sábado, 31 de agosto de 2013

A arte: "Nova Criação"



A arte: "Nova Criação"

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A arte: "Nova Criação"

Roma, 1961        

A reflexão sobre a arte eo artista.

A finalidade da arte é um pouco nebulosa, quase misteriosa, talvez apenas desconhecida e não ocupa certamente só a dimensão racional.
Seja como for, a arte, tanto quanto a ciência, sempre teve as suas manifestações de maior ou menor beleza porque a fantasia, que dela é mãe e geradora, é um talento e um dom magnífico do homem, como a memória, a afetividade, o raciocínio. E também ela desabrochou em obras; em “obras de arte”, inclusive de modo espontâneo.

O verdadeiro artista é um grande. É o que todos dizem, embora sejam poucos os críticos de arte, mas em todos existe a admiração e o fascínio pelo “belo”. O artista assemelha-se de certo modo ao Criador.
O verdadeiro artista possui a sua técnica quase inconscientemente e se serve das cores, das notas, da pedra, como nós nos servimos das pernas para caminhar.
O ponto de concentração do artista está em sua alma, onde contempla uma sensação, uma ideia, que ele quer exprimir fora de si.
Por isso, nos limites infinitos de sua pequenez de homem em comparação com Deus e, portanto, na infinita diversidade das duas coisas “criadas”, digamos assim, o artista é, de certo modo, alguém que “recria”, cria novamente. E as obras-primas de arte que outros homens produziram poderiam ser uma verdadeira “recriação” para o homem. Infelizmente, por falta de verdadeiros artistas, o homem recreia-se quando muito em extravagâncias vazias de cinemas, teatros, variedades, onde a arte frequentemente pouco lugar tem.
O verdadeiro artista, com suas obras-primas, que são brinquedos diante da natureza, obra-prima de Deus, de certa maneira nos faz sentir quem Deus é e nos faz relevar na natureza a marca trinitária do Criador: a matéria, a lei que a conforma, como que um “evangelho da natureza”, a vida, como que consequência da unidade das duas primeiras.
O conjunto, depois, é algo que, continuando a “viver”, oferece a imagem da unidade de Deus, do Deus dos vivos. As obras dos grandes artistas não morrem, e nisso está o termômetro da sua grandeza, porque a ideia do artista, de certo modo, se exprimiu perfeitamente na tela ou na pedra compondo algo vivo.
Lamenta-se hoje que haja poucos grandes artistas. O motivo talvez seja que existem poucos grandes homens no mundo. Não se pode a um certo ponto deixar a fantasia solta, separada do resto que há no homem: não seria mais um dom porque cairia na vaidade.
Nem se pode considerar o homem como não é, mas como é: um ser sociável.
Portanto, não se terá jamais uma grande arte universal senão através de um artista que ama aos outros homens e, em primeiro lugar, a Deus.
Haverá artistas a quem isso praticamente não interessa, cujos trabalhos, de certo modo, agradam a alguns. O reconhecimento e o aplauso de um grupo de pessoas já é uma coisa boa e denota que algum dom natural existe. Talvez conviesse ao artista escutar com mente e coração abertos as críticas também de outros e procurar corrigir, acolhendo. Com isso, ele viria a ser, em sua arte, mais expressão do homem do que de um homem.
Não desperdiçaria, ou empregaria mal, tempo e talentos, nem se nutriria de uma gloriazinha passageira, enquanto que poderia, mesmo depois de sua morte, prestar um serviço perpétuo (por quanto é possível) ao homem e glorificar a Deus ajudando a descobrir com suas obras-primas as infinitas belezas da obra-prima de Deus, a criação, da qual, sem dúvida, uma das mais belas obras é justamente a alma de um grande e verdadeiro artista.


Chiara Lubich
(De Escritos espirituais/1, A atração do tempo moderno, Pensamentos - Cidade Nova 2.ed. - São Paulo, 1998, Pág.199-201)

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