quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O AMOR EXPRESSO EM DIVERSAS FORMAS

O AMOR EXPRESSO EM DIVERSAS FORMAS



Fonte: centrochiaralubich.org

 
Roma, 1957

Esta visão do desenvolvimento histórico das famílias religiosas mostra, como escreveu Pe. Fabio Ciardi, “um coração católico, aberto, universal, capaz de abranger a Igreja inteira” (*)

Jesus é o Verbo de Deus encarnado.

A Igreja é o Evangelho encarnado; por isso é Esposa de Cristo.

Através dos séculos, vimos florescerem muitíssimas ordens religiosas.
Cada família, ou ordem, é a “encarnação”, por modo de dizer, de uma expressão de Jesus, de uma atitude sua, de um fato da sua vida, de uma dor sua, de uma palavra sua.
Há os franciscanos, que continuam a pregar pelo mundo, até só com a sua existência: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5,3).
Há os dominicanos, que contemplam o Logos, o Verbo, sob o aspecto de Luz, de Verdade, e explicam e defendem a Verdade.
Os monges associaram a contemplação à ação (Maria e Marta). Os carmelitas adoram a Deus no monte Tabor, dispostos a descer para pregar e enfrentar a paixão e a morte. Os missionários põem em prática o preceito: “Ide e pregai a todas as nações…” (cf. Mateus 28,19).
Ordens, congregações e institutos de caridade repetem a ação do bom samaritano.
Santa Teresinha do Menino Jesus e os seguidores da “pequena via” parecem imortalizar a frase: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mateus 18,3).
As freiras de Belém, de Nazaré, de Betânia etc. são expressões concretas de um momento da vida de Jesus; santa Catarina de Sena, do sangue de Cristo; santa Margarida Maria Alacoque, do Coração; os missionários e as adoradoras do preciosíssimo sangue não cessam de meditar sobre o preço da nossa redenção…
Enfim, a Igreja é um grandioso Cristo que se estende pelos séculos.
Como a água se cristaliza em pequenas estrelas na branca neve, assim o Amor assumiu em Jesus a forma por excelência, a beleza das belezas. O Amor assumiu na Igreja diversas formas e são as ordens e as famílias religiosas.
No deslumbrante jardim da Igreja, floresceram e florescem todas as virtudes.
Os fundadores das ordens são aquela virtude transformada em vida e subiram ao Céu transfigurados por tanto amor e tanta dor, como “palavra de Deus”.
Realizaram o desígnio de Deus, e também para eles vale a frase: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão” (Mateus 24,35).
Os santos foram e são uma palavra de Deus proferida para o mundo e, porque identificados com ela, com ela não passarão.

Ora, todas essas ordens, essas espiritualidades nascidas no curso dos tempos, encontram a sua verdadeira essência, o seu princípio, em Jesus, continuamente vivo em sua Igreja pelos séculos.
Ele as unifica com o único espírito, mas cabe aos religiosos permitir que essa harmonia, essa altíssima divina unidade se possa manifestar em toda a plenitude, para que a Esposa de Cristo resplandeça com aquela beleza “sua” única, e testemunhe ao mundo a sua divindade, num raio mais amplo possível.
Para que brilhe nas ordens religiosas a verdadeira espiritualidade para a qual nasceram e na qual têm razão de ser, os seguidores devem enxergar seu fundador como Deus o vê.
Deus vê em são Francisco a ideia da pobreza, que em Deus é Amor; em santa Teresinha, a ideia da “pequenez”, que em Deus é Amor; em santa Catarina, o sangue de Cristo, que em Deus é Amor.
Deus ama cada ordem, pois cada uma lhe lembra seu Filho, a Ideia de si humanada; o Amor “encarnado”.
O Evangelho que Jesus pregou era a boa nova, o Amor anunciado.

Em vinte séculos, esse Amor se concretizou na Igreja a qual, em certo sentido, prossegue a Encarnação, e tem, portanto, Cristo como Cabeça; repete, por assim dizer, a Encarnação, e tem Cristo como Esposo.
Se queremos servir à Igreja, devemos também nós continuar a pregar o Amor, mas principalmente a colocá-lo em prática, fazendo-o circular entre as várias ordens religiosas.
Haverá a ordem que se baseia na mansidão, como há os jesuítas que acentuam a violência evangélica “agere contra”.
Como todos os fundadores agiram de modo diverso, mas impelidos por um único amor, pondo tal amor em prática, haveremos de encontrar os diversos aspectos sobrenaturais desses fundadores, e serão entendidas as suas palavras e as suas regras.

Eles certamente são santos, porque amaram sem se restringir a um detalhe da Igreja, mas a olharam e a amaram em toda a sua amplitude e, se se dedicaram a um detalhe dela, foi porque viram nele um instrumento de Deus para beneficiá-la por inteiro.

Ora, como não podemos ver direito e no conjunto uma cidade, um povoado, uma região, apenas caminhando pelas praças, e pelas vielas, e subindo escadas, mas é preciso enxergá-los do alto como de um avião, do mesmo modo não compreendemos e, portanto, não podemos servir bem à Igreja e os próprios fundadores se não os virmos do alto, como pelo próprio olhar de Jesus ou, para tornar mais simples e mais seguro o conhecimento, pelo olhar do Pai comum, o Vigário de Cristo, que permanece firme no âmago da Esposa de Cristo, longe de todos e ainda assim tão próximo como ninguém.
O papa é o testemunho da unidade da Igreja e, com a sua figura, revela a presença de Jesus sempre vivo nela, pelos séculos.

(*)Pe. F. Ciardi, omi, é o autor de um volume intitulado Cristo dispiegato nei secoli, Città Nuova, Roma, 1994. A citação se encontra na página 6.

Reproduzido pelo Blog de ADEMIR ROCHA

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