... Hoje, há comunidades do focolares em quase todos os países do mundo, nos cinco continentes.
Para Chiara, como para todos os cristãos, Deus é amor, mas um amor que se faz comunhão, unidade, comunidade viva. O testamento de Jesus: “Que todos sejam um” (João 17, 21) tornou-se a grande paixão de Chiara. Unidade entre os cristãos (ecumenismo); unidade entre os católicos; unidade entre as religiões; unidade na política (fraternidade); unidade na economia (comunhão de bens); unidade na família; unidade na escola; unidade entre as gerações; unidade entre os povos e nações.
O mundo, para ela, que via realisticamente os conflitos, tende à Unidade. O realismo maior de Chiara (cidade de Deus) não permitia que ela deixasse de viver pela unidade não obstante os tantos conflitos típicos da cidade terrestre.
Conversei pessoalmente com Chiara pela primeira vez em julho de 1987, no sul da Suíça. Olhar para os seus olhos foi como olhar para a eternidade, pois eles refletiam os horizontes infinitos do amor de Deus e sua cidade definitiva.
Chiara Lubich, mulher do diálogo com todos, de todas as culturas, de todos os continentes, mulher apaixonada pela unidade, mulher que soube sempre apreciar a diversidade cultural como riqueza que alimenta o coração da comunidade una e distinta como é a vida da Santíssima Trindade.
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